Foto nº 1 > Guiné > Região de Gabu > Sinchã Sajori > CART 11 > 1970 > Vacinação da população local. com o fur.mil.enf Edmond
Foto nº 4 > Guiné > Região de Gabu > Guiro Iero Bocari > CART 11 > 1970 > O fur mil Valdemar Queiroz aperaltado para o regresso
Foto nº 5 > Guiné > Região de Gabu > Guiro Iero Bocari > CART 11 > 1970 > Filha de um dos nossos soldados
Foto nº 6 > Guiné > Bissau > 16 de dezembro de 1970 > A última compar do Valdemar Queiroz, na Loja do Taufik Saad, um relógio Longines, no valor de 2950$00 [, a preços de hoje, o equivalente a 868,65 €].
Foto nº 7 > Guiné > Bissau > 16 de dezembro de 1970 > O bilhete de avião, na TAP; no valor de 4340$00 [equivalente, a preços de hoje, a 1.277,95 €]
Data - quinta, 10/12, 16:13
Assunto . Faz agora 50 anos
É verdade. Faz este mês 50 anos que regressei da guerra na Guiné.
Depois de se ter feito a vacinação contra a cólera nas tabancas de Cadeu, Sibitó e Sinchã Sajori começamos a preparar o regresso à metrópole. Para nós estava próximo chegar a casa. Mas a guerra continuou por mais três anos e uns meses até ao 25 de Abril de 1974, e não acabou para os nossos soldados fulas renitentes em "abraçar" os guerrilheiros do PAIGC. Coitados de muitos deles... é assim a merda da guerra.
Em Guiro Iero Bocari e outras pequenas tabancas da região de Paunca, com a chegada da nossa CART 11, completa, deixou de haver problemas com ataques do IN. Pese embora ser uma região de fronteira, havia um rio como que de fronteira natural com o Senegal e com nossa acção, sempre em operações diurnas e nocturnas, era mais difícil ao IN deslocar-se,
Nas últimas palavras escritas da HU da Companhia consta:
'O 1º. Grupo embosca na estrada de BOCARI.
Chegam a Paunca parte dos quadros que vêm render os Quadros Metropolitanos que terminarem a sua comissão.
A partir de hoje, efectuam-se as sobreposições necessárias a fim de integrar os novos elementos no contacto com o pessoal nos diversos cargos e actividades, após o que seguem para Bissau os elementos rendidos individualmente, ficando a aguardar embarque para a Metrópole.'
Eu, o Abílio Duarte, o Manuel Macias e o Pais de Sousa regressamos de avião em 18 de Dezembro de 1970 e ainda passamos o Natal em casa, pagando a diferença para o "custo" da viagem de barco por esta só se verificar 20 dias depois.
As fotografias que junto, são de:
(i) uma acção de vacinação,contra a cólera, na tabanca de Sinchã Sajori, com o nosso fur mil enf Edmond (foto nº 1);
(ii) , do ninho da HK21 (foto nº2);
(iii) instalação da minha posição na tabanca (foto nº 3);
(iv) eu todo aperaltado para seguir pra Bissau (foto nº 4);
(v) e a fotografia da filha de um dos nossos soldados fulas que estimo tenha sobrevivido e agora também ter feito 50 anos de vida (foto nº 5).
Desejo a todos os camaradas e suas famílias BOAS FESTAS
Abracelos
Desejo a todos os camaradas e suas famílias BOAS FESTAS
Abracelos
Valdemar Queiroz
PS - Anexo Recibo da última compra em Bissau (foto nº 6) e o Bilhete da TAP do regresso (foto nº 7)
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Nota do editor:
Último poste da série > 17 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21654: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (12): A "cunha" da mana de Salazar, texto de Vargas Cardoso, cor inf ref, ex-comandante da CCAÇ 2402, Có, Mansabá e Olossato, 1968/70... Mais uma pequena homenagem à memória do nosso Raul Albino (1945-2020)
Último poste da série > 17 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21654: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (12): A "cunha" da mana de Salazar, texto de Vargas Cardoso, cor inf ref, ex-comandante da CCAÇ 2402, Có, Mansabá e Olossato, 1968/70... Mais uma pequena homenagem à memória do nosso Raul Albino (1945-2020)
9 comentários:
Parabéns, pelo teu regresso há 50 anos: chegaste bem, inteiro, são e salvo... Só duas notas rápidas, que eu tenho que ir para Candoz:
(i) caríssima a viagem na TAP!
(ii) não sabia que tinha havido um surto de cólera na Guiné...
Na "Metrópole" houve, no fim do erão de 1971, um surto decólera... A 15 de Setembro de 1971 foi conhecido o primeiro caso de cólera, num bairro degradado na margem sul do Tejo....
Não lembro de vacinações no sector L1 (Bambadinca). Mas é possível. De qualquer modo, as autoridades de saúde, na Guiné, já estariam alertadas... Na zona de fornteira fazia talvéz mais sentido a vacinação, tal como em Bissau... Creio que também um surto em Luanda... é Um assunto a investigar. LG
Pois é, dizem que "recordar é viver", mas para começar é preciso estar vivo.
Depois, que as memórias estejam presentes. Nítidas, esbatidas, às vezes confusas.
E também não há dúvida que há datas marcantes.
No caso da nossa "passagem pela Guiné" há certamente a data do embarque e tudo o que a envolveu, há o desembarque em Bissau, há a partida de regresso e a respetiva chegada à "Metrópole". Pelo meio haverá outras datas marcantes.
Todas e cada uma delas, bem recordadas, com as suas envolvências, os "estados de alma", as peripécias, etc., dão para, por si só, constituem boa parte do repositório que aqui vimos fazendo ao longo destes anos.
Hoje o Valdemar recorda a data da partida. O fim. O "fim"? Ai é? E porque passados então 50 anos ainda para aqui estamos a recordar? Foi mesmo o fim do fim?
Claro que foi só o fim daquilo. Neste caso, para ele.
Mas é bom recordar. E poder fazê-lo!
Abraço.
Uma observação para o Luís
Sobre o surto de cólera na Guiné já passou por aqui no Blogue alguma coisa sobre isso.
Não sei dizer, agora, quando e por quem, nem a propósito de quê, mas recordo até que havia um recorte de jornal em que se fazia referência a isso e em que se procurava desvalorizar algum possível dramatismo.
Até foi referido que ao apelo das autoridades de "Mantenham a calma, não há cólera na Guiné", se contrapunha "Mantenham a cólera, não há calma na Guiné".
Boas Festas!
Hélder Sousa
Tens razão, Hélder... Já aqui falámos da cólera na Guiné, antes e depois da independência (por exemplo, surto de 2006)...
A malta que ia para a Guiné em finais de 1971. caso da CART 3494, já tinha que ser vacinada contra a cólera...
5 DE NOVEMBRO DE 2015
Guiné 63/74 - P15329: (Ex)citações (299): A tripla vacinação que tínhamos de fazer, antes de embarcar para o CTIG: febre-amarela, cólera e varíola (António M. Sousa de Castro, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74)
Luís
Sim, houve um surto de cólera no 4º. trimestre de 1970, só não me recordo se apenas foi naquela zona do leste. Tota a gente foi vacinada e até houve uma calendarização com a tropa devido a toda a gente ficar inoperacional do braço esquerdo. Como foi o meu caso que durante dois dias andei à rasca do braço.
O preço da viagem de avião TAP afinal era o dobro do preço dum relógio Longines, parece-me que o relógio seria mais caro que a viagem de avião.
Como já expliquei, dado que só havia viagem de regresso de barco a 20 de Janeiro de 1971, quem quisesse podia regressar de avião TAP que a tropa pagava a diferença do custo de transporte de barco para avião. Evidentemente que o custo da passagem de barco não era igual para soldados, sargentos ou oficiais, para os soldados ficaria muito mais caro o bilhete de avião por a passagem de barco ser muito mais baratinha, pudera naquela espelunca do porão!
Um pormenor interessante é eu ter fotografias de momentos marcantes e não ter imagens dos festejos do Natal. Lembro-me de em Dezembro de 1969 estar em Canquelifá e haver por lá grandes festejos por coincidir com o fim do Ramadão, mas não me recordo concretamente de como se passou esses Natal.
Boa viagem para a Tabanca de Candoz
Boas Festas para todos os camaradas e suas famílias
Abracelos
Valdemar Queiroz
p.s. a propósito do incomodo causado pelo covid, oportunamente contarei a história do
Peralta e do emigrante para o Brasil nos anos 30 de século passado.
Olá Valdemar, como vai o corpo di vó...
Nesta data também referi esta recordação, na minha página do Face, com uma foto do 3º. Pelotão.
Como o tempo passa!!!
Leva-mos 8 dias a lá chegar, por lá andamos 22 mese, e em meio-dia, aterramos, na terra das couves.
Feliz Nata, e as tuas melhoras. Abraço.
Abílio Duarte
Olá camaradas da Guiné,
Boas Festas a todos os que lêem o blog!
Lembro-me de esperar no correio guloseimas e outras coisas que chegaram muito depois do Natal, a maior parte estragada ou partida durante a viajem.Desejos dos pais e amigos, não conhecendo as condiçōes do tempo e distância...
Eu cheguei depois de vocês terem partido ...e ninguém me informou do surto de cólera nem dos males e doenças que podíamos contrair naquelas terras equatoriais e cheia de surpresas...como fui em rendição individual talvez os meus superiores não acharam necessário,afinal eramos carne para canhão e apesar de haver falta os alferes do quadro era sempre fácil "fazer" um miliciano e subsituir por outro jovem ingénuo da província...Já no sítio fui descobrir o que tinha que fazer para evitar os males que afectavam a população e a nossa tropa, sobretudo aqueles da pele e intestinais! Mas apesar dos cuidados não escapei e ainda hoje tenho uma marca no olho que vem dum micróbio tropical residente, mas felizmente dormente...
Que este Natal seja de luz e harmonia,mesmo separados e à distancia dos familiares como nos dias que estivemos no ultramar...E que no próximo ano possamos compartihar aquilo com que agora apenas sonhamos.
Um abraço
Antonio Marreiros (Sagres/e Canada)
Duarte.
Cá vou indo, obrigado.
Essa da 'terra das couves' está bem esgalhada. Por acaso e com o fiel amigo até marcham em passo de corrida.
Aquela viagem de regresso é que foi do bom. Lembras-te de se ter ido horas antes, em Brá ou no QG, apresentarmos a despedidas a um sr. ten. coronel e ele fazer reparo nas minhas patilhas? Você não vai aparecer em Lisboa com essas patilhas à toureiro, disse-me ele. Mas, meu ten. coronel se eu cortar as patilhas ficam umas marcas na cara que podem causar impressão, respondi eu. Tá bem, sigam lá e boa viagem, desejou-nos ele com um sorriso aberto.
Depois, chegados a Lisboa foi aquele problema na Portela com os sorumbáticos da pide 'lá vem eles apanhados pelo clima', as nossas garrafas de bioxene e nós 'afinal a Guiné é ou não Portugal, isto juntamos pra oferecer aos amigos'. Calma! Vamos aqui ao gabinete tratar desse assunto, disse um senhor à paisana que entre tando apareceu com a barulheira. Era o doutor da Alfândega que achou que mais de vinte garrafas de bioxene era complicado passar, e lá tivemos que pagar cinco coroas por umas quantas garrafas inaugurando um livrinho de recibos.
Que grande dia e já passou meio século!
Um abraço e Feliz Natal
Valdemar Queiroz
Ó Valdemar, essa de um herói da Pátria, saído do inferno da Guiné, ter que pagar umas míseres c'roas por umas tantas garrafas de "bioxene"!... A que pátria pertencia o "doutor da alfândega" ?... Apercebemo-nos logo, no nosso reegresso a casa, que aquele era um país mesquinho e ingrato que estava borrifando para os "heróis da Pátria"... Oonde estava gratidão ?...
Um abração quentinho, da Tabanca de Candoz!... LG
Pois, pois Luís
O doutor da Alfândega ficou à rasca por já haver gente a ouvir-nos dizer 'mas afinal a Guiné é ou não é Portugal' e o Abílio Duarte irritado 'nesse caso vou partir as garrafas'.
Isso é uma ofensa à autoridade, disse o doutor e entramos no seu gabinete.
E tivemos a mesma conversa no seu gabinete, e ele 'pois tá bem mas lá os direitos alfandegários são diferentes com as bebidas estrangeiras' e nós 'mas estas garrafas foram compradas nas cantinas da tropa e, veja aqui, algumas são mesmo destinadas às Forças Armadas e outras são importadas da Metrópole'
Pronto, então essas das Forças Armadas e as importadas de cá passam, as Dymple, Martins, Old Parr, Monks, Antiquairy e outras marcas vamos arredondar contas, conclui o doutor.
E pagamos uns 25 paus e mais qualquer coisa.
E assim foram recebidos os heróis da Pátria que lutaram pela defesa do nosso ultramar.
Abracelos
Valdemar Queiro
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