quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19068: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XLV: Quando as nossas viaturas blindadas Daimler tinham nomes de mulheres, Vera, Luisa...


Foto nº 10


Foto nº 9


Foto nº 8


Foto nº 2


Foto nº 2A


Foto nº 5


Foto nº 5A


Foto nº 1


Foto nº 3


Foto nº 6


Foto nº 4


Foto nº 7

Guiné > CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e Dão Domingos, 1967/69) >  Viaturas blindadas Daimler

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] 



1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Virgílio Teixeira (*), ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, set 1967/ ago 69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem já cerca de 90 referências no nosso blogue.


  Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:

T102 – OS BLINDADOS DAIMLER

PELOTÕES DE AUTO METRALHADORAS LIGEIRAS Nº 1129 e nº 1143
– NOVA LAMEGO, CACHEU E SÃO DOMINGOS


I - Anotações e Introdução ao tema:

Este tema pretende mostrar as fotos e protagonistas, das chamadas AML, que também eram conhecidas por Carros Blindados Ligeiros, as quais fui observando ao longo da minha estadia, primeiro em Nova Lamego, onde existiam 2 Pelotões, e que também as vi no Quartel do Cacheu, e em São Domingos, onde apenas existia uma unidade.

Em Nova Lamego, era um Blindado que não passava despercebido, pois em cada coluna que saia da Sede do Batalhão, iam sempre acompanhadas por pelo menos 2 unidades, em especial nas colunas para o Cheche e Madina do Boé.

Muitas se ficaram pelos caminhos, na sequência de rebentamentos de minas, e emboscadas a colunas, elas ficavam em parte nas estradas, e algumas iam encher o ‘cemitério de viaturas’ na sede em Nova Lamego.

Tive grande cumplicidade com todos os elementos destes pelotões, conhecia os camaradas todos, mas só me lembro de um condutor, o Fiúza, que aparece a segurar um cadáver de um terrorista morto, na sequência da morte do alferes Gamboa, numa emboscada entre Nova Lamego L e Piche, por onde passei algumas vezes.

Sinto a tal nostalgia destes pequenos blindados, pois lembra-me sempre as colunas para Madina, e as lembranças do passado trágico.

Existia no início, em Setembro de 67 e talvez até Dezembro de 1967, o Pelotão [Pel Rec Daimler] 1129, julgo que são aqueles que aparecem nas primeiras fotos em Nova Lamego. Duas são festas de confraternização, e podem ter tido como motivo, a sua despedida do sector, mas não tenho certeza nenhuma.

Depois julgo que teriam saído da zona ou do Sector, e aparece o Pelotão  [Pel Rec Daimler] 1143. Eu julgo que deverá ter chegado a quando da nossa saída de Nova Lamego em Fevereiro de 68, e o Alferes que comandava este Pelotão deve chamar-se Nobre.

Esse camarada, que eu o conheci em Nova Lamego, por pouco tempo, acabei por encontrá-lo em Vila do Conde, nos anos 70 ou 80, não sei. Conheci-o perfeitamente, e um dia, passados muitos anos, talvez há uns 10 anos atrás, cheguei à conversa com ele, disse que o conhecia de Nova Lamego, das Daimler, e que foi ainda comandado algum tempo pelo BCAÇ1 933, como consta na HU, mas ele, não sei por que razão, insistiu que esteve em Nova Lamego, na mesma época do que eu, não me conhecia, e insistiu que pertenceu ao outro Batalhão que nos foi render. Face a tantas evidências, não sei porquê, ficamos cada um com a sua opinião. Não sei se está complexado por pertencer à Igreja cá do Local, e ser um daqueles – não sei o nome - que também dão a hóstia no fim da missa, é ajudante do prior, mas a mim não, só fui umas vezes, ele só disse que se chamava Alferes Nobre, mais nada.

Alguns blindados têm nomes escritos, não sei se são de origem, ou foram baptizados pelos seus condutores e a tripulação. Uma tem o nome de Vera e outra de Luísa.

Este último está no cemitério de viaturas, pois foi danificado por minas A/C.

Algumas destas fotos podem já ter sido publicadas, no âmbito de outro tema, mas não encontro nada a este respeito, pelo que peço desculpa pela sua repetição infundada.

Todas estas fotos foram cedidas para a publicação de um livro sobre ‘Os Grandes Veículos Militares Nacionais’, editado em Abril deste ano, e já esgotado e com nova edição a sair até ao final do ano. Foi um orgulho para mim ter fornecido essas e outras fotos para o livro, de um total de cerca de 40 foram editadas 7 das minhas, a maior participação individual no livro.

II – As Legendas das fotos:

F01 – Festa de confraternização entre os elementos do Pelotão Daimler.

Encontro-me eu, de camisa branca, sentado em cima de uma Daimler, o alferes, comandante do Pelotão, cujo nome não sei, o 3º de óculos da esquerda para a direita, o soldado condutor Fiúza, em pé no extremo direito de braços abertos, entre outros militares. Foto captada em Nova Lamego, em Novembro de 67.

F02 – Junto de uma Daimler – a Luisa – que tinha sido atingida por uma mina A/C. Foto captada em Nova Lamego, em Novembro de 67.

F03 – Outro aspecto da confraternização referida na foto F01, com a malta das Daimler. Além dos já referidos, está de novo um casal, é o sargento do Pelotão e a esposa dele. Foto captada em Nova Lamego, em Novembro de 67.

F04 – Junto a uma Daimler de nome Vera, nas oficinas mecânicas do Batalhão. Nova Lamego, 1967.

F05 – Cemitério de viaturas, entre as quais algumas Daimler. Nova Lamego, 1967.

F06 – Um blindado Daimler, fazendo a segurança na pista de Nova Lamego, a um avião Dakota e à sua tripulação. Foto captada em Nova Lamego, no 4º trimestre de 1967.

F07 – O soldado Fiúza, condutor de Daimler, junto ao cadáver de um guerrilheiro morto, segurando a cabeça com a ajuda de outro militar. Penso que foi este soldado que esteve na operação que deu origem a esta morte do IN. Foi na sequência da emboscada onde o IN numa emboscada causou a morte ao nosso camarada ex-alferes Gamboa. Foto captada em Nova Lamego, em 14 de Dezembro de 1967.

F08 – Junto a um blindado Daimler no Quartel do Cacheu, no 1º semestre de 68.

F09 – Junto a um blindado Daimler no Quartel do Cacheu, no 2º semestre de 68.

F10 – Junto a um blindado Daimler e Posto Administrativo da cidade de Cacheu. Foto captada no Cacheu, no 1º semestre de 1969.

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».

Nota final do autor:

As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘juízos de valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir.

7 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Virgílio, em Guileje, nos primórdios da guerra, havia uma Fox que tinha a alcunha de...."Bêbeda". Ficou assim imortalizada para a História....


18 DE MAIO DE 2007
Guiné 63/74 - P1766: Guileje: A Bêbeda, uma Fox do Pel Rec 839 que ficará imortalizada no diorama (Nuno Rubim)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2007/05/guin-6374-p1766-guileje-bbeda-uma-fox.html


Tu agora descobres umas Daimler que eram Luísas e Veras, que por lá ficaram, ingloriamente, no cemitério da sucata da guerra...

A rapaziada dos Pel Rec Daimler davam nomes femininos às suas "bailarinas", tal como os pescadores da pesca costeira davam os nomes de mulheres às suas frágeis embarcações... E os metereologias também dão nomes femininos aos... furacões!...Florence, Helena...
,
Sera para exorcizar os nossos fantasmas e pesadelos ?... Isto já não é para sociólogos mas para os "psis"...

Obrigado pela partilha.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Caraterístivas da Daimler MK III

Tipo Autometralhadora ligeira
Origem Reino Unido
Peso 3,215 Ton
Comprimento 2,23 m
Largura 1,72 m
Altura 1,5 m
Guarnição 2 homens (chefe de carro e condutor)
Blindagem 8 a16 mm
Declive 60%
Vau 1,1 m
Altura do solo 20,3 cm
Armamento / Munições 1 Metralhadora Dreyse e 1.200 cartuchos
Motor Gasolina de 2500 cc, 55 hp a 4.200 rpm, de 6 cilindros em linha e arrefecimento por líquido
Transmissão 5 Velocidades00 litros
Relação peso/potência 17 para a frente e uma para a retaguarda
Depósito de combustível 1,1 hp/Ton
Suspensão Suspensão de molas e amortecedores. Pneus com sistema runflat
Velocidade máxima 88,5 Km/h
Velocidade de cruzeiro 50 Km/h
Velocidade em todo o terreno 40 Km/h
Autonomia 322 Km em estrada
Sistema elétrico 12 V
Rádio e intercomunicação As viaturas que serviram no exército português não tinham rádio nem inter comunicação

Fonte:

Título: O Emprego Operacional das Unidades de Reconhecimento Blindado na Guerra de África (1961-1975).

Autor: Aspirante de Cavalaria Fábio André Jesus da Silva

Lisboa, Academia Militar, Mestrado Integrado em Ciências Militares na especialidade de Cavalaria (Relatório Científico Final do Trabalho de Investigação Aplicada
Lisboa, Junho de 2016).

https://comum.rcaap.pt/handle/10400.26/15200

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Virgílio, não sou especialista em... "viaturas blindadas", além disso fui um "infante"... Os camaradas de cavalaria é que nos pode, ajudar... Mas, pela minha (in(cultura geral, parece-me que o termo "blindado" é mais correto quando aplicado a "carros de combate",. que eu não conheci na Guiné, no meu tempo... Daimler é uma "scout car", uma viatura de reconhecimento, com uma única arma a bordo...

Foram corajosos os rapazes dos Pel Rec Daimler que nos acompanhavam bas colunas logísticas.. Mas uma coisa era andar em estrada alcatroada (Bambadinca-Bafatá), outras nas picadas (Bambadinca-Xime; Bambadinca-Mansambo-Xitole-Saltinho), e nomeadamente no tempo das chuvas... Podiam reagor, com prontidão e eficácia, em caso de emboscada... desde qu a primeira roquetada não fosse para elas... A blindagem era pequena (10 mm / 1 cm)...E a viatura virava-se com facilidade, em terra batida... Mas dava-nos confiança "psicológica"...

Anónimo disse...

Luís, agora fiquei com uma cultura geral sobre as Daimler. Não fazia nenhuma ideia de tantas características. O nosso Aspirante de cavalaria Fabio, fez aqui uma boa descrição, aliás, isto deve estar tudo no 'Livro de Instruções' do fabricante, tal como os nossos carros, não blindados.
O nome de 'viaturas blindadas' foi aplicado pelo Autor do tal livro que já falei. Eu legendei as Daimler como Auto Metralhadoras Ligeiras, era assim que lhe chamavam em Nova Lamego, e ele alterou na sua publicação para 'blindados'. Acho que pela qualidade do livro ele deve saber 'teoricamente' muito sobre estes assuntos, assim me deixei levar, mas vou continuar a chamar-lhe Daimler, apenas.
Foi ele numa das fotos publicadas no Livro, que chamou a atenção para os nomes inscritos, Luisa e Vera, eu nunca tinha reparado nisso, não vejo as coisas assim com tanta profundidade.
Acho que tens razão eram uns 'blindados' que davam apoio psicológico, mas eram muito martirizadas no itinerário, NL, Canjadude, Cheche, e tantos outros lugares, por isso o cemitério estava cheio delas e de GMC também.
Eu cheguei a entrar dentro duma, mas ficava com claustrofobia, apertado, e não gosto dos apertos.
Virgilio Teixeira

Anónimo disse...

Quanto aos nomes que se dava a tanta coisa, é verdade, agora reparo.
Eu vou todos os dias até à doca do peixe em Vila do Conde, passear apenas com a minha mulher, e com tantos barcos ali à nossa frente, estou a ver todos com nomes de mulheres e santas, não há um único barco que tenha nome de homem!
Hoje vou rectificar mais logo, e já confirmo.
Quanto ao resto tudo bem, mas não sei a razão porque os meteorologistas dão nomes femininos aos furacões, tufões, tempestades etc.?
Deve haver uma razão para tal!
Será que as mulheres são assim tão bravas?

Agora a propósito, e os nomes que a nossa PJ e outras, dão às operações que fazem? Tem a ver com o caso em si, por exemplo, O Polvo, Lava Jato, e outros que não quero falar agora.

Também vem a propósito os nomes das centenas de operações que aparecem na História da Unidade, são nomes ao acaso julgo eu, porque não fazem sentido nenhum com a operação em si, era apenas um nome de código, por exemplo:
- Em Nova Lamego, todas as operações descritas começam por "L" de Lamego;
- Em São Domingos todas começam por "D" de Domingos.

Um abraço, Virgilio

Tabanca Grande Luís Graça disse...


Luís Graça
Luís Graça
3 out 2018 11:56

Assunto - A AML Daimler: o elogio


Camaradas de cavalaria, e nomeadamente comandantes dos Pel REc Daimler

A nossa "bailarina" foi uma grande senhora... Temos que lhe dar uma "gabadela", como se diz no Norte...Há quem só diga mal: estava sempre "doente", "inoperacional"... Nâo é verdade, dava-nos confiança, aos "infantes", e nomeadamente nas colunas logísticas...

Fui de "boleia", "montado nela"..., algumas vezes. Jogando à roleta russa, sem picas nem escolta... Por exemplo, de Bambadinca ao Xime, só para beber um copo, com a rapaziada de lá... 12/13 km, passando pelo destacamento do Rio Udunduma... Brincadeiras estúpidas, de quem já estava "apanhado pelo clima", com mais de um ano de Guiné e de guerra...

Vocês fizeram das tripas coração, com o material que receberam... Gostava que comentassem este poste, do Virgílio Teixeira...

Anónimo disse...

FUI CONFIRMAR OS NOMES DOS BARCOS PESQUEIROS DE VILA DO CONDE, NA VERDADE HÁ ALGUNS COM NOMES DE MULHERES, MAS A MAIORIA É COM NOME DE SANTAS...
Virgilio Teixeira