Recorte(s) da página da revista "Plateia", numa das suas edições semanais (c. julho de 1965), onde na crónica de João Benamor, 1º sargento do exército, e conhecido cartunista, se dá um inusitado destaque ao "baile dos finalistas", na Associação Comercial (*)... Os desacatos que ocorreram são vistos como um "caso de polícia". Não há nenhuma referência a "militares", muito menos a "tropas de elite"... Mas, lembra o cronista, os desacatos continuaram na via pública e, o que era mais grave, "a uma dezena sde metros da entrada principal do palácio do governador provincial", gen Arnaldo Schulz (1910-1983), o primeiro a acumular os cargos de governador e comandante chefe (1964-1968)...
Presumimos que não tenha havido qualquer intervenção da censura, já que a revista "Plateia" deveria ser considerada "inócua"... Era, todavia, uma das revistas da metrópole mais lidas pelos nossos militares no Ultramar.
Imagem digitalizada e gentilmente disponibilizada pelo Virgínio Briote, um histórico do nosso blogue (um dos primeiros comandos do CTIG, Brá, 1965/66), nosso editor jubilado, e que participou nestes acontecimentos... Titulo da responsabilidade do editor. Edição de L.G.
[Foto à esquerda: fur mil João Parreira, cap milç Maurício Saraiva, alf mil Virgínio Briote e fur mil Fernando Marques de Matos... Em BRá, setembro de 1965...Foto de V.B. O Matos, comandante de secção do Gr Cmds Diabólicos é, nem mais nem menos, um conterrâneo meu, lourinhanense, grande amigo do meu pai e meu amigo recente, que me fala sempre com grande apreço e admiração do nosso VB, seu antigo comandante].
PS - A referência do correspondente da "Plateia", em Bissau, aos "teddies", "teddy-boys", britânicos, não deixa de ser hilariante!... Sobre a Plateia, "revista semanal de espectáculos" ver aqui: publicou-se desde 1951 até 1986:
(...) Revista semanal (no início com periodicidade quinzenal), com um formato generoso, com muitas fotografias, a preto-branco, e diversos artigos relacionados com o mundo do espectáculo nacional e estangeiro. Na sua fase inicial tinha normalmente 32 páginas e mais tarde passou para as 70. Na época e durante muito tempo, era uma das janelas onde era permitido contemplar, subtraídas das suas roupinhas exteriores, as mais belas mulheres do mundo do entretenimento, da música, cinema e televisão. Eram frequentes as capas ou posters centrais (separatas) com estrelas de Hollywood.
A “Plateia” teve um percurso de grande sucesso, sobretudo nas primeiras duas décadas da sua publicação, mas terminou oficialmente em 1986, já com mais de um milhar de edições, certamente pelos problemas decorrentes das grandes alterações do mercado editorial do género. (...)
Embora semelhante em muitos aspectos na matriz editorial, a “Plateia”, mais elitista, até porque mais cara, fez um percurso de sucesso lado a lado com outra estrela da companhia, a revista “Crónica Feminina”, lançada uns anitos mais tarde (1956). Todavia, também esta acabou por morrer pelos anos 80. (...)
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Nota do editor:
Último poste da série > 22 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13176: Efemérides (153): Ainda a propósito do baile dos alunos finalistas da Escola Técnica de Bissau na Associação Comercial, Industrial e Agrícola, em 5 de junho de 1965: Apanhei 3 dias de prisão simples, dados pelo comandante militar, brig Gaspar de Sá Carneiro (Virgínio Briote, ex-alf mil cav, cmd, cmdt Gr Cmds "Os Diabólicos", CCmds / CTIG, Brá, 1965/66)
5 comentários:
Julgo que o correspondente da Plateia, um 1º ou 2º Sargento, tinha outro nome. Para a revista assinava João Benamor, julgo.
Não será o mesmo ? Se não é, é muita coincidência...
Temos aqui referência ao João Benamor, conhecido cartunista, que trabalhou muito em publicações do Exército:
vd. poste
30 DE MARÇO DE 2014
Guiné 63/74 - P12915: Brochura, "Deveres Militares", SPEME, 2ª ed, 1969 (Fernando Hipólito): Parte V: Plantão à caserna e faxinas regimentais... ("Consciente de que entre os soldados se verificava ainda a existência de um grande número de elementos com iliteracia e baixa escolaridade, o Exército, entre 1961 e 1974, utilizou o humor dos cartunistas, de forma pedagógica, para alertar e instruir sobre questões de segurança e sobrevivência ou sobre a regulamentação da disciplina militar.")
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2014/03/guine-6374-p12915-brochura-deveres.html
Se é para falar de bailes na Guiné oh(!)carago, há muito que contar ai há, há.
Começaram logo em casa do Sr. Rui libanês em Bissorã após um mês de chagarmos à Guiné, passando pelas verbenas do Sporting em Bissau, na sede do Benfica ali na estrada que ligava a praça do Império ao aeroporto, acabando na Associação Comercial aonde entrei porque houve engano.
Com "molho" ou sem "molho". Havia por ali muito menino que se não houvesse porrada nem parecia dia...
Hoje lemos o jornal a uma sombra e de óculos já com algumas dioptrias, mas naquele tempo o que a gente queria era dar à perna (ou às pernas).
Rui Silva
Rui, quem é que não gostava da "bailação" ? Em Bambadinca, em Bissorã, em Bissau... Toca a falar desses bailes, que fazíamos no intervalo da guerra... Até Monte Real, dia 14 de junho, ainda há tempo para escreveres uma crónica... Ab. Luis
O Godinho, acompanhado de um camarada, foi à procura do correspondente da Plateia e acabou por encontrá-lo no café Império. Sem se sentar colocou-lhe a Plateia aberta na página da Guiné e pediu-lhe que lhe explicasse os termos da notícia. Não deve ter sido no número seguinte, talvez dois ou três depois, veio um esclarecimento do Benamor sobre o ocorrido no baile.
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