domingo, 30 de setembro de 2018

Guiné 61/74 - P19058 (Ex)citações (344): os canhões... de Bigene!... No tempo da CART 3329 (1970-1972) e depois no meu tempo, de outubro a dezembro de 1972, havia 3 obuses 14 (140 mm) e 5 morteiros 81 (Eduardo Campos, ex-1º cabo trms, CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74)

1. Mensgem de Eduardo Campos, Eduardo Campos (ex-1.º cabo rádio.telegráfico,  CCAÇ 4540, "Somos um Caso Sério", Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar. Nhacra, 1072/74)


Date: sexta, 28/09/2018 à(s) 17:49

Subject: Os canhões... de Bigene!


Boa tarde Luís:

Respondendo ao teu pedido sobre os "canhões de...Bigene" (*),,,

Depois de vários contactos com camaradas da Cart 3329 ], a quem fomos substituir, em 18/10/1972,] e o responsável do Pelotão de Artilharia à época,   constatei o seguinte.

(i) A Cart 3329 durante a sua permanência em Bigene teve 16 ataques ao aquartelamento, um dos quais provocou destruição de algumas infrasturas militares e feridos (ligeiros) entre  civis e militares.

(ii) Nesse ataque foi danificado e ficou inoperacional um obus 14 durante cerca de 30 dias;

(iii) Nada há mais a registar sobre o assunto, no período de 1970 a 12 de Dezembro de 1972, data em que saí de Bigene com destino a Cadique, noCantanhez;

(iv) Entretanto nas buscas efectuadas ao meu arquivo, poderei informar que existiam três Obuses 14  [140 mm} e 5 Morteiros 81 (em anexo, envio mapa, muito rudimentar).(**)


Mais alguma dúvida, como sempre fico ao teu dispor.

Um abraço. 

Eduardo Campos



Planta topográfica de Bigene. Cortesia de Eduardo Campos


 2. Também o A. Marques Lopes acrescentou o seguinte, com data de 27 do corrente:

Caro Luís

Sobre 1972 e 1973 não posso dizer nada. Não estava lá, a minha guerra já era outra. Mas o que posso dizer é que nunca ouvi falar desses canhões quando estive em Barro, de Maio de 1968 a princípios de 1969, mesmo quando me deslocava até Bigene para participar nas operações do COP3, até nas conversas que tinha com o Major Correia de Campos. E não creio que houvesse lá disso, pelo menos naquele tempo, pois quando Barro era atacado era natural que dessem uma ajuda dado que fica a pouco mais de 15 kms de Bigene e, segundo os especialistas que escreveram no blogue, as suas “bujardas” chegariam lá.

Abraço
Marques Lopes

________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19046: (D)o outro lado do combate (36): Bigene, agosto de 1972, «Operação Silenciosa"... (Jorge Araújo)

8 comentários:

Unknown disse...

Caro Luís,

Em OUT de 1969 participei em Bigene numa grande operação, onde
a Artilharia flagelou o IN com Obuses 10,5, 14 e peças 11,4 foi
uma barragem de tiro com bocas de fogo com alcance máximo 10 km
a 24 km. Fiquei lá cerca de um mês. Deixamos obuses 10,5(2) em
Barro. Creio que em Bigene ficaram obuses 14. Eu levei dois 14
para Pelundo. Sem querer entrar em conflito informo que na
Artilaharia não são canhões(Infantaria), são obuses e peças de
Artilharia ou Bocas de Fogo.

Forte abraço,

J.D.S.Faro
68/70

Cherno Baldé disse...

Caros amigos,

Afinal, sempre os canhoes de Bigene existiram, pelo menos a partir dos anos 70, segundo o vosso camarada Eduardo Campo, se eram de 140mm ou nao; se eram 2 ou 3 sao pormenores tecnicos que interessam pouco a um espiao em tempo de Guerra (Também na operaçao Mar Verde, os espioes nao conseguiram saber da localizaçao exacta dos avioes de Guerra em Conakri, se calhar nem sabiam se eram do tipo MIG21 ou F16).

Num periodo de mais ou menos 2 anos, houve 16 ataques a Bigene durante a permanencia da CART 3329, num dos quais houve o silenciamento temporario de um obus 14. O Eduardo nao diz a data em que tal ataque aconteceu. Isto é normal na Guerra da Guiné, dirao alguns, mas poucos de nos gostariam de estar la, naquelas condiçoes. Sao estatisticamente 1,3 ataques em cada 2 meses, 0,6 por mes, entre 1970/72.

Todos estes elementos permitem dizer que, provavelmente, houve alguma propaganda, coisa normal naquela Guerra que nao era so de metralha, mas que nao se trata, de forma alguma, de fanfaronice barata ou até de despudorada mentira, como se ventilou nos comentarios do post anterior. Haja mais paciencia.

Ha um provérbio guineense que diz: Mesmo que nao gostes do Lobo, nao lhe des palha de abobora. Pessoalmente nao gosto do PAIGC, mas nao é por isso que deixo de reconhecer que os seus guerrilheiros sao tudo menos fanfaroes.


Com um abraço amigo,


Cherno Baldé



Tabanca Grande Luís Graça disse...

Cherno, obrigado pelo teu comentário... sempre oportuno, sempre pertinente, sempre respeitado... Aqui, neste blogue, um das regras, às vezes esquecida, é "o respeito pelo inimigo de ontem, o PAIGC, por um lado, e as Forças Armadas Portuguesas, por outro"...

22 DE JULHO DE 2011
Guiné 63/74 - P8588: O Nosso Livro de Estilo (1): Política editorial do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2011/07/guine-6374-p8588-excitacoes-143.html


No calor da discussão, às vezes "excedemo-nos"... Não é por chamarmos "nomes" ao outro (, neste caso, os antigos guerrilheiros do PAIGC que nos combatiam...), que lhe aumentamos ou diminuimos o seu mérito, coragem, patriotismo, etc.

Este "comando" do PAIGC que atacou, com RGP, os espaldões dos obuses de Bigene, foi temerário e valente e paciente... Eles não eram mais do que 25... Não calaram a "artilharia colonialista" mas puseram, ao que parece, um dos obuses fora de serviço durante um mês...

Respeitemos a verdade dos factos... Mantenhas, abraços, Luis

Manuel Luís Lomba disse...

Pelos vistos, a "Operação Silenciosa" da infantaria do PAIGC contra a artilharia dos tugas em Bigene é uma mentira - a manobra foi corajosa, mas teve de ser muito ruidosa, em altos decibéis, se é que pôs os dois os obuses fora de combate à morteirada e à bazucada. Seria silenciosa - e frutuosa!- se ousassem infiltrar-se e sabotar o paiol, em vez de terem feito tiro ao alvo a peças tão grandes. As colocações de minas e armadilha eram sim, silenciosas. E que terríveis!
As guarnições tugas sabiam lidar com operações silenciosas?
O assalto aos paióis nacionais do polígono militar de Tancos dá as respostas...
Abr.
Manuel Luís Lomba

Valdemar Silva disse...

Luis Lomba
O assalto aos paióis de Tancos vai dar muito que falar, ou não.
Como é que o rapaz sozinho consegue roubar todo aquele material militar?
Houve mesmo assalto? Ou uma negociata de munições 9mm e resto foi só para atrapalhar?
'Qual é a coisa, qual é ela, que cai ao chão fica amarela com muitos pelos à volta?'
Afinal que material de guerra foi encontrado na Chamusca? Quem é que o recepcionou quando, depois, foi entregue?
Por cá andaremos para ver o que isto vai dar…
O Vasco Lourenço disse, na altura, que lhe pareceu ser 'uma treta' (não me recordo do termo certo)para encobrir a falta de material. Não disse munições, mas penso eu que fosse.


Ab.
Valdemar Queiroz

Carlos Vinhal disse...

Camarada Valdemar, falo na qualidade de simples leitor deste blogue que anda por aqui há 12 anos, mais coisa menos coisa. Que tem a ver o roubo de Tancos com este poste? Vamos abrir aqui uma discussão pública sobre Tancos?
Perigoso, digo eu.
Abraço.
Carlos Vinhal
Ex-Fur Mil Art MA
CART 2732
Leça da Palmeira

Valdemar Silva disse...

Ok. Carlos Vinhal
Foi só um pequeno comentário/resposta ao Luis Lomba.
Mas…

Um abraço e saúde para continuarmos mais 12 anos.

Valdemar Queiroz

Rogério Silva disse...

Houve antes (1967/1968) dois obuses um de 14 e outro de 8.5, em Bigene, que foram retirados quando da visita de Américo Tomás a Bissau.
Nessa semana sofremos (CART 1745) 3 ataques.
Abraço a todos em especial ao Marques Lopes
Rogério T. Silva.