Caro Carlos Vinhal
Porque verifiquei com a colocação do poste de hoje que estás, ainda, ao serviço neste mês de Agosto, aqui te envio um novo texto a contrapontar.
Um abraço do
Alberto Branquinho
CONTRAPONTO (38)
As “FRENTES” e os “HOMENS”
1 – As “frentes”
Tenho lido aqui, muitas vezes, afirmações idênticas às que seguem:
- “Eu, que estava na linha da frente…”
- “A minha Companhia, que estava na frente de combate…”
Recordo-me ter já feito um comentário a um poste, dizendo que, em guerra de guerrilha, não há frente(s).
Podem ser “aquecidas” ou “arrefecidas” temporariamente certas zonas, a critério e decisão de quem faça a guerrilha, mas certo é que a guerrilha não luta pela conquista e ocupação do terreno e não organiza o mesmo para o defender, de forma a impedir o avanço e sua conquista pela(s) força(s) inimiga(s). Isso acontece em guerra clássica.
Esse equívoco existiu nos primeiros tempos de acções de contra-guerrilha em Angola, quando foi entendido, do lado Português, que, com a “conquista” de determinados espaços ou lugares, usados como bases pela guerrilha, tinha sido conseguida “a vitória contra os terroristas”. Fora “uma” vitória, mas não “a” vitória. À guerrilha não interessa conquistar terreno, como é sabido. (Só para propaganda externa foi usada a expressão “zonas libertadas”).
Assim, essas referências a “linha(s) da frente” não informam devidamente os “leigos” que leiam os postes aqui publicados.
Mas, se não havia “linhas da frente”, não quer dizer que não tenha havido muitas retaguardas…
O nosso "ex-Alfero" Jorge Cabral ladeado por actuais camaradas (versão feminina) do Exército Português
Foto de Mário Fitas, editada e legendada por Carlos Vinhal2 – Os “homens”
Outras afirmações que, de tempo a tempo, surgem são:
- “Um dos meus homens…”
- “Dei ordem aos meus homens…”
A gente sabe que esta manifestação de comando enche a boca e satisfaz o ego.
Mas, meus senhores, o que eu gostaria (AGORA!), nos tempos que correm (e se pudesse estar na tropa), era dizer umas coisas assim:
- “Uma das minhas mulheres…”
- “Tinha eu todas as minhas mulheres à minha volta…”
E mais não digo.
Alberto Branquinho
(Negritos e itálicos da responsabilidade do editor)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 22 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8591: Contraponto (Alberto Branquinho) (37): Adivinhação... ou as guerras de Bissau (...e afins)
10 comentários:
Caro Alberto Branquinho
Estou de pleno acordo e sem tirar nem pôr assino por baixo.
Só um pequeno senão, é que não mandava em ninguém, por isso também não beneficiaria nada nos que diz respeito à segunda parte do teu poste.
SIM..sim... aquela para das ordens às mulheres!!!!!! Mas é uma pena.
Viva meu Caro,
Comento com aquela frase de sabedoria: "não preciso de muito, contento-me com o melhor".
E é da melhor qualidade este
"post".
Abraço
JD
Caríssimo Alberto Branquinho,
Acredita, leio sempre com satisfação os teus escritos, este, ainda por cima, ilustrado com o "alfero" ladeado por material belico...
Um abraço
BSardinha
Camarada Branquinho
Nem consigo imaginar o que seria na nossas Cart, termos que gerir ou ser geridos com elementos do sexo oposto. Não queriam mais nada? Também não vale a pena preocupar-nos com isso porque já estamos "bem aviados" e satisfeitos do dever cumprido.
Abraço.
Mais uma vez ,Caro Branquinho,colocas o blog no seu melhor.E,a foto,tirada por verdadeira "máquina do tempo",é uma lufada de ar fresco no olhar vivo e irónico dos 3 fotografados.Um grande e caloroso abraco.(E caloroso, porque por muito que por aí possa custar a acreditar, está a nevar em todo o Norte da Lapónia Sueca).
Olá Branquinho!
Boa observação.
É necessa´rio que se fale com precisão e que se passe aos outros que têm de saber (os vindouros) a realidade que for possível.
Um Alfa Bravo do
António Pereira da Costa
G:Tavares
Meus caros: mulheres na tropa só mesmo para fotografia e embelezar as formaturas. Qaunto ao resto...são modas
Caro camarada Branquinho
Ah..isso é que estavas..em Gandembel e Canquelifá..era o quê, obviamente estou a brincar,tens razão, só que quem estivesse junto à pseudo-fronteira estava mais exposto..só isso.
Mulheres na tropa..bem, sinal dos tempos.Há pouco tempo,visitei a E.P.A. em Vendas Novas, e encontrei uma jovem "soldada" que era S 2 (servente à culatra).. quem tem como função abrir e fechar a culatra e disparar o obus à ordem do "inteligente".
Fui acompanhado por um jovem major, muito simpático, e na parada estavam a ter instrução do 15,5, onde a jovem S2,fechava e abria a culatra com mil cuidados.Pedi permissão ao Sr. Major para fazer uma demonstração de como é que se fazia "in illo tempore"..perante o maralhal (homens e mulheres)peguei no manipulo ao mesmo que fazia pressão na cavilha de segurança com o rebordo inferior da mão e com um gesto brusco empurrei o manípulo de cima para baixo e para a frente e em seguida larguei-o,a culatra fechou-se com estrondo..espanto geral..bem em combate era assim..porque quaisquer segundos perdidos..podiam ser.. etc e tal..só isso.Terminei a minha demonstração dizendo-lhes que continuassem a fazer como lhes ensinavam, porque comigo aconteceu o mesmo.
Para o camarada J.Belo,se aí está a nevar ,aqui na beira interior, durante o dia, estiveram 40º Celsius Positivos,para ser como a Guiné só falta a humidade..podemos exportar uns graus...têm é que ser bem pagos.. que isto está mau.
Um alfa bravo
C.Martins
Como sempre, estas histórias "simplex" são maravilhosas.
Falta só escrever sobre a "prisão" do nosso Alfero, pelas meninas da PM. Como ela ficaria feliz.
Sem palavras, mas com um grande abraço!
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