Vídeo do ex-Alf Mil Henrique J.F. Cardoso. Cópia gentilmente cedida pelo seu/nosso camarada ex-Alf Mil Torcato Mendonça, para ser divulgado através do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.
Esta subunidade, a CART 2339 (que tem c. 135 referências no nosso blogue) esteve na zona leste da Guiné, setor L1 (Bambadinca), ao tempo do BCAÇ 2852 (1968/70) e da CCAÇ 12 (1969/71), subunidade de intervenção ao serviço daquele batalhão (e depois do seguinte, o BART 2917, 1970/72).
Os Viriatos, nome de guerra da valorosa CART 2339, unidade de quadrícula, construiram de raíz um aquartelamento em Mansambo (c. 180 referências), entre Bambadinca e o Xitole [, vd. carta do Xime]. Participaram em grandes operações como a Lança Afiada (Março de 1969).
O Alf Mil Cardoso foi também comandante (interino) da CART 2339. Estamos-lhe gratos pela cedência do vídeo (originalmente, uma sequência de pequenos filmes em super 8 mm, que ele depois montou, digitalizou e sonorizou).
O vídeo, no total, tem uma duração de 50 m. O camarada Torcato Mendonça (ou o Carlos Marques dos Santos ?, já não posso garantir com toda a certeza..) fez-me chegar às mãos, há uns atrás, uma cópia com autorização do autor para a sua divulgação pública. Por razões técnicas (incompatibilidades de formato, duração, etc.), só agora (em maio de 2012) nos foi possível carregar o vídeo (em duas partes) na nossa conta no You Tube (nome da conta: Nhabijoes).
O vídeo, no total, tem uma duração de 50 m. O camarada Torcato Mendonça (ou o Carlos Marques dos Santos ?, já não posso garantir com toda a certeza..) fez-me chegar às mãos, há uns atrás, uma cópia com autorização do autor para a sua divulgação pública. Por razões técnicas (incompatibilidades de formato, duração, etc.), só agora (em maio de 2012) nos foi possível carregar o vídeo (em duas partes) na nossa conta no You Tube (nome da conta: Nhabijoes).
O mínimo que se pode dizer é que é um documento, excecional e raro, que vai enriquecer o nosso blogue e sobretudo vai emocionar alguns de nós, pela reconstituição detalhada da vida quotidiana de uma heróica unidade de quadrícula no leste da Guiné, colocada no sector L1, a que correspondia, grosso modo, o temível triângulo Bambadinca - Xime - Xitole.
A câmara de filmar (em super 8 mm, julgo eu: tinha sido lançadas no mercado por volta de 1965) acompanha o autor desde o dia da partida da companhia (em 14 de janeiro de 1968) até ao regresso à metrópole (em finais de 1969). Além de disciplinado, o nosso camarada Cardoso é uma pessoa com "olhar treinado", e "mão firme", além de grande sensibilidade e gosto estético, o que lhe permitiu captar aspetos surpreendentes da nossa vida quotidiana de combatentes, bem como da dos guineenses.
Através do Torcato Mendonça (Fundão) ou do Carlos Marques dos Santos (Coimbra), ou de ambos, eu vou convidar o nosso camarada Henrique Cardoso a integrar a nossa Tabanca Grande. Seria uma honra para nós e uma forma, singela, de lhe dizermos quão gratos estamos pela existência e a disponibilização deste documento precioso, pro aí esquecido (mas não perdido). Sabemos que ele: (i) vive na Senhora da Hora, Matosinhos; (ii) é amigo do Jaime Machado (nosso grã-tabanqueiro); (iii) tinha um plano de filmagens, e usava de facto uma câmara super 8. (Informação dada ao telefone pelo TM, a quem desejamos um fim de semana descansado, heart friendly & healthy week-end (o mesmo é dizer, um fim de semana de sopinhas e descanso)...
Aqui fica uma sinopse da Parte I do vídeo. A II Parte será inserida, em breve, no nosso blogue (Já está também disponível no You Tube > Nhabijoes, inclui o regresso dos Viriatos a casa).
Parte I: Vida e obra dos Viriatos (nome de guerra do pessoal da CART 2339)
(*) 23 de novembro de 2006 >
A câmara de filmar (em super 8 mm, julgo eu: tinha sido lançadas no mercado por volta de 1965) acompanha o autor desde o dia da partida da companhia (em 14 de janeiro de 1968) até ao regresso à metrópole (em finais de 1969). Além de disciplinado, o nosso camarada Cardoso é uma pessoa com "olhar treinado", e "mão firme", além de grande sensibilidade e gosto estético, o que lhe permitiu captar aspetos surpreendentes da nossa vida quotidiana de combatentes, bem como da dos guineenses.
Através do Torcato Mendonça (Fundão) ou do Carlos Marques dos Santos (Coimbra), ou de ambos, eu vou convidar o nosso camarada Henrique Cardoso a integrar a nossa Tabanca Grande. Seria uma honra para nós e uma forma, singela, de lhe dizermos quão gratos estamos pela existência e a disponibilização deste documento precioso, pro aí esquecido (mas não perdido). Sabemos que ele: (i) vive na Senhora da Hora, Matosinhos; (ii) é amigo do Jaime Machado (nosso grã-tabanqueiro); (iii) tinha um plano de filmagens, e usava de facto uma câmara super 8. (Informação dada ao telefone pelo TM, a quem desejamos um fim de semana descansado, heart friendly & healthy week-end (o mesmo é dizer, um fim de semana de sopinhas e descanso)...
Aqui fica uma sinopse da Parte I do vídeo. A II Parte será inserida, em breve, no nosso blogue (Já está também disponível no You Tube > Nhabijoes, inclui o regresso dos Viriatos a casa).
Parte I: Vida e obra dos Viriatos (nome de guerra do pessoal da CART 2339)
(i) Embarque para o TO da Guiné (em 14 de janeiro de 1968),
(ii) viagem no T/T Ana Mafalda, navio da marinha mercante, da Sociedade Geral (SG),
(iii) partida e despedida no Cais da Rocha Conde Óbidos [, quem é o valente - Viriato ? - que aparece a emborcar uma garrafa de uisque para matar a saudade ?]
(iv) as dificeis (e nada seguras) condições da vida e de trabalho a bordo,
(v) passagem por Cabo Verde (Ilha do Sal, em 19 de janeiro), c/ escolta de navio da Marinha de Guerra,
(vi) chegada a Bissau (em 21 de janeiro),
(vii) visita (demorada à cidade, monumentos, sítios emblemáticos),
(viii) desfile militar defronte do palácio do Governador (gen Schulz), a célebre charanga militar,
(ix) viagem de LDG pelo rio Geba acima (em 25 de janeiro),
(x) aproximação à temível Ponta Varela, antes do Xime, e o habitual reconhecimento por fogo de morteirete, pelos marinheiros da lancha (momento sempre de alguma tensão para os 'piras'),
(xi) chegada ao porto fluvial de Bambadinca (, sem dúvida, a LDG não ficou no Xime),
(xii) apresentação e estadia em Fá Mandinga,
(xiii) a vida quotidiana no aquartelamento (higiene, limpeza, lazer, futebol, correio, convívio...),
(xiv) a alimentação, as refeições.
(xv) a partilha das 'sobras' com os putos da tabanca,
(xvi) a descoberta da África "exótica" (fauna e flora),
(xvii) visita a uma tabanca dos arredores (regulado de Badora,
(xviii) as bajudas, a fonte,
(xix) a primeira visita a Bafatá, a bela "capital" da zona leste,
(xx) o rio Geba, as canoas,
(xxi) o regresso em coluna, a Fá Mandinga, na estrada alcatroada Bafatá-Bambadinca,
(xxii) a transferência da CART 2339 para Mansambo,
(xxiii) a heróica construção, de raiz, do aquartelamento de Mansambo (documentada com muito detalhe),
(xxiv) a (despreocupada) ida à famigerada fonte (, poucos tempo depois, a 11 de julho de 1968, o bigrupo da zona apanhou à unha um Viriato mais descuidado...),
(xxv) a morte e o esquartejamento da vaca,
(xxvi) o fabrico do pão,
(xxvii) as queimadas,
(xxviii) a visita a uma tabanca em autodefesa, e entrega da bandeira verde-rubra ao chefe da tabanca,
(xxix) as Trms desejam aos Viriatos uma Páscoa feliz (em 1968 ?, em 1969 ?, o domingo de Páscoa em 1968 foi a 14 de abril; em 1969, foi a 6 de abril),
(xxx) uma partida de futebol,
(xxxi) a equipa da "televisão Mansambo", o bom humor dos Viriatos,
(xxxii) a população na fonte, as crianças, as bajudas,
(xxxiii) o início (violento, tropical, precoce) da época das chuvas (talvez em maio de 1969, com o quartel já construído ao longo de 1968),
(xxxiv) chegada de pessoal em viatura,
(xxxv) uma banho de chuveiro, já dentro do quartel (o que pressupunha a abertura de um poço dentro do perímetro no quartel, dispensando a perigosa ida à fonte, exterior),
(xvi) instalação e teste dos obuses 10.5,
(xxxvii) operação Cabeça Rapada (grande mobilização da população civil para capinagem da estrada Bambadinca-Xitole) [, desenrolou-se de finais de Março a meados de Maio de 1969, talvez por seis fases ou seis operações, diz o Torcato Mendonça],
(xxxviii) instalação da força de segurança,
(xxxix) os trabalhos de capinagem,
(xl) o regresso de militares e civis...
Fim da I Parte. (**)
Vídeo (35' 33''): Henrique Cardoso. Alojado em You Tube > Nhabijoes
Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Mansambo > CART 2339 > Abril de 1968 > Fase de construção do aquartelamento (que o PAIGC, através da rádio Libertação, em Conacri, chamava "campo fortificado de Mansambo")...Os Alferes Milicianos Cardoso e Rodrigues apanham banhos de luar...
Legenda do Carlos Marques dos Santos, o primeiro dos Viriatos a chegar ao nosso blogue, tendo depois trazido com ele o Torcato Mendonça:
A propósito!... Sabem onde foi tirada esta foto? Em Mansambo, a céu aberto. Camas de ferro nos fossos que iriam ser o aquartelamento fortificado de Mansambo. Data: Abril de 1968. A foto é do Henrique Cardoso, alferes da CART 2339 e seu comandante. Os 3 Capitães, que comandaram a Companhia anteriormente estiveram sempre doentes !!! Ele assumiu o comando. Era miliciano e responsável. Podes publicar, se quiseres. O Cardoso autorizará. Tenho o seu aval. CMSantos".
Foto: © Henrique Cardoso / Carlos Marques Santos (2005)
_________________
Notas do editor:
(ii) viagem no T/T Ana Mafalda, navio da marinha mercante, da Sociedade Geral (SG),
(iii) partida e despedida no Cais da Rocha Conde Óbidos [, quem é o valente - Viriato ? - que aparece a emborcar uma garrafa de uisque para matar a saudade ?]
(iv) as dificeis (e nada seguras) condições da vida e de trabalho a bordo,
(v) passagem por Cabo Verde (Ilha do Sal, em 19 de janeiro), c/ escolta de navio da Marinha de Guerra,
(vi) chegada a Bissau (em 21 de janeiro),
(vii) visita (demorada à cidade, monumentos, sítios emblemáticos),
(viii) desfile militar defronte do palácio do Governador (gen Schulz), a célebre charanga militar,
(ix) viagem de LDG pelo rio Geba acima (em 25 de janeiro),
(x) aproximação à temível Ponta Varela, antes do Xime, e o habitual reconhecimento por fogo de morteirete, pelos marinheiros da lancha (momento sempre de alguma tensão para os 'piras'),
(xi) chegada ao porto fluvial de Bambadinca (, sem dúvida, a LDG não ficou no Xime),
(xii) apresentação e estadia em Fá Mandinga,
(xiii) a vida quotidiana no aquartelamento (higiene, limpeza, lazer, futebol, correio, convívio...),
(xiv) a alimentação, as refeições.
(xv) a partilha das 'sobras' com os putos da tabanca,
(xvi) a descoberta da África "exótica" (fauna e flora),
(xvii) visita a uma tabanca dos arredores (regulado de Badora,
(xviii) as bajudas, a fonte,
(xix) a primeira visita a Bafatá, a bela "capital" da zona leste,
(xx) o rio Geba, as canoas,
(xxi) o regresso em coluna, a Fá Mandinga, na estrada alcatroada Bafatá-Bambadinca,
(xxii) a transferência da CART 2339 para Mansambo,
(xxiii) a heróica construção, de raiz, do aquartelamento de Mansambo (documentada com muito detalhe),
(xxiv) a (despreocupada) ida à famigerada fonte (, poucos tempo depois, a 11 de julho de 1968, o bigrupo da zona apanhou à unha um Viriato mais descuidado...),
(xxv) a morte e o esquartejamento da vaca,
(xxvi) o fabrico do pão,
(xxvii) as queimadas,
(xxviii) a visita a uma tabanca em autodefesa, e entrega da bandeira verde-rubra ao chefe da tabanca,
(xxix) as Trms desejam aos Viriatos uma Páscoa feliz (em 1968 ?, em 1969 ?, o domingo de Páscoa em 1968 foi a 14 de abril; em 1969, foi a 6 de abril),
(xxx) uma partida de futebol,
(xxxi) a equipa da "televisão Mansambo", o bom humor dos Viriatos,
(xxxii) a população na fonte, as crianças, as bajudas,
(xxxiii) o início (violento, tropical, precoce) da época das chuvas (talvez em maio de 1969, com o quartel já construído ao longo de 1968),
(xxxiv) chegada de pessoal em viatura,
(xxxv) uma banho de chuveiro, já dentro do quartel (o que pressupunha a abertura de um poço dentro do perímetro no quartel, dispensando a perigosa ida à fonte, exterior),
(xvi) instalação e teste dos obuses 10.5,
(xxxvii) operação Cabeça Rapada (grande mobilização da população civil para capinagem da estrada Bambadinca-Xitole) [, desenrolou-se de finais de Março a meados de Maio de 1969, talvez por seis fases ou seis operações, diz o Torcato Mendonça],
(xxxviii) instalação da força de segurança,
(xxxix) os trabalhos de capinagem,
(xl) o regresso de militares e civis...
Fim da I Parte. (**)
Vídeo (35' 33''): Henrique Cardoso. Alojado em You Tube > Nhabijoes
Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Mansambo > CART 2339 > Abril de 1968 > Fase de construção do aquartelamento (que o PAIGC, através da rádio Libertação, em Conacri, chamava "campo fortificado de Mansambo")...Os Alferes Milicianos Cardoso e Rodrigues apanham banhos de luar...
Legenda do Carlos Marques dos Santos, o primeiro dos Viriatos a chegar ao nosso blogue, tendo depois trazido com ele o Torcato Mendonça:
A propósito!... Sabem onde foi tirada esta foto? Em Mansambo, a céu aberto. Camas de ferro nos fossos que iriam ser o aquartelamento fortificado de Mansambo. Data: Abril de 1968. A foto é do Henrique Cardoso, alferes da CART 2339 e seu comandante. Os 3 Capitães, que comandaram a Companhia anteriormente estiveram sempre doentes !!! Ele assumiu o comando. Era miliciano e responsável. Podes publicar, se quiseres. O Cardoso autorizará. Tenho o seu aval. CMSantos".
Foto: © Henrique Cardoso / Carlos Marques Santos (2005)
_________________
Notas do editor:
(*) 23 de novembro de 2006 >
(**) Último poste da série > 12 de março de 2008 >
2 comentários:
Espantoso, excepcional documentário.
Estamos lá todos, mais o excelente povo irmão da Guiné.
Os que foram "derrotados militarmente" pelo PAIGC, os que (no meio de tenta adversidade e sofrimento!)honraram o sortilégio de nascer, crescer e amar a Pátria portuguesa.
As imagens valem uma epopeia.
Abraço,
António Graça de Abreu
Pois é,António, estamos lá todos, sem tirar nem pôr ninguém... Fiz este mesmíssimo percurso, com pequenas diferenças: fui no Niassa, a viagem maios curta (5 dias), fui em LDG mas só até ao Xime, vivi em Bambadinca, fui n vezes a Fá Mandinga, a Bafatá, a Mansambo,,,
Confesso que já revi o vídeo várias vezes, e que me emocionei ao vê-lo no You Tube... Estava lá esquecido desde 25 de maio passado. Pu-lo a carregar, sem grande esperança de dar certo... Por causa do formato e do tamanho... Recebi um aviso sobre a ocorrência de "problemas técnicos"...
Afinal, consegui, conseguimos!... Estou gratos aos "Viriatos"... Já lhes tinha pago em géneros, no segundo semestre de 1969: a CCAÇ 12 levava-lhes a cervejinha, o uisque, as batatas, as granadas de obus...
Ainda estivemos juntos algus meses, o tempo suficienete para andarmos juntos na porrada... Eles partiram em finais de 1969... Eu ainda lá fiquei 15 meses...
Um Alfa Bravo. LG
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