domingo, 22 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21566: Ser solidário (235): João Crisóstomo e Vilma Kracun [Woodside, Queens, Nova Iorque]: em tempo de Covid-19 vêm para a rua limpar o seu bairro e animar lares de idosos


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




João Crisóstomo, luso-americano, natural de Torres Vedras, conhecido ativista de causas 
que muito dizem aos portugueses: Foz Côa, Timor Leste, Aristides Sousa Mendes... 
Régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona; ex-alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole 
e Missirá, 1965/67): vive desde 1975 em Nova Iorque; tem mais  de 120 referências 
no nosso blogue.


1. Mensagem de João Crisóstomo. com data de 10 de outubro  último:

Caro Luís Graça:

Como sabes, eu de vez em quando eu dou uma ajuda aqui e ali à minha volta, conforme as necessidades o exigem, especialmente nos últimos tempos devido aos problemas de orçamentos e falta de verbas,  falta de pessoal, etc. Como aliás como sucede sempre em toda a parte.

Há semana atrás, na minha mania de querer “compensar”  estas faltas,  exagerei um pouco e tenho passado as últimas três semanas com muletas por causa dum ataque de ciática, embora já me sinta melhor. A primeira semana foi dura,  praticamente  imobilizado na cama, com o médico a dizer-me que  que o melhor remédio  para isto é "continuar quieto e ter paciência".  Portanto, goste eu ou não, tenho mesmo de obedecer.

Sucede que há tempos este meu voluntariado a fazer limpezas nos parques e ruas da vizinhança (aliás, o "nosso voluntariado", pois a Vilma, contra a minha vontade, teima em nunca me deixar sozinho…), despertou a curiosidade dum repórter e ontem mesmo saiu um artigo aqui num jornal local [, o  "Queens Ledger", semanário local, fundado em 1873]…

Como gostas de saber como é que os camaradas, pelo mundo fora,    reagem a este coronavírus e passam o seu tempo, aqui está, no que me diz respeito, o artigo que saiu. Creio que não vale a pena o trabalho de o traduzir, pois em maior ou menor escala quase toda a gente fala ou lê hoje um pouco de inglês. Caso aches que isso vale a pena, então diz-me, que eu farei a tradução; mas alguns assuntos que exigem a minha atenção imediata não me permitem fazê-lo de pronto  e eu não sei usar a "tradução automática’, que estas novas tecnologias facilitam [João, vê o Google Translate, traduz tudo, até o nosso calão, só não traduz os nossos crioulos; o inglês-português não é nada mau, e até o português-inglês, embore precise sempre de revisão / correção final... De qualquer mood, o "guglês" já  é a língua mais usada no mundo...LG]. 

Mas,  para compensar, para o caso de achares que vale a pena mencionar este artigo, eu junto algumas fotos relacionadas com o assunto e tu decides o que fazer com elas, incluindo ignorá-las. A foto (única) que aparece junto com o artigo foi tirada pelo próprio repórter que quis e veio falar comigo. As outras foram tiradas como “memos” para mim mesmo, coisa que nunca não se deixo de fazer em ocasiões destas.

A foto nº 1  é o meu “ID' (que me foi dado em 2007, pelo Departamento de Parques de Nova Iorque
quando me alistei como “voluntário") 

A foto nº 2, eu e a Vilma juntando a folhagem e os ramos de árvores do parque, logo após a passagem de uma violenta tempestade. 

Aqui, como noutras, funciona "a lei do menor esforço”, o que leva a que,  mesmo os que vêm todos os dias "fazer ginástica” no parque,  não tenham o cuidado de limpar o lugar primeiro, alegando que isso é obrigação e trabalho do autarquia…

De vez em quando também organizamos ou ajudamos a organizar eventos para tornar a vida num lar para idosos,  aqui na minha rua,   mais agradável [Foto nº 3].

Foto nº 4: num dia em vésperas de Natal, depois de ter conseguido um voluntário para acompanhar as canções ao piano, convidamos os residentes deste lar para uma tarde de “ Christmas Carols” [Canções de Natal].

Um abraço grande,
João

2. Reproduzimos, com a devida vénia, o artigo sobre o João Crisóstomo, publicado no jornal da sua comunidade, o "Queens Ledger" [tradução, adaptação livre, revisão e fixação de  texto: Google Translate / LG]


Voluntário mantém limpo o parque local

por Samantha Galvez-Montiel 

Queens Ledger, 7 de outubro de 2020


 João Crisóstomo, que vive em Nova Iorque há 45 anos, tem uma vida preenchida, plana, desde ter sido mordomo de Jacqueline Kennedy Onassis a ativista de causas sociais,  ligadas ao seu país natal, Portugal.

Mudou-se para a cidade de Nova Iorque há 45 anos. Desde 1997, Crisóstomo e  a sua esposa Vilma Kracun, com quem se casou em 2013, moram em Woodside [, Queens, Nova Iorque],  onde passam o tempo limpando o bairro e o parque Big Bush.

“Há treze anos, comecei a ser voluntário para ajudar Jack Maurin, então supervisor do parque, a manter o Big Bush Park e outros parques limpos”, disse Crisóstomo.

Mas Crisóstomo viu seu parque local negligenciado, mesmo depois de um milhão de dólares ter sido destinado,  há cerca de dois anos,  para renovar o parque. Desde então, Crisóstomo tem dedicado o seu  a manter o parque limpo, assim como outras áreas do bairro com problemas de lixo.

“O belo parque cercado foi naturalmente concebido para evitar que crianças e outras pessoas entrassem em áreas reservadas, mas não há um simples portão de acesso para as limpezas, a irrigação, o corte de ervas daninhas e a remoção de galhos caídos”, disse ele. “Já tive que escalar a cerca várias vezes para fazer isso, caso contrário, o lugar seria sempre uma bagunça terrível e uma atração para os ratos.”

Crisóstomo disse estar satisfeito por o lixo,  em Big Bush Park, ter sido recolhido recentemente pelos funcionários do Departamento de Parques, mas ficou danado por isso ter levado mais de três semanas e só depois de ele ter contactado várias autoridades locais, incluindo o deputado Brian Barnwell.

“Como a Prefeitura fez cortes drásticos no orçamento do Departamento de Saneamento, vemos o lixo e o entulho a acumular-se nas  nossas ruas”, disse o deputado. “Os meus pedidos.  para mais contentores do lixo e mais recolha,   foram repetidamente negados. É inaceitável o que está a acontecer".

Um porta-voz do Departamento de Parques confirmou que os recentes cortes no orçamento tiveram como consequência, entre outras,  a  falta de pessoal.

Desde o último anúncio de orçamento, o orçamento de Parks FY21 é de 503 milhões de dólares, o que significa uma redução de 84 milhões em relação ao ano passado”, escreveu o porta-voz por email. “Não podemos recorrer a trabalhadores sazonais, este ano,  para apoiar a Manutenção e Operações em toda a cidade devido aos cortes orçamentais. Mas o Big Bush Park é limpo diariamente e o a paisagem é cuidada ao máximo. ” 

Crisóstomo disse que a falta de cooperação dos  trabalhadores temporários do parque também pode ser resultante  do facto de  haver horários rotativos e nem sempre eles  reconhecerem isso. 

“Os trabalhadores mais de uma vez me explicaram a sua recusa em entrar nas áreas cercadas. pelo perigo que isso poderia representar”, disse ele. 

Crisóstomo levou uma vida plena antes de se mudar para Wooside [Queens, Nova Iorque]. Ele nasceu em Portugal em 1944 e frequentou o seminário,  antes de completar o serviço militar em África, 

Aprendeu inglês e serviu à mesa em Londres no início dos anos 1970. Mudou-se para Nova York em 1975, tendo começado por trabalhar como mordomo ao serviço da senhora Kennedy Onassis. Tornou cidadão americano em 12 de setembro de 1993. 

Em 1994, começou a trabalhar na campanha em prol da conservação das gravuras,  da Idade da Pedra, de Foz Côa, em Portugal, hoje Património Mundial da UNESCO. Israel, por seu tunro,  homenageou-o,  com a emissão de um selo dos correios, em 2017 por seu trabalho  de reabilitação da memória de heróis do Holocausto,  Aristides de Sousa Mendes, Luis Martins de Sousa Dantas, Padre Benoit e outros. 


 
A arrecadação da casa do João Crisóstomo e Vilma Kracun, onde se guardam os apetrechos de limpeza.
 
Fonte: Queens Ledger - Volunteer keeps his local playground free of trash 
___________

Nota do editor:

Último poste da série >16 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21549: Ser solidário (234): Associação Anghilau ("criança", na língua felupe), admissão de sócios, ficha de adesão... Somos já 28!... Poucos mas bons, mas ainda podemos ser mais (Manuel Rei Vilar)

4 comentários:

Valdemar Silva disse...

Caro camarada João Crisóstomo.
Como sempre a vontade de ajudar o próximo. Neste caso, e em tempos de pandemia, a ajudar na limpeza urbana e a confortar/animar em lares de idosos, como se não fosse também um idoso, com uma guerra na Guiné aos ombros, a precisar de estar confortavelmente confinado em sua casa. São assim o raio dos portugueses.
Aproveito para ser esclarecido sobre o topónimo Queens (NY). Tanto quanto se sabe, quando os holandeses cederam a região aos ingleses estes baptizaram o local em honra da portuguesa Catarina de Bragança Rainha de Inglaterra consorte do Rei Carlos II. Então o local deveria ser "da Rainha", ou seja Queen's. Então porquê "Rainhas", provavelmente passou a ser "de Rainhas" e não exclusivamente da Rainha Catarina, e assim temos o famoso Queens de Nova Iorque e o não menos famoso Queens Ledger (o Livro de Contabilidade de Rainhas) ou não morasse lá um honrado português.
E cá estou eu ... como as cerejas.

Abraço e continuação de boa saúde
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Bravo, Valdemar, passei por Nova Iorque a caminho de Denver, no Colorado, no início dos anos 90, fiquei uma noite num hotel manhoso, nas traseiras numas daquelas famosas avenidas... Não deu para conhecer muito mais...

Mas para o ano ainda gostaria de ir passar uns dias a casa do mais famoso português de Woodside Queens, e da eslovena mais querida daquelas paragens!... São um par encantador!...

Obrigado, Valdemar, pela explicação sobre a origem do topónimo Queens e o significado de Queens Ledger!...

Anónimo disse...

Amigos,
A vontade do João Crisóstomo em ajudar é contagiante. Tive a oportunidae de atestar isso quando aquele casal maravilhoso me visitou.
Abfraço.
José Câmara

Anónimo disse...

Caro Valdemar,
Desculpa o atraso em responder ao teu comentário que só agora acabo de ver. Creio eu que a razão deste "county" se conhecer como Queens e não Queen's não é outra senão devido à "lei do menor esforço" ... isso acontece em toda a parte. As pessoas começaram a "simplificar" eliminando o sinal ' e de repente ficou assim mesmo. Muita gente ainda hoje confunde Manhatan com Nova Iorque; como sabes Manhatan é uma ilha ,apenas um dos cinco "counties" da cidade, ( sem dúvida o mais importante ) sendo Queens um dos outros "counties". Segundo se conta, esta zona ( na altura sem nome especial, apenas conhecida como parte da ilha a oeste de Manhatan, ainda hoje conhecida como "Long Island" começou a ser um lugar que as pessoas que viviam na ilha de Manhatan gostavam de visitar nos fins de semana etc. E começaram a dizer<< "vamos passar o fim de semana às terras da rainha">> Deviam portanto dizer/escrever como dizes<< let's go to Queen's lands". Mas a tal lei do menor esforço levou a eliminarem a palavra "lands" e a juntarem o s directamente à palavra Queen. Assim me explicaram e é o "único pano que tenho para vender"... Não me consta que esta terra tenha estado relacionada com mais nenhuma rainha. Abraço, Joao crisostomo