1. O nosso camarada Vasco da Gama, ex-Cap Mil da CCAV 8351 "Os Tigres de Cumbijã", Cumbijã, 1972/74, dirigiu-nos a seguinte mensagem.
A SÃ CAMARADAGEM E A VIL EMBOSCADA
Há dezasseis consecutivos anos que a minha C.Cav. 8351 se vem reunindo sempre com grande entusiasmo e enorme alegria. Desta feita tínhamos razões acrescidas para festejar com mais ânimo, pois o organizador conseguira para cima de cem inscrições entre militares, cerca de cinquenta, e familiares a rondarem os setenta!
Proibido de conduzir sozinho, aguardei, impaciente, a boleia de dois camaradas meus o Adérito Neto, ex alferes e o também ex-alferes Mário Castelhano, comandante do pelotão de obuses no Cumbijã, já na fase final da guerra.
Foi bonita a recepção que a malta me dispensou e sorri com gratidão às manifestações de carinho de toda a gente!
Maior alegria tive quando vi o nosso Camarigo JERO, esse companheirão de Alcobaça e membro distinto da nossa Tabanca Grande! Apareceu, tirou umas fotografias e abalou para junto da família, não almoçando, como era o meu desejo, com a tropa.
O organizador, Augusto Covas, sentou-me à sua mesa com os meus companheiros de viagem, com o Machado, o Azambuja, o Barbosa, o Vasco Almeida e o senhor padre!
Outra grande alegria tive da parte da tarde com a chegada do Miguel Pessoa e da Giselda Pessoa. Sabe sempre bem abraçar esta gente! O Miguel tirou inúmeras fotografias que aqui me escuso a publicar.
Abrirei excepção a uma fotografia para exprimir a afinidade das coisas com o sentir!
Correu tudo bem, para o ano há mais, dia 27 em Sever do Vouga e em 2014 em Portalegre!
Regressei feliz a casa e dormi sem sobressaltos!
O nosso camarada Vasquinho Almeida
Segunda-feira, logo pela manhã, o meu camarada Covas telefona-me e a chorar diz-me de supetão: Capitão, morreu o Vasco Almeida!
A viver sozinho, o Vasco Almeida era seguido de muito perto pelos seus filhos que todos os dias lhe telefonavam!
No dia seguinte ao nosso convívio morreu!
O filho encontrou-o deitado, sem vida!
Andava triste, pois perdera a mulher, vítima de grave doença, e manifestava uma tristeza própria de quem perdera o entusiasmo de viver.
Terá tido uma morte serena e resignada!
Despedira-se da malta com o premonitório “este é o último convívio”…
Juntámos dez Camaradas no seu funeral em Lisboa!
Eu reajo sempre mal, muito mal mesmo a estas situações, como aliás o fazia na Guiné!
Um dos meus camaradas presentes, ao ver-me chorar copiosamente, disse-me, ciciando na sua rouquidão, e na sabedoria de quem já sofreu e venceu um cancro na garganta: Capitão quem me dera morrer assim, sem sofrer mais…
A morte atacou uma vez mais silenciosa e traiçoeira…
Do pessoal que “controlamos” vinte e três já partiram…
Só hoje ganhei coragem para escrever estas atabalhoadas palavras, mas o Vasquinho Almeida merecia este abraço solidário meu e de todos os meus Camaradas!
Aqui deixo a sua fotografia no Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné, digno repositório dos Combatentes da Guiné!
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Nota de MR:
(*) Vd. último poste desta série de 17 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9763: In Memoriam (117): Recordando o dia 17 de Abril de 1972 e a trágica emboscada de Quirafo (Juvenal Amado)
6 comentários:
Grande Vasco,
Meu amigo sentimentalão. Que se lixe um homem chorar conforme os seus sentimentos.
O Vasco Almeida, parece, já tinha pouca motivação e, pelo menos, não terá tido sofrimento físico. E o outro não é melhor.
Do que eu gosto, afinal, é que já revelas franca melhoria, pois há pouco tempo ninguém te arredava de casa.
Desejo, Vasco, que possamos conviver com alegria, e durante muito tempo.
Um grande abraço
JD
Caro Camarada Vasco da Gama
Um grande Abraço Sentido.O nosso Camarada Vasco Almeida já partiu e que Deus o Acolha no seu Reino.
É só uma questão de tempo para todos nós.Há que reflectir e revermos muito dos nossos comportamentos neste lado da vida e aproveitar o máximo junto de quem nos ama.
Um abraço para todos
Henrique Cerqueira
Amigo Vasco:
Parabéns Vasco pelo belo convívio da tua companhia, de que já tínhanhos conversado.
Espero ver-te no convívio da minha companhia a debitares saúde e boa disposição. A rapaziada conhece-te e gosta de ti.
Ontem como hoje a perda de um camarada tem uma carga negativa para todos nós. Resta-nos superar essa perda da melhor maneira que estiver ao nosso alcance.
Um abraço.
Manuel Reis
SOU SOLIDÁRIO NA VOSSA DOR
UM ABRAÇO DESTE TIGRE (QUE NÃO CHEGOU A SER.
J CARVALHO
Caro Vasco
Capitão da Areia e de Buarcos.
Só nos resta "aceitar a vida"!
Vai-nos pregando sustos, nós sabemos, mas a hora de cada um está marcada, escrita a "sumo de limão" que, só o calor do dia a dia, vai revelando.
Aquilo que todos e cada um de nós tem para dar aos camaradas: Abraços solidários!
Caro amigo Vasco da Gama
Esta tua intervenção suscita-me vários sentimentos, alguns contraditórios.
Começo por me congratular pela tua reaparição em termos de 'contribuição líquida', coisa de que já andavas afastado faz muito tempo, pese embora os problemas de saúde que te têm afligido.
Depois dás conta da alegria do reencontro do pessoal da tua Companhia e de como foi agradável esse convívio.
Até aqui, nada de anormal, tanto mais que esse tipo de emoções são o timbre dos nossos encontros.
Mas depois, e será esse o grande motivo que te deu o impulso para escreveres, dás conta do falecimento, no dia imediato ao do encontro (ou se calhar até nessa noite), de um dos vossos, um dos que referes ter estado na tua mesa, para maior ênfase.
Mais uma vez, como é típico teu, utilizas toda a tua sensibilidade, toda a tua emotividade, para descreveres os teus sentimentos e fazeres assim a justa homenagem ao teu/nosso camarada.
Não evitei algum 'aperto na garganta' e por isso só te posso agradecer que tenhas feito esta comunicação.
As melhoras para ti!
Abraço
Hélder S.
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