Livro do nosso camarada ranger António
Chaínho
"A escrava Domingas"
Escravos africanos
Escravos! Parafraseando o autor, António
Chaínho, um camarada ranger do meu curso, 1º de 1973 em Penude, Lamego, e
antigo combatente em Angola, proponho uma leitura da sua última obra
intitulada: A escrava Domingas.
Escravos é, somente, a palavra inicial de
um livro que trata de um assunto real onde se escondem histórias, algumas
mórbidas, sendo o patrão da “matéria comprada” uma das figuras proeminentes que
geriam a força humana a seu belo prazer.
A escravatura foi, sem dúvida, uma
realidade social que transvazou a dignidade de homens e mulheres, trazidos em
lotes, para serem vendidos a patrões que procuravam naqueles seres uma
exequível razão para um trabalho onde a força física se sobrepunha aos valores
morais.
O livro espelha os custos de cada lote de
escravos, sendo o preço das mulheres superiores aos dos homens. É fácil
entender que a mulher era, além de serviçal, utilizada para os senhorios
satisfazerem-se sexualmente. Logo, o procriar era entendido como uma mais valia
para o comprador. Um negro nascido era, naturalmente, um novo escravo.
A escrava Domingas, foi uma negra oriunda
de uma sanzala situada na foz do Zaire, Angola, e vendida, entre outros nove
escravos, para o morgado de S. Mamede, em Vale do Sado.
Domingas, propriedade de Diogo Menezes de
Athayde Lencastre, 3º Morgado de São Mamede, travou uma batalha de resistência
ao longo de uma vida marcada pela escravatura e onde se sujeitou a torturas e
humilhações. Porém, a sua dignidade humana foi portadora de inconfessáveis
segredos que foram hermeticamente guardados no seu coração.
A história, inteligentemente trabalhada
pelo autor, onde o leitor se prende com o desenrolar da narrativa, pois cada
página traz-nos uma nova mensagem sobre a evolução das personagens envolvidas,
remete-nos para uma crueldade racista mas que se associa, em simultâneo, com
sentimentos de paixão.
Diogo Lencastre, proprietário de uma
herdade muito extensa, incentivado por amigos próximos, resolveu comprar um
lote de escravos a qual incorporava a escrava Domingas.
Domingas era uma jovem airosa o que desde
logo provocou ao 3º Morgado de São Mamede uma enorme apetência sexual, situação
esta considerada então normal nesses idos tempos, século XVIII.
Desse romance amoroso, praticado no
segredo dos deuses e longe do pensamento de D. Diana, a esposa do morgado, foi
gerada um criança de nome Maria Rosa. Batizada só com o nome da mãe, filha de
pai incógnito, a criança cresceu e quando começou a olhar para a sombra
apaixonou-se pelo filho do patrão Diogo.
Henrique, irmão de Mafalda, e por ora os
únicos herdeiros do morgadio, retribuía esses ensejos e, às escondidas, lá
travavam olhares para um romance amoroso futuro mas que após a morte dos pais a
verdade seria literalmente desvendada.
Ou seja, após Henrique ter acesso ao
testamento deixado pelo seu pai, Diogo Menezes de Athayde Lencastre, este
deixou escrito que Maria Rosa era na verdade sua irmã. O clã passou a contar
com o triunvirato – Henrique, Mafalda e Maria Rosa -.
No testamento deixou explícito a questão
das partilhas, entre os três, e não esqueceu uma pequena dádiva para a escrava
Domingas.
Proponho, de novo, a compra da obra A
escrava Domingos, de António Chaínho, um camarada que vive em Grândola.
Abraços, camaradas
José Saúde
Nota: os interessados na compra podem,
caso assim o desejem, contactar o telemóvel número 961 482 269 (Zé Saúde).
Um abraço, camaradas
José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da
CCS do BART 6523
Mini-guião de
colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
___________
Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
8 comentários:
A escravatura em Portugal ainda está lomge de ser objeto de grande estudos ou de romqances históricos, cmo etse... Noermadamente no vale do Sado--- Com a devida vénia, transcreve-se a notícia do lançamento do livro, há dias, 13/9/2019, no Cineteatro Grandolense...
Fonte: Rostos.pt
https://www.rostos.pt/inicio2.asp?cronica=25000398&mostra=2
Grândola - Romance histórico de António Chainho
«A escrava Domingas» encontro com a escravatura no Vale do Sado
Grândola - Romance histórico de António Chainho
«A escrava Domingas» encontro com a escravatura no Vale do SadoNo passado dia 13 foi apresentado no Cineteatro Grandolense mais um romance histórico de António Chainho, professor e ex-Presidente da Assembleia Municipal de Grândola.
“A escrava Domingas” é o seu título e trata-se de um romance de época que se desenrola no contexto da escravatura no Vale do Sado, ao longo do século XVIII. Evidencia particular protagonismo, a personagem principal, Domingas, escrava, negra, vinda da foz do Zaire, Angola, propriedade do morgado de S. Mamede, tal como outros nove escravos. Na esperança de alcançar a sua dignidade e a de todos os outros, trava uma batalha de resistência, ao longo de quase toda a sua vida, sujeitando-se a torturas, humilhações e segredos inconfessáveis, numa história passada entre Alcácer do Sal, Torrão, S. Mamede, Stª Margarida do Sado, Azinheira de Barros e Grândola.
A narrativa, a partir da recontextualização das emoções da época, muito em particular, na mulher, atribui-lhe um papel fundamental na procura da dignidade humana. Nesse sentido, recorre à sensibilidade feminina que representava a melhor encarnação do instinto social e de promotora cultural ao estimular a polidez e o refinamento, num mundo varonil demasiado poderoso.
20.09.2019 - 20:30
Racismo e escravatura não são a mesma coisa...Historicamente, brancos escravizaram brancos, negros escravizaram negros, as grandes civilizações agrárias sempre precisaram de escravos...Claro que a civilização industrial criou outro tipo de escravos...
Hoje são nepaleses os novos escravos que trabalham nos nossos campos... Ainda não há robôs para tudo, por exemplo apanhar a pera Rocha...
A pintura da Escrava Domingas parece-me ter sido feita a partir de uma foto publicada pelo Renato Monteiro e o jornalista Fernando Farinha num livro sobre a Guerra do Ultramar, ou será pura coincidência?
Um abraço
Julgo que o nome António Chaínho é por ser ao autor do livro 'E Escrava Domingas' e não o autor do desenho .
Aliás, no livro 'GUERRA COLONIAL - FOTOBIOGRAFIA', de Renato Monteiro e Luís Farinha aparece o mesmo desenho 'LAVADEIRA' Desenho de militar, assinado por R. Monteiro.
Valdemar Queiroz
Acrescento.
O desenho que aparece na capa do livro 'A Escrava Domingas' é uma cópia a cores e o original do R. Monteiro é a preto e branco.
Valdemar Queiroz
Quando eu vi o desenho chamou-me logo à atenção porque eu tenho uma foto a preto e branco feita a partir do negativo que ficou comigo e que entretanto se perdeu. Esta foto foi tirada junta à ponte do rio Udunduma que fica na estrada entre o Xime e Bambadinca. A protagonista da foto seria uma habitante da tabanca de Amedalai e que parou junto à guarnição militar para descansar. Tenho também uma foto da filha desta guineense, ainda criança, que para mim carrega um forte simbolismo.
Um abraço à Tabanca Grande.
José Nascimento
Nascimento
Rectifico.
Afinal, soube que o desenho original é a cores e continua a dúvida de como foi parar à capa do livro.
Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz
Enviar um comentário