1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Janeiro de 2013:
Queridos amigos,
Os artigos de Fernando Baginha são necessários como peças do incomensurável puzzle das motivações profundas sobre o assassinato de Cabral. 40 anos depois, a penumbra continua densa, apesar da muita especulação gratuita em que sem provas se continua a apontar o dedo para a PIDE em Bissau, Rafael Barbosa, Spínola.
Ninguém acredita que numa conspiração em que estiveram envolvidas centenas de pessoas não se encontrasse um só documento, um conjunto de depoimentos articulados da ligação dos executores de Cabral com Spínola. Há uma carta nos arquivos da PIDE em que Fragoso Allas, diretor da delegação de Bissau, dá uma versão para Lisboa em que é impensável que estivesse a fingir nada saber ou a haver conivência com os altos dirigentes guineenses.
Deve doer muito ter que reconhecer que os guineenses não queriam ser dirigidos por cabo-verdianos.
Um abraço do
Mário
Fernando Baginha e o assassinato de Amílcar Cabral
Beja Santos
Fernando Baginha viveu na Suécia, onde trabalhou, durante alguns anos, com o PAIGC. Em 1972 e 1973, foi professor da Escola-Piloto do Partido, na República da Guiné-Conacri, de que chegou a ser diretor. Foi, também, o autor e responsável pelos programas de propaganda dirigidos aos militares portugueses, através das emissões da Rádio Libertação do PAIGC.
Em 4 e 18 de Dezembro de 1980, Baginha escreve no jornal O Ponto acerca do assassinato de Cabral e as repercussões que este teatro teve na vida do PAIGC, na Guiné-Bissau e em Cabo Verde. Diz ter assistido à morte de Cabral e a todo o processo que lhe seguiu, resolveu então tornar públicos factos que calou durante aqueles anos.
Em 19 de Janeiro de 1973, os serviços de segurança checos em Conacri avisaram Cabral de que teriam sido detetados indícios de conspiração dentro do PAIGC. Cabral avisou o então responsável pela sua segurança para que tomasse precauções. Tratava-se de Mamadu N’Djai, herói nacional, comandante da frente Norte, três vezes ferido em combate e naquele momento em Conacri em convalescença do seu último ferimento. N’Djai teria feito saber diretamente aos outros conspiradores que o golpe era conhecido. Assim, tudo foi antecipado e a ação decorreu em plena visita oficial a Conacri de Samora Machel e a Joaquim Chissano.
Nessa noite, decorria na Escola Piloto do PAIGC, em Retoma, arredores de Conacri, uma reunião de informações sobre o desenrolar da guerra em Moçambique, presidia Chissano. Cabral e Machel estavam ausentes. À hora em que terminou a reunião, cerca das 23 horas, Cabral já estava morto. O grupo de viaturas que voltava para Conacri ou para outros campos do PAIGC, foi intercetado pelo grupo de revoltosos, sendo presos todos os elementos cabo-verdianos ou com ele conotados. Pela meia-noite, toda a direção política do PAIGC, de momento em Conacri, estava presa. Segue-se a reviravolta, o exército de Sékou Touré intervém em força e prende todos os elementos do PAIGC, revoltosos e vítimas, o golpe parou.
O que se passara, entretanto? O grupo diretamente encarregue de prender Cabral, comandado por Inocêncio Kani, acaba por abater o líder do PAIGC enquanto outro grupo, comandado por Mamadu N’Djai, prende e rapta Aristides Pereira que é levado para um barco de guerra do PAIGC, fortemente amarrado e com ele é levado Buscardini, um dos carrascos dos comandos africanos e morto em 14 de Novembro de 1980.
O grupo que abatera Cabral apresentou-se no Palácio de Sékou Touré, informando que acabara de matar o secretário-geral do PAIGC. Sékou Touré dá-lhes ordem de prisão. Para Baginha, o envolvimento da Guiné-Conacri na tentativa de afastamento da direção cabo-verdiana era por de mais evidente: toda a conspiração ocorreu em Conacri e foi detetada pela segurança checa que obviamente terá avisado Sékou Touré; os executores de Cabral, cumprida a sua nefanda missão, dirigiram-se ao palácio da Presidência para que houvesse reconhecimento do golpe; os revoltosos atravessaram toda a Conacri e saíram do porto, apesar das rigorosas medidas de segurança que existiam. Numa reunião que teve lugar no palácio da Presidência, Sékou Touré informou todos os quadros do PAIGC dos resultados provisórios do inquérito à morte de Cabral: no momento da morte de Cabral encontravam-se em Conacri 429 elementos do PAIGC e 336 estavam a par da conspiração.
Baginha refere os desentendimentos profundos entre Cabral e Osvaldo Vieira, prendiam-se sobretudo com a condução militar das operações. Cabral permitia-se, por vezes depois de longas ausências no estrangeiro alterar completamente planos já estabelecidos. Para mais, Cabral já não entrava nas zonas libertadas da Guiné havia cerca de 3 anos. No dia do assassinato, Osvaldo Vieira estava em Conacri, a tudo assistiu, todos o viram, ele viu tudo e não teve um gesto para evitar o que se passou (recorde-se o que Bobo Keitá escreve no seu livro, já aqui referenciado: foi visto Osvaldo Vieira durante todo o dia na companhia de Inocêncio Kani). Continua Baginha a referir que tendo ficado preso na companhia de guineenses, estes não disfarçavam a sua preocupação e falavam abertamente: Osvaldo era o nome mais citado. Nos interrogatórios perguntaram a todos os inquiridos se teriam ouvido algo sobre o envolvimento de Osvaldo Vieira e em consequência dos inquéritos ele foi suspenso de todas as funções diretivas no partido. Osvaldo Vieira foi conduzido para a zona de Madina de Boé sob prisão. Depois disse-se que teria morrido de doença do estômago. Mas Baginha não tem dúvidas, ele foi executado. No primeiro dia de execuções, foram executados nas três frentes de guerra 69 homens. Sékou Turé não autorizou fuzilamentos em território da República da Guiné. E Baginha diz sem rebuço que o golpe de 14 de Novembro de 1980 não é mais do que a continuação do golpe de 20 de Janeiro de 1973. Com este golpe não restava qualquer dúvida: pretendia-se levar Nino Vieira ao poder.
No segundo artigo, Baginha volta-se para Rafael Barbosa, uma das figuras mais assombrosas e enigmáticas de todo o processo: peça fundamental da subversão dos anos 50 até 1962, foi preso, foi visto como um herói durante uma boa parte da luta armada, classificado como traidor depois da sua confissão pública ao lado de Spínola, preso com a independência, condenado à morte, pena comutada, libertado, de novo herói e logo desmentido. Cabral sempre o considerou o pilar da primeira fase da luta de libertação, tratou-o, até à sua confissão pública, como o presidente do PAIGC. Para Baginha, é com a libertação de Rafael Barbosa, autorizada por Spínola, que irá começar a clivagem entre guineenses e cabo-verdianos. Segundo Baginha a direção política do PAIGC não insistiu muito na condenação de Barbosa devido a dois factos importantes: primeiro, a adesão de cabo-verdianos ao PAIGC ter estagnado; segundo as adesões cresciam exponencialmente a partir de fugas da Guiné, quem chegava a Conacri não escondia a sua admiração por Rafael Barbosa.
Baginha nunca acreditou nas implicações da PIDE no assassinato de Cabral, diz saber que a PIDE não tinha, diretamente, nada a ver com o assassinato, considera que Spínola terá jogado na agudização da contradição que ele sabia existir: quantos mais guineenses do PAIGC e mais rápida seria a desagregação do partido. Spínola, com a sua “Guiné melhor”, conseguiu insinuar a ideia, ao nível dos quadros de guerra, de que sem a unidade Guiné-Cabo Verde algo seria possível. E inúmera alguns “atrasos de percurso” até à chegada definitiva de Nino ao poder: o falhanço do golpe de 1973; o 25 de Abril, que obrigou todos os intervenientes a estarem de acordo; a confirmação do poder de Luís Cabral, beneficiando do processo de descolonização e do apoio dos outros países saídos das ex-colónias; o apoio que Luís Cabral sempre teve de Francisco Mendes (Chico Té) primeiro-ministro até ao acidente que o vitimou.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 21 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10977: Notas de leitura (451): Guiné-Bissau: A Destruição de um País, por Julião Soares da Silva (1) (Mário Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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15 comentários:
A "oeste nada de novo"....
Por acaso até sei quem foram alguns dos "autores morais" do assassinato de Amílcar Cabral..mas não digo,devido a princípios éticos.
Contrariamente ao que aconteceu nas outras "províncias ou colónias" como quiserem, a Pide nunca conseguiu infiltrar-se nas cúpulas do Paigc.
Quem é que tinha mais interesse na morte de Amílcar Cabral ?
Quem é que disse "provavelmente serei morto pela minha gente" ?
Quem instigou as manifestações em Bissau contra os cabo-verdeanos antes da independência ?
Quem foram os principais representantes do poder colonial antes do inicio da guerra ?
Quem foram os principais fundadores e dirigentes do paigc ?
Após a independência e destituição de Luís Cabral,quem manifestou mais avidez pelo poder com golpes e contra golpes, execuções sumárias de adversários políticos, numa escalada sempre crescente até à situação degradante actual..quem,quem foram ?
C.Martins
... Meu caro C. Martins:
Voltamos à velha questão... Sabes mas não podes dizer, por razões deontológicas, éticas, de segurança, etc. Porque tens fontes, privilegiadas, na Guiné-Bissau... Pessoas das tuas relações que ainda estão vivas, e cujos "segredos" só tu partilhas... Sabes quem são os "autores morais" do assassinato de A. C., e vais levar para a cova esse segredo, a par dos outros, que são clínicos, profissionais... Mas nós estamos aqui, há 9 anos (!), à volta deste enigma... Não somos historiógrafos, mas somos parte interessada em saber quem matou o A.C.... Afinal, foi também por causa dele, que tu, eu e todos nós fomos obrigados a fazer aquela guerra, (para mim, estúpida e inútil)...
Congratulo-me naturalmente com o teu reaparecimento, aqui no blogue. No tenho que te perguntar por onde andaste. Aqui entra-se e sai-se quando se quer...Um Alfa Bravo. Luis
PS - Mário, O apelido do Mamadu é Injai ou Indjai... É do meu tempo e do tempo do Torcato Mendonça. Aterrorizou o regulado do Corubal (Candamã, Afiá...). Participámos ambos, eu e o Torcato, mais os páras, na operação em que foi gravemente ferido, Op Nada Consta... 15 de Agosto de 69. Estavas tu em Missirá...
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Mamadu%20Indjai
Mário, sim, o Fernando Baginha continuou a defender essa versão, ainda recentemente, antes de morrer... Vd. um dos episódios da 4ª e última série do programa de Joaquim Furtado, "A Guerra". Não sei em que data foi entrevistado. Seria bom divulgar também a versão do Pedro Pires. Ainda há dias mandaste um texto recente dele. Obrigado pelo teu labor, és um verdadeiro "rato de biblioteca" (no bom sentido do termo).
Eu só não entendo porque é que o Carlos Schwarz, que em príncipio, com tantos anos e vivências extremadas na Guiné, que deve conhecer o país como ninguém, veio aqui no blogue, há dias, afirmar que o responsável pela morte de Cabral foi o Marcelo Caetano e logicamente a PIDE.
Havia necessidade?
Abraço,
António Graça de Abreu
Na operação Mar Verde uma das tarefas a levar a cabo era matar o Sékou Touré e Amilcar Cabral, uma vez que o próprio Alpoim Galvão diz que estiveram em casa dele mas que ele não estava.
Depreendo que não foram à procura dele para beberem um chá.
Mas sim para o liquidarem, tendo em conta que é esse o propósito de uma guerra. Derrotar, liquidar, aprisionar decapitar a direcção politica, militar e até governativa dos opositores. A nossa guerra não seria diferente e não me consta que Alpoim Galvão tivesse predicados humanitários quanto a isso.
Ora Amilcar Cabral é assassinado 3 anos depois.
Não percebo assim o que leva alguns camaradas a ficarem tão irritados, quando se diz que o assassínio do Amilcar Cabral tem o dedo das autoridades portuguesas. Já sabemos quem executou, mas não sabemos até que ponto não DGS não mexeu cordelinhos.
O que é que tinha mudado na orientação da politica de guerra portuguesa, para não se considerar a morte de Amilcar Cabral uma vitória.
Aliás foi assim que inicialmente foi festejada.
Um abraço
A. Graça e Abreu, escreves e perguntas
Carlos Schwarz..., afirmar que o responsável pela morte de Cabral foi o Marcelo Caetano e logicamente a PIDE, Havia necessidade?
Sim AGA, recíproca responsabilidade teve Amílcar Cabral em vermos Marcelo ir morrer ao Brasil e a PIDE desaparecer.
(Diziam, porque lhe ensinaram, os rapazes da Juventude A. Cabral, JAC, que o Spínola fez muito mal à Guiné, quando apareceu com "A GUINÉ MELHOR"
Ou seja,os jovens atribuem também culpas ao Spínola.
A respeito do que escreveu Baginha que eu não conhecia nem nunca tinha lido, (é por essas e outras que aprecio o trabalho de MBS) eu gostava de acrescentar ao que ele fala do golpe de 1980 sobre o Luís Cabral, porque testemunhei ao vivo em "fula"em "pepel", "balanta", português e crioulo.
Esse golpe foi sem dúvida o fim da revolta contra os caboverdeanos na continuação do que aconteceu com Amílcar uns anos antes.
Até atribuo pessoalmente que foi "contra a mestiçagem" porque Luís era Guineense e até Amílcar embora muitos guineenses queiram negar.
Em 1980 todos os suecos, russos cubanos e vizinhos, assistiram como eu, e penso que discretamente "bateram palmas".
Em Conakry teria acontecido a mesma cena?
O Baginha devia saber, talvez se esquece de mencionar.
Já aconteceram muitos problemas "epidérmicos" no MPLA, e muito sangue também.
AGA, Cabral também teve culpa de interromper uma vida minha que eu julgava que era má, como todos os funcionários públicos, mas que era uma maravilha!
Ainda sobre a morte de Amílcar Cabral. A prova que Beja Santos aduz – o ofício do Allas para Lisboa – não prova rigorosamente nada. Os operacionais da operação “Mar verde” também deixaram uma carta assinada a desvincularem-se do Exército português. Que havia tensões entre guineenses e cabo-verdianos é óbvio. A arte de quem queria conspirar contra Cabral estava em saber aproveitá-las.
De facto, há muito mistério a rodear a morte de Amílcar Cabral. O que não há dúvida é que já tinha havido uma operação para o matar. Não somente a ele. A Seku Touré também. E tudo seria feito por Africanos. Africanos das duas Guinés. A guerra na Guiné na era Spínola, como todos sabemos, travou-se no plano político, no plano militar …e nos golpes de mão que Spínola e a sua gente nunca puseram de parte convencidos, como sempre estiveram, de que esses actos poderiam inverter o sentido da História…
Há um facto de que ninguém fala, um facto que não deixou rasto, que é a presença de Alpoim Calvão na Guiné em Janeiro de 1973. Que foi AC fazer a Bissau nessa data se era Comandante da Polícia Marítima do Porto de Lisboa?
Na biografia que acaba de publicar – ou que alguém escreveu com os dados que ele forneceu – não consta qualquer viagem à Guiné nessa data. Mais: completamente a despropósito até tenta arranjar um pseudo alibi para aquela mesma data em que esteve na Guiné, em Janeiro de 1973. Sabe-se quando ele chegou, mas não se sabe em que dia a partiu. Nem, o que andou a fazer.
Este facto já foi referido publicamente. Já foram pedidos esclarecimentos, mas ninguém ligou nada. Nem o J P Castanheira, nem o russo que investigaram a morte de Cabral sequer puseram a hipótese de Calvão ter chegado à Guiné numa viagem mistério duas ou três semanas antes do assassinato. Quando alguém esclarecer o que foi AC fazer à Guiné naquela altura ter-se-á dado um passo importante para o esclarecimento de um assunto que Beja Santos tem practicamente por esclarecido.
RC
Caro Juvenal
Não sei em que te baseias quando dizes: Na operação Mar Verde uma das tarefas a levar a cabo era matar o Sékou Touré e Amilcar Cabral, uma vez que o próprio Alpoim Galvão diz que estiveram em casa dele mas que ele não estava.
Julgo não haver nada escrito que determinasse a eliminação de Amílcar Cabral, e o facto de terem ido a casa dele não implicava a obrigação de o matarem.
No livro de António Luís Marinho, Operação Mar Verde, pode ler-se na pág 64 palavras atribuídas a Spínola que afirma ter a Op Mar Verde dois objectivos, o primeiro apoiar o golpe de estado na República da Guiné e o segundo o desmantelamento das instalações do PAIGC em Conakry, APRISIONAR Amílcar Cabral e libertar os portugueses detidos na prisão do PAIGC.
Estou convencido que era melhor trunfo para Spínola e Portugal ter Amílcar Cabral vivo do que morto.
Também não concordo contigo quando dizes: Depreendo que não foram à procura dele para beberem um chá.
Mas sim para o liquidarem, tendo em conta que é esse o propósito de uma guerra. Derrotar, liquidar, aprisionar decapitar a direcção politica, militar e até governativa dos opositores.
E depois? Com quem se dialogava? Numa guerra há sempre pessoas dispostas a assumir o comando. Vê o exemplo do assassínio do Amílcar Cabral, de quem falamos afinal, cuja acção não implicou a diminuição da luta, muito antes pelo contrário.
Posso estar enganado, pois não possuo nenhum conhecimento especial sobre o assunto, mas admito como plausível uma luta interna no sentido de ir minando a supremacia dos cabo-verdianos dentro do PAIGC.
Finalmente para os portugueses (quererias dizer para Portugal?) a morte de Amílcar Cabral nunca seria uma vitória, como não foi, aliás.
Abraço do camarada
Carlos Vinhal
Carlos antes de mais devo pedir desculpa ao sr Alpoim Calvão pelo erro no nome, que se deve possivelmente à minha eterna dislexia e a seguir obrigado por me teres chamado a atenção.
Depois o meu comentário é baseado na notícia do C.M que a ser mentira não foi fruto de qualquer desmentido.
Quanto a utilidade de matar Amílcar Cabral estou plenamente de acordo contigo, mas também devo acrescentar que não vivíamos tempos de grande racionalidade. As negociações foram proibidas por Marcelo Caetano ele antes queria uma derrota com honra do que negociar com “terroristas”.
Quando mataram o general Humberto Delgado foi por terem outra pessoa com quem dialogar? Não é prova da irracionalidade do regime?
Sabemos hoje que foi uma tragédia para o povo que pode ter hipotecado o futuro da Guiné para sempre. Também para nós que estávamos no território acabou por ser muito mau.
Mas a sua morte foi muito festejada inicialmente como uma grande vitória sobre o PAIGC, essa também uma é verdade
Um abraço
Caro Juvenal
A morte do General sem medo foi um acto vil, praticado directamente por uma polícia sinistra comandada por gente sanguinária, em completa dessintonia com aquilo que é a característica do povo português.
Quanto à morte de Amílcar Cabral, estamos conversados. O homem morreu, ficou a sua memória.
Uma pergunta pode ficar no ar. Se as conversações entre ele e o governo português chegassem a bom porto, provavelmente os cabo-verdianos ficariam eternamente na Guiné-Bissau pois tinham no regime colonial a supremacia nos lugares-chave da "função pública". Se o status quo se mantivesse depois da independência, os guineenses aceitariam isto pacificamente? Se bem te lembras, AC era adepto da união dos dois países. Para bem de quem? Do povo da Guiné-Bissau, ou de Cabo-Verde?
Carlos Vinhal
A dialéctica...meus caros, para tentar comprovar factos históricos não leva a lado nenhum.
Factos são factos..ponto final.
Amilcar Cabral, tinha grandes capacidades de liderança assim como era intelectual e culturalmente superior, só que cometeu um erro crasso, concentrou na sua pessoa demasiados poderes e "aburguesou-se" o que é humano e esqueceu a "carne para G3", os guineenses,também eles com ambições pessoais nem sempre as mais louváveis, e ainda a ambição hegemónica de uma grande guiné de um tal Sekou Touré,ditador de pacotilha, que como anfitrião tinha a ambição de dominar a cúpula do paigc..ora A.Cabral era uma espinha cravada na sua garganta...admirados..têm dúvidas..problema vosso.
C.Martins
Para completar o meu comentário anterior...~
Recentemente na Guiné quando do "pseudo-assalto" ao aquartelamento de Bissalanca, acontecimento trágico-cómico,apareceu um tal de Panssau envolto na Bandeira Portuguesa,querendo com isso simbolizar que quem estava por trás de tão tristes acontecimentos era o governo Português, para completar o ramalhete só faltou dizer que também era a pide...
Desculpem mas para mim este episódio caricato tem muitas semelhanças com o da morte de A.Cabral,no que diz respeito a acusações de autores morais
C.Martins
Não percebo, francamente, alguns comentários e menos ainda o do António Abreu.
Se não há dúvidas quanto aos autores materiais do crime, continua a haver muitas dúvidas quanto aos autores morais. E, como é óbvio, algumas das suspeitas recaem sobre quem já tinha tentado alcançar o mesmo resultado três anos antes. Ou o António de Abreu esquece isso? Insisto: o que foi Alpoim Calvão fazer à Guiné em Janeiro de 1973?
RC
A verdade da morte de Amilcar Cabral esta ainda por esclarecer e ficara para sempre no olimpo dos deuses, muito se fala mas a verdade e que nao foi nada bom para nos pois se encarniçou a contenda .
Quanto a que a ida de Alpoim Galvao a Conakry e sabido que ele nao foi ai para levar um ramo de flores a Amilcar Cabral ou a Sekou Toure e que de verdade eles tambem nao as mereciam.
Pois o Amilcar Cabral pecou de engenuo, sabido e que Amilcar Cabral sempre foi um politico e nunca um guerrilhero porque os guerrilheiros estao mais atentos a traiçao e como politico que foi e que aqui ja foi dito o Amilcar Cabral destancio-se dos guerrilheiros e por isso pagou com a vida essa ousadia.
Nao podemos esquecer que com a desconolizaçao morreram mais portugueses depois do 25 de abril na Guine que em todo o tempo que durou a guerra e esses portugueses embora nascidos na Guine eram tao portugueses como eu e isso ainda hoje doi.
Por isso na minha opiniao a operaçao Mar Verde foi um exito porque so pela libertaçao dos portugueses isso so por si justifica que se considere um exito rotundo.
Resume geral ninguen ganhou nada com a guerra nem militarmente nem economicamente um desastre total para os dois bandos pelas mortes e pelo estado que se encontram hoje tanto a Guine como Portugal.
Em Portugal levamos dentro a magoa a dor dos nossos camaradas, filhos, irmaos, pais, maridos e por ai fora na Guine nem vou falar esta como todos sabemos um desastre
um abraço
Antonio Melo
Camaradas. Parece-me ser já bem claro quem executou o Amílcar Cabral.
Surge a questão da PIDE e do Alpoim.
A PIDE de Bissau certamente não esteve envolvida mas, saberia que alguma coisa se passava? Certamente que sabia.
Convém ter presente que alguns informadores da PIDE no Senegal e na Guiné Conacri trabalhavam sob ordens diretas da PIDE de Lisboa. Isto tornou-se claro na operação Ametista Dourada (no Senegal)
Quanto ao Alpoim...ele manteve sempre uma grande ligação aos fuzileiros africanos e...esteve na Guiné, durante longos períodos, após a independência. Tinha lá inúmeros negócios...
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