sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19072: In Memoriam (328): Homenagem da Tabanca de Matosinhos ao João Rebola (1945-2018)... O toque de silêncio e o poema com que nos despedimos dos heróis (José Teixeira)


João Rebola (1945-2018). Foto: Tabanca de Matosinhos


1. Mensagem do dia 4 de Outubro de 2018, do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70):

Assunto - A Homenagem da Tabanca de Matosinhos ao João Rebola

O João Rebola era um cativador de amigos. À volta dele vivia-se a amizade, a alegria e a boa disposição. Aquele homem nunca deixou transparecer desanimo ou tristezas, mesmo quando já minado pela doença, nos recebia em sua casa.

Agora que partiu ao encontro do Criador, sentimo-nos mais pobres.

Na despedida final foi bem patente a amizade que o unia a muitos camaradas da Guiné que se cruzaram com ele nos últimos anos da sua vida. Uma presença massiva de gente que palmilhou as picadas da Guiné, vinda de norte e sul do país, que lhe quis prestar a ultima homenagem com a presença nas cerimónias fúnebres.

Em devido tempo, o Eduardo Moutinho Santos, Presidente da Tabanca Pequena - Grupo de Amigos da Guiné- Bissau, transmitiu aos presentes, em nome da Tabanca Pequena e da tertúlia da Tabanca de Matosinhos, as seguintes palavras:


UMA DESPEDIDA ...

Caro João Rebola

Com a permissão da Elsa e dos teus filhos Maria João e Miguel, em meu nome pessoal e dos teus amigos e camaradas da Tabanca de Matosinhos aqui presentes, e também de todos aqueles que, por vários motivos, aqui não podem estar neste nosso último encontro, queria recordar-te - pelo resto dos dias que ainda por aqui andarei - com algumas palavras para expressar-te a gratidão que sinto por teres permitido há uma dezena de anos que, por nos termos encontrado e conhecido na Tabanca de Matosinhos, eu fizesse parte do teu círculo de amigos e camaradas. E acredita que, de facto, sinto de todo o meu coração que fomos amigos e camaradas com a magnitude que estas palavras encerram.

- Apesar de ter sido bancário durante mais de 23 anos, e ter andado muitos anos pelo Sindicato desempenhando várias funções e cargos sindicais, nunca – se a memória me não atraiçoa – ali nos encontrámos. Felizmente que eu não era grande “cliente” dos SAMS.

- E apesar de a nossa permanência na Guerra ter coincidido no tempo, e os nossos aquartelamentos na Guiné - Có e Jolmete - apenas distarem uns 15 kms entre si, as condições do terreno e a guerra não permitiram que tivéssemos oportunidade para qualquer encontro.

Assim, foi a necessidade de conviver e partilhar experiências nos convívios da Tabanca de Matosinhos, para fazermos a catarse do stress da guerra, que levou a conhecermo-nos e a unir os nossos esforços e os de muitos camaradas de armas, seu familiares e amigos, na missão que atribuímos à nossa ONGD, a Tabanca Pequena-Grupo de Amigos da Guiné-Bissau, de proporcionar ajuda às populações daquele martirizado país irmão.

E, caro João, nessa missão foste o melhor de todos nós, o mais entusiasta e o mais empenhado, ou seja, o primeiro.

Obrigado João por teres aceitado o meu desafio para participares na Direção da ONGD como tesoureiro, e me teres mostrado que é sempre possível, com muito pouco, dar sentido àquela máxima da Madre Teresa de Calcutá que tinhas como lema de vida: “Não devemos permitir que aquele que vem ter connosco saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz.”

João, continua, onde quer que estejas, a abençoar a Elsa, a tua para sempre companheira, amiga e amante, e os teus filhos Maria João e o Miguel que te terão para sempre no coração.

Perdoem-me, mas faltam, ainda, uma palavras de todos nós, teus camaradas de armas. A guerra, por que passamos na nossa juventude, matou-nos a todos um poucochinho que fosse. Por isso, devemos considerar-nos merecedores da homenagem que se presta aos que caem em combatem. Aqui fica essa homenagem e deixo-te com o toque de silêncio e o poema com que nos despedimos dos heróis:


Toque do SILÊNCIO ... (música de fundo).

O dia terminou, e o sol escondeu-se
sobre os lagos, nas colinas e no horizonte.
Mas tudo está bem,
a luz ténue obscurece a visão,
e uma estrela embelezando o céu
e brilhando luminosa,
aproxima-se ao longe.

Cai a noite.
Graças e louvores pelos dias vividos
debaixo do sol,
debaixo da chuva,
debaixo das estrelas e
debaixo do céu.

E enquanto percorremos o nosso caminho
- disso temos a certeza –
Deus está próximo.

Descansa em paz!!! JOÃO

02/10/2018

Eduardo Moutinho Santos

[Publicado também na página do Facebook da Tabanca de Matosinhos]
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Nota do editor:

Último poste da série >  2 de outubro de  2018 > Guiné 61/74 - P19064: In Memoriam (327): António Manuel Sucena Rodrigues (1951-2018): até sempre, camarada ! (António Duarte, Jorge Araújo, Luís Graça)

1 comentário:

Anónimo disse...

Bela homenagem a um camarada que mereceu o meu respeito.
Cumprimentos.
José Câmara