quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21654: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (12): A "cunha" da mana de Salazar, texto de Vargas Cardoso, cor inf ref, ex-comandante da CCAÇ 2402, Có, Mansabá e Olossato, 1968/70... Mais uma pequena homenagem à memória do nosso Raul Albino (1945-2020)


Guiné > Região do Oio > Có > CCAC 2402 (1968/70) > s/d > De pé: alf mil Francisco Henriques da Silva, alf mil Raul Albino e Cap Vargas Cardoso

Foto (e legenda): © Raul Albino (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. O tema das "cunhas" é pouco natalício... Mas presta-se também à bonomia e ao bom humor próprios da época natalícia.. O cor inf ref Vargas Cardoso entregou ao Raul Albino esta história, que tem tanto de burlesco como de inefável (incitando por isso,  ao riso amarelo); foi, juntamente com mais uma vintena de textos, o seu contributo para o volume II das Memórias da CCAÇ 2402, cuja coordenação editorial esteve a cargo do Raul Albino. 

Tenho um exmplar desse volume, oferta pessoal do nosso saudoso amigo e camarada Raul que, como sabem, foi alf mil da CCAÇ 2402. Com a devida vénia ao Vargas Cardoso, e votos  de boas festas, para ele  e os demais camaradas da CCAÇ 2402,  "Os Lynces de Có", reproduzimos aqui a história da cunha da Dona Marta Salazar e do senhor presidente da junta de freguesia de Sta Comba Dão. intercedendo por um dos militares da CCAÇ 2402, companhia   que em junho de 1968 estava já mobilizada para o CTIG e ainda  em formação.no RI 1, Amadora.

Sobre o soldado Sereto (um dos militares a seguir referidos na narrtaiva) há outra história que poderemos reproduzir mais tarde, também da autoria do Vargas Cardoso ("E o Sereto chegou a tempo do embarque"). 

Este militar era um ex-casapaino, "filho de pai alcoólico e orfão de mãe" (sic) , jogador dos júniores do Sporting, que tinha chumbado na recruta do Regimento de Lanceiros 2 (Polícia Militar), e que o cap Vargas Cardoso se empenhou em  "proteger", esperançado em fazer dele "um cidadão útil para a sociedade"... LG



Excerto de : Parte II - Comando da Companhia - Textos de Vargas Cardoso, in "Memórias da CCAÇ 2402 (Guiné 1968/1970), Volume II", mimeog", 2008, páginas inumeradas,il. (Coordenação: Rui Albino). (Com a devida vénia...)

3 comentários:

Valdemar Silva disse...

Foi como quem diz 'até da parte do Salazar havia cunhas para não ser mobilizado'.
Quando eu me lamentei ter sido mobilizado para Guiné, coitada da minha mãe disse-me: o que queres, os filhos ricos também vão para fora.
Por acaso, nem sei se haverá algum estudo/estatística de substituições na mobilização com pagamento de determinada importância. Sabia-se que o valor pago estava fixado em relação à especialidade, ao local ser cidade ou "mato" em Moçambique, Angola e a Guiné ser toda "mais caro". No caso da Guiné a substituição de um Atirador de Inf. era a mais "bem paga" e teria que haver uma certeza absoluta do que ficava cá não ser mobilizado, que julgo que acontecia com alguns jogadores de futebol dos principais clubes nacionais. Eu conheci um caso no RAP3 (Fig. da Foz) com um jogador conhecido da especialidade de Munições de Artilharia que conseguiu arranjar um substituto da mesma especialidade de baixa mobilização.

É o dinheirinho e as cunhas em todo o "seu patriotismo"

Abracelos
Valdemar Queiroz

António Duarte disse...

Curiosa questão. Efetivamente havia filhos de ricos e figuras do sistema que alinharam como nós, comuns mortais.

Há no entanto um conjunto de filhos família que se safaram. Tal como alguns jogadores de futebol, por exemplo. Basta olhar para alguns dos nossos atuais políticos, ainda no ativo ou já retirados, que nascidos no final dos anos 40, tiveram por exemplo esperas, por questões de estudo, que possibilitou a chegada salvadora do 25 de abril.

Enfim, malhas que o Império tece ou já teceu....

Bom Natal a todos os camaradas.
António Duarte
Cart 3493 e Ccaç 12
Dez 71 a Jan de 74






Tabanca Grande Luís Graça disse...

Não era preciso ser "filho de algo"...Cada vez mais vou sabendo histórias de gente, como nós, qeu se safou de ir parar à Guiné, ou de ir para o mato, ficando em Bissau, ou que teve uma cunha para ir de baixa para o Hospital Militar Principal, logo no início ou a meio da comissão...

Ou porque tinham um padrinho que era coronel, ou uma mamã, ou uma tia ou uma madrinha que era do Movimento Nacional Feminino... Náo era preciso ser fiho de gente rica ou influente... Às vezes bastava o pai ser caseiro de um senhor militar qualquer que conhecia os gajos dos serviços mecanográficos...

No Estado Novo o nosso proverbial clientelismo continuou a funcionar em grande... Não era preciso chegar ao Salazar (com fama de "incorrupto e incorruptível"), só era preciso conhecer um pequeno Salazar da província...