sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20325: Memória dos lugares (399): destacamento de João Landim, no rio Mansoa: quem eram os " Homens de Ferro [em] Botes de Borracha", que aqui estavam, em junho/julho de 1970, com uma seção do 3º pelotão da CART 2520 (Xime e Quinhamel, 1969/71) ? Era gente dos fuzileiros especiais e do BENG 447... (José Nascimento)



Guiné > Região do Cacheu > Rio Mansoa  > João Landim >  Junho/Julho de 1970 >   O destacamento, composto por dois barracões, guarnecido na altura por 1 secção do 3º pelotão da CART 2520 (Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71), comandada elo fur mil José Nascimento.


Foto (e legenda): © José Nascimento (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Legenda complementar do autor (*):


 O que consigo ler da última foto é:

Homens de Ferro [em] Botes de Borracha

D.F.E. / A2 [ou 12 ?]
Destacamento de Fuzileiros Especiais N. A2 [12 ?}

Furriel M.L. Dias

Sinais - Vargas- Lagares
Fuz. Esp.

LDM 203

Tenentes Brito e Beijamim [Beijamim assim mesmo] [Seria o então tenente RN  Rebordão de Brito ? E o Benjamim  ? Havia um outro tenente DFE Benjamim Correia ... LG]

Guerreiro
Pinto


2. Escreve o José Nascimento, ex-fur mil, CART 2520 (Xime e Quinhamel, 1969/71) (*):

 [O destacamento de João Landim] era composto por um barracão onde nós militares do 3.º pelotão da CART 2520  havíamos de permanecer e por um outro barracão onde "moravam" os militares da Engenharia e da Marinha, responsáveis pela manobra e cambança das duas jangadas que operavam entre margens do Mansoa, para o transporte de viaturas militares e civis, bem como de população.

Aqui permaneci nos meses de Junho e Julho de 1970. Ao escurecer era posto a funcionar um pequeno gerador que nos iluminava durante a noite, mas o seu barulho era de tal forma infernal, que, passado quase meio século, parece que ainda ouço o seu roncar dentro da minha cabeça.

A casa de banho era composta por uma estrutura de madeira, com um ou dois bidões no seu cimo, que diariamente os elementos vindos de Safim os abasteciam de água potável, também nos traziam as nossas refeições que, para não variar,  quase sempre chegavam fora do horário que seria normal para o almoço ou para o jantar.

Para as necessidades fisiológicas, existia uma pequena estrutura de madeira já meio apodrecida. Quando a maré do Mansoa subia, as águas do rio exerciam as funções de estação de tratamento. Curiosamente, a algumas dezenas de quilómetros da foz, a água aqui era salgada, que quando a maré enchia, quase nos entrava pelo barracão adentro.

Apesar das enormes dificuldades foi um aliviar de tensões e  uma fuga ao perigo constante que representou a nossa estada no Xime. A noite é que era passada com alguma apreensão devido às precárias condições e ao reduzido número de militares para fazermos a nossa própria segurança.
Durante o dia controlávamos as viaturas, tanto civis como militares, que atravessavam de uma margem para outra do rio, fazendo o registo em folhas de papel próprias.

A permanência em João Landim também permitiu que algumas vezes embarcasse no "machimbombo"  que vinha de Teixeira Pinto ou de Bula com destino a Bissau. Aproveitava para ter um almoço diferente do que era habitual (bianda com bianda) e para fazer umas compras de pequenas recordações que traria até à Metrópole quando em Agosto de 1970 vim abraçar os meus familiares.
Terminava a minha pequena aventura em João Landim, para lá não voltaria mais." (...).

Temos 13 referências a João Landim no nosso blogue. Mas muitos maisa camaradas passaram por aqui e devem fotos deste lugar. (**)



Guiné > Região do Cacheu > Rio Mansoa > João Landim > Junho de 1973 > O rio Mansoa em João Landim e a jangada que fazia a sua travessia. Primeiro entravam as viaturas, depois as pessoas. Bissau ficava a cerca de quinze quilómetros e para a "peluda", o fim da comissão, faltavam, ainda quatro longos meses. A Helena regressaria mais cedo a casa, o Francisco só chegará a Lisboa a 11/10/1973, no T/T Niassa, com os seus rapazes do Pel Rec Daimler 3089.

Foto (e legenda): © Francisco Gamelas (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

5 comentários:

Valdemar Silva disse...

Interessante o 'Desta..ca..men..to' quase não havia espaço para escrever.
(numa taberna em Milfontes havia um inconcebível aviso escrito numa ardósia 'É proibido can.t..a..ri' com o ..ri fora da ardósia escrito na parede).
Também é muito interessante verificar terem estado algumas mulheres dos nossos militares metropolitanos naquelas andanças (no mato) fora de Bissau.
Vendo o mapa da região verificamos haver uma tabanca 'Mato Dingal', também havia entre Canquelifá e Bajocunda várias pequenas tabancas 'Dinga ..'. Este topónimo, que parece usual, é muito 'musical' e é pena não sabermos o significado, também interessante é ter verificado haver algumas crianças albinas nas Dingas de Conquelifá.
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Teixeira Pinto foi um dos sítios, for ade Bissau, no "mato", onde estiveram esposas e/outros familiares (cmo filhos pequenos, em Nova Lamego, por ex.) de camaradas nossos: foi o caso do alf mil cav Francisco Gamelasm que vive em Aveiro...

Este "tema" merecia mais comentários, mais fotos, mais postes... Mas quem podia falar na primeira pessoa do singular o do plural (o casal) tem-se fechado em copas... É um tema delicado, da esfera íntima... Há pudor em falar do "amor em tempo de guerra"...


14 DE JUNHO DE 2016
Guiné 63/74 - P16201: Álbum fotográfico de Francisco Gamelas, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 3089, ao tempo do BCAÇ 3863 (Teixeira Pinto, 1971/73) - Parte III: Canchungo e o amor em tempo de guerra

Valdemar Silva disse...

O Capitão Analio Pinto, Cmdt. da minha CART.11, teve a mulher consigo em Contuboel e em Nova Lamego.
Em Contuboel moravam na casa de esquina da rua principal com a rua que ia para o Quartel, precisamente na casa onde estava a placa a assinalar QUARTEL.
Em Nova Lamego ela almoçava connosco na messe.
Não me recordo bem, se ela ficou grávida em Contuboel, ao ponto de vir a Lisboa ter o filho e voltar, ou se foi em Nova Lamego e não voltou mais.
Lembro-me em Contuboel o soldado básico da Companhia dar um tiro num pé e ter que esperar muito tempo pela evacuação e ter dito 'se fosse a mulher do capitão por estar prenha vinham logo buscá-la'.

Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Também tivemos mulheres noutras paragens.
Além de Nova Lamego, que havia várias, tínhamos em São Domingos:
- A mulher do médico, Ten mil médico Cortez
- A mulher do Capitão Cardoso, comandante da CCS do meu batalhão, em substituição do anterior que foi para o QG de Bissau. Foram para lá ainda em Lua de Mel.
- Por vezes tínhamos a visita da mulher de um camarada, o alf mil Figueiredo, cujos familiares viviam em Bissau, onde tinham negócios, e ela ia lá de vez em quando.

Nunca soube, nem vi, onde viviam estes casais, também não me interessava a vida deles.

Se chamam Safim, João Landim, Nhacra, Quinhamel e outros locais como seja MATO, então passei muito tempo no mato, até ia lá de motorizada, sozinho e à civil ou fardado.

Pelo menos não é essa a minha noção do 'mato'!

Nova Lamego, São Domingos, Susana, Varela, Cacheu, Teixeira Pinto etc é considerado 'mato'?

Um bom fim de semana de chuva para todos, do amigo Virgilio





Anónimo disse...

No mapa, vejo 'João Landim' de um lado e do outro do rio!

É assim mesmo?

Virgilio Teixeira