Carlos Schwarz da Silva, Pepito (1949-2014). Lisboa, Escola Nacional de Saúde Pública, 2007.
Foto (e legenda): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados.
Tabanca Grande Luís Graça 18/7 às 16:31
Os amigos de Portugal estão preocupados, mais do que isso, inquietos, e ainda mais do que isso, angustiados, com o silêncio dos nossos amigos da AD!... Queremos continuar a apoiar, através da AD, os nossos muitos amigos que contamos na Guiné-Bissau, de norte a sul, de leste a oeste. Não deixemos morrer o sonho de um grande visionário, líder e ser humano que pertenceu (e continua a pertencer) aos nossos dois mundos... Refiro-me ao Pepito!... Mantenhas para todos/as. Luis Graça
Resposta da ONG Acção para o Desenvolvimento
Obrigado, caros amigos e parceiros, a AD continua e as sua ações continuam mesmo. A publicação no site e no facebook parou por causa de problemas técnicos de edição, mas vamos retomar. Há muitas atividades feitas durante este ano tais como: Forum de Cacheu, Encontro das Rádios e TV comunitárias, encerramento de cursos profissionais na EAO (Escola de Artes e Oficios), recepção e distribuicao de livros sobre plantas medicinais etc... Nós todos vamos lutar para que o sonho de Pepito seja realizado. [Negrito e realce a amarelo,. nosso, LG]
Data: 25 Jul 2014 17:36:41 +0100
Assunto: Desabafo e protesto
Aos meus amigos, e a outros muito poucos, que não o são, mas que tinham de ser colocados na lista,
Muitas vezes sentimo-nos injustiçados sem saber o que fazer... O sentimento de impotência destrói os pedacinhos de esperança que tínhamos de reserva...
O meu pai, o meu conselheiro, o meu amigo já cá não está... Mas deu-me, juntamente com a minha mãe, uma educação que muitas vezes aqui em Bissau é confundida com falta de educação... Sou mulher, tenho voz e voto na matéria, tenho dignidade e devo manifestar-me contra tudo o que para mim for entendido como injustiça... Paciência para quem não goste.
Estamos habituados a esconder as nossas intenções e opiniões para não nos sair o tiro pela culatra ou para ganharmos vantagem...
Não há muito que os outros possam fazer porque como sempre cá em Bissau, o MEDO (perder o trabalho, ser vítima de macumbas, levar uma tareia, ser posto de lado, etc.) é grande demais para se pôr a boca no trombone.
Hoje, em jeito de protesto e de desabafo, partilho convosco algo aparentemente insignificante, que descobrimos...
Um abraço,
Catarina
Li com esperança e alegria a promessa da ONG AD, pós-Pepito, de que nós todos vamos lutar para que o sonho de Pepito seja realizado... A resposta ao meu comentário na página do Facebook não vem assinada por nenhum dos atuais dirigentes da AD, mas é tomo-a como autênctica, válida e sincera.
Sei que até às próximas eleições o diretor executivo interino é o eng agr Tomané Camará, ex-tesoureiro, e que os restantes órgãos de gestão continuam em funções, Se não erro, a Isabel Miranda ("Beloca") é a presidente da direção (, aliás, já o era), sendo o Nelson Dias o presidente do Conselho Fiscal. A Isabel e o Nelson são cofundadores da AD. Conheci em 2008 estas três pessoas, o Tomané Camará, a Isabel Miranda e o Nelson Dias, apresentadas pelo Pepito, juntamente com o falecido Roberto Quessangue, como elementos do "núcleo duro" da AD, seus próximos colaboradores, vixinhos, camaradas de luta, visitas de casa e amigos do peito... Fiquei, de todos eles, uma impressão, mas não são pessoas das minhas relações, nem sequer tenho um contacto (email, telemóvel...) deles
Não posos, à partida, fazer qualquer juízo de intenções e pensar que estão a trair a memória do Pepito e a destruir o seu legado... Tenho por norma, por formação pessoal e deformação profissional (como sociólogo), ouvir e tentar compreender todas as partes envolvidas num conflito... E, de resto, só poderei ajudar os contendores se conseguir perceber: (i) o problema; (ii) o que está em jogo; (iii) o contexto; e (iv) os atores e as suas estratégias de poder... Também não tenho por hábito meter-me em conflitos intestinos. Mas estou disponível para ajudar, no que puder, na resolução pacífica de eventuais problemas que possam degenerar em conflito e que envolvam pessoas de quem gosto, como o são "os nossos amigos da AD . Bissau".
Dito isto, fico muito triste, magoado e indignado pelo tratamento a que foram votados os pertences do Pepito, encaixotados e remetidos para um canto... O Pepito é mais do que a AD, foi meu amigo pessoal, foi amigo de muitos de nós, foi (e continuará a ser) membro da nossa Tabanca Grande. A AD, por sua vez, é (e espero que continue a ser) parceira da nossa Tabanca Grande e vice-versa.
Pessoalmenmte gostaria de ouvir (ou de ler), da boca de um ou mais dos atuais dirigentes da AD, um comentário, uma explicação e eventualmente uma justificação sobre a forma, aparentemente menos digna, com que o legado e a memória do Pepito estão a ser tratados em Bissau, no edifício-sede da ONG AD, no bairro do Quelelé. Espero bem que o subtítulo que pus neste poste não corresponda, de todo. à verdade: rei morto, rei (de)posto...
Para os sues amigos de Portugal, e seguramente para os seus amigos da Guiné-Bissau, e de todo o mundo, Pepito ca mori... Será sempre bom lembrar que foi um privilégio conhecê-lo e sobretudo-lo como amigo e parceiro da nossa Tabanca Grande. Como todos os seres humanos, também tinha os seus defeitos... Mas vii nele uma qualidade que lhe dava uma grande nobreza, e que eu estimo particularmente, a gratidão... Pepito era, entre muitas outras qualidades humanas, um homem de gratidão... Saibamos imitá-lo e tentar igualá-lo. (LG)
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Nota do editor:
Último poste da série > 17 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12849: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (34): Homenagem nacional e internacional ao Pepito, organizada pelos seus amigos e colaboradores, um mês depois da sua morte: 3ª feira, 18 de março, em Bissau, no Quelelé, no seu "chão"... Seguramente que ele não quereria um "choro" à moda tradicional, mas sim uma festa onde os seus valores, os seus sonhos, os seus projetos e a sua equipa fossem celebrados como um legado vivo, fecundo e proativo... (Luís Graça)
4 comentários:
Olá Camaradas e uma saudação especial para a família do Pepito
Claro que ele não mereci este "tratamento".
Nada do sucedido me surpreende. Mas... antes que escreva algo de inconveniente, abstenho-me de comentários.
A minha solidariedade à família
Um Abraço
António J. P. Costa
Sei que a Isabel está cá em Portugal, de férias. Imagino quão dolorosa é, para ela e o resto da família, estas notícias, ainda em pleno luto...
Telefonei há dias para casa da mãe do Pepito, a dona Clara Schwarz, a nossa veterana que vai fazer 100 anos em fevereiro próximo... Espero que os amigos da família (e os amigos da Tabanca Grande) saibam fazer-lhe a festinha que ela merece, ela que é uma verdadeira mãe coragem!...
Infelizmente ainda consegui falar com ela, desde a morte do filho, o nosso grande amigo Pepito que muita falta nos faz a todos, à AD, à Guiné, á família, aos amigos... LG
Caros camaradas
Li e reli.
Fiquei triste e revoltado.
Não que 'estas coisas' não possam acontecer, estamos sempre a tomar conhecimento de casos semelhantes.
Mas acontece que, sinceramente, esperava (ingenuamente?) que a AD fosse mesmo uma entidade consistente, com provas dadas e capaz de manter o rumo traçado.
Ainda para mais numa altura menos (pelo menos aparentemente) conturbada, logo com menos escolhos....
Mesmo com (mais) esta desilusão vou manter a esperança que as coisas se resolvam pelo melhor.
Abraços
Hélder S.
Pepito foi pessoa amiga com quem dialoguei, que pelo seu trato comunicativo mereceu-me consideração.
A família enlutada nomeadamente a filha Catarina Schevarz da Silva, quer dizer que é preciso estar dentro das coisas para as compreender ou que as coisas estejam dentro de nós para as sentirmos e abolindo-se assim a distância entre nós e os outros.
Nunca saberemos tudo o que as palavras dizem ou que querem dizer, elas próprias são à nascença limitadas às intenções que as bafejam ou as sopram, como se sopra um balão que se deseja completo mas que só o é quando rebenta, assim como a vida só se completa quando a morte chega. A verdade é sempre relativa ao momento e ao lugar, que nunca estão onde se vislumbram nem um nem outro e ainda que nos custe aceitar o paradoxo.
Com um beijinho
Arménio Estorninho
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