Camaradas amigos.
Aí vai mais um episódio, com os meus agradecimentos a todos os que ainda conseguem ler e comentar.
Estou deveras reconhecido.
Veríssimo Ferreira
OS MELHORES 40 MESES DA MINHA VIDA
10.º episódio - Um bunker inimigo ao pé da porta
Abril de 1966 e dez meses de comissão completados. A continuar assim regressaremos à Metrópole passados que sejam outros dez.
Construíamos agora as quatro paredes para uma cozinha sem pó, nem jagudis gatunos. Quer dizer... fazímo-lo durante o dia mas os do lado de lá, quais catarpiladores camarários fossem, destruíam tudo à noite. Só que mais teimosos que nós não eram e a obra acabou por ser feita, também e porque, entretanto, lhes arrasámos o bunker privilegiado que usavam para o derrube.
Estava em local quase impossível de detectar e a ninguém passou pela cabeça que ali fosse. Descobriu-o acidentalmente, um dos nossos, comedor incansável de rolas e coelhos, que caçando certo dia, junto às exteriores redes de arame farpado, e eram três devidamente adornadas com garrafas vazias, que provocavam o efeito de sineta, aquando d'alguma invasão se a houvesse e houve, sendo que na maioria das vezes, menos duas, eram macacos distraídos, "um dos nossos" repito, apercebeu-se que um dos maus, entrava para um embondeiro.
Irreal nos pareceu, lógicamente, mas para que o diabo as não tecesse, fomos confirmar e lá estava a árvore... escarafunchada... oca o suficiente para que coubesse um marmanjola e até tinha dois buracos, estilo binóculo, virados para o aquartelamento. Esclarecido ficava assim, o porquê de que sempre que saíamos por aquele lado, nos mandavam com alguma desalmada e mal intencionada fogaracha.
Reunimos a equipa das demolições da Companhia, consultámos os nossos mais que maquiavélicos especialistas em desratização, capazes de acertar em qualquer melga a cem metros, planeámos o que havia a planear e pós cinco demorados minutos de intenso debate, foi escolhido o momento certo para a operação, existindo unanimidade da certeza que só avançaria quando tivéssemos a prova, que o voyeur estava mesmo mirando.
Numa espera, cuidadosamente secreta, resultou que no dia seguinte nos informam através do telemóvel ANGRC9, que um individuo cujo respectivo, entrara e que não estava só. Três outros, armados até aos dentes, acompanhavam-no, o que nos levou a nós "os cérebros" a supor que, sendo quatro iriam jogar uma suecada.
Feito o conveniente rastreio de aproximação, a fim de lhes enviarmos as duas preparadas epidurais... estas lá foram... quase em simultâneo... após a breve ordem de "vai". E mais uma vez, aquelas pintalgadas de verde-militar, bazookas, não falharam, também graças àqueles utilizadores de mãos de ouro, assaz experimentadas.
O parto, ou melhor, o partir (do embondeiro) envolto em pó qual pulverização sheltoxkiana, estava concluído. É provável que tenhamos interrompido a jogatana em curso, porque ao visitarmos, posteriormente, o sítio, encontrámos muitos e variagados vestígios, não só de cabidela, como também o chão, estava vermelho, e mais ainda cartas dum baralho interrompido e dois ases de paus, o que nos levou a concluir, que um dos quatro intervenientes, era, mesmo, um grande batoteiro.
Veríssimo Ferreira > Saliquinhedim (K3) > Março de 1966
(continua)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 4 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10618: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (8): 9.º episódio: As confissões de um prisioneiro
1 comentário:
Ó Verissimo, ainda estÁS no K3?
É que preciso de falar CONTIGO e não me DIZES nada.
ps - aqui todos nos tratamos por tu
armando pires
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