Brasão de Beja |
Date: sexta, 19/06/2020 à(s) 17:16
Subject: Beja, antiga Pax Júlia, cidade por onde passaram muitos camaradas
Luís, meu amigo
Envio-te um texto sobre Beja e o seu quartel - RI 3 - por onde passaram diversos camaradas, sendo que muitos deles tiveram como destino a Guiné.
Entendes que seja útil o contexto da prosa?
Abraço, Zé Saúde
por José Saúde
Recorro a ímpetos da história e vejo-me absorvido pelos primórdios de uma cidade que foi fundada 400 anos a.C. pelo povo celta. Relata também a história que os Cónios, denominados como Conistorgis, foram uma plebe que por esses recuados tempos coabitaram no burgo. No século III a.C. foram os cartagineses que estabeleceram o maior tempo de permanência no lugar sendo, contudo, a civilização romana aquela que romanizou as populações ali existentes.
O nome de Pax Júlia surge intrinsecamente ligado ao período do Império Romano. Pax Júlia teve, aliás, honras de metrópole de grandiosidade na Península Ibérica e albergou uma das três jurisdições romanas da Lusitânia. O Imperador Augusto terá sido o homem que deu origem ao nome de Pax Júlia.
No ano de 1162 os cristãos reconquistaram definitivamente o burgo, em 1524 recebeu o foral e antes, 1517, já tinha sido elevada a cidade.
Poder-se-á afirmar, com segurança, que Beja foi berço de notáveis famílias de pedagogos e humanistas na era do Renascimento. Diogo de Gouveia, Francisco Xavier, conselheiro dos reis D. Manuel I e de D. João III de Portugal, André de Gouveia e António de Gouveia, sintetizam algumas das figuras que brilharam no palco do humanismo em Portugal.
Relata ainda a história que a primeira restauração dos muros de Beja teve lugar no reinado de D. Afonso III com recursos oriundos, por 10 anos, de dois terços dos dízimos das igrejas existentes, à época, na velhinha urbe.
Diz a lenda que Beja foi uma pequena localidade de cabanas rodeada por matagais e uma serpente assassina apresentava-se como um dos maiores problemas para a população, sendo que a solução do dilema passou por assassinar a serpente. O feito levou à morte de um touro que envenenado habitava com a serpente na floresta. Neste contexto, eis-nos perante o brasão da cidade onde existe a presença de uma cabeça de touro.
1ª página do jornal "República", 2 de janeiro de 1962. Recorte recolhida da Internet, com a devida vénia: Sol Sapo, 23 de fevereiro de 2017
A história do Regimento de Infantaria (RI1), em Beja, é longa e a sua origem remonta a 1648. Claro que seria demasiado fastidioso penetrarmos no campo da pormenorização. Mas há um feito de aventureirismo que marcou o Estado Novo: o assalto ao quartel, na noite de 31 de dezembro de 1961 para o 1 de janeiro de 1962.
Tinha eu 11 anos e lembro-me desse acontecimento. Morava na Rua Ramalho Ortigão nº 1, uma transversal localizada quase defronte ao quartel dos Bombeiros Voluntários de Beja cuja corporação se situa na Avenida Fialho de Almeida, uma rua que era, nesses tempos, uma das poucas vias que dava acesso ao quartel, sendo simultaneamente a estrada que ligava a velha Pax Júlia a outros pontos ao sul do país.
A missão teve como um dos principais protagonistas o capitão Varela Gomes [1924 - 2018]. O assalto ao quartel, conhecido como Regimento de Infantaria 3 (RI3), tinha como incumbência uma ação contra o Regime.
Na aventureira intentona participaram ainda Manuel Serra, que já tinha chefiado os civis no Golpe da Sé, o major Francisco Vasconcelos Pestana, o capitão Pedroso Marques, o tenente Brissos de Carvalho e Fernando Piteira Santos.
No golpe estiveram envolvidos alguns civis e o objetivo não correu de acordo com os planos previamente delineamentos. Houve "negas" de última hora, dois mortos, ao que se soube, e o golpe falhou. O major Galapez, segundo comandante do quartel, fez resistência e Varela Gomes foi gravemente ferido.
Com o rebentamento da guerrilha no Ultramar, primeiro em Angola. seguindo-se Moçambique e Guiné, o RI3 foi um antro onde foram depositados milhares de camaradas cujo destinou de alguns foi a Guerra Colonial. Beja apresentava-se como uma rampa de lançamento para jovens militares que tiveram como destino a Guiné.
Na década de 1960 e princípios dos anos 70, tive a oportunidade de ver magotes de rapazes que chegavam à velha Pax Júlia para se iniciarem, como mancebos, no serviço militar obrigatório.
Envergando uma farda verde, uma boina que por vezes pouco ou nada se enquadrava com o perímetro da cabeça, de cabelo rapado e calçando umas botas militares de delgada memória, o jovem, feito militar à força, passeava-se pela cidade e regozijava-se pelo estatuto de homem valente. Enchia o peito de ar e sentia-se como um herói. Por outro lado, a plebe via com alguma tristeza o futuro próximo do rapazinho recém-chegado às fileiras do exército, sabendo de antemão que o seu porvir passava consequentemente pela fatídica guerra.
Alguns arranjavam namoricos, outros madrinhas de guerra tendo em conta a sua mais que provável ida para o Ultramar, outros passeavam-se, vaidosos, pela cidade, outros encantavam-se com as suas presenças em cafés e cervejarias onde o povo amavelmente os recebia, enfim, eram os tempos de um permanente corrupio de recrutas "encaixados" em débeis fardamentos que em nada se enquadravam com o seu corpo.
Mas, o momento passava pelo enfâse no descobrir de novas paragens, sendo que no íntimo do seu ego existia quiçá a postura de um novo herói que meses depois estaria nas linhas da frente na guerra de além-mar.
E foram muitos os camaradas que passaram pelo quartel de Beja em tempo de recruta e que mais tarde cruzaram a agoirenta rota da Guiné. Muitos deles perderam a vida nas frentes de combate, outros numa infeliz situação quando nada o fazia prever, outros viram-se fisicamente debilitados, sento também muitos os que felizmente chegaram são e salvos à terra natal após um conflito armado em solo guineense, onde certamente não faltaram os refinamentos das presumíveis tenebrosidades.
Camaradas, este recuo ao passado é, tão-só, o recordar muitos de vocês que transitaram pelo então RI3, em Beja, seguindo-se uma especialidade que vos atirou, depois, para as trincheiras de uma guerrilha e precisamente numa Guiné onde as nossas memórias são, de facto, imensas.
Abraços, camaradas.
José Saúde
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José Saúde
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Nota do editor:
Último poste da série > 27 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20782: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (32): O tempo de serviço militar passado em Lisboa (Hélder V. Sousa, ex-Fur Mil TSF)
12 comentários:
Zé Saúde,meu amigo, mal sabia que o futuro nos uniria nesta amizade de quase 50 anos. Fui - não sabes, nós e durante muitos anos nunca abordamos o tema tropa -, um dos que por "troca" após especialidade, tive o RI3, como casa "em trânsito". Aí dei instrução a novos candidatos à "guerra" e é nessa Unidade que, também, sou mobilizado para a Guiné, tendo guia de marcha para o BC10 (Chaves), onde formei Batalhão. Também aí, fui protagonista, melhor figurante - estava de serviço -, do primeiro e único "levantamento de rancho", na minha vida de militar miliciano, que levou ao afastamento, por tempo indeterminado,para as ilhas, dos dois oficiais que comigo estavam de serviço no dia, pelo menos ao Alf. Branco ,em quase vésperas de passar à peluda. Tal como muitos outros camaradas, também por Beja tive os meus namoricos e história amorosa. Por respeito por essas "jovens", que tanto nos deram de carinho, me escuso de relatar "historietas", próp
rias da idade e de quem tinha a "guerra" como destino. Deuxo-lhes a minha homenagem.
Abraço.
Manuel OLIVEIRA PEREIRA
Rectificação: no primeiro caso, o texto apresenta um "salto de linha" . No segundo onde se "Deuxo-lhes" deverá ler-se, "Deixo-lhes".
Caro Zé Saúde
Finalmente o retomar dessa série, que acho interessante, para se conhecer a relação entre os jovens e as terras por onde passaram, embora não gosto do título, principalmente da parte do "mais amei ou odiei". Mas é o que há e vamos em frente!
Pois o teu relato, de experiência própria, de recordações de infância e de interacção, é útil para se perceber o que é que se ia passando.
E o que relatas quanto às atitudes dos "futuros heróis combatentes" (gostei daquela parte do "peito cheio de ar") é de facto uma boa caracterização.
Quanto ao recato do Manuel Pereira em referir "certas" coisas, é de louvar, já que hoje por hoje, tais comportamentos parecem arredios.
Abraços
Hélder Sousa
O capitão Varela Gomes era um conspirador compulsivo, temerário, mas pouco consequente, falhas que evidenciou no PREC de 1974-75; a sua integração no Exército e recuperação para o MFA foi da iniciativa do capitão Vasco Lourenço.
As crónicas do assalto ao quartel de Beja omitem um pormenor, no entanto interessante.
Respigando um depoimento televisivo de Edmundo Pedro, operacional civil desse assalto, a inspiração da revolta de 31 de Dezembro de 1962 foi do general Humberto Delgado, veio de Argel, instalou-se disfarçado numa pensão de Beja, de cabeludo e bigodeira, para, a partir do sucesso dessa acção, encabeçar a revolta e explorar o seu efeito dominó noutras unidades.
Mas o capitão Varela Gomes nem partilhara o segredo nem estabelecera cadeia de comando, o major Calapez neutralizou-o, eles ficaram órfãos do comando e retiraram.
O Edmundo Pedro era também um conspirador compulsivo, diz que os outros atingiram os objectivos e, se tivessem o conhecimento da presença de Delgado, teriam continuado e vencido. E insinua que o capitão Varela Gomes pertenceria às estruturas do PCP e que o alçamento do general Humberto Delgado não constaria da agenda de Álvaro Cunhal...
Continuação das tuas conquistas de saúde.
Abr.
Manuel Luís Lomba
Assentei praça em 22 Janeiro de 1969, no RI3.
E foi aí que quase tinha um castigo, porque na semana de campo, o Furriel Branco quis fazer um jogo, que éra assim: Mandou todos do pelotão apanharem algumas pedras pequenas mais ou menos do tamanho de uma bola de ping-pong e fazer um monte junto dele, depois pegou num apito de plástico e disse-nos que quando apitasse uma vez, todos nós teria-mos de esconder e deitados no chão, e quando tornasse a apitar teria-mos que mudar de sitio até que ele tornasse a apitar teria-mos de deitar e esconder, senão ele atiraria as pedras a quem ainda não se deitara, e ele avisou que tinha muita apontaria, e foi aí que eu para não ser alvejado pelas costas quando passei por ele para me esconder noutro local, ouvi o apito e atirei-me de cabeça para o chão muito perto dele, esqueci-me de dizer que tudo isto com a G3 em punho, portanto quando me atirei ao chão não tomei cuidado com a G3 que caiu mal e partiu-se a coronha, como sabem é muito frágil.
Por esse facto fui chamado ao capitão ao quartel, porque ia ser castigado.
Quando cheguei ao gabinete do capitão ele começou por me dar um raspanete por causa do acontecido, mas eu logo o interrompi pedindo para contar a minha versão do acontecido e ele acedeu.
Desculpe meu capitão eu julgo estar aqui para aprender como fazer a guerra para onde vou, e não sabia como actuar na situação em que me encontrava para não levar um "TIRO" pelas costas, agora já sei...
O capitão respondeu-me assim: Tens razão estás aqui para aprender a fazer a guerra, portanto por agora estás desculpado, mas dou-te um grande conselho, trata bem da tua G3 que ela será a tua melhor AMIGA, felicidades...
E foi assim a minha passagem por Beja, mas também há um outro acontecimento, que nunca me esqueço, foi lá no Cinema Pax Júlia, que vi pela primeira vez o filme Música no Coração.
Abraços
Tino Neves
Zé Saúde, boa ideia.
Faltou nomear o grande poeta árabe Almutamide e a célebre Soror Mariana Alcoforado também naturais de Beja. E uma explicação sobre os naturais de Beja (o gentílico) serem Pacenses e, também, por os árabes trocarem/pronunciarem o 'p' pelo 'b' e o 'x' por 'j', do Pax (Julia) passar a Paca pronunciado Baja e depois Beja. E também houve aquela num Concurso da TV, perguntarem a um alentejano como se chamavam os habitantes de Beja, ao que ele respondeu: Porra, sei lá bem o nome de todos eles.
Ainda a propósito do Quartel de Beja, deixo aqui um repto ao nosso camarada José Martins, grande conhecedor de efectivos militares, para nos fazer um resumo de número de Quartéis (Unidade Militares) que haveria em Portugal, em 1960. Nos 18 distritos de Portugal havia pelo menos um Quartel e mais uns quantos noutras localidades. Deveria ser o país do mundo com mais Quartéis por metro quadrado, não estando em guerra com ninguém, nem ser previsível qualquer ataque por terra, mar ou ar ao nosso país.
Ab., saúde da boa e cuidado com o bicho.
Valdemar Queiroz
Poesia do Gharb Al-Andalus
24/01/2010 by Frederico Mendes Paula
https://aventar.eu/2010/01/24/poesia-luso-arabe/
(...) Al-Mu’tamid Ibn ‘Abbad, que ficou conhecido como o “Rei-Poeta”, nasceu no ano de 1040 em Beja onde passou a sua infância. Era filho de ‘Abbad Al-Mu’tadid, rei da taifa de Sevilha e homem extremamente autoritário e ambicioso que, conquistando os vários reinos seus vizinhos, acaba por criar o mais poderoso reino de taifa do Al-Andalus, o chamado Reino Abádida, que se estendia desde o Sul de Portugal até ao estreito de Gibraltar.
A conquista de Silves é aquela que maiores dificuldades lhe causou, já que só é consumada após mais de 10 anos de guerra. Al-Mu’tamid participa com o pai nas várias campanhas contra Silves, ficando no seu governo a partir do ano de 1053.
A vida de Al-Mu’tamid ficaria ligada à do seu grande amigo e poeta Abu Bakr Ibn ‘Amar “Al-Andalusi”, natural de Xannabus, Xanbras ou S. Brás, com quem mantém uma relação apaixonada e possessiva, num ambiente de corte marcado pela luxúria e prazer, e por escândalos que acabam por fazer com que Al-Mu’tamid seja chamado pelo seu pai a Sevilha e Ibn ‘Amar desterrado para Saragoça.
(...) Após a morte do seu pai, no ano de 1063, Al-Mu’tamid torna-se rei de Sevilha e chama de volta Ibn ‘Amar, nomeando-o governador de Silves. Mas o coração do Rei-Poeta fica naquela cidade, como atesta a “Evocação de Silves” que escreve a Ibn ‘Amar a partir de Sevilha:
“Saúda, por mim, Abu Bakr,
os queridos lugares de Silves
e diz-me se deles a saudade
é tão grande quanto a minha.
Saúda o Palácio das Varandas,
da parte de quem nunca o esqueceu,
morada de leões e de gazelas
salas e sombras onde eu
doce refúgio encontrava
entre ancas opulentas
e tão estreitas cinturas.
Moças níveas e morenas
atravessavam-me a alma
como brancas espadas
como lanças escuras.
Ai quantas noites fiquei,
lá no remanso do rio,
preso nos jogos do amor
com a da pulseira curva,
igual aos meandros da água,
enquanto o tempo passava…
ela me servia vinho:
o vinho do seu olhar,
às vezes o do seu copo,
e outras vezes o da boca.
Tangia-me o alaúde
e eis que eu estremecia
como se estivesse ouvindo
tendões de colos cortados.
Mas se retirava as vestes
grácil detalhe mostrando,
era ramo de salgueiro
que me abria o seu botão
para ostentar a flor.” (1)
(...)
(1) ALVES, Adalberto. “Al-Mu’tamid Poeta do Destino”. Assírio e Alvim, Lisboa 1996
Poesia do Gharb Al-Andalus
24/01/2010 by Frederico Mendes Paula
https://aventar.eu/2010/01/24/poesia-luso-arabe/
(...) No ano de 1031 cai o Califado de Córdoba e o Al-Andalus divide-se em reinos independentes, que ficaram conhecidos pelo nome de Reinos de Taifas (do Árabe Muluk At-Tawaif, ou reinos fraccionados).
O poder centralizado do Califado Omíada, cada vez mais dependente de uma máquina administrativa pesada e geradora de pesados impostos, aliado aos desejos de autonomia das inúmeras etnias que povoavam o Andalus, estão na origem deste fraccionamento do poder político.
No Sul do território hoje ocupado por Portugal, o Gharb Al-Andalus, ou Ocidente do Al-Andalus, constituem-se quatro reinos de taifas - um grande reino na zona mais a Norte com capital em Batalyaws (Badajoz), um reino correspondendo à região do Baixo Alentejo com capital em Mârtula (Mértola) e dois reinos no actual Algarve, concretamente os reinos de Xilb (Silves) e Xantamarya Ibn Harun (Faro).
É neste período que floresce uma cultura Hispano-Árabe, sobretudo ao nível da poesia, resultado de uma identidade local criada pela fusão de elementos étnicos árabes, berberes, judeus, hispano-romanos e hispano-godos.
No caso específico do Sul de Portugal essa poesia é hoje referida como Poesia Luso-Árabe e são inúmeros os autores que deixaram obra escrita. Dois desses autores ficariam conhecidos como os mais representativos desta cultura _ Al-Mu’tamid e Ibn ‘Amar. (...)
Poesia do Gharb Al-Andalus
24/01/2010 by Frederico Mendes Paula
https://aventar.eu/2010/01/24/poesia-luso-arabe/
(...) O período em que viveram [, Al-Mu’tamid e Ibn ‘Amar,] apesar de constituir a época mais fecunda da produção artística do Al-Gharb, ou o Ocidente, sobretudo da poesia, correspondeu ao início da decomposição política do Al-Andalus, da dissolução do Estado e transgrediu valores do próprio Islão.
Nas cortes da época, a lassidão dos costumes, o abuso do vinho, a imoderação sexual e os impostos ilícitos que sobrecarregavam os mais humildes, contribuíram grandemente para a desunião do poder muçulmano e abriram inevitavelmente caminho à vitória cristã. (...)
(...) O final do reinado do Rei-Poeta fica marcado pelas ameaças cristãs ao seu reino, que o levam a pedir apoio ao novo soberano de Marrocos, Yussuf Ibn Tachfin, chefe Almorávida e fundador da Cidade de Marraquexe.
A entrada dos Almorávidas na Península é impiedosa, unificando o território sob o seu poder, assassinando todos os reis de taifas, à excepção de Al-Mu’tamid, que é desterrado com ‘Itimad para Aghmat [, a esposa favorita], nos arredores de Marraquexe, onde terminam os seus dias num miserável cativeiro. (...)
Camarada Valdemar Silva,
Falavas de al-Muʿtamid, um poeta que tem o seu nome numa rua de Beja, mas o Luís Graça já disponibilizou uma informação consistente sobre esta ilustre figura árabe, por conseguinte falarei sobre Soror Mariana Alcoforado.
Esta jovem foi uma freira que nasceu em Beja no ano de 1640. Aos 11 anos entrou para o Convento da Conceição face à imponente decisão do senhor seu pai. Quis o destino que aquando a chegada a Beja de um regimento militar francês, comandado por Frederico Schomberg, o seu olhar se cruzasse com um jovem militar de nome Noel Bouton. Dessa troca de olhares nasceu, de imediato, um amor enorme.
Da janela do convento, projetada para as bandas de Mértola, Soror Mariana Alcoforado deixou-se seduzir pela juventude do cavaleiro francês e dominada pela paixão abriu-lhe, secretamente, a porta da sua cela ao longo de várias noites.
Descoberto o romance, que causou escândalo, pois Mariana pertencia a uma poderosa família local, os Alcoforados, levou à consequente retirada de Portugal do oficial Noel Bouton.
Seguiu-se uma troca de correspondência do par apaixonado, tendo daí resultado as fabulosas “Cartas” que correram mundo.
É óbvio que a descrição deste acontecimento histórico é enorme, logo fico pela sintética resenha do feito. Porém fica a certeza que Soror Mariana Alcoforado faz, naturalmente, parte da história da cidade de Beja.
Abraço, camarada.
Zé Saúde
Grande bajuda, a Mariana Alcoforado, por muito menos podia ter acabado na fogueira!... O filho da mãe do francês é que foi um cobardolas...
Mas deve ter sido uma paixão escaldante!... Ainda por cima a eapariga não queria ser freira!...O convento na época era uma casa de reclusão para as meninas rebeldes...
Um abraço, Zé!...
PS - Todos temos um boa costela moura... Mas o teu Al-Mu’tamid, apesar de grande ppeta, era um caso patológico; matou o amante à machada, o também poeta Ibn ‘Amar... Enfim, mais outra história de amor trágica!...
A história dessa grande bajuda foi publicada nos livros de bolso europa américa "Cartas Portuguesas".
Um abraço
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