domingo, 6 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9859: Excertos do Diário de António Graça de Abreu (CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74) (15): Contam-se histórias tenebrosas sobre Gadamael...



1. Em 1973, em Maio/Junho, Gadamael era um dos três G de que toda a gente falava: Guidage, Guileje, Gadamael... Sobre Gadamael temos mais de 170 referências no nosso blogue, já tendo nós publicado diversos depoimentos em primeira mão, relativos à chamada batalha de Gadamael (em finais de maio e princípios de junho de 1973), desde o J. Casimiro Carvalho ao Pedro Lauret, do Carmo Vicente ao Victor Tavares, do Luis Paiva ao Manuel Rebocho, do Jorge Canhão ao João Seabra, sem esquecer o Manuel Reis, o Constantino Costa e outros "piratas de Guileje" ...

Qualquer destes três G têm suscitado e continuarão a suscitar as mais diversas versões, não necessariamente contraditórias, seguramente parcelares e complementares, umas mais polémicas, apaixonadas e acaloradas do que outras.


Alguns de nós, como é o acaso do nosso camarigo António Graça de Abreu (AGA), assistiram aos acontecimentos de Gadamael a uma distância relativamente confortável (desde Mansoa ou de Cufar). Para quem não estava lá, em meados de 1973, no TO da Guiné, não deixa de ser interessante ler as referências a Gadamael no diário do AGA, e ficar a conhecer as reações que a evocação do topónimo provocava nas NT... Lembro-me do mesmo temor e respeito que nos inspirava, em meados de 1969, a evocação de outros topónimos como Gandembel ou Madina do Boé, quando desembarcámos em Bissau e começamos a deambular pelas 5ªs Rep, ávidos de notícias, boatos e histórias da guerra. 

Pois aqui ficam alguns excertos do Diário da Guiné onde encontrei referências ao topónimo Gadamel. Recorde-se que há uma edição comercial do livro, e que este pode ser comprado nas livrarias ou na feira do livro que está a decorrer em Lisboa. Referência completa:  António Graça de Abreu - Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura. Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp. (*) (LG)



Guiné > Região do Oio > Mansoa > CAOP 1 > Março de 1973 > O Alf Mil António Graça de Abreu (1972/74) junto ao obus 14....
                                                                                 
Foto: © António Graça de Abreu (2010). Todos os direitos reservados



Mansoa, 22 de Maio de 1973

O PAIGC parece que vai declarar a independência, mas isso não modificará o rumo da guerra. O que tem abalado os portugueses nestes últimos meses é a quase ausência da nossa aviação, o armamento cada vez melhor, em maior quantidade e melhor utilizado pelos guerrilheiros e, acima de tudo, o estado anímico e psíquico da tropa portuguesa. No entanto, continuo a acreditar que esta guerra está longe de se resolver no campo militar e terá, só Deus sabe quando, uma solução negociada, política.
Creio que continuamos em vantagem sobre os guerrilheiros, dominamos os centros urbanos e as maiores povoações da Guiné, existem aquartelamentos espalhados por todo o território e temos muitos mais militares do que eles. Se em vez de quatro ou cinco Fiats tivéssemos vinte ou trinta aviões mais modernos, se contássemos com blindados capazes para este tipo de guerra, se a tropa portuguesa estivesse moralizada e decidida, as NT voltariam a manejar quase todos os cordéis com que se tece a guerra. Mas onde ir buscar dinheiro para tanto material militar – parece que as guerras em África consomem quase metade do orçamento de Estado, – e fundamental, como mudar estes nossos homens, descrentes, cansados, confusos?
Os senhores que nos governam ou estão cegos para a realidade ou fingem estar, querem que os pobres soldados portugueses continuem a “defender a Pátria” até ao impossível. (...)
O meu coronel [, Cor pára Rafael Durão, comandante do CAOP1] anda lá pelo sul, (...)  Guileje, Gadamael aquartelamentos junto à  fronteira que têm sido atacados quase sem interrupção. Ele já tem cá o seu “periquito”, o substituto, outro coronel pára-quedista que parece ficará em Catió, no sul, onde se diz que será criado um CAOP 3. (...)

Mansoa, 28 de Maio de 1973

O outro “Gui”, Guileje. O que se passou no aquartelamento do sul? Dizem-me que Guileje tem os melhores abrigos de toda a Guiné, em cimento armado, mas foi sendo sucessivamente flagelada, dias a fio, com o mais variado tipo de armas e, tanto quanto sei pela primeira vez na história recente desta guerra, as NT abandonaram um aquartelamento e retiraram-se para Gadamael, outro destacamento também junto à fronteira mas mais próximo de Cacine e do mar. Isto sem o conhecimento do Comandante-Chefe, general Spínola e dos estrategas de Bissau. Pelo menos é o que consta, estou a vender a notícia como a comprei, mas parece produto afiançado. (...)

Mansoa, 19 de Junho de 1973

Chegou anteontem a Mansoa uma companhia nova de pessoal destinado a Angola. Só dentro do avião souberam que vinham para a Guiné. Aconteceu o mesmo a três outras companhias de 180 homens cada, com outros destinos, que também foram desviadas para a Guiné. Estes vêm substituir uma companhia do Batalhão 4612, aqui estacionado em Mansoa e que, com oito meses de comissão, parte amanhã para reforçar Gadamael, ao lado de Guileje já evacuado há um mês pelas nossas tropas. Ontem os rapazes desta companhia estavam desesperados face ao futuro incerto que os espera, mais incerto do que o meu. Eu vou para pior, não propriamente para um matadouro. Esta companhia, ai, que Deus os proteja!...

A grande maioria dos mortos em combate na primeira quinzena de Junho, vinte e quatro no total, registou-se no sul, na região de Gadamael-Cameconde onde os guerrilheiros tentam conseguir o mesmo que em Guileje, obrigar os portugueses a abandonar mais um aquartelamento. Contam-se histórias tenebrosas sobre Gadamael. (...)

Hoje, às oito da noite estávamos os oficiais a jantar quando, diante da messe, surgiu quase toda a companhia velha em marcha fúnebre, com arcos e velas acesas sobre umas tábuas que pareciam caixões. Formaram e queriam oferecer uma garrafa de whisky ao capitão, o comandante da companhia, um homem do QP, competente, respeitado e determinado. Saiu da messe, perfilou-se, fez continência aos seus homens e mandou-os dispersar. Obedeceram logo. Depois houve grandes bebedeiras. Estive no bar de oficiais até cerca da meia-noite. Alguns alferes da companhia que segue para Gadamael, cheios de álcool, partiram garrafas e cadeiras. Não se tratou de insubordinação, apenas o extravasar de recalcamentos e medos. (...)

Cufar, 25 de Junho de 1973

Não estou encantado com o lugar que vim encontrar, mas Cufar é melhor do que eu imaginava. Em termos de guerra, segurança pessoal, companheiros de armas e instalações. (...). O que se passa lá mais para sul, em Guileje, há um mês abandonado pelas NT, em Gadamael, que esteve quase a ser evacuada, em Cameconde ou Cacine, só indirectamente tem a ver com a zona onde me encontro. Embora perto de Cufar, uns trinta quilómetros em linha recta, são regiões geográfica e militarmente diferenciadas da nossa. Lá os guerrilheiros estão a exercer uma enorme pressão mas, pelo que conheço deles, não me parece que tenham hipóteses de repetir a ocupação de qualquer aquartelamento NT. No extremo sul da Guiné eles atacam muitas vezes a partir do outro lado da fronteira. Dispõem de uma base grande em Kandiafara, uns quinze quilómetros já dentro da Guiné-Conacry, para onde regressam após emboscadas e flagelações. (...)

  Cufar, 27 de Junho de 1973

De Lisboa, contam-me as “bocas” que por lá correm. E “bocas” falsas. Fala-se em evacuar da Guiné mulheres e crianças. Mas onde e porquê? É verdade que a população nativa, os africanos das aldeias de Guidage, Guileje e Gadamael, abandonou essas tabancas por causa do perigo nas flagelações constantes do IN. Mas não houve nenhuma evacuação nem sei se tal está previsto pela nossa tropa. Também é verdade que muitos milhares de habitantes da Guiné Portuguesa procuraram fugir à guerra e refugiaram-se quer no Senegal quer na Guiné-Conacry, no entanto esta procura de um lugar mais pacífico para habitar não é novidade, começou há já alguns anos com o agravamento do conflito armado. (...)

Cufar, 2 de Julho de 1973

Catió “embrulhou” ontem às seis e meia da tarde. Seis foguetões, como de costume caíram fora do quartel. Em Cufar, ouvem-se sempre os rebentamentos mas a maioria do pessoal está tão habituado que já nem estranha. Hoje, às seis da manhã, acordei com mais pum, catrapum, pum, pum, tão diluídos na distância que voltei a adormecer. Era Gadamael. (...)

Cufar, 21 de Setembro de 1973

Tenho o cabelo um pouco mais crescido, mas os meus superiores não me chateiam com críticas ou ordens para o cortar. Também deixo crescer o bigode embora não me pareça que fique mais bonito. O bigode dá-me um certo ar rufia, um aspecto de mafioso italiano ou grego, de facalhão à cinta. Cortá-lo-ei em breve. Para um oficial usar bigode é necessário fazer um requerimento ao ministro do Exército. Não fiz nada disso, estou no sul da Guiné, quanto maior é o “buraco” em que estamos metidos, mais se ultrapassam os regulamentos. Os tipos do Chugué, Jemberém, Gadamael usam bigodes, barbas, cabelos de meses, estão-se cagando para os regulamentos. Os tipos do ministério do Exército que venham cá até ao sul da Guiné, até este esplendoroso torrão de solo pátrio, mandar vir com os soldados barbudos e cabeludos!... Eles são capazes de lhes meter uma bala nos tomates. (...)

Cufar, 8 de Novembro de 1973

Os dias fabulosos, as histórias que não conto, os whiskies que bebemos, às vezes a morte, espantalho de sangue agitado ao vento diante da menina dos olhos.
De madrugada, Gadamael, chão com cadáveres, juncado de medos. Quarenta e seis foguetões 122 disparados pelos guerrilheiros do PAIGC sobre o aquartelamento, aqui a sul, na fronteira. Apenas me apercebi de rebentamentos distantes, no sono do resto da noite. É normal, já nem estranho. Mas na mente de cada um de nós, a preocupação cresce. Quarenta e seis foguetões sobre Cufar, como seria?
As bebedeiras, cerveja, vinho, whisky, o álcool a circular no sangue temeroso. Os homens tontos de mágoa, solidão e medo. (...)

Cufar, 11 de Novembro de 1973

Outro dia duríssimo para Gadamael. Às seis da manhã, eu dormia mas acordei sonolento com os muitos rebentamentos distantes. Foram duas horas de flagelação com quarenta e dois foguetões 122. Tiveram dois mortos e muitos feridos.
Quando chegou a Cufar, o meu tenente-coronel “periquito” vinha cheio de ideias para pôr num brinquinho o que resta do CAOP 1. Começa a baixar a cabeça, a entrar na realidade. Ficou alterado com os ataques a Gadamael, hoje à noite apanhou uma bebedeira monumental. As pessoas, quer as do pequeno, quer as do grande mando, quando têm vinho dentro ficam claras como água. (...)


Cufar, 21 de Novembro de 1973

Guerra todos os dias. Ontem às seis de tarde, hoje às seis da tarde. Ontem foi Cobumba, estávamos a começar a jantar e pum, catrapum, pum, pum. Alguns de nós saltaram das mesas e começaram a correr para as valas. Cobumba fica aqui mesmo ao lado e como têm lá uma nova companhia de “periquitos”, os guerrilheiros trataram de lhes fazer condigna recepção, com foguetões, morteiros, canhão sem recuo, tudo a disparar numa cadência de fogo impressionante. O pessoal de Cobumba teve sorte, estão lá estacionados quatrocentos homens – a companhia velha e os “periquitos” que os vêm substituir – e não sofreram uma beliscadura.

            Hoje foi a vez de Gadamael, já não era atacada há dois dias e meio! Embora muito mais distante do que Cobumba, ouviam-se os rebentamentos com extrema nitidez. Foram só vinte minutos de fogo, também a um ritmo capaz de assustar o mais valente, as granadas rebentavam de dez em dez segundos. Não sei se houve consequências para as NT em Gadamael, mas a flagelação foi tremendamente feia. O ataque a Cufar dia 13 passado, comparado com estes dois que ouvi ontem foi uma brincadeira.

            Em resumo, a nossa tropa anda acagaçada. O PAIGC movimenta-se, põe, dispõe e manda lembranças. Começamos a ver a guerra com os olhos cada vez mais tortos. A aviação actua, os Fiats fartam-se de bombardear aqui em redor, numa cintura aí de quarenta quilómetros. Volta e meia ouvimos o zumbido dos aviões a jacto e os rebentamentos secos das bombas a cair.

            Só desejo que este embeber doloroso na guerra, este permanente estado de insegurança, este saber que a meu lado todos os dias morrem africanos e portugueses, não entre demasiado por dentro de mim e me marque a ferrete, com ressacas complicadas para o futuro. Não sou um tipo medroso, nem fraco. Procuro manter a cabeça fria e fazer estes jogos de guerra mantendo-me vivo e seguro. Mas custa muito ver tanta gente destruída, de ambos os lados. Os soldados parecem crianças com todos os defeitos dos homens. Bebedeiras conscientemente procuradas, reacções sem nexo, o medo escondido a crescer.
            Em mim, acho que quero, posso e mando. Às vezes, embora eu diga que não, a guerra afecta-me, e muito. Tento criar calo, uma armadura onde as sensações mais fortes batam e façam ricochete. Há o futuro, o desta gente, negros e brancos, e o meu. Faltam-me apenas quatro meses para terminar a comissão. É aguentar, e peito firme!  (...)


            Cufar, 4 de Dezembro de 1973


Mais foguetões 122 e de novo para Cufar, direccionados para o interior do nosso aquartelamento. O Chugué, há dois dias levou com vinte e cinco foguetões, sem consequências, Gadamael tem sido tão flagelada, com consequências, que já perdemos a conta ao número dos foguetões. Nós, mais humildes, fomos brindados com dez projécteis explosivos disparados durante quinze minutos. (...)


           Cufar, 21 de Janeiro de 1974


Cumpriu-se um ano sobre o assassinato do Amílcar Cabral e o PAIGC comemorou a data. Aqui na zona atacaram os aquartelamentos de Gadamael, Cafal, Cafine, Cadique, Cobumba, Bedanda, Chugué, Catió e … Cufar. (...)


           Cufar, 31 de Março de 1974



Prometi que só regressava a Cufar depois de ter resolvido o problema do meu substituto. Pois agora é verdade, já desencantaram o homem. É o alferes Lopes, apenas com quinze dias de Guiné. Tem a especialidade de Secretariado, estava exactamente destinado à 1ª. Repartição, em Bissau, e ou porque têm gente a mais ou porque eu os chateei demasiado nestes últimos dez dias, desviaram-no para Cufar. Encontrei-o na piscina do Clube de Oficiais, almocei com ele, animei-o – está um bocado abalado com a vinda para o mato, -  disse-lhe que Cufar é mauzinho mas se ele fosse atirador de Infantaria e tivesse sido colocado em Cadique ou Jemberém ou Gadamael, seria bem pior. (...)

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 23 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9790: Excertos do Diário de António Graça de Abreu (CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74) (14): O cap mil grad António Andrade, açoriano, terceirense, da 35ª CCmds... (ou a confirmação de que o Mundo é Pequeno e a Nossa Tabanca... é Grande)


10 comentários:

Hélder Valério disse...

Caros camarigos

Adoro este livro, este diário.
Foi por ele que cheguei ao Blogue.
É nele que leio o que se 'sente' na hora, seja no que se refere aos acontecimentos presenciais ("eu estava lá!"), seja no 'ouvir dizer', seja até nas considerações pessoais sobre o ambiente, a conjuntura, as perspectivas de desenvolvimento.
Para mim é sempre uma fonte educativa.
Abraço
Hélder S.
É

Anónimo disse...

"O que tem abalado os portugueses nestes últimos meses é a quase ausência da nossa aviação, o armamento cada vez melhor, em maior quantidade e melhor utilizado pelos guerrilheiros"...

Conto com os mais pertinazes combatentes que se manifestam neste espaço, para contrariar tal afirmação, nova insistência que denigre a presença de Portugal na Guiné. Não precisamos mais de quem só nos denigre com falsidades. Deve tratar-se de algum maoísta infiltrado, só para nos aborrecer e adulterar a história. Não é, certamente assim, que se escreve a verdade histórica. Eu não estive lá, mas tenho lido.

"Se em vez de 4 ou 5 Fiats tivéssemos 20 ou 30 aviões mais modernos, se contássemos com blindados capazes para este tipo de guerra, se a tropa portuguesa estivesse moralizada e decidida"...

Outra vez, e com tantos ses?!! Se a minha avó não tivesse morrido, ainda hoje era viva. Então a malta não chegava para eles? Não andávamos por toda a parte? Não nos embebedávamos quando nos apetecia? Aquilo são extractos de pensamentos comunistas e impregnados do veneno maoísta, que bem se topam! Que eu saiba, as tropas de Mouzinho, de Teixeira Pinto, de Serpa Pinto, e outras, não precisaram de aviões, nem de blindados, e dominaram as insurreições.

"...a nossa tropa anda acagaçada. O PAIGC movimenta-se, põe, dispõe e manda lembranças".

Tudo falso. Eu não estive lá, mas ia à messe as vezes que me apetecia. Às vezes, por acaso, caíam umas morteiradas, mas era quando não me apetecia ir à messe.
Há gajos que borram a História, quando descrevem os seus cagaços.
Eu sempre fui senhor de decidir o que queria para mim, e o que queria, era que os turras fossem lá para a Guiné-Conakry, ou para o Senegal.

Eu não estive lá, mas estou bem informado. Vão por mim!

JD

Anónimo disse...

Caro JD

O camarada A.G.Abreu,penso que merece um pouco de respeito,que mais não seja por ter publicado o seu diário,expondo-se publicamente a comentários como o teu.
Olha eu estive lá(gadamael) e CAGAÇO tinha todos os dias.
Que eu saiba ter "pensamentos" comunistas impregnados de veneno maoísta, não é crime..na altura era para o "regime".
Que fique bem claro que não sou nem nunca fui comunista ou maoísta, mas há argumentos que não posso deixar de contestar.
Revelar os "cagaços", é para mim um acto de coragem.

C.Martins

Juvenal Amado disse...

E assim se atrevessou a idade das sombras e e quano se chegou à luz alguém gritou...É Pá Aqui Há Luz Electrica.
Clarividências!!!!!!!

Um abraço

Antº Rosinha disse...

Quem escreveu um diário durante a guerra e o publica tem mais voz activa para dizer que "esteve-lá" do que aqueles que nem à madrinha de guerra escreviam a contar coisas.

Como por exemplo eu que só falo de memória e da maneira como vejo hoje as coisas.

Mas isso não quer dizer que mesmo escrevendo ao vivo, muitas vezes não se escreva analisando factos de uma maneira.

E passados uns anos tenha outra prespectiva das coisas.

Parece-me que nalguns casos passa-se isto com António Graça Abreu.

O que será natural.

Anónimo disse...

Custa-me, mas tem de ser.

Gosto do Diário da Guiné do Graça de Abreu, gosto do Graça de Abreu e do José Diniz, mas porra, as questões pessoais são para serem tratadas entre ambos e não na procura de apoiantes aqui neste espaço.

Desculpa, Zé Diniz, foste longe demais, tal como o referi já ao Graça de Abreu em outras intervenções dele, tenho que o dizer aqui, frontalmente e sem rodeios, como dizes gostar.

Faz um favor, não utilizes este espaço para ajuste de contas, mostra a diferença, certo?

Um abraço para ambos e também para os rerstantes tabanqueiros,
BS

Anónimo disse...

O Diário do Graça de Abreu podia ter sido escrito, nos mesmos termos objetivos, pela grande maioria dos combatentes de 72/74, variando apenas no estilo literário ou na qualidade da escrita.O que ele diz é verdadeiro e ele tem o cuidado de separar o que ouve dizer daquilo que vê.Quando refere "...é a quase ausência da nossa aviação..." ele quer dizer que tem visto poucos aviões, não quer dizer que tem ouvido falar... na verdade, nessa altura, eu também via poucos aviões. Não estou a dizer que os nossos pilotos não cumpriram a sua missão.Pelo contrário, devemos-lhes muito mas, todos nós estávamos com crescentes dificuldades em cumprir e aquilo ia acabar mal se não fosse o 25 de Abril.
Mesmo assim e sublinhando o meu grande respeito pelo AGA, não posso deixar de notar alguma desarmonia entre as suas leituras atuais dos acontecimentos de ontem e a sua narrativa presencial dos mesmos.

Um abração
Carvalho de Mampatá

António Graça de Abreu disse...

Coloquei o meu comentario no lugar errado. Coisas de andar a chuva pelas abencoadas terras do Alto Minho.
Agora vai, no espaco certo.

António Graça de Abreu disse...

Este Diario foi escrito entre 1972 e 1974, a luz do AGA da epoca. Passaram se 40 anos. Viajei muito, vivi oito anos fora de Portugal.
Alguma coisa mudou em mim, naturalmente. Hoje tenho mais respeito e admiracao pelo esforco e sacrificio de todos nos, na Guine. Respeito tambem pela verdade historica, respeito pelas opinioes de cada um.
O meu Diario e um testemunho de uma guerra a serio, nao de uns acampamentos de militares em Africa a brincar aos conflitos belicos. Morria muita gente e, com os governantes da epoca, Portugal estava num beco sem saida. Isso transparece nas minhas palavras do Diario.

Mas reparem no que tambem digo, em Maio de 1973, os que me acusam de entao afirmar uma coisa e agora dizer outra

Continuo a acreditar que esta guerra está longe de se resolver no campo militar e terá, só Deus sabe quando, uma solução negociada, política.
Creio que continuamos em vantagem sobre os guerrilheiros, dominamos os centros urbanos e as maiores povoações da Guiné, existem aquartelamentos espalhados por todo o território e temos muitos mais militares do que eles.

Digo tambem, com rigor, em Junho de 1973, apos a fuga de Guileje

Os guerrilheiros estao a exercer uma enorme pressao mas, pelo que conheco deles, nao me parece que tenham hipoteses de repetir a ocupacao de qualquer aquartelamento NT.

Digo ainda, em Novembro de 1973

A aviacao actua, os Fiats fartam se de bombardear aqui em redor, n uma cintura ai de quarenta quilometros.

Agora digo
E verdade que em Abril e Maio de 1973, a aviacao quase deixou de voar, foi o auge dos Strela, mas depois voltamos a ter muito e eficaz apoio aereo.
Esta tudo no meu Diario, e so ler.

Quanto ao cagaco, quem tem cu tem medo.
Existem uns sujeitos raros no blogue que nao tem cu, e so costas do pescoco ate as pernas. Sao pessoas doentes.

Abraco,

Antonio Graca de Abreu

Desculpem a falta de acentos, hifens e aspas. Estou a escrever num computador made in China, no Minho, numa aldeia do verdissimo concelho de Vila Verde.

Segunda-feira, Maio 07, 2012 9:15:00 PM

Anónimo disse...

Afinal,e para além da Guiné,sempre temos algo em comum....computadores exóticos!

paulo santiago disse...

...inspirado no Almada

BASTA PUM BASTA!
JD É O DANTAS
JD NÃO TEM RAZÃO...PIM