1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Novembto de 2009:
Carlos e Luís,
Aqui vão algumas imagens do nosso tempo.
Ainda tive postais de Bissau, sobretudo do Pelicano e do Grande Hotel, enviei para a família o postal com a fanfarra de Bissau.
A minha maior saudade ficou sempre centrada no postal do Museu e Centros de Estudos da Guiné Portuguesa. Parece que tudo está calcinado, cometeu-se uma barbárie cultural irreversível.
Um abraço do
Mário
Uma relíquia: Postais antigos da Guiné (2)
Por Beja Santos
Da Bissau nos anos 40 aos inícios da década de 70
A Guiné exaltada por Fernanda de Castro e Maria Archer não deixou postais, pela simples razão de não haver praticamente turismo e ser reduzidíssima a presença do branco.
A situação muda completamente com a chegada de Sarmento Rodrigues ao Governo. Dando continuidade a certos planos de obras encetados por Carvalho Viegas, Bissau torna-se a capital desde 1941, o traçado da cidade ganhou sinais de cosmopolitismo. A avenida principal é aquela que nós conhecemos, com a Casa Gouveia do lado esquerdo de quem sobe. A Alfândega ainda é a mesma, inicia-se alterações no cais do Pidjiquiti, cresce o número de monumentos, embelezou-se a fortaleza de São José de Amura, surgem os bairros para os funcionários da Administração Colonial, fizeram-se obras significativas na catedral, a Avenida Marginal deu um novo fôlego ao desafogo das panorâmicas.
Quando Sarmento Rodrigues deixa a Província, a Avenida Principal mudara completamente de rosto, expandira-se até Santa Luzia, a Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Bissau era uma estrutura arquitectónica de arrojo para a época. Apareceu novo edifício da Alfândega, estruturas de acolhimento como o Grande Hotel ou o Café Pelicano passaram a ter direito a bilhetes-postais.
Nos anos 60 vão surgir igualmente os postais étnicos, alguns deles esplendorosos, regras geral eram estes postais que enviávamos aos nossos entes queridos.
A fachada do BNU, neste postal de cerca de 1940, recorda-nos o que houve melhor na arquitectura de Bolama. Mas Bissau, ao tempo, era já a praça financeira, aqui se centravam as principais operações bancárias. O BNU tinha que mostrar grandeza, magnificência.
Bilhete-postal da Mesquita de Bissau, editor Foto Serra, cerca de 1966. As relações com o Islão nunca puderam ser ignoradas, o islamismo foi sempre poderoso e o principal obstáculo ao trabalho dos missionários. Com a eclosão da Luta Armada, os valores do Islão foram elevados e tratados sempre com o maior respeito, veja-se a protecção às peregrinações a Meca.
O monumento a Diogo Gomes estava orientado para o cais do Pidjiquiti e tinha por detrás o impressionante edifício da Alfândega. O bilhete-postal é da Foto Serra, cerca de 1966, e consegue com brilhantismo amenizar a cor da laterite. Das minhas visitas a Bissau é um dos locais de que tenho mais saudades, era aqui que me sentava a ler e a ver as fainas do cais e dos pescadores no estuário do Geba.
Este postal foi editado pela Cómer, de Lisboa, cerca de 1968. Era uma estrutura moderníssima, muito perto da Amura e com uma vista esplêndida sobre o Geba. Foi aqui que se realizou o meu jantar de casamento, em Abril de 1970, o capitão Rui Gamito emprestou-me nessa noite 5 mil escudos guineenses, divida que esqueci completamente até que eu o reencontrei na cervejaria Portugália, cumprimentei-o com entusiasmo e carinho e logo lhe entreguei um cheque, com a mulher atónita a assistir a este espectáculo.
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Nota de CV:
(*) Vd. poste de 2 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5392: Em busca de... (104): Luís Zagallo (ex-Alf Mil, CCAÇ 1439) - Um pedido de ajuda do João Crisóstomo (EUA) que me encheu de lágrimas (Beja Santos)
Vd. último poste da série de 2 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5390: Postais ilustrados (15): Postais Antigos da Guiné, de João Loureiro - Uma relíquia (Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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10 comentários:
Se não me engano era no pelicano que serviam o "Ninho de camarão", uma coisa que vinha numa "tacinha" redonda de barro e que já não me lembro o que era mas sabia muito bem.
Abraço camarigo para todos
Ora bem.... caro Mexia Alves, esse tal "ninho de camarão", se bem me lembro não te enganas, e seria algo que também se lhe podia chamar "cocktail de camarão".
Um género de entrada com uma "cama" de alface muito bem cortada, fininha, e depois pedaços de camarão cozido cortado, com pickles e um molho de wiskey e mais qualquer coisa que lhe dava um tom rosado (ketchup?) e encimado por três ou quatro camarões inteiros...
Só para os dias (ou melhor, noites)de excepção, em que podia mimar-me com esses 'luxos', mas já que me recordaste isso, lá que agora marchava, marchava, sim senhor!
Um abraço
Hélder S.
caro Helder
Era isso sim senhor mas eu acho que tinha mais qualquer coisa e vou arriscar a memória.
Não teria por cima a fechar a coisa toda um ovo estrelado, ou parecido?
Porque eu lembro-me que a coisa era um quente, misturado com frio...ou então estou a fazer confusão!
Abraço
Caríssimo Amigo Mexia Alves.......camaroes com ovo "a/cavalo",em tacinha redonda? Dizes,para mais:-Lembro-me que a coisa era um quente misturado com um frio...! Tens a certeza de te estares a referir ao NOSSO Pelicano de Bissau?O tal em que se entrava "torto" e se saía...direito?(0u seria ao contrário?). Nao estarás a confundir esse "coktail quente/frio " com as suecas aqui da minha santa térrinha? Um grande abraco do José Belo.
Caros amigos
Não pretendendo meter o bedelho, posso talvez deixar uma achega sobre este "importante assunto", que suponho não estar sob segredo de justiça.
O cocktail de camarão era servido no Pelicano e provavelmente noutros restaurantes e era muito semelhante ao que ainda hoje se serve por aí; era um prato frio com uma cama de alface migada onde se colocava cebola, pickles, e nacos de canarão, tudo isto regado com um molho de maionese com ketchup. No bordo da tigela colocavam-se uns tantos camarões inteiros, de guarda de honra.
Já o ninho de camarão era um prato quente - no fundo da tigela deitava-se o molho a ferver, constituído por tomate, ketchup e a própria água de cozer o camarão, Deitava-se o camarão nesse molho e terminava-se abrindo um ovo cru em cima. O ovo escalfava por acção do calor do molho. Penso que o ninho de camarão terá aparecido inicialmente no Ninho de Santa Luzia (provavelmente daí razão do nome), restaurante localizado na estrada que ia dar ao Quartel General. Depois, com a fama, terá sido disseminado por outros restaurantes de Bissau.
Um abraço... e bom proveito!
Mguel Pessoa
Ora viste ó meu camarigo José Belo, como eu não andava muito longe da verdade!!!
Aqui o Miguel, Piloto de serviço à Tabanca, veio colocar sa coisas no seu lugar!
Eu bem me parecia que a coisa tinha um ovo e era quente!!!
Ora então fica-te lá com esta, que se calhar até te dava jeito com o frio que estás aí a rapar!!!!
Abraço para todos e obrigado Miguel que salvaste a minha memória que afinal não está assim tão afanada, sobretudo para os comes e bebes!!!
Lá tenho que te dar RAZAO! Mas,e a ser verdadeiro,nao creio ter muitas vezes tido oportunidade de passar da "entrada/cocktail" ao prato forte/ninho de camarao.Muitas das vezes,eu,e os desgracados que me acompanhavam,por demasiadamente barulhentos,ou "inconvenientes",fomos mais ou menos convidados a passar das entradas directamente......ás SAÍDAS! Um abraco José Belo
Presados camaradas - ex combatentes na Guiné!
Acidentalmente vim parar a este magnífico Blogue, quando procurava uma informação sobre o Pelicano, sobre o qual escrevi uma série de mensagnes recentemente, após ter encontrado uma foto do mesmo, de uma cor azul e "de um aspecto" pouco condigno com a ideia inícial daquele local.
Creio que meuitos dos camaradas leitores destas linhas, já estarão "ao tonto" que fui eu que abiru aquilo, com inauguração a 14 de Novembro de 1969, um mês e 10 antes de fzer um amo que eu tinha passado á disponabilidade
(24/12/68, ficando atrabalhar na Solmar e, posteriormente, no Grande Hotel onde me encontrei pela 1ª vez, com MOMO TURÉ.
Portanto,ao vir para a este Blogue,deparei com uma série de comentário que me dispertou a atenção, não só pelo tema - que sempre mexe com a minha miolinha - mas, também, porque se referem a aogo que me diz directamente respeito...pela simples rezão que fui eu que deu início ao objecto da conversação, dos comentários de "ida e volta" em questão.
DE QUE FALO EU?
Pois...nem mais nem menos do NINHO DE CAMARÃO!
Mas, antes de qualquer refermncia sobre oassunto, permitam-me dizer que é extremamente garto para mim encontrar comentário que me dizem respeito e, principalmente, quando os mesmo v~em de pessoas que passaram por locais onde onde eu trabalhei ou es tive, tendo tido o privilégio de ter tido a companhia de algumas delas, num dia muito importante para mim que foi o "lançamento do meu 1º livro, em Lisboa.
Aqui, refiro-me aos camaradas Pessoa e Beja Santos, tendo o último feito uma sávia apresentação do meu livro e de mim próprio.
Mas, vamos ao NINHO DE CAMARÃO, ao Pelicano, e aos comentários feitos.
Primeiro que tudo tenho que começar por uma comparação sobre o "quente e o frio" referido, quando se menciona "coktail ou ninho" porque, quando criança, eu costumava jogar umm jogo juntamente com outros garotos - e, convenientemente com algumas garotas, para se aproveitar dar uma "apalpadela, logo que possível, na escuridão, uma vez que este jogo era sempre á noite.
Peço desculpa porque algo se passou, disparando a mensagem anterior, sem estar acabada.
Portanto, continuando...
O nome do jogo era "frio ou quente" e consistia em se juntarem iuns quantos garots e garotas, com já disse, selecionare-se quem joga 1º, e, logo que sorteado, esse mesmo sortudo vai esconder um lenço num determinado local. Enquanto isso, todos os outros intervenientes, estãi de olhos cerrados, voltados para uma parede.
Escondido o lenç, o sortudo dá sinal que todos podem ir procurar e...enauanto o "sortudo" vai dizendo "frio, frio...morno morno, quente, quente, de acordo á dist~ºancia que algum dos perquisadores se encontra do local onde está o lenço.
Portanto, o "sortudo" diz "a Maestá fria, O zésinho esá mormo, o Tó Quim, está quente" etcª etcª.
ESpero que me estejam a seguir o raciocínio.
Assim nos comentários feitos, a maioria estiveram "frios, excepto o nosso camarada Miguel Pessoa que ficou "morno".
Porquê morno? Porque quase que descreveu como se fazia o " Ninho de camarão mas falhou no local do "berço" do mesmo.
De facto, o MNinho de camarão tal como era feito e servido na Guiné,nasceu em ferente do meu nariz, no Pelicano...na ocasião intencionado ser um petisco para mim...numa noite em que não tinha grande apetite. Encontrava-me eu na parte de baixo do Pelicano e..."magicando" o que iria comer...decidi colocar uam tijela de barro (aquelas que se usam para arroz doce)na máquina tostadreira de fazer as francesinhas (placa por cima placa por baixo) com 2 ou 3 camarãs crús, picados e...nem mais nem menos, borrifados com o molho usado para barrar as francesinhas.
Inicialmente não lhe coloquei o ovo.
De repente, lembrei-me que seria pouco e pedi um ovo. Parti-o e meti dentro da tigela, ficando o camrão coberto completamente.
Á medida que a tijela ia aquecendo, a clara do ovo e ficando esbranquiçada, com um aspecto muito atractivo. Agema, ganhou uma costazinha levemente esbranquiçada também por fora e suave por dentro, própria para s emolhar pão.
Assim nasceu o NINHO de CAMARÂO.
Só que, isto era uma 10:30 da noite e, quando estava quase pronto, aparece um cliente (explorava o bar da UDIB)muito amigo de francezinhas.
Chegou, sentou-se em frente á máquina e eu já ia acaomeçar fazer uma francesinha para ele, quando ele vê a tijela. Pergunta o que é e eu respondi. O"Oh...quero um também. Pergunta o nome dquilo e eu disse-lhe que não sabia.
Bem, acaba, pede outro, vem outro cliente, também pergunta, também quer...em resumo...o "ovo" que era
para o meu NINHO, ainda estava no "cú" da galinha porqu eu só acabei por comer cerca da 1:00 da manhã.
O certo é que, depois de tudo isto, opinou-se entre os clientes do balcão dar o nome de NINHO.
Portanto, o nosso camarada MIguel Pessoa estava "morno". O NINHO DE CAMARÃO´´ eq ue deu origem ao nome do NINHO DE SANTA LUZIA" e não ao contrário.
Já agora, convido todos os camaradas a compartilharem o blogue re-criado http://pidjiuiti.blgspot.com, onde tenho umas quantas mensagen exactamente referentes ao Pelicano. EStá por fazes para não saturar. Deverão ler de uma a uma e quardar o "rabinho" da mensagem anterior para "manterem o fio da meada" vivo.
Tenho mais histórias para publicar...incluindo algumas que um dos camaradas refere como serem convidados a sair, porque de facto assim foi. Ali tinhamos uma regra de não permitir "certos aspectos" de comportamento. Comprensívelmente, um local público é de todos, pelo que um indivíduo ou um grupo, não pdoerá "apoderar-se do ambiente que pertence a todos. Nos Estados unidos há uma lei "citzenery law" que empossa o cidadão comum a impor a ordem, quando existirem motivos e 2-3 cidadãos podem exercer´-detendo temporáriamente - até chagar a autoridade. Ali não era ssim mas, tentava-se manter um ambiente livre de excessos.
Houve vários episódios.
Lamento mas tinha que ser assim.
Abraço a todos e aguardo a vossa visita ao "pidjiguiti".
Mais uma vez peço desculpa por voltar á carga. 1º porque reli as mensagens enviadas e verifico que há erros atrás de erros. Vou tentar ser mais cuidadoso.
Por outro lado...permitam-me mencionar que...o molho de "cocktail por esses lados eu não sei como é feito. O que faziamos na Guiné, se bem que a base era mayonese e catchup, o facto é que não terminava aí. Experimentem e irão verificar que necessita de algo mais, que dê um cariz mais apalativo. Limãozinho, um pouquinho de cognac e porto branco doce. Adicina-se a té se encontrar o "tique-tangue" que agrade á "tongue".
Numa foto a publicar no blogue "http://pigjiguiti.blogspot.com" poderão ver-me de vota de um "coktail gigante" onde o molho estrá á parte. Abraço e desculpem os erros anteriores.
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