quarta-feira, 9 de maio de 2012

Guiné 63/74 – P9872: Convívios (431): Pessoal da CCAÇ 2679 e Pel Caç Nat 65, dia 28 de Abril de 2012 em Cascais (José Manuel M. Dinis)

1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), com data de 2 de Abril de 2012:

Caríssimo Carlos,
Envio-te a pretensa reportagem de um encontro heróico relativo ao pessoal da minha Companhia e do Pel Caç Nat 65.
Faz o favor de publicar, a ver se granjeamos mais clientes para o blogue (www.blogueforanadaevaotres.blogspot.com).

JMMD


ENCONTRO DO PESSOAL DA CCAÇ 2679 E PEL CAÇ NAT 65 

CASCAIS - DIA 28 DE ABRIL DE 2012

No passado dia 28 (binte óito, para o pessoal do norte), na cosmopolita Cascais, terra de soberanos e pescadores, encontraram-se alguns componentes da CCaç 2679, e do Pel Caç Nat. 65, que na Guiné quase sempre se acompanharam nas regiões leste de Piche a Bajocunda, com o elevadíssimo propósito de matar a fome e as saudades. Matar saudades? Diria antes, reviver momentos passados na cálida África, de muitas alegrias, salpicadas por angústias e ansiedades. Sob a batuta do Zé Tito (Tinto, para os amigos), ficou o encontro aprazado para junto da estátua do D. Carlos, à entrada do Clube Naval, com vistas para a policromática baía, onde céu e mar se fundem em azuis de admiração e brilho, bordados pelo casario e palacetes de rara beleza e harmonia, de onde despontam verdes frondosos de alguma vegetação, regozijo da curiosidade de nacionais e estrangeiros. Depois da algazarra do reencontro, e porque a hora do apetite era imparável, ainda se arranjou tempo para uma conversa real, com quem se tiraram retratos para a posteridade.

Sua Alteza manifestou-se muito bem disposto com a nossa presença, a apadrinhou o Encontro. Mesmo ao lado, com ampla vista sobre o mar e a costa do Estoril, onde pontilhavam barcos de grande colorido, situa-se o restaurante destinado à confraternização. Mais ou menos desalinhados na progressão até ao primeiro andar, homens, mulheres, e uma criança, acomodaram-se às mesas e dispuseram-se para o embate. Estava prometido peixinho, em correspondência ao desejo do maioral do matadouro, um Corvo da nossa equipe.

As coisas não correriam tão simplesmente quanto isso, comer, beber, festejar, e ir embora, porque o timoneiro Zé Tinto (escorregou-me uma pinguinha e acrescentei-lhe a consoante), tinha preparado uma coisa diferente, com entretens e surpresas. Afinal ele é um artista das telas, e dá-lhes expressões com óleos e acrílicos de diferentes matizes. Para não ser o único a trabalhar pró grupo, incumbiu-me de fazer uns textos, quer para as boas-vindas, quer para apresentação de cada um dos homenageados. Assim pensou, e associámos aos retratos uma historieta alusiva a cada um, valorizados com poemas trágico-humorísticos da lavra de um mouro.

Destinaram-me aquelas leituras, mas ainda não tinha aquecido a voz, que o dia ia ser longo de comeres e beberes, pelo que foi a minha psicóloga a ler as boas-vindas, e tão bem o fez, que reincidiu, perante o agrado geral, na leitura de outros textos de grande valor, a que lhes conferiu especial brilho.

Tínhamos previsto iniciar a lide com uma homenagem ao António Abreu, um dos celebérrimos corvos (o outro é o Aires, o do matadouro), porém, o Abreu registou a primeira falta nestes périplos de amizade em virtude de uma situação delicada de saúde. Mas foi assim mesmo que iniciámos as homenagens individualizadas, que surgiram pela que se fez o ano passado ao "nosso querido e bravo herói de Tabassai e à nossa querida e muito amada Madrinha de Guerra", com tanto êxito, que posso garantir-vos, de então para cá estão sempre juntos e inseparáveis.

A homenagem ao Abreu, já anunciada pelos presentes, ainda assim, constituiu um grande e surpreendente êxito, pois estava "escrito na pedra", que o dito adora a fruta, que se espelhava em singulares nádegas e mamas nas coloridas lentes Ray-Ban do retratado. Ainda o povo aplaudia de admiração a retratação plástica, e, novamente, a minha linda psicóloga, senhora de um belo timbre, voltou a intervir para declamar um excelente poema da autoria do Morais, que selava a excelente homenagem. O Adolfo Barbosa foi depois o portador para a Invicta da valiosa obra, que vai enriquecer o acervo artístico da cidade.

Seguiu-se um creme de peixe, muito sápido, que abria as hostilidades comestíveis, e lambemo-lo todo. Nova surpresa se aprontava, desta vez em relação ao Aquino. A introduzir, outro texto da minha autoria, com a superior qualidade dos meus escritos, lido pela delicada psicóloga que me acompanha. Foi do agrado geral. Depois, seguiu-se a exibição do retrato. E finalmente, leu-se novo poema da autoria do mesmo bardo da mourama. A festa corria com agrado e passaram a ser servidos os peixinhos, de frescura evidente, bem preparados e apetitosos, acolitados por batatinhas assadas e salada. Não havia limites, foi até a gula aguentar. Alguém se referiu à boa qualidade do vinho, mas o pessoal queria era mastigar e deglutir. Quando as coisas amainaram, o Tinto entregou-me novo quadro, muito bem embrulhado como os restantes, e incumbiu-me de nova leitura. E referi um extravagante episódio de que o Ramalho foi o principal intérprete, passado na mata da Guiné, que deixou atónitos os ouvintes, e foi esclarecedor da desfaçatez do homem de Amarante, cujas saudades fluíam pela "motora" da CP. Repetiu-se os procedimentos anteriores, com a exibição do retratado, a que se seguiu a leitura do poema com que o Morais brindava. A psicóloga, novamente, interpretou a grande altura. Soaram aplausos à obra plástica, ao poema, à declamante, e ao visado.

Quase finalmente, servia-se a sobremesa a contento, e o Tito, já mais pró tinto, quase estragava a última das surpresas, dedicada ao mouro, ou moiro de Perre, tanto faz, quando se preparava para distribuir uma brochura evocativa do encontro e das homenagens, onde, naturalmente, se escarrapachava o preito ao malfadado poeta. Gritei-lhe, gesticulei-lhe (que o gajo é surdo como uma porta e o aparelho devia estar sem bateria), até que intuiu o descalabro e recolheu os espécimes que distribuíra. A populaça, falava entre si com a alegria de quem tem a barriguinha cheia, pelo que poucos ou nenhum deu pelo lapso. Então soergui-me, chamei a atenção para um texto final de despedida, e referi o Morais como último traste objecto de homenagem. A esposa, um filho e a nora, especavam-se de ansiosas curiosidades, e ficaram a saber por testemunhas contemporâneas do marido, progenitor e sogro, sobre a histórica investigação, que os de Cascais fizeram àcerca do vetusto minhoto, entendido em enchidos e vinhos da região, que o conduziram à elevada consideração de primeiro tanso da zona nevrálgica que deu rei ao ducado - o norte, carago!.

O tempo tinha-se mostrado em conformidade, soalheiro para colaborar com a festa. No entanto, pela hora da apresentação de contas, 21 aéreos esportulados por cada bico, gratificação incluída, tudo se transformara como que numa fantasia outonal, com tendência para agravamento invernal. E assim foi. Dirigimo-nos para o Museu Paula Rêgo sob umas pinguinhas, não fossem os arrivistas sair de Cascais sem um banho de cultura, e como já andavam toldados do olhar, gostaram em uníssono dos quadros fantasmagóricos e caríssimos daquela consagrada artista do pincel. Depois, enquanto eu conduzia os hóspedes à identificação do hotel, os restantes dirigiram-se para casa do Tito sob uma grossa bátega. Ali nos reencontrámos quase todos, porque a outros, deveres familiares imperativas, obrigaram-nos a um destroçar antecipado, onde, sob um modelo social quase marroquino, de homens para um lado, e senhoras para outro, se comeu, bebeu, e palgarreou muito, sobre estórias e mais estórias, que em festa o pessoal não se acanha de inspiração, até que às tantas, acabámos por ceder à fraqueza que o estômago cheio provoca, e acabou-se, com retiradas muito bem ordenadas, que deixaram o inimigo em situação não identificada, mas segundo informações fidedignas, o estado-maior revoltou-se contra as instâncias civis eleitas democraticamente, prendendo-as, originando um estado de alvoroço e de evidente perturbação, face à bem organizada movimentação das NT.


Almoço da CCAÇ 2679 e Pel Caç Nat 65 > Foto de Família

Almoço da CCAÇ 2679 e Pel Caç Nat 65 > Brochura de textos do Dinis e poemas do Cândido

O Abreu

O Aquino

O Ramalho

O Cândido

Auto retrato para cartão de almoço militar

O herói de Tabassai e a madrinha de guerra da CCAÇ 2679

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 8 de Maio de 2012 Guiné 63/74 – P9869: Convívios (248): 17º Encontro/Almoço/Convívio da 38ª CCmds, vai decorrer em 30 de Junho de 2012, em Malveira (Amílcar Mendes)

2 comentários:

Sotnaspa disse...

Camarada Dinis
Belos quadros estes,quanto ao que a ti diz respeito, acho que a madrinha de guerra não envelheceu nadinha, nota-se que ainda é borracho.... mas quanto a ti, ainda esta mais velho que ma realidade és.

Um alfa bravo do
ASantos
SPM 2558 (do Leste)

Luís Dias disse...

Caro J. M. Dinis

Almocinhos são sempre um excelente pretexto para aglutinar boa gente que esteve nas Terras Quente e Vermelhas da Guiné.

Agora o que me espantou foram os maravilhosos quadros que postaste. Parabéns a quem os fez. É arte.

Um abraço.

Luís Dias