segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20361: Notas de leitura (1237): Mário Cláudio, nos cinquenta anos da sua obra literária (2): “Tiago Veiga”; Publicações Dom Quixote, 2011 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Novembro de 2019:

Queridos amigos,
Mário Cláudio apresenta-se sempre como ficcionista, mas estreou-se na poesia antes de rumar para Bissau onde foi jurista no Quartel-General, como se deu notícia no texto anterior a propósito do seu livro autobiográfico "Astronomia". Nesta mesma obra ele refere o prazer de vasculhar em livrarias de segunda mão, onde encontrara uma publicação referente à doença do sono. Que a leu, demonstradamente ficamos a saber, quando se lê esta pretensa biografia de um intelectual imaginário chamado Tiago Veiga que vai até à Guiné, pasme-se, era Governador Carvalho Viegas, estamos no início da década de 1930, procura-se caraterizar a doença do sono.
Quando conversei telefonicamente com o Mário Cláudio para o associar ao nosso blogue, ele sugeriu-me a leitura destas duas obras, já lhe escrevi para saber se há mais, e havendo, aqui se fará o competente registo.

Um abraço do
Mário


Mário Cláudio, nos cinquenta anos da sua obra literária:
Um notável escritor que é nosso camarada da Guiné (2)

Beja Santos

Mário Cláudio
Em “Astronomia”, Mário Cláudio fala das visitas aos alfarrabistas e refere explicitamente a compra de uma publicação sobre saúde na Guiné. Em “Tiago Veiga, uma biografia”, Publicações Dom Quixote, 2011, sentir-se-á atraído por um universo anterior aos tempos da guerra, como iremos ver.
Esta obra de ficção aproxima-se das oitocentas páginas, é uma biografia imaginária de um bisneto de Camilo Castelo Branco, que ele trata como um caso singular na literatura portuguesa, um interlocutor de grandes criadores artísticos como Fernando Pessoa, Jean Cocteau, W. D. Yeats ou Benedetto Croce. Tiago Veiga viaja para a colónia da Guiné em abril de 1932 a bordo do paquete Serpa Pinto. Acompanha o Dr. Fontoura de Sequeira, chefe da missão que consistia em avaliar a existência da doença do sono e das particularidades que apresentava. Fonseca de Sequeira entregará mais tarde às autoridades competentes o relatório da sua missão. “O caráter não oficial da participação de Tiago Veiga, e de uma outra personalidade, Jerónimo Paiva de Lima Sagres, explicava que a sua identidade fosse excluída do documento de Fontoura de Sequeira (…). A brigada minúscula ficaria alojada no melhor hotel de Bolama, um estabelecimento que apenas se distinguia de uma pensão qualquer em Fornos de Algodres pelo criado de mesa, um balanta que servia de luvas brancas os camarões grelhados, seguidos da papaia às fatias. O Governador da colónia, Luís António de Carvalho Viegas, receberia Fontoura de Sequeira, e na formal preleção com que o brindaria iria ele reiterar aquilo que constituía o cerne das suas convicções em matéria de política sanitária”.

É o momento propício para Mário Cláudio investir na caraterização da orografia:
“O território guineense surgiria a Veiga como uma espécie de grande bolacha verde, mergulhada em águas lodosas e paradas, e que aos poucos amolecia, terminando por inteiramente se esboroar, a construir ilhas e enseadas, penínsulas e cabos, e aquilo a que se chama ‘a bolanha’, e que não conformava mais do que a infinidade dos pântanos, tornada responsável na imaginação europeia por todos os males deste mundo”. E tem uma palavra para os colonos: “Receosos de que se concretizasse a transferência da capital da colónia, de Bolama para Bissau, pareciam eles optar por uma letargia paradoxal, favorecidos pelo argumento da prostração a que o clima os condenava. Amarelentos e aparentemente subnutridos, associavam-se em grupelhos emborcadores de aguardente de cana.” E traça-se a natureza da missão: “No mapa que estenderam diante do nosso homem, e através da lembrança de que não se esquecesse da dose semanal de quinino, delineava-se a área da incidência da profilaxia da enfermidade do sono. Ela ia de Compiana no Sul a Varela no Norte, e de Bolama no Oeste a Cam Queifá no Leste”.

Afinal de contas, o que andava Tiago Veiga a fazer por aquelas bandas? Mário Cláudio responde:
“Cedendo a esse fatalismo que transforma os salvadores do corpo e alma dos homens em predadores das restantes espécies, Fontoura de Sequeira dedicava à caça o tempo que lhe sobejava das canseiras do serviço, mas Tiago, tendo disparado um ou dois tiros experimentais, reveladores da mais completa inépcia venatória, logo se remetera a ocupações bem menos voluntaristas. Cobriam eles o território com uma celeridade incompatível com qualquer reflexão aturada sobre aquela doença que tão só cinco anos antes se apurara existir na Guiné Portuguesa. Montavam as tendas, arrebanhavam as populações, executavam as análises, desmontavam as tendas, e abalavam na manhã seguinte em direção a mais uma das localidades assinaladas no mapa de que se socorriam. A tarefa de Veiga consistia em anotar em fichas o nome dos infetados, a sua idade e sexo e morada, e qualquer observação pertinente. E não demoraria muito a que se familiarizasse o nosso biografado com uma terminologia que, não sendo científica, não deixava incluir o seu grão de carga poética, suscetível de desencadear um que outro surto de escrita pelo menos mental. (…) E os voos da fantasia de Tiago Veiga obtinham estimulante alimento da observação das preparações microscópicas a que o chefe da missão o convidava. A insídia com que o agente patogénico se manifestava, a selecionar as águas, conforme fossem doces, ou salgadas, e a vegetação, consoante fosse lisa, ou viscosa, denunciava a presença desse mistério do comportamento animal”.

É nisto que Baltasar entra na vida de Tiago Veiga, acontecimento inesperado, com grande carga emotiva:
“Na localidade de Bigina aconteceria aquilo que iria alterar-lhe a normal cadência do coração. Um garotinho dos seus três anos e pico, Mamadu Baldé, mas que os missionários haviam batizado de Baltasar por ter nascido pelos Santos Reis, achegou-se a Tiago. Completamente nu, mas com um colarzito de missangas ao pescoço, e mal atingindo o tampo da mesa que servia de secretária ao nosso homem, deitou-se a mirá-lo com os grandes olhos redondos. O nosso poeta não se deu por achado, a fim de analisar a atitude que o miúdo assumiria. Obstinado a partir daqui, e ao longo dos vinte dias em que a brigada estacionara naquelas paragens, em não se apartar das vizinhanças do nosso biografado, Baltasar não o largava, nem por um instante. E Tiago esforçava-se por aproveitar tal circunstância para distinguir o papel que lhe caberia, e aos seus companheiros, na correção de uma natureza porventura dependente da ausência do branco para fixar os seus equilíbrios intemporais. Essas ameaças, e eram muitíssimas, que rodeavam as incertezas passadas pelo cachopinho, a anemia, a caquexia, e o febrão remitente, tudo isso de caráter palustre, e mais a disenteria, e mais as febres, biliosa e perniciosa, ou a doença do sono, estariam ali talvez para que a terra continuasse como esponja empapada de lamas, insuscetível de conter em cada momento um número de vivos superior ao necessário para compensar o desfalque dos que tinham morrido. Veiga reparava então nos olhitos aguados de Baltasar, dirigia-lhe palavras que nada significavam, e que bem sabia que ficariam sem resposta, e consentia ao garoto que o procurasse à noite, que se insinuasse pelos dentros do mosquiteiro, que se estendesse a seus pés, e que desatando a chuchar no polegar direito, adormecesse como um anjo até os galos cantarem”.
E de seguida Tiago Veiga é sacudido por um ataque de paludismo, e há uma história de lendas da Guiné para contar, como adiante se verá.

(continua)
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Notas do editor

Poste anterior de 11 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20333: Notas de leitura (1235): Mário Cláudio, nos cinquenta anos da sua obra literária (1): “Astronomia”; Publicações Dom Quixote, 2015 (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 15 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20347: Notas de leitura (1236): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (32) (Mário Beja Santos)

23 comentários:

antonio graça de abreu disse...

Diz o grande Mário Cláudio: "Consentia ao garoto que o procurasse à noite, que se insinuasse pelos dentros do mosquiteiro, que se estendesse a seus pés, e que desatando a chuchar no polegar direito, adormecesse como um anjo até os galos cantarem”.

Que nojo!Desculpem. Tudo é possível debaixo do céu, eu sei. Mas a pedofilia, o homossexualismo militante, etc. Que nos desculpe a Pátria e o Império, que têm as costas largas, do tamanho do mundo...
Abraço,

António Graça de Abreu

Valdemar Silva disse...

A minha mente não é perversa e entendo que o Baltazar entrou no mosquiteiro suavemente para não acordar e adormeceu como muitas crianças a chuchar no dedo.
ui!!!!que nojo??, nunca se viu uma criança adormecer a chuchar no dedo?

Será que o 'problema' é o insinuasse? Então vamos consultar o dicionário.

Valdemar Queiroz

antonio graça de abreu disse...

A propósito de "Astronomia" de Mário Cláudio:

"Somos confidentes do amor homossexual vivido, aos 25 anos, com um britânico; espreitamos os seus rituais de chá e de ensaboamento dos cantos recônditos do corpo; apreendemos o tédio do escritor visitado por solicitações mil. Raras vezes, um universo foi assim escrutinado."

in http://visao.sapo.pt/actualidade/visaose7e/livros-e-discos/2015-11-13-Astronomia-de-Mario-Claudio-a-musica-das-esferas

Mário Cláudio e os meninos guineenses, segundo Mário Cláudio, de crânio esmagado no capô dos unimogs, cabeças de crianças esmagadas pelos militares portugueses, nossos camaradas na guerra da Guiné. Segundo Mário
Cláudio, mulheres guineenses grávidas, de barrigas esventradas à facada, mortas pelos militares portugueses, nossos camaradas na Guerra da Guiné.

Não insinuo nada. Que cada um pense.

Abraço,

António Graça de Abreu

Valdemar Silva disse...

'tá bem Graça Abreu.
Mas o Baltazar tem três anos.
E as outras situações parecem-me 'exageradas violências literárias' que o autor é fértil. Leia-se o 'Alice no País das Maravilhas'

O escritor Mário Cláudio tem duas Condecorações, sete grandes Prémios Literários e mais de cinquenta Livros publicados.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

rto Branquinho disse...

"Em Nambuangongo tu não viste nada
não viste nada nesse dia longo longo
a cabeça cortada
e a flor bombardeada
não tu não viste nada em Nuambuangongo.
(...)

Manuel Alegre - "Nambuangongo, meu amor"
_________

... e na Guiné, dentro de quartéis, também não.

Alberto Branquinho

antonio graça de abreu disse...

Diz-me lá, camarada Alberto Branquinho, onde na Guiné, quando e como soldados portugueses esmagavam cabeças de crianças no capõ dos unimogs, onde na Guiné, quando e como rasgavam com facas o ventre de mulheres grávidas? Se tal nunca aconteceu e estamos apenas na presença de "liberdades literárias",o escritor Mário Cláudio rebaixa-se ao nível de um reles escriba.Se aconteceu, é preciso prová-lo.E mais não digo.
Quanto às opções sexuais de cada um, cada um é livre de usar o seu corpo como muito bem entende.Estamos entendidos? Mas existe o abuso sexual de crianças, quer por homos, quer por heteros,às vezes até tudo à mistura. Isso mete-me nojo e um desprezo total.
Aguardo resposta.
Abraço,

António Graça de Abreu

José Teixeira disse...

Pois!
Mas… Não queres comer, então toma! e enfia-se um balásio de G3 na boca de um presumível terrorista, apanhado no dia anterior na fronteira com o Senegal, sem sequer ter sido ainda interrogado.
Isto vi eu com os meus olhos e alegação foi que ele tentar fugir, quando estava numa gaiola cuja saída era uma janela, cujo parapeito lhe dava pelo peito. Eu vi, e também vi que ele tinha atirado com um balde de água quando lhe abriram a janela para lhe levar o rancho, mas fecharam-lhe a janela com ele lá dentro e foram buscar a G3.
Ou… aquele testemunho do camarada a quem o alferes ordenou que matasse uma criança de meses e o soldado levou a criança para o interior da mata e deu um tiro para o ar, abandonando a criança à sua sorte. Escreveu um livro que deve ser lido por toda a gente. Eu ouvi o seu triste testemunho e sobretudo as perturbações que lhe esmagaram o espírito,
Tenho consciência de que fizemos coisas muitos boas a favor dos povos da Guiné, das quais nos devemos honrar, mas também cometemos muitas falhas e erros que não devemos branquear se queremos que a história a contar seja a verdadeira, por muito que nos custe e envergonhe, mas no caso presente trata-se de uma criança ganhou afeição pelo militar. Eu também tive uma menina, a Maimuna que se afeiçoou comigo e só queria o meu colo e quando abandonei a tabanca a mãe veio trazer-me e disse-me: leva a tua mulher, e ficamos os três abraçados de lágrimas nos olhos.
Tenho-me recusado a falar sobre este acontecimento que ainda me perturba, mas…
José Teixeira

Antº Rosinha disse...

Havia uma média aproximada de 100 mil jovens militares de arma na mão durante 13 anos consecutivos, com pouca preparação militar, e havia também alguns velhos militares, oficiais e sargentos, sem predisposição para qualquer tipo de guerra.

Dai casos como Wiriamu ou casos como fala o José Teixeira.

Mas os casos que relata o José Teixeira, que havia sempre um tresloucado que perdia a cabeça em qualquer companhia ou secção ou pelotão, quando isso acontecia, alguem pegar na g3, na catana, ou no alicate, ou na chave de fendas, a sorte era no geral aparecer alguem com sangue frio suficiente, que saltava para os cornos do touro, e o resto do grupo, uns no rabo outros nas orelhas, outros nas patas e resolvia-se a situação.

Agora quando tudo assiste virando a cara para o lado deve sentir-se perturbado como acontece com o José Teixeira, ainda hoje.

Só devemos falar de casos que a gente conheça, nunca de ouvir falar.



Valdemar Silva disse...

Um escritor de ficção não é um jornalista de informação.
Mário Cláudio é considerado um grande escritor.
Nas 'cenas' do esmagamento das cabeças contra um unimog e das facadas no ventre, entende-se perfeitamente o que pode ser o cúmulo da crueldade da guerra. É a 'imagem' da crueldade da guerra.
Encontramos na literatura, pintura, escultura e na musica 'cenas' bestiais para dar a ideia terrível da realidade.
Camões descreve um terrível gigante que com um sopro provoca terríveis tempestades afundando naus e afogando marinheiros. Todos sabemos que se tratava das dificuldades que os portugueses encontraram nas viagens por mares nunca dantes navegados. Este é um exemplo pra meninos.

Graça Abreu entende tudo isto perfeitamente, o problema é ter sido o Beja Santos a publicar no blogue.

Valdemar Queiroz

antonio graça de abreu disse...

Não, meu caro Valdemar, não é o Beja Santos, nem o Mário Cláudio. Esse são a ponta de um icebegue esquisito, da moda.
Ainda há umas semanas atrás, tivemos aqui no blogue, o testemunho do alferes engenheiro Fernando, a contar o sangrento massacre (falso e inventado!) de centenas de angolanos, na guerra em Angola. Saí à luta, contra a aldrabice e a falsificação da História.
Temos um legado a deixar aos nossos filhos e netos. Fomos combatentes nas guerras de África. Eu sei, sabemos todos,cometeram-se muitos crimes,cometem-se muitos crimes em todas as guerras. Mas,
quase todos nós, fomos capazes de sair de cabeça limpa dessas guerras. Merecemos, pelo menos, uma palavra de consideração, compreensão e apoio das gerações futuras. Eu tenho quatro netos, rapazes, 8,7,5 e 4 anos. Não quero que me venham dizer um dia que nós, soldados portugueses, na Guiné, esmagávamos a cabeça dos meninos negros no capô dos unimogs, que com facas esventrávamos as barrigas das mulheres grávidas, justificando a afirmação com a escrita de Mário Cláudio e de Mário Beja Santos.
Será que é tão difícil entender o que eu vou escrevendo?
Abraço,

António Graça de Abreu

Cherno Baldé disse...

Caros amigos,

Eu penso que a chegada do Gen. Spinola no CTIG e a sua nova estratégia de comando, contribuiu muito para mudar muita coisa na Guerra da Guiné e, certamente, grande parte das crueldades, muitas vezes desnecessarias, que se cometeram nos primeiros anos do conflito na expectativa de acabar rapidamente com a rebeliao. Penso mesmo que, grande parte da populaçao que depois se juntou aos homens do mato, excepçao feita aos Biafadas das margens esquerdas dos rios Corubal/Geba e os Oincas no Norte, foram impelidos devido a violencia gratuita a que foram sujeitos pelo simples facto de se encontrarem no sitio errado e na hora errada como seria o caso dos Balantas.

Quanto ao aproveitamento sexual das crianças, acho que o Graça Abreu tem toda a razao nesse caso, pois nao penso que se trata de simples ficçao literaria, pois nao se pense que as mulheres africanas foram as unicas vitimas do assédio e violencia sexual, também, como nao podia deixar de ser, as crianças de ambos os sexos sofreram desse mal, sobretudo entre aquelas que frequentavam os aquartelamentos. Como rafeiros de quartel, nao raras vezes tinhamos que ser muito prudentes e ageis para repelir ataques traiçoeiros e brutais a noite, vindo de pessoas dito normais (heteros), tentando enganar-nos com um pedaço de pao.

Todavia, embora fosse banal, nas nossas tabancas, ouvir falar de pessoas efeminadas que falavam e gesticulavam como as mulheres, nunca tinha ouvido falar de comportamentos anormais, digamos homossexuais, entre os soldados metropolitanos.

Com um abraço amigo,

Cherno Baldé

Valdemar Silva disse...

Graça Abreu
Pra acabar o comentário a este Poste
'...cometem-se muitos crimes em todas as guerras...'
Então? Nunca se poderá falar deste assunto...haverá sempre filhos e netos pequenos.
Calhando, agora da História de Portugal deve ser ensinada apenas sobre os amores com mouras encantadas. A espadeirada só contada às escondidas e a maiores de 18 anos.

Abraço
Valdemar Queiroz

Alberto Branquinho disse...

António Graça de Abreu

Só agora vi o que antecede.

Nas nossas guerras houve muito de bom e muito de mau, de muito mau. Nas situações de guerra-GUERRA (que não viveste, apesar de estares próximo), o pessoal não andava muitas vezes já de cabeça perdida. E tu, que não viveste essas situações, NEGAS, NEGAS, negas tudo. Não tiveste a oportunidade de as viver (graças às graças?). Eu também não gostaria de as viver. Irrita-me ver que quem não as teve e não as sofreu (E QUE, EM MUITOS CASOS, CONTINUA A SOFRER), NEGUE.
As tuas achegas recentes ao livro do meu amigo Fernando Fradinho Lopes ( "O alferes Eduardo") deixaram-me muito mal disposto. Ele não respondeu não foi po cobardia, limitou-se a dizer-me que eu falei de um "Cuíto" (em Angola) e estão a falar de outro "Cuíto"". (Há muitos Cuítos e Alto Cuítos naquela terra. O Mário Beja Santos descobriu o livro num alfarrabista VINTE anos depois de ter sido publicado pelo Circulo de Leitores. (continua)

Alberto Branquinho disse...

(continuação)

A "água pura" do teu Diário nem sempre foi tão pura quanto a pensas ou pensaste.

Acontecerem coisas que n~ao são compreensíveis nem aceitáveis por qualquer pessoa bem formada, provocadas por estados de espírito e circunstâncias em que um homem ou vários homens est~ao de "cabeça perdida", situações extremas vividas em ambiente operacional , em perfeito descontrolo e debaixo de forte emoção. Mas ninguém (ou só o fariam os que seriam casos patológicos) vinha gabar-se do sucedido ao regressar a quartéis. Há quem ainda agora sofra de insónias ou tenha perturbações por causa do sucedido.

Mas envolvendo crianças, não!

Alberto Branquinho

Anónimo disse...

A politica como sempre está instalada no blogue.Daí o ataque à "pedrada" ao António Graça de Abreu.É muito feio o António Graça ser atacado, como se a sua participação na guerra fosse de segunda categoria e a dos que o atacam fossem de primeira.A guerra foi feita por todos, uns mais à frente e outros mais atràs.E já agora convém notar que muito pessoal dado como operacional mesmo na linha da frente mal deu um tiro.E para terminar também não concordo com essa estória dos meninos com a cabeça esmagada nos unimog s.Mas enfim o Mário Beja tudo o que seja para denegrir e mandar abaixo serve-se de todos os escritos intelectuais ou não.Eu penso que ele terá vergonha de ser português.E pronto escusam de me apedrejar que eu já coloquei capacete e colete à prova de bala.
Carlos Gaspar

antonio graça de abreu disse...

Eu perguntei ao Alberto Branquinho onde,na Guiné, quando e como os militares portugueses esmagavam a cabeça dos meninos negros no capô dos unimogs, e esventravam com facas as barrigas das mulheres grávidas. O Branquinho não respondeu, não sabe. Mas sabem o Mário Cláudio que escreveu esta prosa, e deve saber o Mário Beja Santos, sempre tão bem informado e que vai divulgando estes escritos no blogue. Seria bom que os dois esclarecessem os ignorantes, como eu, sobre tais atrocidades. O Branquinho garante que aconteceram coisas terríveis. Acredito. Aquilo era mesmo uma guerra,de parte a parte, até três majores do meu CAOP 1, um alferes e dois intérpretes que iam desarmados numa missão de paz na estrada do Jolmete em 1970 foram chacinados e os corpos retalhados pelos guerrilheiros do PAICG. Não se trata de ficção literária, a querer passar-se por realidade.
De Junho de 1973 a Abril de 1974 eu estive numa paradisíaca estância balnear do sul da Guiné, chamada Cufar. Não vi nada, era só turismo tropical. Até tive a sorte de viajar de jeep, de helicópetro, de avioneta DO 27, de LDG, de sintex, de zebro com fuzileiros para outros admiráveis resorts como Catió, Chugué, Bedanda, Caboxanque, Cadique, Cabedu e Cacine. São coisas e lugares que o Alberto Branquinho, que andou por resorts de menor qualidade, ignora.
E fico-me por aqui que a prosa já vai longa.
Aguardo o esclarecimento do grande escritor Mário Cláudio. O Mário Beja Santos diz que já falou com ele, telefónicamente.
Abraço,

António Graça de Abreu

Alberto Branquinho disse...

COP era COP. Guerra era guerra.
.
... e guerra não era andar de jeep, de helicóptero, de avioneta, de LDG - como simples passageiro transportado - (talvez fosse se em LDM ou LDP) e nem de zebro, a menos que fosse mesmo para fazer guerra e não para passear.

E, por mim, também terminou. Mais não direi.

A.B.

Anónimo disse...

Por mim que tenho lido o que se vai escrevendo, e como sou sempre do contra, chego à conclusão, que aliás já há muito tinha chegado, da 'mania obcecada' de que há por um lado 'os senhores da guerra' e do outro lado, a maioria, 'os outros que andaram por lá a passear'.
Ora isto não é assim, penso eu de que!

Aprecio a frontalidade do António Graça de Abreu, contra estas pessoas que dizem tudo saber, mas que afinal nada sabem, só escrevem aquilo que lêem...

Isto é a continuação da 'achega' do Carlos Gaspar atrás muito bem retratada, e que assino por baixo na integra.

Virgilio Teixeira



Valdemar Silva disse...

Isto da internet e das redes sociais é do caraças.
Agora, bota-se trumpices e bolsarnadas e ponto final e não atirem com pedrinhas, diálogo é fugir como o diabo da cruz, não vá ser apanhado com notícias falsas ou inventadas.
E escreve o Carlos Gaspar (heterónimo de quem?, que nunca por cá apareceu, 'a politica como sempre está instalada no blogue'. Como sempre este nosso blogue é de todos os camaradas que estiveram na guerra da Guiné, e não só, e nunca foi um blogue de modas e bordados, nem de politica partidária.
E escreve mais o Carlos Gaspar (quem é??) 'eu penso que ele (Beja Santos)terá vergonha de ser português'.
Longe de mim pretender ter procuração de Beja Santos, mas o Carlos Gaspar (quem é?) não deve saber quem ele é, e aconselho-o a ler os mais 1900 postes publicados neste nosso blogue. Já não falando de outros milhares de artigos que ao longo dos anos publicou e apresentou em programas da RTP e, também, deve cuidar de si (quem é?) com processos judiciais por graves ofensas a ele e aos muitos Oficiais Superiores que com ele fizerem parte em Mesas de Honra em muitos evento oficiais.

Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Sr.Virgílio Teixeira.

"Aqueles que afinal nada sabem e só escrevem aquilo que lêem"

De entre alguns dos comentadores a este poste existem os que näo passeavam de motorizada pelo Piläo mas que apoiavam colunas de abastecimentos a Gandenbel, Ponte Balana e Aldeia Formosa.
Estas estradas na Guiné de 68/70 näo seriam täo perigosas como o "Piläo-By-night".
É lamentavel que näo tenha dado por lá umas passeatas na sua motorizada.Divertia-se!
José Teixeira e Alberto Branquinho, entre outros,muito o poderäo esclarecer.
Terá o Sr.tido tempo, entre visitas a tascas resguardadas,de se inteirar do que por lá se passava?

Todas as especialidades militares säo necessárias num teatro de guerra.
Todas se complementam.
Todas merecem o nosso respeito.

Mas porque será que alguns,e estranhamente de entre os mais resguardados,sabem sempre melhor quanto a combates (e sofrimentos de toda a espécie) no mato..... do que os que por lá passaram toda a comissäo?

Certamente que só um psicólogo, ou mesmo psiquiatra, poderá responder à pergunta.

J.Belo

Anónimo disse...

Vou ao psiquiatra e aproveito para hibernar definitivamente.
Reconheço que nunca deveria ter entrado aqui - no blogue -, e muito menos ter aberto a minha vida a estranhos que não conheço de parte nenhuma.
Já tinha sido avisado, mas não liguei, sou assim, vou aprendendo até ao dia de finados.
Boa sorte, e não me provoquem mais, por favor. Não me alongo para não complicar mais o caminho deste blogue.
Virgilio Teixeira

Anónimo disse...

Valdemar Silva ou Valdemar Queiroz efectivamente não sou ninguém, na sua forma de pensar, mas sou mais um dos que deram o corpo ao manifesto em africa, voando nos helicópteros arriscando o pelo (sem queixumes) fosse para socorrer militares ou civis.Passaando mal sobretudo nos diversos destacamentos longe das bases principais.Sim porque não foram só os terrestres que passaram mal.
Mas isso para o caso agora não interessa.Também não sou nenhum heterónimo, o meo nome é mesmo Carlos Gaspar e já tenho comentado, pouco muito pouco neste blogue.
Quanto ao Mário Beja Santos já li e comprei a maioria dos livros que ele escreveu e
dos quais até gosto e aprecio.Mas isso não quer dizer que esteja de acordo quanto à permanente (na minha opinião)bota abaixo (penso eu)da nossa história enquanto portugueses.E já agora para terminar e não querendo fazer disto uma batalha, o seu comentário agressivo sobre o a minha pessoa só prova que também o Valdemar se julga dono do blogue, a menos que me queira descriminar por eu ter servido noutra
arma ou outro ramo.Pensei que podia comentar livremente no blogue a sua agressividade deu a resposta.
Carlos Gaspar ex-FAP

Anónimo disse...

Há!Valdemar esqueci-me de dizer que também não sei quem é o Valdemar, mas sei quem é o Mário Beja Santos que até já me foi apresentado por amigos meus que também são amigos dele, e que estiveram com ele na guiné e até frequentaram o mesmo curso em Mafra.Quanto aos Generais são homens como os outros e muitos deles ainda eram tenentes e capitães (Quando os transportei para operações.E alguns deles também os socorri.E já que fala em processos e Generais também conheço alguns.E do vinte e cinco de abril, mas isso não quer dizer que eu partilhe as mesmas ideias.Lamento ter que lhe responder desta maneira mas detesto provocaçãos.
Carlos Gaspar