Foto do francês Pierre Fargeas (técnico que fazia a manutenção dos helis AL III, na BA 12, Bissalanca), gentilmente enviada pelo nosso camarada Jorge Félix (ex-Alf Mil Pil Heli, BA12, Bissalanca, 1968/70).
Foto: © Pierre Fargeas / Jorge Félix (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem:Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
I. Em complemento da brochura "Os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações", da Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológica (Rep ACAP), que publicámos anteriormente (*), reproduz-se a aqui a Directiva 43/68 - Reordenamento de populações e organização em autodefesa, de 30 de setembro de 1968 (**).
Directiva 43/68 - Reordenamento de populações e organização em autodefesa
1. O reordenamento das populações e a sequente organização das tabancas em autodefesa é um problema complexo e que requer técnica especializada.
2. Com efeito, o problema do reordenamento das populações não pode ser encarado com a superficialidade com que o tem sido, antes requer meditação e estudo profundo em íntima ligação com os serviços do Governo da Província, no sentido de se definirem as áreas economicamente ricas que, num reordenamento bem planeado, se deverão transformar em pólos de desenvolvimento económico-social.
Para além do aspecto episódico da defesa da população, problema de reordenamento das populações surge-nos como um imperativo de progresso dos povos, e como deverá ser encarado, por forma a que as áreas reordenadas se transformem simultaneamente em «pólos de atracção das populações e de irradiação de progresso».
Ao equacionar-se o problema do reordenamento, não se pode deixar de atender à compartimentação étnica da Província, a qual não só deverá ser respeitada como até fomentada.
3. O problema da defesa das áreas reordenadas (conjuntos de tabancas em autodefesa) também requer aprofundado estudo, com vista a estabelecerem-se «esquemas de dispositivo» suficientemente flexíveis para permitirem a escolha e adaptação daquele que, para cada caso, melhor se ajuste às condições locais.
Independentemente do trabalho de planeamento, haverá ainda que dar assistência técnica nas diferentes fases de execução, até que o conceito de «autodefesa» se transforme numa realidade efectiva e não num conceito simbólico sem qualquer significado prático.
Não se deve perder de vista que a organização de uma tabanca em autodefesa envolve responsabilidade da nossa parte perante a respectiva população, a qual perderá totalmente a confiança em nós se a defesa não se revelar eficaz em relação às reacções do IN.
4. Porque os problemas enumerados em 2 e 3 se revestem de alta importância, e têm necessariamente que ser equacionados à escala provincial, o seu estudo foi centralizado num dos departamentos do gabinete militar do Comando-Chefe, a que competirá:
- estabelecer ligação com os serviços da Província com interferência directa ou indirecta na resolução do problema;
- centralizar o estudo, controlo e fiscalização de todos os problemas de reordenamento e autodefesa da Província;
- elaborar «normas gerais para o reordenamento das populações e organização em autodefesa»;
- colaborar o CTIG (Comando de Agrupamento e Batalhões Independentes) com as autoridades administrativas locais no reordenamento das populações;
- e dar a necessária assistência técnica no desenvolvimento do planeamento traçado.
5. A execução dos planos de reordenamento e de autodefesa é da responsabilidade dos respectivos comandantes, em colaboração com as autoridades administrativas locais.
6. Deve ser dado conhecimento desta directiva até ao escalão companhia, ficando interdito aos comandos e autoridades administrativas tomar decisões em matéria de reordenamento e autodefesa sem prévia consulta ao gabinete militar do Comando-Chefe.
Bissau, 30 de Setembro de 1968.
O Comandante-Chefe,
António Sebastião Ribeiro de Spínola,
Brigadeiro.
[Revisão e fixação de texto: JM / LG]
___________
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 21 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19215: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (61): os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações, brochura da Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológica [ACAP], do QG / CCFAG - III (e última) Parte
(**) Vd. poste de 1 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13555: Directivas emanadas pelo COM-CHEFE, Brigadeiro António de Spínola em 1968 (3) (José Martins)
Vd. postes anteriores:
3 comentários:
Eu conheço este camarada de boina e arma a tiracolo. Além dos outros, Spinola e Costa Gomes.
Lembro-me bem desta cara, talvez de Nova Lamego (21set67-26Fev68) talvez da CCAÇ5. Ou depois em S.Domingos a partir de Abril de 68. Não sei o nome, mas esta foto parece mais NL, em anos em que eu já não estava lá.
Bela recordação.
Em, 2018-11-22
VT.
Esta foto foi tirada em Caboxanque. Da direita para a esquerda reconheço um dos chefes da tabanca de Caboxanque com quem reuni com frequência nos 18 meses em que lá estive, um oficial da comitiva do Gen Spinola responsável pela acção psico/reordenamento, o Cap. Carvalho Bicho que em Caboxanque comandava a companhia de infantaria 4541 ,o Gen. Spinola, o major de Art. Nelson de Matos que comandava o agrupamento de Caboxanque, um milícia de Cufar,o Gen. Costa Gomes e um militar que não consigo identificar.No livro do Cor. Moura Calheiros "A Ultima Missão" na pagina 351 encontrarão uma outra fotografia desta visita. Na pagina 337 do mesmo livro de pé está o Cap. Carvalho Bicho e sentado o Cap. Paraq Terras Marques, cuja companhia nesta altura se encontrava em Caboixanqu, em reunião com chefes locais.
Rui Pedro Silva
C.Cav. 8352/72
Esse chefe de tabanca, é o mesmo que eu falei?
de boina, e arma a tiracolo?
Essa cara não me é nada estranha, mas não conheço Caboxanque, nem sei para que lados fica.
Por isso ele pode ter estado na CCAÇ5 em Nova Lamego ou Piche.
Vou tentar procurar mais algo.
Em, 2018-11-23
Ab, Virgilio Teixeira
CCS/BAC1933/ 67-69
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