terça-feira, 18 de setembro de 2018

Guiné 61/74 - P19025: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XLIV: Bajudas de São Domingos, 1968: felupes, balantas, manjacas, caboianas, papéis,


Foto nº 1 > Felupe


Foto nº 7 > Felupe


Foto nº 8 > Felupe


Foto nº 6 > Papel



Foto nº 3 > Manjaca



Fotp nº 2 > Balanta


Foto nº 4 > Manjaca



Foto nº 5 > Caboiana


Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > CCS / BCAÇ 1933 (1967/69) > 1968 >   Bajudas de São Domingos, "chão felupe"

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]  



1. Mensagem do Virgílio Teixeira, com data de 17 do corrente:



Caro amigo e camarada Luís Graça,

Estas fotos já foram enviadas em Janeiro deste ano, juntamente com aquelas outras das Felupes da Ilha Maldita. Mas muitas outras, das quais retirei agora estas 8 fotos, nunca foram editadas. Vai agora este pequeno lote, mas tenho para mais 2 ou 3 lotes delas.

Estas fotos foram captadas por mim, com autorização delas [, as bajudas,], depois ofereci uma cópia a cada uma, quando vieram reveladas. Era assim que eu mantinha um bom relacionamento com estas jovens, e com quem convivia no dia a dia.

Com estas apenas pretendo mostrar os vários tipo  de mulher guineense, sem qualquer outro propósito.

Obrigado pela compreensão, e ficam à espera de haver lugar na fila das edições.

Um abraço

Em, 19-02-2018, Virgilio

Revisto hoje, dia 17 de Setembro de 2018


2. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Virgílio Teixeira (*), ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, set 1967/ ago 69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem já cerca de 90 referências no nosso blogue.

Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:

T300 – Postais de Nus Etnográficos: Mulheres e Etnias na Guiné – Bajudas de São Domingos

I - Anotações e Introdução ao tema:

Estas fotos foram captadas exclusivamente para mostrar a grande variedade de modelos e formas dos rostos e troncos nus das Bajudas, as raparigas, solteiras, das diferentes etnias que eu conheci na Guiné, entre 1967 e 1969. São também uma homenagem à beleza da mulher africana.

Este tema já foi parcialmente publicado noutras datas anteriores, ficaram outras fotos, por esquecimento. O texto que vou inserir nesta fase e em outras fases é o mesmo, adaptando-se a cada tipo de fotografias e mulheres.

A primeira parte da minha colecção de fotos, aqui representadas, refere-se a mulheres bajudas de diferentes etnias, habitantes no chão de São Domingos, do Norte da Guiné.

Capturadas predominantemente em São Domingos, Susana e Varela, na zona Norte, redgião do Cacheu, onde passei a maior parte do meu tempo – 18 meses, e na zona Leste, em Nova Lamego, nos primeiros 5 meses da comissão.

Em São Domingos existiam vários tipos de etnias: felupes, fulas, balantas, caboianas, manjacos, banhuns, mancanhas, cassangas, mandingas, e outras.

Em Nova Lamego predominavam de longe os fulas, seguidos, em menor núnero, dos mandingas e pajadincas, E entre os fulas havia castas, tais como futa fulas, futa fula preto, fula forro, fula preto.

As felupes já andavam avançadas 50 anos em relação ao Ocidente, pois usavam apenas tanga e fio dental, como se pode ver. Já utilizavam muitas pulseiras e colares por todo o corpo, era ume espécie de selecção entre elas.

As fotografias a preto e branco foram capturadas entre setembro 67 e fevereiro de 68 em Nova Lamego e depois desta data algumas em Bissau em Março 68, finalmente em São Domingos a partir de abril de 68.

As fotografias – slides – a cores só começam em finais do 1º semestre de 68, embora também tenha a preto e branco depois dessa data, pois que, ora fazia fotos a preto e branco, ora a cores, conforme a câamara e os rolos que havia disponíveis.

Era mais fácil tirar fotos às bajudas, aparigas solteiras e ainda muito jovens. As mulheres grandes só deixavam tirar fotos se o régulo ou o marido autorizassem, e depois dava-lhes uma foto para elas, em troca do favor.

Não afirmo que todas as raças estejam certas, era o que escrevia nas fotos, mas a maioria só escrevia passado algum tempo, e depois nos slides não dava para escrever, é apenas por intuição e lembrança das mesmas.

As felupes são fáceis de identificar, pela sua nudez, tanga e fio dental, pelos roncos usados como pulseiras nos braços, no tronco, colares ao pescoço, cabelos trabalhados e por tudo aquilo que desse mais nas vistas aos rapazes guineenses, era isso a que normalmente se dizia de ‘fazer ronco’.

Espero que quem as visualizar, goste, é esse o meu propósito, sem qualquer interesse que não seja mostrar as gerações vindouras, como era a diversidade cultural no continente africano e em particular no nosso território da Guiné, na época em que lá fiz a minha comissão de serviço militar.


II – As Legendas das fotos:


F01 – Bajuda Felupe, São Domingos, 1968.

F02 – Bajuda Balanta, São Domingos, 1968.

F03 – Bajuda Manjaca, São Domingos, 1968.

F04 – Bajuda Manjaca, São Domingos, 1968.

F05 – Bajuda Caboiana, São Domingos, 1968.

F06 – Bajuda Papel, São Domingos, 1968.

F07 – Bajuda Felupe, São Domingos, 1968.

F08 – Bajuda Felupe, São Domingos, 1968.


«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».

Virgílio Teixeira

Em 17-09-2018

 NOTA FINAL DO AUTOR:

As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. 

Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. 

Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘juízos de valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir. 

Em, 2018-09-17

Virgílio Teixeira

_______________

Nota do editor:

Último poste da série > 15 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19017: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XLIII: O alf mil capelão Carlos Augusto Leal Moita

9 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Grande Virgílio: belas fotos, belos modelos... Seria uma pena que isto fosse um dia parar ao lixo...Cinquenta anos depois, não é possível mais bater estas "chapas", porque se perdeu a diversidade cultural... Não há mais comunidades como estas, no chão felupe, que tu ainda conheceste e registaste em fotografia...

Não dizer que isto é "etnofotografia", caíam-me logo em cima os "cientistas sociais" desta área (antropólogos, etnólogos...). Nem tu eras etnógrafo. Foste um fotógrafo, amadora, esforçado, compulsivo, disciplinado... Tem muitro méridto o teu álbum, daí estarmos a publicar uma parte ou grande parte das tuas "chapas",,,

Vê-se, pelo ar sereno das tuas "modelos", que houve "consentimento informado" (no todo ou em parte)...Houve "compliance", se não mesmo "cumplicidade" entre o fotógrafo e as "modelos"... Para uma bajuda era um grande "ronco" tirar uma foto, sozinha ou com um "tuga", mesmo que os mais velhos, e sobretudo as "mulheres grandes" as censurassem...

Nunca estive no chão fula, nem nunca tinha uma rapariga felupe. O único felupe que conheci foi o 'comando' João Uloma, na altura furriel graduado 'comando', da 1º CCmds Africanos, em Fá Mandinga (1969/71)... Mas confesso que eram lindas as felupes, a avaliar pelas tuas fotos...

Os seus netos (delas...) vão ficar agradecidos ao fotógrafo... Ficam com um documento para a história, as fotos das belas avós quando "bajudas"... OLha que eu não tenho fotos das minhas avós, ou só tenho de uma, que morreu muito jovem, tuberculosa, por volta de 1922, timha o meu pai 2 anos..."Nunca me deu um beijo, só me tocava o cabelo, ao de leve, com os dedos da mão", confidenciava-me o meu pai, Luís Henriques (1920-2012)...

Boa noite. Luis Graça


Ab, Luis

Anónimo disse...

Gostei deste comentário, como de todos os outros. Eu já tenho aqui para mandar outro lote de fotos de várias etnias da Guiné, SD, NL, Bissau, etc.
Eu chamei 'fotos etnográficas' - este foi o nome que sugeriste quando lancei aquelas com as Felupes e a nossa tropa no Rio São Domingos, vinham da então chamada 'ilha maldita' e depois ilha de Bolol. Tens essas e já se via que as Felupes eram mulheres bonitas, dentro do contexto africano e em qualquer parte do mundo, há excepções claro. Aliás conheci, não me preocupa dizer isso, uma das mulheres mais bonitas que conheci até hoje, era negra até dizer chega, mas penteada e vestida à moda ocidental, nunca vi até hoje. Foi em Dakar, no Hotel Al Afifa, na primeira quinzena do ano de 1985, a quando da minha viagem de negócios. Não houve nada, só por razões de consciência e mais não digo.
Quanto ao nome nos meus 'Postes' continuo a escrever etnográficas, mas agora bem me parece que são mais 'etnofotografia' parece mais ajustado, mas não sei nada em termos científicos. Mas vai dar ao mesmo, são fotos de mulheres que conheci, que falei com elas, nada é forçado, tudo era combinado, em dava uma foto às mulheres grandes, nunca me recusaram nada, só tive pena, com tanto material à disposição, andar a fazer fotografia 'patética' tendo como principal protagonista a minha pessoa, em vez de utilizar os rolos todos em tanta outra coisa que hoje já não é possível 'visualizar' . O lote que vai a seguir de 11 fotos, tem de ir por webtransfer pois não cabe no mail. Ficam ainda mais que vou preparando.
..... continua ........

Virgilio Teixeira






Tabanca Grande Luís Graça disse...

Peço desculpa pelos erros no meu comentário de cima... Uma palavra a mais ou menos pode deturpar o sentido...

Aqui vão algumas erratas:

Não POSSO dizer que isto é "etnofotografia", caíam-me logo em cima os "cientistas sociais" desta área (antropólogos, etnólogos...).

Nunca estive no chão fula, nem nunca tinha VISTO uma rapariga felupe.

Anónimo disse...

Já tinha visto que havia ali uma 'incongruência'.
Nunca tinhas visto uma rapariga Felupe, e eu tantas vi.
Então as fotos são 'etnograficas' ou 'etnofotográficas'?
Para mim qualquer um serve, agora para a ciência, isso é outra coisa, estou apenas a postar fotos, nada mais.
Também gostava de saber o que foi feito dumas destas bajudas, esta em destaque é das melhores, pelo menos para os olhos.

Virgilio Teixeira


Anónimo disse...

Deixei para ultimo lugar o papel dos avós.
Também só conheci uma avó, mãe da minha mãe, mas só me lembro em pequeno, 5-7 anos, levar uma bofetada dela que andei de roda. Morreu cedo, sem saudades de ninguém. Os outros, nunca os vi, nem fotos, ou com pestes ou na guerra civil de Espanha. Posso dizer, que nunca tive avós, no sentido estrito do termo. Tá tudo dito.
É um assunto, que também tem umas páginas na minha escrita, mas muito pouco, os meus pais não gostavam de falar dos seus pais.
Virgilio Teixeira

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Virgílio, manda às urtigas as convenções... A fotografia é muito importante para resgatar a(s) nossa(s) memória(s)...E o nosso acervo, sobre a Guiné e a guerra na Guiné (1961/74), é já vasto: muitas dezenas de milhares de documentos: talvez cerca de 80 mil em 15 anos...

Vou criar uma categoria nova: "etnofotografia"... Há fotos tuas (e de outros camaradas) que têm interesse documental para o conhecimento do(s) povo(s) guineense(s) na época "colonial"... E que lhes pertencem...

Estas fotos têm, naturalmente, muitas leituras. É pena que não saibamos o nome e a idade das bajudas...

Anónimo disse...

Um bom dia matinal (com nevoeiro),

É claro que se soubesse o que sei hoje, tudo seria muito diferente!
Até lhes pedia o registo de nascimento, para fazer as suas arvores genealógicas!.
Vou passar então a chamar a todas estas fotos com protagonistas da Guiné, como 'etnofotografia'. Isto abrange tudo, homens. mulheres, crianças, (e já agora as galinhas e outros animais caseiros).

Todo este espolio pertence também ao povo guineense, quem dera que eles o aproveitem.
Eu gostava de saber o paradeiro de algumas que conhecia bem (relativamente), do Djubi, meu amigo maneta, etc.
Seria uma grande honra para mim, e ficaria plenamente satisfeito, se uma destas pessoas guineenses, aparecesse e me dissesse: Sou eu esta!!!!
Mas já vi aqui em fotos, um camarada que fez recentemente uma viagem lá no local onde esteve, abraçado à sua ex-lavadeira, quase 50 anos depois, como é possível? Tinha de haver uma grande cumplicidade entre eles, penso eu de que!

Virgilio Teixeira

Cherno Baldé disse...

Caro amigo Virgilio,

Também me sensibilizou muito aquela imagem do reencontro de duas pessoas, passados mais de 50 anos e que se estimavam muito, ao que parece. Mesmo que nao houvesse nenhuma "cumplicidade", amigo Virgilio, acho normal que o coraçao e os sentimentos falassem mais alto em momentos assim.

Com um abraço,

Cherno Baldé


Anónimo disse...

Caro amigo Cherno Baldé:
Obrigado pelas tuas palavras que me sensibilizam, e muito. Um homem da Guiné, nosso amigo e camarada da Tabanca Grande, manda estas palavras, simples, mas que dizem tudo. O nosso coração ainda está na vossa Guiné, que também é nossa.
No dia em que cheguei à Guiné, 51 anos depois.
Em, 21 Set 2018,

Virgilio Teixeira