Travo seco e amargo…
Vem do fundo.
Cortante.
Abrasivo.
Não há suco.
Favo ou mel
Que o adoce.
Pior que fel.
Não tem cor.
Se tivesse, só breu
O pintaria.
Borbota. Faz espuma.
Tem escamas duras.
Quartezianas.
Suplício.
Só um sol em brasa o queima
E, de novo, purifica…
Berlim, 10 de Dezembro de 2016
10h6m
Jlmg
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Clamam pelo sol...
Clamam pelo sol,
desfraldadas ao vento,
as bandeiras molhadas
que convidam paragem.
Um luminoso café,
cheio de gente,
acolhe quem chega,
se come e se bebe
do bom e melhor.
Não falta a alegria
de gente madura.
Reina a fartura,
por fora e por dentro.
O espírito se espraia,
esquecendo negrumes.
O corpo descansa sentado,
esperando as ordens do dono.
Lá fora,
não importa que chova
ou que neve
e o tempo não conta,
mesmo que as bandeiras
clamem por sol...
Bar dos motocas, arredores de Berlim,
11 de Dezembro de 2016
11h2m
JLMG
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Como embondeiros…
Fiquem de pé, estáticos,
Braços abertos,
Pedestais sem estátua.
Raízes cravadas.
Latadas de sombra,
Como embondeiros.
Dispam-lhe as folhas,
Queimem-lhe as vestes,
Fiquem os ramos,
Carregados de ninhos
E as nervuras do tronco.
Resistem a tudo.
Sejam valentes.
Se finjam eternos.
Arrostem tisnados
Ameaças e brados.
O calor e tornados.
Nunca desanimem.
Sejam ferozes.
Os princípios estão certos.
Resistiram aos séculos.
Ergueram castelos.
Pirâmides,
Muralhas da China.
A Terra voando,
Pode tremer.
Embondeiro não cai!...
Berlim, 7 de Dezembro de 2016
16h17m
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Nota do editor
Último poste da série de 4 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16798: Blogpoesia (483): "Aldeias da serra..."; "Lânguidos e plangentes..." e "Não consigo devassar...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728
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