Tempo perdido
Encontrei o tempo.
Um monte. Parado e triste.
Estava perdido.
Ali o deixaram.
O monte crescia
Com cada um que parava.
Não tinha futuro.
Não tinha passado.
E, o pior,
Para nada servia.
Tempos sem história.
Retalhos de vidas
Que a vida estragou.
Cheirando a ócio.
Tanta riqueza somada,
Se quem os perdeu
Os tivesse vivido,
Fazendo o bem
Ao serviço de todos.
Só há que esquecê-los.
Que seus donos voltem
E ali fiquem parados,
Perdendo a vida...
Berlim, 26 de Setembro de 2018
17h27m
Jlmg
********************
Se me queres ver alegre...
Se me queres ver alegre,
olha-me nos olhos e sorri.
Dá-me a tua mão para te ajudar a descer para o chão.
Lê um dos meus poemas e, se gostaste,
faz-mo sentir do jeito que tu quiseres.
Até pode ser um beijo ou um simples esgar do rosto, sem palavras,
onde eu leia comoção.
Me alerta dos meus erros, sintácticos ou de grafia.
Realça-me o que mais gostaste para eu tentar repeti-lo.
Vem a mim quando eu disser ou a alma to pedir.
Vamos os dois à beira-mar espraiar os nossos sonhos.
Como crianças,
Jogar à guerra com lances de água e ficar horas a olhar o mar...
Berlim, 24 de Setembro de 2018
9h44m
Jlmg
********************
Fujo pró mar...
Fujo pró mar,
desesperado da terra,
humanidade perdida,
inundada de mal.
Não há buraco do chão
donde ele não nasça.
Enche os palácios,
castelos dos vícios,
escraviza os governos,
com gula atroz.
Tudo lhes serve
pra que possam reinar.
Esgotam as fontes
que alimentam a terra,
com guerras sem conta.
Desgraçam os povos
que vivem pacatos.
Inventam teorias
que fazem tremer.
A humanidade não conta,
no fundo do ser.
Uma terra selvática
donde há que fugir.
Só um dilúvio a voltaria a limpar...
Berlim, 27 de Setembro de 2018
8h48m
Jlmg
____________
Nota do editor
Último poste da série de 23 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19038: Blogpoesia (586): "Todos os Santos dos céus...", "Sentado no banco..." e "Mercado das arestas", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728
Sem comentários:
Enviar um comentário