Motoqueiros de Alcobaça > 1965, Foto: © Juvenal Amado (2016). Todos os direitos reservados |
Sousa de Castro:
Não sei se a tropa fez de mim um homem!... A educação que me deram fez de mim uma pessoa responsável, no entanto admito que na tropa me tornei mais maduro, acho também que no tempo de hoje a tropa obrigatória seria muito bom para muita juventude dos 20, tornavam-nos mais responsáveis, mais calmos...
Não sei se a tropa fez de mim um homem!... A educação que me deram fez de mim uma pessoa responsável, no entanto admito que na tropa me tornei mais maduro, acho também que no tempo de hoje a tropa obrigatória seria muito bom para muita juventude dos 20, tornavam-nos mais responsáveis, mais calmos...
Hoje rapaziada não valoriza aqueles que obrigatoriamente tiveram que ir à tropa. Recordo-me aquando da minha inspecção ainda se valorizava ser ou não apurado, era... como dizer, sinónimo de pessoa saudável, prestável.
Para mim a minha maior preocupação era não ir para a Guiné, Angola ou Moçambique tudo bem. No final senti-me satisfeito com a minha prestação e nunca me arrependi de ter participado na guerra colonial. Naquele tempo muitos mancebos pensavam que era obrigação um dever de todos servir e defender a Pátria, nomeadamente os menos informados, como eu por exemplo.
Carvalho de Mampatá:
Fez de mim um homem?
Na Guiné, no confronto com culturas distintas da minha, durante mais de dois anos no meio de um conflito sem fim, ao serviço de uma causa cada vez mais notavelmente perdida, assistindo a mortes na Primavera da vida, longe do afecto da família, abandonado no meio de uma selva traiçoeira... esta Guiné mudou-me, se não fez de mim um homem, fez de mim um homem diferente,fez-me mal.
Contudo, acrescentei que a tropa no seu todo me beneficiou em alguns aspetos que ainda hoje completam o meu "eu":
- Sentido de responsabilidade;
- Capacidade de organização pessoal;
- Capacidade de comando na minha vida profissional;
- Espírito de solidariedade e de camaradagem.
Alcides Silva
Camaradas, para mim a tropa só atrapalhou a minha vida mas adquiri alguns ensinamentos, por exemplo, não confiar tanto no outro.
Como posso saber o homem que seria se por lá não tivesse passado ! Sim, se não tivesse passado pela Guiné, hoje, eu seria uma outra pessoa. De facto a Guiné mudou-me, mas o mesmo não direi da simples incorporação e permanência nos quarteis de cá, que pouco me marcou.
Motoqueiros de Alcobaça > 1965 Foto: © Juvenal Amado (2016). Todos os direitos reservados. |
Leão Varela:
Já respondi ao Inquérito com um "Falso", pois, para mim, quem me ajudou a ser um homem foi o meu saudoso pai.
Contudo, acrescentei que a tropa no seu todo me beneficiou em alguns aspetos que ainda hoje completam o meu "eu":
- Sentido de responsabilidade;
- Capacidade de organização pessoal;
- Capacidade de comando na minha vida profissional;
- Espírito de solidariedade e de camaradagem.
Alcides Silva
Camaradas, para mim a tropa só atrapalhou a minha vida mas adquiri alguns ensinamentos, por exemplo, não confiar tanto no outro.
Eu, com 15/16 anos, sabia bem a minha posição na sociedade, com 14 anos passei a trabalhar com o meu pai, ele era bastante rígido no trabalho, comecei a programar sair para outro lado, com 16 anos fui trabalhar para uma empresa em trabalho diferente.
Sempre me adaptei as situações, desde jovem sempre soube gerir a minha vida, apesar de entregar sempre o meu ordenado em casa. Trabalhando horas extras, esse valor ficava para mim, fui juntando o possível para quando chegasse o tempo de tropa não pedir nada ao meu pai.
Andei 41 meses na tropa, fui para a Guiné, já tinha cumprido cá 18 meses, estava na Guiné hà 7 meses recebia a noticia de que o meu pai tinha falecido, resultante de um cancro, que era desconhecido e, assim fui ultrapassando as dificuldades, nunca fiz gastos desnecessários, hoje estou reformado como bancário, oportunidade que surgiu depois de chegar do Ultramar e assim se vai vivendo.
Cavaleiros de Sabugal em dia de ir às sortes, 1968 Foto © José Corceiro (2011). Todos os direitos reservados. |
Juvenal Amado:
Se não foi à tropa será menos homem?
Penso que não.
Na minha família todos os homens foram militares, eu fui o terceiro a participar na guerra colonial. o meu irmão foi em 1966 para Moçambique, o meu primo Mário um ano mais tarde para Angola (um dos motoqueiros da fotografia; penso que é o único de óculos).
Mas conheço muitos homens bons que não foram há tropa e são homens de corpo inteiro na cidadania e profissionais exemplares. Dito isto, penso que a tropa não faz de ninguém um homem, até porque hoje também há milhares de mulheres fazem serviço militar por este Mundo, fora o que não faz delas homens ou mulheres .
No caso dos homens que participaram na guerra colonial, alguma coisa mudou neles obrigatoriamente, mas não foi isso que fez deles uns homens.
Hélder Sousa:
No caso dos homens que participaram na guerra colonial, alguma coisa mudou neles obrigatoriamente, mas não foi isso que fez deles uns homens.
Hélder Sousa:
Não me parece haver uma resposta simples para esta questão.
Disciplina alimentar, regras básicas de higiene, procura de autonomia e autosuficiência, etc. foram coisas que, no 'nosso tempo', repito, muito contribuíram para um maior e melhor conhecimento do País e suas realidades gerais, com jovens do interior a terem a visão do litoral e vice-versa e com isso a tomarem consciência.
Se a isso se acrescer o que se veio a revelar como a entreajuda, a solidariedade, a partilha, etc. temos, por aí, uma pista para se poder dizer que "se não nos fez ser 'um homem' contribuiu bastante para um 'crescimento' mais acelerado".
2. INQUÉRITO DE OPINIÃO: "SIM, A TROPA FEZ DE MIM UM HOMEM"
Total de respostas: 100 (100,0%)
Último poste da série > 16 de janeiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15622: Inquérito 'on line' (28): "A tropa fez de mim um homem"?... Nem sim nem não, metade da malta (12 em 24) responde "nim", "nem verdadeiro nem falso"... Inquérito em curso até 5ª feira...
Que ela é pertinente, disso não tenho dúvidas. Aliás, essa era uma frase muitas vezes ouvida: uma vezes soava como ameaça, outras como premonitória, outras esperançosa.
E, afinal, a 'tropa' faria ou não de nós uns 'homens'?
Sim. E não!
Dependo do ponto de vista e do que se estiver a referir.
Não falo do 'crescimento' físico, pois isso seria resultado natural da evolução humana. Nem é a esse aspecto que a frase [que o Juvenal colocou muito bem como título do seu livro, que vai ser lançado no dia 23, sábado, às 16h30, em Lisboa] se refere. A(s) intenção(ões) da frase dizem mais respeito ao 'crescimento' interior, ao amadurecimento, portanto à maturidade.
Claro que não é obrigatório que tal só possa ser conseguido através da 'tropa', mas que, no 'nosso tempo' isso contribuiu para muitas coisas boas, sou da opinião que sim.
Disciplina alimentar, regras básicas de higiene, procura de autonomia e autosuficiência, etc. foram coisas que, no 'nosso tempo', repito, muito contribuíram para um maior e melhor conhecimento do País e suas realidades gerais, com jovens do interior a terem a visão do litoral e vice-versa e com isso a tomarem consciência.
Se a isso se acrescer o que se veio a revelar como a entreajuda, a solidariedade, a partilha, etc. temos, por aí, uma pista para se poder dizer que "se não nos fez ser 'um homem' contribuiu bastante para um 'crescimento' mais acelerado".
2. INQUÉRITO DE OPINIÃO: "SIM, A TROPA FEZ DE MIM UM HOMEM"
1. Totalmente verdadeiro > 6 (6%)
2. Verdadeiro > 28 (28%)
3. Nem verdadeiro nem falso > 42 (42%)
4. Falso > 14 (14%)
5. Totalmente falso > 7 (7%)
6. Não sei responder > 3 (3%)
Prazo para responder: 21 de janeiro de 2016, 10h06
___________
Nota do editor:
Sem comentários:
Enviar um comentário