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Nota do editor:
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
3 comentários:
Jorge: Uma guerra,como qualquer conflito, é sempre uma relação (de antagonismo) entre duas partes, ou atores (como dizem os sociólogos). Cada uma da partes, tem depois os seus apoios (externos, internos...) e os seus trunfos, os seus pontos fortes e fracos...
Sékou Touré não deve ter sido um "aliado fácil" do Amílcar Cabral e do seu partido, mas é evidente que a Guiné-Conacri foi, desde o incío, um "santuário", absolutamente imprescindível para o PAIGC... Sem essa retaguarda, nunca a luta de guerrilha teria ido tão longe...
É muito interessante o documento que divulgas, para conhecimento de todos nós, até por que é revelador das fragilidades do PAIGC a nível logístico, por exemplo. Amílcar tinha plena consciência de que as bolanhas das "regiões libertadas" nunca poderiam alimentar a guerrilha e a população que vivia no mato, sem falar do "estado maior" e forças operacionais e de apoio em Conacri e nas zonas fronteiriças.... Amilcar tem que negociar a compre de 100 toneladas de arroz ao "amigo e camarada" Sékou Touré"... Nunguém faz a guerra de estômago vazio, apesar do "estômatgo espartano" do homem africano...
Mas... e o combustível para os camiões e os célebres BRDM-2, as viaturas blindadas anfíbias de patrulha e reconhecimento, que ainda hão de aparecer no fim da guerra para dar um arzinho da sua graça ? Chamar-lhes "carros de combate" é uma grosseria, é um insulto à arma de cavalaria... E, tal como as nossas velhas "latas", deveriam gastar 100 aos 100 ou mais... Não sei se eram a gasolina ou gasóleo...
Este assunto, das BRDM 2, já aqui mereceu honras de primeira página no nosso blogue... Mas convirá chamar a atenção para os incautos leitores: nesta altura, em setembro de 1972, o PAIGC não tinha viaturas blindadas, nem muito menos combustível para pôr a marchar a sua "cavalaria"... Em qualquer guerra, os "cavalos" são mais mais difíceis de "alimentar" do que os "infantes", para mais nas dificílijnas condições de terreno da Guiné...
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/viaturas%20blindadas
Jorge, não podes acabar este conjunto de três artigos sem nos dares algumas pistas sobre o seguimento das propostas: ficou tudo em águas de bacalhau, ou o Amílcar ainda conseguiu, ainda em vida, ver concretizads algumas das suas propostas ?
Um abraço com todo o meu apreço pelo teu trabalho de pesquisa, roubado ao tempo do tempo de descanso e da família e... se calhar também ao "tempo do patrão"... Luís Graça
Olá Camaradas
As viaturas expostas e pertencentes ou usadas (?) pelo PAIGC não são carros de combate.
São viaturas de apoio ao combate de infantaria. Entre nós até lhes chamávamos auto-metralhadoras (Daimler, Humber ou Fox). Antes destas também existiu uma fabricada pela Vickers com uma metralhadora Bren e que se movia por lagartas.
O armamento era ligeiro como no caso das Daimler que tinham uma metralhadora operada pelo "pendura". A "blindagem" opunha-se com êxito a tiros de arma ligeira mercê dos ângulos de incidência e da resistência do próprio material.
Quanto à utilização creio que teria mais a ver com a possibilidade de um ataque (ao arame) a quartéis fronteiriços. Creio que tal sucedeu no NE do TO daquela PU.
Se as viaturas são atribuídas à infantaria ou à cavalaria não será importante. As Chaimite estavam atribuídas à cavalaria, mas chegaram a ser utilizadas na Bósnia, pelos para-quedistas e no Famoso RALIS, em 1975.
Já depois de 1977 surgiram os M-113 que eram indistintamente utilizados nas unidades de Inf.ª Mecz. e nas da Rec. Cav.ª da Brigada de St.ª Margarida.
Quanto à gasolina, não sei. Não conheço os problemas logísticos do Insidioso e Ardiloso IN mas é um facto que aquilo não anda a licor de hortelã-pimenta...
Um Ab.
António J. P. Costa
Caros camaradas,
Em complemento ao comentário anterior, lembro a utilização da Panhard AML 60, com uma ação que se estendeu a quase todo o território. E que embora sendo uma auto-metralhadora, ou viatura blindada ligeira de rodas, seria a única que pelas suas características poderia enfrentar as BRDM 2 do PAIGC. Para um melhor conhecimento da sua utilização, convido-os a visitar o blogue Panhard/Esquadrão de Bula ou a sua página no Facebook. Abraço. José Ramos
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