quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21652: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (11): Homenageando a memória do Raul Albino (1945-2020): Os Natais de 1968, em Có, e 1969, no Olossato, da CCAÇ 2402 (João Bonifácio, ex-fur mil SAM, hoje a viver no Canadá)






Fotos (e legendas): © João Bonifácio (2008. Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa da brochura "Memórias da CCAÇ 2402 (Guiné 1968/1970), Volume II", mimeog", 2008, páginas inumeradas,il. (Coordenação: Raul Albino).


1. As fotos de cima (e as legendas) são do João G. Bonifácio, ex-fur mil SAM, da CCAÇ 2402 (, Mansabá e Olossato, 1968/70), a viver no Canadá. 

Ele foi um dos colaboradores deste II Volume, juntmente com o ex-cap inf Vargas Cardoso e de outros camaradas como o Carlos Sacramemto, Carlos Santiago, Carlos Costa, Joaquim Ramalho, Maurício Esparteiro, António Maria Veríssimo, António Fangueiro da Silva, e o próprio Raul Albino. O João Bonifácio é membro da nossa Tabanca Grande desde 1 de dezembro de 2006 (*)

Em homenagem ao Raul Albino, ex-alf mil da CCAL CC$02, que nos deixou há pouco tempo (, aliás foi o próprio João Bonifácio que nos deu a triste notícia) (**), vamos aqror reproduzir dois aponatmentos sobre o Natal de 1968 e de 1969 (***), da autoria do João, incluidos naquela brochura.

Aproveitamos para desejar a ele e à sua sua família, bem como à família do Raul Albino, mas também aos demais camaradas da CCAÇ 2402,os nossos votos de um Natal e Ano Novo, tão bom quanto possível, dentro dos contrangimentos a que todos estamos sujeitosnos  nossos países, devido à pandemia de Covid-19.(****).
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 1 de dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1331: Blogoterapia (9): Quando a Pátria não é Mátria para ti (João Bonifácio, Canadá, exvagomestre da CCAÇ 2402)

6 comentários:

Valdemar Silva disse...

Dois comentários às fotografias.
Na fotografia do desfile: foi 24/7/1968 ou em 24/7/1970 conforme escrito na própria foto.
Na fotografia da Messe de Oficiais e Sargentos vê-se um soldado com uma bandeja a servir quem está nas mesas, um luxo em campanha.
Já escrevi noutro poste que todo o território da Guiné era considerado em campanha, incluindo Bissau julgo, por isso toda a tropa tinha a mesma verba para refeições - o rancho geral. Sabíamos que em muitos aquartelamentos haveria confecções autónomas para soldados e para oficiais e sargentos, com estes até organizarem gerentes de messe fora da competência do vagomestre da Unidade.
Na minha CART11 "Os Lacraus" o rancho sempre foi igual para toda a Companhia e embora houvesse, em Nova Lamego e Paunca, uma "sala" para oficiais, incluindo o Capitão e a sua mulher (em N.Lamego) e sargentos nunca tivemos "criado de mesa" e sempre comemos do mesmo rancho dos soldados, da responsabilidade do nosso vagomestre fur.mil.vag. Ferreira (Carlos Manuel Ferreira do carago, que será feito dele?).

Boas Festas
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Lembrando o nosso Natal de 69 em Bambadinca:

24 DE DEZEMBRO DE 2013
Guiné 63/74 - P12498: Efemérides (148): Bambadinca, messe de sargentos, almoço de Natal de 1969, ao tempo da CCS/BCAÇ 2852 e da CCAÇ 12... Pede-se ao Pai Natal para completar as legendas (Humberto Reis / Luís Graça)


... Também eu nunca mais vi o Jaime Soares Santos, o nosso Fur Mil SAM, vulgo vagomestre... Houve maçta, e acho que a maior parte, que +ura e simplesmente não quer falar nem ouvir falar deste tempo das suas vidas... Respeito esse silêncio...

Valdemar Silva disse...

Luís
Realmente as datas da fotografia do embarque têm a coincidência do dia e mês, mas agora percebi não se referirem concretamente aquele embarque.
O culto da hierarquia carreirista dos oficiais na guerra da Guiné baixava de "fé" quando se estava propriamente no mato inseridos com a população e directamente no momento de um ataque do IN. Evidentemente que não era nenhuma balda tu cá tu lá, mas todos estavam no mesmo grau de perigosidade.
Para se ter uma ideia de como era o culto da hierarquia no mato, podemos visionar umas das grandes fotografias do blogue, no P14629, em que vemos um oficial, furriéis, cabo e soldado sentados à mesma mesa na hora do almoço. Qual hierarquia qual caraças, nem sequer camisas com galões ou divisas fazem a diferença.

Abracelos
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Caro Valdemar:

Um exército que quisesse ganhar aquela puta de guerra, nunca poderia ser como o nosso, classista, dividido em estratos, oficais & cavalheiros, sargentada e arraia-miúda, pretos de primeira e pretos de segunda...

Em todas as sedes de batalhão (e eu conheci dois, o BCAÇ 2852 e o BART 2917, em Bambadinca) vigorava o mais estrito "apartheid": messes separadas, dormitórios com metros quadrados em função das divisas e dos galões, as praças amontoadas em autênticos "bidonvilles""...

E o Zé Povinho, o eterno Zé Povinho, a comer merda, esparguete com cavalas, estilhaços de frango com arroz da bolanh, vinho a martelo, a "água de Lisboa"... E dar o litro e meio, o sangue, suor e lágrimas, a vida, por uma Pátria de opereta, com figurões que se limitavam a tratar das suas vidinhas...

Clqro que houve muitas e honrosas exceções, grandes comandantes, grandes líderes militares, a começar pelo Spínola, pelo Alpoim Calvão, pelo Ferreira Cavaleiro, pelo Polidoro Monteiro, pelo João Bacar Jaló...

Não falo dos nossos bravos comandantes operacionais, jovens alferes ou capitães, do quadro ou milicianos... Não podemos pôr os nossos oficiais todos no mesmo saco...

Também não esqueço o efeito que aquela guerra, com sucessivas comissões nos vários teatros de operações, teve em termos de ususra física e mental dos nossos oficiais superiores... Muitos deles já não tinham idade para viver na Guiné!

Absolutamente miserável, isso sim, era a estratificação socioespacil do nosso exército na Guiné... Havia exceções. fora dos principais "centros urbanos": no mato, navia quarteis e destacamentos onde os homens eram iguais no comer, no dormir, no combater, no morrer...

Mas em Bambadinca, em Nova Lamego, em Teixeira Pinto, em Mansoa, em Catió, em Bisaau e por aí fora. os senhores oficiais superiores comportavam-se eram uma aristocracia guerreira... Açguma vez se inteiraram das condições de vida, subumanas dos seus soldados no mato ?

Falo pela minha experiência limitasa ao Sector L1... Alguma vez passaram o comandante de batalhão, o 2º comandante ou outro representante do comando passoui o Natal nos quartéis das suas unidades de quadrícula ? Beste caso, Xime, Mansambo, Xitole, Missirá, Ponte Undunduma, Ponte dos Fulas, Missãodo Somo ou tabancas em audodefesa ?... Não, nunca vbi,,, Alguma vez os acompanhara em operações no mato ? O único que vi, e este comigo, foi o Polidoro Monteiro...

Agora percebe-se melhor por que é que alguns oficiais superiores (tenentes coroneis e majores) que conhecemos foram um "erro de casting"... E o Spínola a alguns não perdoava: a prenda de Natal era um par de patins... Para gáudio da arraia-miúda... Podemos aqui discutir se o Spínola era um "populista" ou simplesmente um comandante-chefe exigente em relação aos seus oficiais superiores, aosseus comandantes opoeracionais e aos seus soldados...

Mas, no fim, fomos todos vítimas daquela guerra que se prolongou demasiado no tempo sem solução "político-militar" à vista: do comandante de batalhão à tropa-macaca, fomos todos vítimas...

Joao G Bonifacio disse...

Ola caros camaradas. Hoje e dia 24 de Dezembro e vespera de Natal, que infelizmente nem se sente, tal a batalha que travamos com um inimigo invisivel chamado Covid19. Neste momento nao existem mais justificacoes de tudo o que se passou na Guerra do Ultramar.

Neste momento, temos que respeitar os nossos camaradas que ja nao estao connosco, e ser solidarios para aqueles que por muitas razoes se sentem magoados com o passado, relembrando uma Guerra injusta, como sao todas as guerras.

Desejo tambem pedir desculpa pelo erro na foto do desfile, e apenas escapou por entre as balas que falharam o alvo. o 70 foi o ano em que coloquei a inscricao na foto, e na verdade deveria ter sido 68. Desculpem.

Nas observacoes feitas aos direitos de ter " EMPREGADOS DE MESAS" comer da messe ou do rancho, onde a verba era de 24$50 por homem dia, foi apenas uma escolha feita e apenas foi possivel porque nas refeicoes diferentes os utentes se resposabilizavam pela diferenca, de modo a poderem ter essa melhoria.

Na minha comissao fui o gerente do rancho e da messe, para alem de outros "trabalhos". Procurei ser sempre o mais professional possivel, mesmo lutando com varios problemas de reabastecimento. Nao escrevo aqui as razoes porque certas decisoes foram tomadas, mas para serenidade dos que por la andaram, procuramos sempre dar o melhor para que essas falhas de reabastecimento nao fossem tao notadas.

A Agua de Lisboa nao era comparavel aos vinhos de hoje, mas tambem nos nao tivemos os mesmos luxos da internet e das aaguas engarrafadas. Aceito as melhorias, mas as nossas tropas sofreram mais porque nada tinham para se initularem de profissionais. As nossas tropas deram o melhor, mas nem sempre esse mlehor chegou. Dai o facto de termos tidos baixas, que em condicoes normais talvez nao existissem.

Passados tantos anos e tentando absorver o que se passou na Altura, e sobretudo ainda ter a memoria para a critica ou o desabafo frustrado, deixa-me triste. Se todos falharam e nada valeu a pena, porque teimamos em participar em almocos todos os anos, para falar mais do mesmo e de nada, procurando apenas cimentar o que resta dessas grandes amizades que se criaram. Pessoalmente sinto-me muito feliz e orgulhoso pelo que fiz como humano e como militar.

Por isso me sinto bem comigo mesmo, sabendo que tudo fiz para minimizer as faltas e as saudades de todos com quem tive a honra de ter na minha seccao de Alimentacao.

Sinto-me muito honrado pelo Segundo lugar do meu curso na Povoa de Varzim; por um louvor militar do meu desempenho professional no Reg Infantaria 3 em Beja; de um louvor da minha Companhia, reconhecendo tudo o que foi feito para bem dos soldados, para alem da ajuda material e psicologica, aqueles que por razoes diversas se sentiam mai vulneraveis. Foi uma honra e um orgulho muito grande pelo que foi feito para reparar aquilo que a "tropa" nao fez. Aos soldados sem familia, aqueles que nao tiveram ninguem na despedida e ninguem a espera no regresso, eu sinto-me muito orgulhoso e agradecido por me permitirem ser um amigo e uma pessoa solidaria.

Por isso, o nosso Natal de 1969 no Olossato foi servido com todas as honras, pois se lerem a minha descricao, nos temos a companhia de pessoas que nos honraram com a sua presenca.

Por fim, Desejo agradecer a todos os que por aqui passam de vez em quando e aos que gerem o Blog, pelo trabalho e dedicacao. A Todos, Boas Festas e Ano Novo com saude.


Por ser recente, uma nota para o meu amigo Raul Albino que ja nos deixou. RIP - Rest in Peace ou Paz a sua alma.


Joao Bonifacio
Ex Fur Mil do S A M
CC2402

Joao G Bonifacio disse...

Bom Natal. 25/12/2020 e na area de Toronto tivemos o Natal Branco.

Ao rever o texto anterior e que e da minha autoria, reconheco dois ou tres erros ortograficos. Na verdade, ate fiquei desolado. Eu deveria ter lido o texto antes de o enviar.

Agora que o erro foi feito, desculpem amigos e camaradas. Tentarei ser melhor na proxima intervencao.

Joao G Bonifacio, Canada