sábado, 4 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P17934: (De)Caras (98): Canquelifá, 16 de abril de 1972: quem diria que eu escaparia desta? !... Ninguém, nem eu nem o meu burrinho do mato... (Francisco Palma, Sold Cond Auto da CCAV 2748, Canquelifá, 1970/72)


Foto nº 1 A


Foto nº 1 
O Unimog 411 ("burrinho do mato"), depois da explosão da mina A/C, em 16 de abril de 1972

Foto (e legenda): © Francisco Palma (2017) Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem, de 29 de outubro último do nosso amigo e camarada Francisco Palma (ex-sold cond auto rodas, CCAV 2748 / BCAV 2922, Canquelifá, 1970/72)

Caros Luís Graça e Carlos Vinhal

Junto anexo foto do Unimog 411 (Burrinho do Mato,) com o qual, acionei a mina anticarro, do lado esquerdo, e que só hoje me conseguiu chegar obter, cedida por  de um camarada de armas .

Se entenderem juntar ao meu curriculum, agradeço, com a seguinte legenda:


"Quem diria que, no dia 16 de abril de 1972, eu conseguisse escapar daqui, com vida?...

"Somente (!) fraturei os dois pés, e ficando com uns estilhaços no corpo

"Ninguém diria, nem eu... nem o meu burrinho do mato!..."

Um grande abraço aos dois .
Francisco Palma


2. Comentário do editor:

Só dois pezinhos fraturados?!... Que "sortudo",  Francisco!... E já lá vão 45 anos!,,,

Pois é, o Francisco está  aqui, de pedra e cal, na nossa Tabanca Grande, desde 5 de novembro de 2007. Quando se apresentou ao pessoal, escreveu:

(...) Há a registar ainda o rebentamento de uma mina anticarro, onde eu fui o único ferido. Sofri fracturas múltiplas em ambos os pés, quando conduzia um Unimog 411 (Burro do Mato) que transportava mais 11 Camaradas. Faltavam só 3 semanas para o regresso. Hoje sou DFA com 30,58% de deficiência. Com a idade as sequelas agravam-se, mas estou vivo. (...) .

4 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Muita sorte tiveram os teus camaradas que iam contigo... O Unimog 411, já no meu tempo chamado "burrinho do mato", era uma folha de papel... O 404 semore era mais sólido... Esse, sim, um "burro" de carga... Até dia 16, na Tabanca da Linha!... Luís

Hélder Valério disse...

Caro amigo e camarada Francisco Palma

Não sei quais os teus sentimentos quando visto essa foto pela primeira vez após o "acontecimento" mas, fosse qual fosse, a verdade é que te deves sentir, muito justamente, como um "sobrevivente".

Na realidade, esse "mau relacionamento" entre condutores e minas era quase sempre fatal.

Ainda bem que estás cá 'para contar' e para demonstrar 'como foi'.

Abraço
Hélder Sousa

Juvenal Amado disse...

Sobreviver a uma mina como te aconteceu é um autêntico milagre.
O meu camarada Falé também teve essa sorte no caminho do Dulombi em 1972 quando com o seu burro do mato foi pelos ares.
É assim a sorte é escapar.

Um abraço e até 16 na Tabanca da Linha

Ex-Combatente e Ferido de Guerra disse...

Diz o Hélder Sousa quais os sentimentos após o acidente ..qual acidente ? ... eu diria que nem tenho , pois com o mesmo e em virtude dele , não me lembra o facto ou de muito pouco daquele dia ,recordo acordar no SOS do Hospital de Bissau pelas 17 horas a falar com o General Spínola, e nunca sonho com o que lã passei , nem sonho com os camaradas de guerra , a minha cabeça ficou "vazia" de guerra. Estranho este corpo humana