terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16830: A construção de Mansambo, em imagens (Carlos Marques dos Santos, ex-fur mil at art, CART 2339, 1968/69) - Parte V: Anexos A água: o(s) suplício(s), de Sísifo e de Tântalo (1)


















Fotos (e legendas): © Carlos Marques dos Santos (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



História da “feitoria” de Mansambo, com foral a partir de 21 de abril de 1968







1. Quinta parte do trabalho sobre a "construção de Mansambo em imagens" (*), realizado pelo Carlos Marques dos Santos, nosso grã-tabanqueiro da primeira hora, ex-furriel miliciano da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), subunidade adida ao BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). (*)


Sísifo ...foi condenado pelos deuses, por toda a eternidade (!), a empurrar  uma enorme pedra,  com suas próprias mãos até ao cume de uma montanha. Chegado lá, a pedra rolava novamente montanha abaixo, e o suplício continuava, uma, duas, três, infinitas vezes, inútil e estúpidamente...

"O trabalho de Sísifo" exprime o absurdo de muitas vidas humanas, como a dos Viriatos da CART 2339, em Mansambo.

Tântalo, por sua vez,  por ter tentado enganar os deuses,  foi lançado, por castigo ao rio Tártaro, nunca pondo saciar a sua sede (... nem matar a sua fome),  já que, ao aproximar-se da superfície da água esta se escoava...

O suplício de Tântalo refere-se, assim, ao sofrimento daqueles que desejam ansiosamente algo que está aparentemente ao alcance da mão mas a que esta nunca poderá chegar...A água foi um dos bens essenciais que escasseava em Mansambo e  que os Viriatos aprenderam muito cedo a respeitar como algo de vital e de  sagrado... (LG)

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá, Amigo Carlos Marques,
Era mais ou menos como no presídio de Elvas, barril abaixo, barril acima...
Um abraço,
BS

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Há muito simbolismo, atualidade e oportunidade nesta sequênica fotográfica. Com o processo (irreversível, inexorável...) das alterações climáticas, a água (potável) vai um ser um bem essencial cada vez mais escasso... dramaticamente escasso.

A Guiné-Bissau (... e grande parte da África subsariana) é um dos países mais vulneráveis do planeta, no que diz respeito à captação e abastecimento de água potaével para a população... Já o era no nosso tempo, e aqui está a ilustrção com o exemplo de Mansambo. Um incrível erro estratégico dos nossos "génios" militares foi ter decidido construir um aquartelamento, deixando de foro perímetro militar a única fonte que podia abastecer militares e civis que ali passavam a viver... Isso teve custos, em vidas humanas...

Obrigado, Carlos, por esta (re)visita à tua/nossa Mansambo.. Já não me lembro do sabor da água... Em Bambadinca sabia a ferro. LG