António Baltazar Dias, membro da Tabanca Grande,
desde 24 de setembro de 2020 (*)
1. Mensagem do António Baltazar Valente Ramos Dias, ex-Alf Mil Art MA da CART 1745 (Ingoré e Bigene, 1967/69):
Date: quinta, 21/01/2021 à(s) 16:48
Subject: Uma pequena homenagem a um grande piloto da FAP
Caro Luís Graça,
Segue um pequeno texto que pretende ser uma singela homenagem a um grande piloto da FAP de que, quem passou pela Guiné, por certo se recordará.
Se entenderes poderás publicá-lo no blogue.
Um abraço
António Baltasar Dias
Segue um pequeno texto que pretende ser uma singela homenagem a um grande piloto da FAP de que, quem passou pela Guiné, por certo se recordará.
Se entenderes poderás publicá-lo no blogue.
Um abraço
António Baltasar Dias
Ao Honório: O mais louco piloto da FAP
por António Baltazar Dias
Honório Augusto Brito da Costa (1941-1993):
caricatura do livro de fim de curso, 1961/62,
da Escola de Regentes Agrícolas de Santarém,
Quem não se lembra do Honório !? (**)
Era o mais louco e melhor piloto que tive o privilégio de conhecer.
Quando um avião se fazia à pista, sabíamos já de antemão se se tratava ou não do Honório. As piruetas que antecediam a aterragem, eram a sua habitual assinatura.
Enquanto estive em Bigene, entre 1967/69, procurava ser sempre eu a recebê-lo na pista, quando ali se deslocava com o avião de sector ou por quaisquer outros motivos. Tínhamos, assim, uma relação mais próxima que, penso eu, ele deveria manter também com muitos mais camaradas que visitava nas suas inúmeras deambulações pelo território da Guiné.
Naquela época era conhecido em todo o território e as suas façanhas eram relatadas já de forma fantasiosa. As peripécias que lhe atribuíam, ultrapassavam já, em muitos casos, a realidade.
Tal, porém, nunca foi suficiente para pôr em causa as verdadeiras capacidades e destemor do Honório, que todos reconheciam serem muito para além do que era considerado normal.
E, para que fique registado, relato em seguida duas situações de que fui testemunha presencial.
A primeira, durante uma operação da minha companhia ao corredor de Sambuiá, em que fomos fortemente embocados pelos guerrilheiros do PAIGC. Solicitado apoio aéreo, foram destacados para o local dois T6 que sobrevoaram o local da emboscada. Qual não foi o nosso espanto quando nos apercebemos que, de carlinga aberta, um dos pilotos fazia fogo de pistola sobre os combatentes do IN que debandavam só com a aproximação dos aviões.
Era o mais louco e melhor piloto que tive o privilégio de conhecer.
Quando um avião se fazia à pista, sabíamos já de antemão se se tratava ou não do Honório. As piruetas que antecediam a aterragem, eram a sua habitual assinatura.
Enquanto estive em Bigene, entre 1967/69, procurava ser sempre eu a recebê-lo na pista, quando ali se deslocava com o avião de sector ou por quaisquer outros motivos. Tínhamos, assim, uma relação mais próxima que, penso eu, ele deveria manter também com muitos mais camaradas que visitava nas suas inúmeras deambulações pelo território da Guiné.
Naquela época era conhecido em todo o território e as suas façanhas eram relatadas já de forma fantasiosa. As peripécias que lhe atribuíam, ultrapassavam já, em muitos casos, a realidade.
Tal, porém, nunca foi suficiente para pôr em causa as verdadeiras capacidades e destemor do Honório, que todos reconheciam serem muito para além do que era considerado normal.
E, para que fique registado, relato em seguida duas situações de que fui testemunha presencial.
A primeira, durante uma operação da minha companhia ao corredor de Sambuiá, em que fomos fortemente embocados pelos guerrilheiros do PAIGC. Solicitado apoio aéreo, foram destacados para o local dois T6 que sobrevoaram o local da emboscada. Qual não foi o nosso espanto quando nos apercebemos que, de carlinga aberta, um dos pilotos fazia fogo de pistola sobre os combatentes do IN que debandavam só com a aproximação dos aviões.
Soubemos depois que se tratava do 1º Sargento Honório. De quem mais se poderia tratar…? !
Outra das situações deixou-me marcas muito mais indeléveis. Mas para que se perceba bem o contexto há que relatar os seus antecedentes. Como atrás referi, procurava ser sempre eu a acolher o Honório quando das suas deslocações a Bigene e, por norma, eu comentava as “maluquices” que antecediam a aterragem.
Ele dizia-me sempre que estava pronto a levar-me para Bissau, quando eu pretendesse mas que teria que “pagar imposto”, leia-se “obrigar-me a vomitar”! Eu replicava que, com ele, nem pensar. melhor seria ir de barco ou mesmo a pé !
E assim se passaram muitos meses de comissão e muitas idas do Honório a Bigene.
Um dia, porém, tive que me deslocar a Bissau para tratar de assuntos da Companhia e, não obstante diversas iniciativas, não conseguia transporte para regressar para junto dos meus camaradas.
Após várias tentativas apenas foi possível transporte para o Norte numa DO-27, pilotada pelo Honório, que teria que ir a mais dois ou três aldeamentos e também a Farim, recolher um médico que era suposto ir para junto da minha Companhia.
Quando me viu, e se apercebeu que iria voar com ele, só me disse: “É hoje!"... E eu fiquei “ligeiramente” apreensivo, sem antecipar o que se seguiria.
E o que se seguiu … foi indescritível! Tentarei fazer um pálido relato do que ocorreu (pálido já, no início, porque no final da viagem eu deveria ter uma cor cadavérica…).
Após ter levantado voo de Bissau e na travessia do rio Mansoa, o Honório apercebeu-se de que uma canoa com supostos guerrilheiros estaria a atravessar o rio, pelo que a melhor solução seria derrubá-los com a asa do avião. Imaginem as acrobacias que efetuou! E só retomou a rota quando os ocupantes da canoa se atiraram ao rio, para escaparem à hipotética colisão com a aeronave.
Depois foi o habitual espetáculo antes de cada aterragem, “para que todos soubessem que era o Honório o piloto”!
Em Farim embarcámos o médico. Eu já deveria ter uma cor ou branca ou amarelo - esverdeada e respondi à saudação do médico com um grunhido impercetível. O médico ainda não havia ouvido falar do Honório. Era, portanto, o seu batismo de voo naqueles propósitos…
Ao reentrarmos na DO-27 o Honório disse-me: “Vais para a tua terra, Bigene, portanto vamos fazer uma aproximação especial"…
Outra das situações deixou-me marcas muito mais indeléveis. Mas para que se perceba bem o contexto há que relatar os seus antecedentes. Como atrás referi, procurava ser sempre eu a acolher o Honório quando das suas deslocações a Bigene e, por norma, eu comentava as “maluquices” que antecediam a aterragem.
Ele dizia-me sempre que estava pronto a levar-me para Bissau, quando eu pretendesse mas que teria que “pagar imposto”, leia-se “obrigar-me a vomitar”! Eu replicava que, com ele, nem pensar. melhor seria ir de barco ou mesmo a pé !
E assim se passaram muitos meses de comissão e muitas idas do Honório a Bigene.
Um dia, porém, tive que me deslocar a Bissau para tratar de assuntos da Companhia e, não obstante diversas iniciativas, não conseguia transporte para regressar para junto dos meus camaradas.
Após várias tentativas apenas foi possível transporte para o Norte numa DO-27, pilotada pelo Honório, que teria que ir a mais dois ou três aldeamentos e também a Farim, recolher um médico que era suposto ir para junto da minha Companhia.
Quando me viu, e se apercebeu que iria voar com ele, só me disse: “É hoje!"... E eu fiquei “ligeiramente” apreensivo, sem antecipar o que se seguiria.
E o que se seguiu … foi indescritível! Tentarei fazer um pálido relato do que ocorreu (pálido já, no início, porque no final da viagem eu deveria ter uma cor cadavérica…).
Após ter levantado voo de Bissau e na travessia do rio Mansoa, o Honório apercebeu-se de que uma canoa com supostos guerrilheiros estaria a atravessar o rio, pelo que a melhor solução seria derrubá-los com a asa do avião. Imaginem as acrobacias que efetuou! E só retomou a rota quando os ocupantes da canoa se atiraram ao rio, para escaparem à hipotética colisão com a aeronave.
Depois foi o habitual espetáculo antes de cada aterragem, “para que todos soubessem que era o Honório o piloto”!
Em Farim embarcámos o médico. Eu já deveria ter uma cor ou branca ou amarelo - esverdeada e respondi à saudação do médico com um grunhido impercetível. O médico ainda não havia ouvido falar do Honório. Era, portanto, o seu batismo de voo naqueles propósitos…
Ao reentrarmos na DO-27 o Honório disse-me: “Vais para a tua terra, Bigene, portanto vamos fazer uma aproximação especial"…
De nada me valeria replicar, por isso preparei-me para o pior. E que é que me reservou o Honório? Uma aproximação rasante pela bolanha junto ao rio Cacheu e, depois aparecer de surpresa sobre a povoação sem que ninguém esperasse!
Só que, a seguir ao voo rasante e sobrevoo da vegetação do tarrafe, surgiram de repente duas palmeiras mesmo em frente do nariz da aeronave. Pensei: “É hoje!" …(Não o “pagar imposto”, como o Honório pretendia, mas o último dia da minha existência...).
Mas o Honório era o Honório. Numa rápida manobra inclinou a aeronave e passou com uma das asas entre as palmeiras, evitando assim a colisão. Depois foi o habitual, mas um pouco mais requintado espetáculo. Foi a “folha morta”, foi o voo rasante na pista, foi um mais não sei quê de manobras acrobáticas até aterrar com segurança.
Quando saí do avião, lembro-me que o médico estava mais branco que a cal da parede e sem poder pronunciar palavra. Eu nem sei que cor teria e nem me atrevi a abrir a boca durante um largo período de tempo.
Muitos minutos depois, já meio refeito, quando o Honório se preparava para regressar a Bissau ainda tive coragem de dizer à despedida: “Não me fizeste pagar imposto !!!”
De facto não cheirava a vomitado no avião, mas ficaram a pairar uns odores igualmente bem desagradáveis no habitáculo…
Grande Honório ! É a minha singela homenagem a um grande piloto que naquele tempo equiparávamos a Jaime Eduardo de Cook e Alvega, o famoso Major Alvega, herói da nossa adolescência.
Mas o Honório era o Honório. Numa rápida manobra inclinou a aeronave e passou com uma das asas entre as palmeiras, evitando assim a colisão. Depois foi o habitual, mas um pouco mais requintado espetáculo. Foi a “folha morta”, foi o voo rasante na pista, foi um mais não sei quê de manobras acrobáticas até aterrar com segurança.
Quando saí do avião, lembro-me que o médico estava mais branco que a cal da parede e sem poder pronunciar palavra. Eu nem sei que cor teria e nem me atrevi a abrir a boca durante um largo período de tempo.
Muitos minutos depois, já meio refeito, quando o Honório se preparava para regressar a Bissau ainda tive coragem de dizer à despedida: “Não me fizeste pagar imposto !!!”
De facto não cheirava a vomitado no avião, mas ficaram a pairar uns odores igualmente bem desagradáveis no habitáculo…
Grande Honório ! É a minha singela homenagem a um grande piloto que naquele tempo equiparávamos a Jaime Eduardo de Cook e Alvega, o famoso Major Alvega, herói da nossa adolescência.
__________
Notas do editor:
(**) Último poste da série > 11 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21347: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (33): O Honório [Augusto Brito da Costa] que eu conheci (Esteves Oliveira, ex-alf mil, CTIG, 1963/65)
8 comentários:
Baltazar,
Que bela história nos contas , quem não se lembra do Honório, se não foi em terra, via-se nos céus, com as suas piruetas lá no alto, é quase uma lenda da nossa guerra da Guiné.
Lembro-me, p.e. um dia em S. Domingos - anos 68-69, um dos Majores do meu batalhão, quis ir dar uma volta com ele, como mostrar que não tinha medo, mas o que se passou, todos sabem, ele sobe na vertical e quando chega lá cima, começou a descer em queda livre, virado ao contrário e aos trambolhões, o pobre do major vomitou até as tripas, e acabou-se as viagens de recreio. Não sei se lhe deu uma porrada!!!!
Eu nunca alinhei nisso, pois já conhecia a sua 'fama' e não queria ter o seu proveito.
Bem-haja para ele e outros Asas da nossa guerra.
Virgilio Teixeira
"Numa sexta feira de chuva, dia 22 janeiro de 2021, agora quase em total confinamento, como se de uma pena de prisão domiciliária se tratasse, sem pulseira eletrónica, valha-nos isso, por enquanto!
(na próxima sexta vou festejar os meus 78 anos, em casa, e apenas com a minha mulher, com vídeo chamadas com os filhos e netos, se lá chegar ainda vivo e com saúde, que já não é mau), mas sem bolo sem espumante sem velas…
Não quero mais ajuntamentos, já prevariquei algumas vezes, mas agora acho que já chega.
Abraço e saúde para todos os companheiros
Como vês, Virgílio, comentar no nosso blogue é fácil... E agora em tempo de "prisão domociliária, sem prisão electrónica", ainda é mais fácil... Temos, pelo menos, mais tempo... E faz bem à cuca...
Então o nosso grande dia, 29 de janeiro, é já sexta-feira ?!... Não me lembrava. Um tipo perde a noção dos dias, com o raio do confinbamento geral... Também me acontecia isso na Guiné... Nunca sabia quando era sábado pou domimgo, quarta ou quinta...
Porta-te bem... Como mais velhos (e mais sábios) temos que dar o exemplo às gerações mais movos...Abracelo (abraço com o cotovelo). Luis
Poucos leitores terão dado conta, dado isto ter ocorrido pela manhã cedo... Já pedi desculpa a todos aqueles a quem tinha mandado um email de divulgação, a começar pelo autor: troquei as identidades: António Baltazar Valente Ramos Dias, ex-Alf Mil Art MA da CART 1745 (Ingoré e Bigene, 1967/69), e não António Dias, também alf mil, mas da CCAÇ 2406 / BCAÇ 2852 (Olossato e Saltinho, 1968/70). (Temos dois tabanqueiros António Dias, o António Dias p.d., desde 2009; e o António Baltazar Dias, desde 2020... O importante é que cabemos todos na Tabanca Grande.)
De qualquer modo, no melhor pano cá a nódoa (...e, às vezes, a melhor nódoa cai no pior pano)... Desculpem a trapalhada, ainda não estou covidado... . Corrigi logo. Luís
A fama do piloto Honório terá começado no meu tempo, em 1964-66. Dizia-se que fora despromovido de alferes a Sargento-ajudante, de piloto de /T6 a piloto de DO´s, porque se pilotasse T6, em vez de lançar as bombas sobre os objectivos no nosso território, ia largá-las no estrangeiro.
Era pessoa muito acessível e popular, relacionámos-nos em Bissau, no "Restaurante Tropical", no ano em que estivemos de "intervenção às ordens do Comando-chefe".
Em Maio de 1965, na Operação Razia, à mata de Cufar Nalu, comandava uma escolta com dois camiões Mercedes na estrada de Catió, os dois T6 de apoio à operação e à retirada da tropa incendiaram o capim envolvente, mandei atalhar pela savana, entramos nas quadrículas que lhes estavam reservadas, um T6 picou a roncar as nossas cabeças, ao levantar o focinho ouvi pela "banana" a voz do Honório:-Meninos, para a estrada! Estais a violar o meu território. Uf, que alívio!...
Fomos para Buruntuma, o correio era geralmente trazido por ele sempre pronto a dois dedos de conversa a um copo com os furriéis. O seu petisco predilecto era o frango "à cafreal", cortado às postas e assado na brasa, temperado com molho de piri-piri e sumo de limão, uma matéria prima que já rareava em Bissau. Pela minha posição nas milícias, era-me fácil arranjar alguns frangos junto da população - Conversamos uns momentos e combinamos: eu arranjava-lhe dois ou três frangos, ele trazia-nos camarão e lagosta!
Meia dúzia de anos após a independência, transitei do aeroporto do Sal para o da Cidade da Praia, num bimotor. Quem se despedia dos passageiros? o Honório. Era piloto da Cabo Verde Airlines. Mediu-me da cabeça aos pés, reconheceu-me, abriu um abraço, disse-lhe o nome do hotel e combinamos um jantar - que não chegou a acontecer.
Faleceu uma dúzia de anos depois.
Honório, descansa em paz; dos fracos não reza a história...
Já não sei o ano,talvez 1978 ou 79, fui convidado para um seminário sobre agricultura,organizado por uma fundação alemã com ligações ao PS.Esqueci o nome da tal fundação.
O seminário realizou-se num Sábado e Domingo,no Hotel Penta,onde todos os participantes ficaram alojados.
Ao jantar de Sábado,tipo buffet,estava junto de dois colegas e amigos de Viseu,aproximou-se um outro,tinha-o conhecido naquele dia,a informar, "eh pá o Honório,está ali no bar".
Tinha ouvido as histórias do Honório na Guiné,mas só naquela noite no Penta,soube que era meu colega Regente Agrícola,da Escola de Santarém,e tinha sido do ano daqueles meus colegas de Viseu,e naquela data era piloto das linhas aéreas de Cabo Verde.
Bebeu-se muito gin,e na manhâ de Domingo faltámos ao seminário.
Ainda,há dois anos,quando estive um mês na Praia,lá me contaram mais umas histórias do Honório.
Santiago
Vendo bem as coisas, o Baltazar da 1745, é meu contemporâneo no Sector de S. Domingos (abril/67 a Agosto/69), que tinha Ingoré sob seu comando. Pois a nossa companhia de intervenção era a CART1744 do Capitão miliciano Serrãp, o Alf Gatinho e outros tantos que não me lembro dos nomes, mas com quem mais alinhava muitas vezes, era o Gatinho (O menino bonito do meu comandante), iamos no Sintex até ao Cacheu e depois vinhamos de noite já com uns copos, e neste caso o piloto do sintex nunca se perdeu, que belos tempos!.
O Baltazar conheceu de certeza o meu comandante Ten Cor Saraiva, que visitava muitas vezes Ingoré, nos anos de 1968, até ser evacuado. Nunca fui a Ingoré, e dizem que era mais importante que SD.
O Cap Serrão um dia pregou-me uma partida. Tinha eu recebido um bom Queijo da Serra, logo todos na messe a filarem-se para comer um naco. Ficou para o dia seguinte de manha para o pequeno almoço. Quando estava perfilado com o casqueiro quentinho, para me atirar ao queijo, abro a porta do frigorifico da messe, e queijo ne vê-lo, O Espadana, que era o nosso barman, com as suas divisas vermelhas de brigadeiro, vem logo dizer-me: Meu alferes, o queijo foi todo comido às 5 da manhã, o cap Serrão e outros, sairam para uma operação, e comeram o queijo todo, eu nem lhe toquei, e ele ao Espadana para me informar que se queria comer o queijo, que me levantasse mais cedo....
Depois quando o cap Serrão voltou, fiz-me zangado, e rimo-nos com isso, e não cheguei a saborear o meu queijo, mandado pela minha então namorada, hoje minha mulher.
O Cap Serrão e toda a malta da 1744 eram bem fixes, eu ia para a messe deles algumas vezes.
Petiscava-se aqui e ali...
Coisas de queijos da serra...
Gostava de saber se o Baltazar foi alguma vez a SD e nos encontramos lá:
Depois em Bigene já não estava sob o comando do BCAç 1933.
Abracelo para todos,
Virgilio Teixeira,
ex- alf mil do SAM
(Para o Baltazar saber, eu era o Chefe do Conselho Administrativo do Batalhão, um Serviço que actuava apenas sob alçada do Comando, e que muita gente não sabe sequer o que é isso!.)
correcção:
De Abril de 68 a fins de Julho de 69.
Virgilio Teixeira
Também me lembro do Honório, julgo que em Canquelifá, se não estou em erro a pilotar uma DO e era sempre uma grande festa com ele e por o que transportava para nós. Também já morreu.
É uma chatice ficarmos velhos com a idade, aparece sempre alguém a noticiar: sabes que é que morreu...
Abracelos
Valdemar Queiroz
p.s. A propósito de morrer, o simplório Manuel Moreira Martins Máximo não gostava ser tratado por Máximo. Chamem-me Manuel ou Moreira ou Martins não gosto ser tratado por Máximo, dizia ele ao longo da sua vida e até na tropa não escapou ao 'ó Máximo'.
Repousa no cemitério da sua terra e na sua campa está escrito: M.M.M.M. bom chefe de família, amigo dos pobres e dos animais, cidadão exemplar.
Coitado, quando alguém passa pela sua campa provavelmente exclama: este homem foi o máximo!.
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