sexta-feira, 11 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9889: O Nosso Livro de Visitas (136): Lázaro Ferreira, ex- fur mil art, GA 7, Bissau, Gadamael e Ingoré (de 23 de março a 8 de setembro de 1974), advogado em Braga



Guiné > Região de Tombali > Carta geral da província (1961) (Escala 1/500 mil) > Posição relativa de Cacine, Gadamael Porto e Guileje, junto à fronteira com a Guiné-Conacri.

1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) Lázaro Ferreira:

De: Lázaro Ferreira 


Data: 8 de Maio de 2012 17:26
Assunto: Guiné 23/03/1974 a 08/09/1974


Luí
s Graça, Camarada.

Há dias recebi um telefonema de Manuel Vaz, da Póvoa de Varzim, que conseguiu o meu contacto através de um camarada dos lados de Barcelos que me conhecia.

Pediu-me umas informações sobre a Guiné e fez –me umas perguntas, ao que julga relacionadas com o ataque a Gadamael 1973, ao que lhe respondi que cheguei à Guiné, [já em 1974. ] em rendição individual, era da artilharia pesada e estive em Gadamael, depois em Ingoré, e em 8 de Setembro, 2 dias antes da independência, regressei a Portugal.

Gosto do teu blogue. Neste momento não tenho mais tempo para fazer algumas narrativas, mas num dia destes e. se possível ao fim de semana, procurarei contar algumas coisas porque todos nós temos sempre qualquer coisa a ser avaliável por leitor atento e se possível um qualquer historiador da grã-tabanqueira.

O Manuel Vaz [mostrou]  elevada simpatia e curiosidade por encontrar mais um dos piras que esteve nos lados da África Ocidental, em algures da Guiné, nos anos 74.

Algumas minhas referências: 

(i) bfui furriel miliciano (, ecusei ser oficial);
(ii) sou advogado, licenciado pro Coimbra;
(iii) tenho gabinete na cidade dos arcebispos e dos (…), em Braga, junto ao Banco de Portugal / Caixa Geral de Depósitos;
(iv) já estive em alguns casos mediáticos e procurei sair-me bem.

Contacto do escritório: telef. 253 617 048.

Um abraço e bem ajas.
 Lázaro Ferreira

2. Comentário de L.G.:

Já contactei o Lázero, por tefone... Pareceu-me um tipo porreiro, descontraído, com imensa vontade de contar história do seu tempo do GA 7 (Bissau), Gadamael e Ingoré. 

Pelo que me contou,  a sua partida para a Guiné foi adiada com a revolta das Caldas da Rainha, em 16 de Março de 1973. Partiu a 23. Antes disso, passou pelas Caldas da Raínha e Vendas Novas. Estudou no seminário de Braga, tinha habilitações e aproveitamento, na  recruta,  para ir para o COM. Não quis aceitar a proposta do comandante da companhia de instrução, no CSM, porque achava que corria o risco de ir parar a atirador de infantaria.

Passou pelo GA 7, e esteve três meses em Gadamael, julgo que de abril a junho... Pelas minhas contas,  pertenceu ao 23º (ou 15º) Pel Art, comandado pelo nosso camarada C. Martins. Acontece que o Lázaro não se lembra (o que é normal) do nome do alferes do Pel Art.  Apanhou os primeiros contactos com a malta do PAIGC. Diz que era um tipo popular, bom jogador de pingue-pongue, esquerdino... 

Relata-me um episódio que o marcou-..Já com os obuses desativados (possivelmente em junho de 1973), o nosso "pira" foi para fora do quartel, mais uns tantos melros, dar uns tiros ao alvo, no mato... O que causou, naturalmente, algum alvoroço no quartel... O que valeu é que tinham levado rádio... Podiam ter apanhado com umas obusadas, se a ariilharia não estisse já deativada... Falou-me de alguns nomes, como o cozinheiro Tin-tin, de um jogador de futebol (cujo nome não fixei)... Talvez o C. Martins se lembra deste seu furriel, o que também é pouco provável, dado o pouco tempo que estiveram juntos...

Depois disso, foi para Ingoré, na fronteira com o Senegal,  onde fez a retração do aquartelamento. Passou lá muita fominha, ele depois nos contará os detalhes,  Voltou à metrópole em 8 de setembro... Estudou e viveu em Coimbra (a partir de 1978). Ficou de mandar fotos de Gadamael. E de se inscrever no blogue, na sequência do meu convite pessoal.

Quero dizer ao Lázaro que foi um prazer  falar com ele e que à volta cá o espero... Cá o esperamos...

PS - A prova de que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande: quando estava a falar, disse-me que tinha, naquele momento, um cliente, que também tinha estado na Guiné, em 1967/69, em Mansoa... e que a sua esposa era  uma das libanesas da terra.

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Nota do editor:


Último poste da série > 8 de maiode 2012 > Guiné 63/74 - P9868: O Nosso Livro de Visitas (135): José Ferreira, ex-1.º Cabo (Bafatá e Teixeira Pinto, 1967/68)

4 comentários:

manuelmaia disse...

Caro Lázaro Ferreira,

Antes de mais, sê bem-vindo a este espaço que em boa hora o Luís criou,e onde os mais de quinhentos que por aqui andamos vão debitando prosa,e poesia,recordando aquela terra que nos deixou profundas marcas...

Pude aperceber-me de que mau grado teres conhecido o Cantanhez apenas em 74,andaste relativamente perto dos paradisíacos locais que foram meus locais de férias no ano anterior quando os senhores da guerra decidiram implantar uns resorts em Cafal/Balanta e em Cafine,por forma a podermos desfrutar da zona, com muita música de arraial,de foguetório constante...
Como facilmente podes depreender,o caso recentemente veiculado pelo JN a propósito de um valeroso "grupo de assalto" composto por mais de três dezenas de militares da marinha( fuzileiros,presumo) instalados num resort de Cabo-Verde,na ilha do Sal( segundo o CEMGFA,por estar mais perto da água...),não foi virgem... Já em 73,os militares de então conheceram instalações fabulosas que num gesto digno de encómios, os senhores com muitos galões e estrelas nos ombros,reservaram exclusivamente para nós,milicianos, de quem sempre gostaram muito,ao ponto dessa ligação ser conhecida por "amor à moda de Ponte de Lima", de quem,nós também,sempre dedicadamente retribuímos...
Nesse tempo,necessariamente anterior ao teu, nós não tínhamos esse hábito,ao que parece,democrático,de recusar o que nos ofereciam com "tanto amor"... Éramos alferes ou furrieis e "prontos", como diz o outro.
cá ficaremos pois à espera dos teus escritos,estruturados sob uma realidade diferente da nossa mas realidade comezinha...

Anónimo disse...

Camarada Lázaro Ferreira:
Verifico com satisfação que,embora não tenha conseguido os elementos que pretendia, quando te contatei, talvez tenha contribuído para o teu ingresso na Tabanca Grande. Para "os que nos venham a ler", contatei o Lázaro com a indicação de que se tratava de um graduado do Pel.de Canhões S/R que tinha estado em Gadamael e sobre o qual pretendia recolher uns elementos que ainda não conseguí.Já agora, se algum leitor pertenceu à sub-unidade referida, agradecia que se "apresentasse".
Para terminar, Lázaro, quando desliguei o Telefone, dei conta que não te tinha falado no C. Martins, teu Com.te de Pelotão... Mas ele deve aparecer. Um abraço.
Manuel Vaz

Hélder Valério disse...

Caro camarigo Lázaro Ferreira

Pois que sejas bem vindo!
O registo das nossas memórias, ou seja, o repositório dos momentos por nós vividos, como forma de 'legado' para as gerações futuras, está longe de se esgotar.
O teu contributo será mais uma peça e com certeza imprescindível.

Abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

Boa

Em Abril lembro-me de aparecer um furriel "periquito"..agora o nome..Lázaro..já se me varreu.Tenho uma vaga ideia de que me pareceu bom tipo mas um pouco "reguila".
Nessa altura houve grandes mudanças, com as rendições individuais de mais de 20 soldados,e com a chegada de pelo menos dois alferes de artilharia de costa para serem reconvertidos em artilharia de campanha.
Após o 25/A, e aguardando a retracção, para mim foram os únicos momentos agradáveis que passei em Gadamael.
Podia-se ir à caça,tomar banho no rio, jogar ping-pong,não sei de onde é que surgiram a mesa, raquetes e bolas, e até uns decoradores de messe que tentaram melhorar a dita com colchões de espuma.
Camarada Lázaro,desculpa não me lembrar do teu nome, mas tenho uma vaga recordação de ti.
Se quiseres o meu contacto,contacta o Carlos Vinhal.

Um grande alfa bravo

C.Martins