Lourinhã, Atalaia, 1 de julho de 2012. Festa do pão do moínho. Um dos moinhos da Atalaia, construído em 1928, que ainda continua em atividade. Um regalo para os cinco sentidos... e para o estômago, porque graças a ele e ao moleiro (sem esquecer o burro do moleiro) faz-se o melhor pão do mundo, o da nossa infância no oeste estremenho, onde chegou haver mais de 10 mil moinhos de vento, soberba herança da civilização árabe (os árabes, ou melhor, os mouros do norte de África, comandados por uma aristocracia árabe, invadiram a península ibérica em 711 e por cá ficaram até 1492)... O som inconfundível do vento a soprar nas velas, nos mastros, nas cordas e nos búzios dos moinhos da minha terra, acompanhou-me desde sempre, desde a minha infância até à Guiné. Tal como o cheiro, o sabor, a cor e a textura do pão, feito na casa das minhas tias do Nadrupe, com a farinha do moleiro... Desculpem-me a fra(n)queza!... (LG)
Vídeo (1' 44''): Luís Graça (2012). Alojado em You Tube > Nhabijoes
1. Lourinhã, Atalaia, 1 de julho de 2012. Festa do pão do moínho, 2ª edição. [, Imagem do cartaz publicitário, à esquerda].
A iniciativa foi da Associação Musical da Atalaia (AMA) e tinha como objetivo a angariação de fundos para o acabamento das obras da sua sede. Tal como no passado, a festa realizou-se junto aos moinhos da povoação, que é vila e sede de freguesia.
Com entrada livre, houve lugar ao lazer, ao convívio, a visitas aos moinhos em atividade, à visita, 'in loco', do fabrico de pão à moda antiga, à exposição e venda de produtos hortícolas e artesanato, à uma exposição molinológica, a um esmerado serviço de bar, à animação musical (a cargo da banda da AMA), à exibição de um rancho folclórico, e, por fim e não menos importante, à venda e degustação das mais variadas formas de pão, de trigo, de centeio, de milho, com azeitonas, com chouriço, com passas, com figos, com sardinhas, etc.
Lourinhã > Atalaia > 1 de julho de 2012 > Festa do pão do moinho > Os sabores da infância ao alcance de um euro e meio... Que os eventuais lucros destinam-se ao financiamento do acabamento das obras da AMA.
Lourinhã > Atalaia > 1 de julho de 2012 > Festa do pão do moinho > O pão com sardinhas... com que os pobres matavam a fome nos anos 50 do século passado...
Lourinhã > Atalaia > 1 de julho de 2012 > Festa do pão do moínho> Exposição molinológica (pormenor)
Lourinhã > Atalaia > 1 de julho de 2012 > Festa do pão do moínho > Travessa dos Moinhos... Uma imagem de moinhos espelhada numa vidraça...
Lourinhã > Atalaia > 1 de julho de 2012 > Festa do pão do moínho > Exposição molinológica (pormenor) > O diretor da AMA, o dr. Manuel José Vitorino, técnico superior de turismo na Câmara Municipal da Lourinhã, tem-se dedicado à molinologia, se bem que da perspectiva da tríade turismo, desenvolvimento sustentado e património cultural. Julgo que estes dados são da sua tese de dissertação de mestrado, recentemente defendida em provas públicas, no Instituto Politécnico de Leiria, polo de Peniche. Segundo o levantamento que ele fez, haveria cerca de um centena de moinhos no concelho da Lourinhã.Apenas 1 em cada 10 está atuamente em atividade.
Lourinhã > Atalaia > Travessa dos Moinhos > Um dos belos mais exemplares de moínhos de vento do concelho da Lourinhã. Foi construído em 1928, e o dono é um orgulhoso moleiro da Atalaia...
(Continua)
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Nota do editor:
Último poste da série > 30 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10095: Os nossos seres, saberes e lazeres (46): Não trocaria por nada aquele tempo de comissão na Guiné (António Melo)
8 comentários:
Que maravilha essa de ter ainda presente o som do ar circulando no cordame e nas velas dos moinhos.
Muito gostava eu de dormir na aldeia dos meus avós paternos que tinham na colina em frente dois moinhos desses.
Também gostava da azenha que na aldeia próxima funcionava com a água do ribeiro. E dali, além da farinha, saía ainda o farelo que em alguns casos dava para misturar e fazer um pão escuro e mais barato mas não menos saboroso. A fuga para a cidade acabou com tudo isso e a guerra colonial, também ajudou porque deu a sargentos e oficiais em cada Comissão, os dinheiros que pagavam um andar na Amadora, em Odivelas ou em St.º António dos Cavaleiros.
Meu caro leitor: Tenho pena que,certamente por lapso, não tenha assinado o seu comentário. Eu assino por si, a primeira parte. Quanto á segunda parte, dava pano para mangas ("A fuga para a cidade acabou com tudo isso e a guerra colonial, também ajudou porque deu a sargentos e oficiais em cada Comissão, os dinheiros que pagavam um andar na Amadora, em Odivelas ou em St.º António dos Cavaleiros")...
Caro Luís,
os moínhos saloios são um património riquíssimo e de uma elegância sem igual. A maquinaria em madeira impressiona pela força que deixa transparecer; e é bonita... polida pelo uso.
O velame é imponente; assusta, pela força e pela velocidade com que passa por quem vê de perto cada pau, cada cabaça a assobiar naquele tom cavo... vindo lá de cima.
Também são peças da minha infância, das férias de verão nas Mancebas, onde havia um mesmo em frente da minha casa e para onde me pisgava, subindo o morro
-altíssimo, naquela altura- para ver a faina da moagem.
O moleiro, que andava sempre meio enfarinhado, morava numa casa/choça de pedra, com telha solta, ali mesmo ao lado.
É lamentável o desinteresse que que se generalizou por estes moínhos
(e pelos moleiros e pelos burros que levavam as sacas de farinha no lombo...)
SNogueira
Comentário de Salvador Nogueira, enviado ontem às 19h23 e que, por um qualquer lapso ou erro, do autor ou dos editirores, desapareceu...Reposto com a devida autorização do autor:
Caro Luís,
os moínhos saloios são um património riquíssimo e de uma elegância sem igual. A maquinaria em madeira impressiona pela força que deixa transparecer; e é bonita... polida pelo uso.
O velame é imponente; assusta, pela força e pela velocidade com que passa por quem vê de perto cada pau, cada cabaça a assobiar naquele tom cavo... vindo lá de cima.
Também são peças da minha infância, das férias de verão nas Mancebas, onde havia um mesmo em frente da minha casa e para onde me pisgava, subindo o morro
-altíssimo, naquela altura- para ver a faina da moagem.
O moleiro, que andava sempre meio enfarinhado, morava numa casa/choça de pedra, com telha solta, ali mesmo ao lado.
É lamentável o desinteresse que que se generalizou por estes moínhos
(e pelos moleiros e pelos burros que levavam as sacas de farinha no lombo...)
SNogueira
Para saber mais sobre molinologia, moinhos de vento, etc.
http://www.moinhosdeportugal.org/ws/
Bibliografia sobre moinhos de vento em Portugal:
http://moinhosdeportugal.no.sapo.pt/PrincipalBibliografia.htm
Os Moinhos de Portugal tem uma página no Facebook:
https://www.facebook.com/MoinhosPortugal
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A EtnoIdeia é especializada em Desenvolvimento Rural, Molinologia e Etnoturismo que actua nas regiões mais recônditas de Portugal, onde se mantêm genuínos traços de culturas regionais em extinção. Das montanhas do nordeste, às ilhas açoreanas, a aldeias e cascos antigos onde a tradição perdura.
Trabalhamos em Investigação e Desenvolvimento de soluções e produtos de base tradicional, bem como na concepção e gestão de programas e projectos de Desenvolvimento Rural integrado, integrando as componentes do Património Rural, da Inovação e Empreendedorismo ao serviço de estratégias de desenvolvimento local.
Actuamos em parcerias publico-privadas, nomeadamente em parcerias estratégicas com municípios e organizações locais.
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