Vi o vento irado...
Vi o vento irado com as núvens.
Elas não se entendiam entre si.
Umas queria seguir para norte.
Saudosas da neve branca.
Outras para o sul.
Mortas por mergulhar no mar.
Chamou a trovoada para as pôr na ordem.
Um trovão tronitruante as estremeceu de medo.
De repente se desfizeram em chuva tão copiosa, fez esbordar os rios.
O mar subiu três pontos.
As marés sumiram as praias.
E as gaivotas, esbaforidas, grasnavam loucas por alimento.
Foi o fim do mundo.
Eis que o rei sol, incomodado com toda a desordem, resolveu intervir.
O céu ficou azul.
O calor serenou a tempestade.
Num instante, tudo ficou em paz...
Roses, 8 de Maio de 2018
9h7m
Jlmg
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Pedras e flores...
O mundo, como a vida,
é tecido de pedras e flores.
Calcamos um chão de abrolhos,
sorrimos à cor das cores.
Há sempre um bem para cada mal.
Uma fonte pura que mate a nossa sede.
A nossa fé e a nossa esperança.
É infinito o céu azul.
Não têm conta as estrelas que só de noite brilham.
Não tem limites o poder da nossa imaginação.
É divina a arte do fulgor das sinfonias
como a de combinar as cores num quadro belo de pintura.
Brilham no tempo os versos geniais de Virgílio e de Homero.
Ainda hoje, desafiam o poder dos deuses as pirâmides colossais que há no mundo.
Quisesse o homem e teríamos já o céu aqui na terra...
ouvindo "Adágios Russos"
Roses, 9 de Maio de 2018
9h5m
Jlmg
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Pairando no ar...
Como gaivota, pairando no ar,
vejo os salpicos brotando das ondas.
Cardumes bailando a alegria da água,
descrevem bailados, num silêncio sem fim.
Desafio as nuvens paradas no céu,
zombando de mim.
O vento tardou.
Abandonadas, ficaram ali como o destino traçou.
E o pequenino farol, implantado ao fundo,
parece tão triste,
esperando nevoeiro para tocar.
No casario ao longe, do lado de lá,
reluzem janelas de vidro, fechadas.
Bate-lhes o sol, reflectem o céu,
emitindo faíscas.
As gaivotas em bandos, disputam os cardumes ocultos,
mal sabem o risco que correm.
Pela estrada, entre a praia e as casas,
zumbem os carros num frémito veloz.
Enquanto as camionetas de carga,
paradas na berma,
descarregam os géneros que atiça o comércio.
E penso: Que sou eu tão minúsculo,
no meio de tudo?
Oiço esta música bem linda e sonho...
ouvindo "Adágios Russos"
Roses, 10 de Maio de 2018
9h33m
dia cinzento
Jlmg
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Nota do editor
Último poste da série de 4 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18603: Blogpoesia (565): "Sombras nos olhos", "Hora das acácias...", e "O sabor das coisas...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728
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