Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1971 > Reabastecimento do aquartelamento e povoação através do Nordatlas e do lançamento de géneros por pára-quedas, durante a época das chuvas. Fotos do Álbum de Amaral Bernardo, ex-Alf Mil Med, CCS / BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72)... Esteve em 1971 em Bedanda (*), onde foi rendido em Dezembro de 1971 pelo Mário Bravo.
Fotos: © Amaral Bernardo (2011). Todos os direitos reservados.
"Estive em Bedanda, durante 13 meses, sob o comando do capitão de cavalaria Ayala Botto [, CCAÇ 6]. Um grande comandante, um verdadeiro oficial de cavalaria... que nos derretia com mimos: ovos liofilizados e outras delícias, que vinham de Lisboa, de uma fábrica da família...
"Estive primeiro em Cacine, que era deslumbrante... Percorri todo o sul, acabando em Bolama, depois de passar por Bedanda, Gadamael, Guileje, Tite... A CÇAÇ 6 tinha fulas e um pelotão de balantas... Em Bedanda, os tipos do PAIGC apareciam nas minhas consultas, nas calmas, disfarçados com a população...
"Bedanda, no tempo das chuvas, era inacessível por terra, transformava-se numa ilha. Ficava entre dois rios, o Cumbijã, a oeste e o seu afluente, o Ungariol, a leste e a norte... Era abasteciada pelos fuzileiros e pela força aérea...
"Em 2005 falei com o Nino sobre os ataques a Bedanda, quando ele era o comandante da região sul... Havia malta na tabanca que lhe fazia sinais de luz (com uma lanterna) para orientação do tiro... À terceira, eles acertavam todas...
"Os melhores abrigos, à prova do 120, eram os de Guileje... Mas o Spínola proibiu a construção de mais bunkers, queria que o pessoal fosse todo para as valas... Foram tempos muitos duros, tive uma [grande] actividade como médico... e eu próprio cheguei a desejar secretamente ser ferido para poder ser evacuado dali" (Amaral Bernardo, membro da nossa Tabanca Grande, desde Fevereiro de 2007).
_____________
Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 16 de Fevereiro de 2011 > Guiné 7799: Os nossos médicos (22): Um pedido de desculpas por uma falsa informação a (e um firme repúdio pelas insinuações de) o ex-Cap Art Morais da Silva, comandante da CCAÇ 2769 (Amaral Bernardo)
"Estive em Bedanda, durante 13 meses, sob o comando do capitão de cavalaria Ayala Botto [, CCAÇ 6]. Um grande comandante, um verdadeiro oficial de cavalaria... que nos derretia com mimos: ovos liofilizados e outras delícias, que vinham de Lisboa, de uma fábrica da família...
"Estive primeiro em Cacine, que era deslumbrante... Percorri todo o sul, acabando em Bolama, depois de passar por Bedanda, Gadamael, Guileje, Tite... A CÇAÇ 6 tinha fulas e um pelotão de balantas... Em Bedanda, os tipos do PAIGC apareciam nas minhas consultas, nas calmas, disfarçados com a população...
"Bedanda, no tempo das chuvas, era inacessível por terra, transformava-se numa ilha. Ficava entre dois rios, o Cumbijã, a oeste e o seu afluente, o Ungariol, a leste e a norte... Era abasteciada pelos fuzileiros e pela força aérea...
"Em 2005 falei com o Nino sobre os ataques a Bedanda, quando ele era o comandante da região sul... Havia malta na tabanca que lhe fazia sinais de luz (com uma lanterna) para orientação do tiro... À terceira, eles acertavam todas...
"Os melhores abrigos, à prova do 120, eram os de Guileje... Mas o Spínola proibiu a construção de mais bunkers, queria que o pessoal fosse todo para as valas... Foram tempos muitos duros, tive uma [grande] actividade como médico... e eu próprio cheguei a desejar secretamente ser ferido para poder ser evacuado dali" (Amaral Bernardo, membro da nossa Tabanca Grande, desde Fevereiro de 2007).
_____________
Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 16 de Fevereiro de 2011 > Guiné 7799: Os nossos médicos (22): Um pedido de desculpas por uma falsa informação a (e um firme repúdio pelas insinuações de) o ex-Cap Art Morais da Silva, comandante da CCAÇ 2769 (Amaral Bernardo)
10 comentários:
A última foto é estranha: parece uma chuva de pára-quedas, no entanto só descortino três, abertos... Pode ser defeito da foto (diapositivo ou "slide"), com muitos pigmentos de sujidade...
Talvez a malta da FAP nos possa escalarecer sobre esta prática, não muito habitual (e necessariamente dispendiosa) de abastecimento por pára-quedas...
No Leste nunca assisti a nenhum reabastecimento deste género... Não faço a mínima ideia de quantos volumes podiam ser largados de pára-quedas, a partir de um Nordatlas... Teoricamente, muitas dezenas... Também não sei a que altura eram largados e em que condições chegavam ao solo (pista de aviação e suas imediações)...
Já pedi a alguns camarigos da FAP (lembrei-me de vocês, A. Martins de Matos, Jorge Narciso, Victor Barata, Jorge Félix, Miguel Pessoa...), para responder às dúvidas deste pobre "infante"...
Luís; na época das chuvas; nós no XITOLE, também eramos reabastecidos pelo NORDATLAS, sobretudo de frescos e correio,porque nessa época das chuvas, a picada ficava intransitável.
Acontecia algumas vezes, os "pára-quedas" ficarem pendurados nas àrvores,o que era uma chatice.
Abraço
Artur Soares
Por ouvir dizer, pois nunca assisti, o Grande Honório chegava a fazer reabastecimentos sem pára-quedas cá no sul.
Caros amigos/camaradas:
Para além de ter assistido, cá de baixo, a alguns reabastecimentos por pára-quedas a partir de nordatlas, tive a "sorte" de, pelo menos por duas vezes, assistir ao mesmo tipo de lançamentos, mas do interior das ditas aeronaves. Aconteceu em viagens de Bissau para Bafatá - uma delas via Nova Lamego - comigo à boleia, tal como os géneros, que que foram lançados em três pontos distintos em cada uma das viagens. Quem lançava as encomendas pelo "alçapão" eram dois páras, devidamente equipados, não fossem, por acidente, sair amarrados à mercadoria. Entretanto, os pôdres nordatlas voavam em círculo sobre os campos de lançamento - normalmente clareiras em plena mata, mas não muito distantes das bases a reabastecer - , proporcionando aos desgraçados passageiros de classe única um barulho ensurdecedor e enjoo generalizado, com toda a gente a vomitar ou perto disso. (Ainda hei-de escrever qualquer coisinha sobre a maior dor de ouvidos da minha vida). Nós, os tesos e desenrascados - leia-se inventivos - portugueses, até uma GMC eramos capazes de fazer voar, a tal obrigassem as circunstâncias.
Um abraço,
Mário Migueis
Caros amigos,
Aconteceu por várias vezes o quartel de Fajonquito ser abastecido de géneros por meio destes lançamentos aéreos. Ficaram-me na memória particularmente a imagem dos frangos, enormes e completamente depenados como nunca tinha visto antes.
Dava muito trabalho a recolha do produto pois, as vezes o vento afastava os paraquedas para longe e atenção !!! A tropa tinha que chegar lesto-lesto ao local caso contrário os Djubis já estavam lá a fazer das suas. A carga partia-se muitas vezes ao bater no chão e era depois dificil de controlar. A miudagem escondia partes da carga no meio dos arbustos. E aqueles que assim roubavam escondendo o material, muitas vezes, eram depois roubados por outros que se infiltravam entre o momento da recolha e o regresso dos pilantras. Era bastante divertido.
Quando conseguiamos desenrascar alguns frangos era um dia de grande festa da rapaziada, nem os ossos ficavam por prova. Afinal Os vizinhos ajudam-se mutuamente, no bem e no mal.
Cherno Baldé
O Amaral Bernardo garante que o lançamento de géneros por pára-quedas era altamente eficiente... Por exemplo, os ovos, muito poucos se partiam!
Estimo em saber que alguns camaradas-de-armas, foram rebastecidos pelo nordatlas com os géneros alimenticios voando de paraquedas. A foto sobre Bedanda recordou-me, aliás já aqui o comentei, os nossos (1963/1964) reabastecimentos feitos pela mesmas aeronaves, mas em voo razante, e... em caixotes...È claro
que os caixotes se partiam logo que "aterravam", e aí estavamos nós a recolher batatas, cebolas, cenouras, nabos, hotaliças, e etc. á volta do campo de aviação, quer dizer da:- "Horta com pouco mato"
Rui Santos
Vi agora com a vista , melhor visto, a vista da
aproximação do Nordatlas, a Bedanda. Cumbijã ao longe,as quatro casitas em baixo á direita eram o aquartelamento da 4ªCªc., a povoação á esquerda era Amedalai, ao fundo junto da "aerogare" de Bedanda, A povoação de Bedanda,
Saudades, é um facto que as tenho!
Rui G.Santos
Por causa da foto aerea nem me debruceisobre outras descrições,
A zona de Bedanda era de facto cercada por água e não só, era também por chumbo e aço (pois o IN tinha balas de aço), a mata do cantanhês era "navegável", mas com
cautela pois foi aí que morreu o malogrado alferes miliciano que fui
substituir.63/64 Os nossos reabastecimentos eram quase sempre viaCumbijã/Cobumba, quando era o Gouveia 17, que por vezes arrastava um batelão, a escolta era constituida por uma ou duas secções, ou pelo Unguariuol acima
até ao cais lodoso das "bordas" de
Bedanda, pelo Gouveia 16 e um batelão (triste memória tenho da última vez que vi esse rebocador,
pois esse o motivo de não termos reabastecimento via maritima pois a agravar havia a curva do rio em Cadique /Cafine grande reduto do IN
que foi literalmente destruido pelos fuzileiros durante 1964, não me lembro a data, só me lembro que foi de tal ordem que se ouvia em Bedanda a mais de 20km em linha recta, o tiroteio e as rebentações de basucas,granadas e morteiradas, e o fogo das lanchas da marinha.
Por todos estes motivos o correio vinha via DO, Austers militares ou DO civil, os quais eram acolhidos na aerogare de Bedanda(uma bruta arvore penso que PauSanto) e os morfos via caixotes partidos no "cimento" barrento da pista, lançados pelos Nordatlas sentido sul/norte , pois tinham que levantar logo devido á "chuva" balistica de Incala ,Rossum Holé e Contumbum.
O Nini Vieira estava comandando em Nhai aquela zona duplamente quente, do sol e da fogachada !
Rui Gdos Santos
Enviar um comentário