domingo, 7 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21051: Blogpoesia (680): "Nem sol a mais", "Minha alma é uma viola" e "Terror do sexo...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre outros, ao nosso blogue durante a semana:


Nem sol a mais. 
Nem sal a menos.

Tudo deve ser moderado. 
O elástico rebenta 
Se for demais esticado.

Mais vale esperar um minuto, 
Que a chuva passe 
Que apanhar uma molhadela 
De ir para a cova.

Sossega-se mais 
Com uma vida cheia 
Que andar ao alto 
E morrer à seca.

Quantas vezes se ganha mais 
Em não ir à feira. 
Porque a boa sorte, 
Bate sempre à porta 
Quando passa. 

Berlim, 6 de Junho de 2014 
8h57m 
Joaquim Luís Mendes Gomes

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Minha alma é uma viola

É uma viola a alma que eu dedilho com estes dedos mortais.

Suas cordas tocam as melodias que só minha mente ouve.

Adormeço com meu cansar dos dedos... 
e sonho tocando versos 
que apenas são sonho.

Quero tocá-los 
e cantá-los nestas cordas tensas. 
Até que rebentem.

Escrevo-os na pauta de cada dia 
e os solto ao vento, 
como quem abre a porta duma gaiola.

Fico a vê-los desaparecer 
no ar. 
Não sei para onde eles vão. 
Tenho a esperança 
de que poisem nos quintais e hortas 
onde há pão e vinho 
para colher.

De casinhas brancas, 
com portas e janelas rubras, 
brilhando ao sol...

Lá dentro, só Deus sabe o que se passa.

Sejam a bênção... 
a palavra certa na hora certa... 

ouvindo a diva Maria Betânia... 
Berlin, 6 de Junho de 2015 
14h24m 
Joaquim Luís Mendes Gomes

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Terror do sexo...

O sexo domina o mundo. 
Tudo gira à força dele. 
Se brota do coração, 
É o amor que reina.

Se não, é o terror do mal. 
Egoísta. 
Dominador. 
Tudo devora.

Gera só ódio. 
É o pai da guerra. 
Tudo avassala. 
Erva daninha. 
Se sobe ao poder, 
Espalha o terror 
Sem qualquer escala.

O mundo é pequeno. 
Para tamanha avidez. 
Nada respeita. 
Tudo conquista 
Para sua mesa.

Desfaz a presa. 
Goza com ela. 
E joga fora. 
Pior que a selva.

Joga a dinheiro. 
Vai para o casino. 
Desbarata tudo. 
Fica feroz.

E volta de novo. 
Se veste de santo. 
Como um senhor. 
Assalta inocentes. 
Despe-os ao frio.

Joga-os fora 
Volta ao governo. 
Como um malvado. 
Tudo lhe serve 
Para seu reinado.

Como seria o mundo, 
Se o amor brotasse 
Do coração do rei!... 

Berlim, 5 de Junho de 2014 
14h29m 
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Nota do editor

Último poste da série de 4 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21040: Blogpoesia (679): 1.º Dia de praia Covid (José Ferreira da Silva, ex-Fur Mil Op Esp)

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