Portugal > Alcobaça > São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 15 de Agosto de 2009 > A "jovem de 94 anos", na altura, Clara Schwarz, em férias...
Portugal > Alcobaça > São Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 15 de Agosto de 2009 > O nosso querido amigo Pepito, Ao fundo, um "pano africano...."Nesse dia, almoçámos uma deliciosa cachupa, confeccionada pela Isabel, que é de nacionalidade portuguesa, bem com os filhos, Cristina, Ivan, Catarina... O Pepito fez sempre questão de conservar a sau nacionaliddae guineense"...
Fotos (e legendas) : © Luís Graça (2009). Todos os direitos reservados
1. Mensagem do Manuel Amante da Rosa [, ex-fur mil, QG/CTIG, Bissau, 1973/74; atual embaixador de Cabo Verde em Roma]
Meu Caro Luís,
Reflectindo sobre o teu pedido sobre a minha inestimável Professora Clara Silva, veio-me à memória a minha Mãe, há uns anos, desabafando, desconsolada e incrédula, de que era contra natura os filhos morrerem primeiro que as mães. O meu irmão tinha acabado de falecer. Mágoas que ela diz nunca chegam a sarar a não ser com o desaparecimento da própria genitora.
Recordei das primeiras vezes que vi o Pepito, sentado no Império, no campo de futebol de Salão, no Estádio Sarmento Rodrigues, nas escadarias do Liceu Honório Barreto ou sentado na varanda da sua casa contígua à Floresta Negra. Uma referência para nós, que contávamos o tempo que demorava a passar para entrarmos para o Liceu como alunos.
1. Mensagem do Manuel Amante da Rosa [, ex-fur mil, QG/CTIG, Bissau, 1973/74; atual embaixador de Cabo Verde em Roma]
Meu Caro Luís,
Reflectindo sobre o teu pedido sobre a minha inestimável Professora Clara Silva, veio-me à memória a minha Mãe, há uns anos, desabafando, desconsolada e incrédula, de que era contra natura os filhos morrerem primeiro que as mães. O meu irmão tinha acabado de falecer. Mágoas que ela diz nunca chegam a sarar a não ser com o desaparecimento da própria genitora.
Recordei das primeiras vezes que vi o Pepito, sentado no Império, no campo de futebol de Salão, no Estádio Sarmento Rodrigues, nas escadarias do Liceu Honório Barreto ou sentado na varanda da sua casa contígua à Floresta Negra. Uma referência para nós, que contávamos o tempo que demorava a passar para entrarmos para o Liceu como alunos.
Destacava-se o Pepito no grupo da sua geração pela exuberância da sua simpatia, de se dar com todos, mesmo com os mais novos, pelas sonoras gargalhadas e ser bom aluno. Para além de ser filho, obviamente, da Dra. Clara que todos respeitavam havia muitos anos, como excelente pedagoga. Tinha uma auréola de respeitoso silêncio que a acompanhava pelos corredores, indo para as salas de aula ou voltando para a sala de professores. Todos baixávamos a voz ou interrompíamos os jogos ou correrias à sua passagem.
Cincoenta anos passados e ainda me lembro de como entrou pela primeira vez, altiva e austera, no nosso 1º ano B, com o bonjour da ordem, pasta em cima da mesa, livro de ponto aberto e caderneta nova, com as nossas fotos, ainda por preencher nos recantos das notas e chamadas orais. Iniciar ela própria a chamada da praxe para nos ir identificando pelo primeiro nome, um sorriso e olhar maternal ocasional para os mais amedrontados dissiparem o respeito que nos incutia.
Não me lembro nunca de ter visto algum aluno a ser expulso das suas aulas ou levar falta de material. Ela teria o dom da disciplina sem ter que castigar. Uma admoestação verbal dela caía fundo porque era dada de frente para o aluno, olhando-lhe bem nos olhos. Muito preocupada sempre com aqueles que sabia serem os mais carenciados e carentes de locais para estudo. Poucos olhares se mantinham fixos nela quando por detrás das lentes procurava um de nós para as chamadas orais.
Cincoenta anos passados e ainda me lembro de como entrou pela primeira vez, altiva e austera, no nosso 1º ano B, com o bonjour da ordem, pasta em cima da mesa, livro de ponto aberto e caderneta nova, com as nossas fotos, ainda por preencher nos recantos das notas e chamadas orais. Iniciar ela própria a chamada da praxe para nos ir identificando pelo primeiro nome, um sorriso e olhar maternal ocasional para os mais amedrontados dissiparem o respeito que nos incutia.
Não me lembro nunca de ter visto algum aluno a ser expulso das suas aulas ou levar falta de material. Ela teria o dom da disciplina sem ter que castigar. Uma admoestação verbal dela caía fundo porque era dada de frente para o aluno, olhando-lhe bem nos olhos. Muito preocupada sempre com aqueles que sabia serem os mais carenciados e carentes de locais para estudo. Poucos olhares se mantinham fixos nela quando por detrás das lentes procurava um de nós para as chamadas orais.
Durante quatro anos tive o privilégio de a ter como minha Professora de Francês e ao mesmo tempo educadora. Como eram os Professores antigamente. Fui expulso algumas vezes de outras aulas. Éramos irrequietos, jovens e sempre à procura de algo diferente mas nas classes da Clara Silva e mais um ou outro Professor imperava a atenção e a disciplina.
Este o testemunho e a imagem carinhosa, respeitosa e de saudades que tenho da minha Professora Clara Silva que dentro de dias festejará o seu 100º Aniversário.
Abraços, Luís.
Manuel
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Nota do editor:
Vd. poste anterior de 14 de Fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14249: Homenagem da Tabanca Grande à nossa decana: a "mindjer grande" faz hoje 100 anos... Clara Schwarz da Silva, mãe do Pepito (1): 100 anos não é apenas uma vida, são muitas vidas, que atravessam dois séculos e muitos lugares do mundo (Luís Graça)
Abraços, Luís.
Manuel
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Nota do editor:
Vd. poste anterior de 14 de Fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14249: Homenagem da Tabanca Grande à nossa decana: a "mindjer grande" faz hoje 100 anos... Clara Schwarz da Silva, mãe do Pepito (1): 100 anos não é apenas uma vida, são muitas vidas, que atravessam dois séculos e muitos lugares do mundo (Luís Graça)
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