domingo, 25 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22138: Blogpoesia (731): Neste dia 25 de Abril, as inquietações de sempre, "Esquecimento", poema de Juvenal Amado (Ex-1.º Cabo CAR da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74)


1. Em mensagem do dia 16 de Abril de 2021, o nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), enviou-nos este poema alusivo ao dia que hoje se comemora:


ESQUECIMENTO

Olho para este cravo rubro
Imagino o sangue derramado
O som de pés descalços
O trabalho infantil
As Lágrimas das despedidas
O luto
O som do silêncio.
Não aceito o esquecimento
Nele ainda vejo a oportunidade
Pra mudança necessária.
A liberdade não tem preço
Somos devedores dos ignorados
Mergulhados na noite sem fim
Fomos salvos do pesadelo por um clarão.
Ainda sonho com a madrugada libertadora
Sem revolta não há transformação
Sem desobediência não há mudança
Nem há esperança que se renove.


Juvenal Amado
25 de Abril 2021

____________

Nota do editor

Último poste da série de 24 de Abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22133: Blogpoesia (730): "Os ex-Combatentes são fixes" de Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845 (Teixeira Pinto, 1968/70)

14 comentários:

antonio graça de abreu disse...

Meu caro Juvenal, a utopia, que conduz a tenebrosas ditaduras de esquerda, morrerá contigo. Tuas palavras:


"Ainda sonho com a madrugada libertadora
Sem revolta não há transformação
Sem desobediência não há mudança
Nem há esperança que se renove."

E o que vem a seguir?
O esmagamento dos mais elementares e dignos direitos do homem.
Aprendermos todos com as lições da História. A Alemanha Oriental,a DDR socialista que conheci, a Roménia de Ceaucescu, a China de Mao Zedong onde vivi durante seis anos, a União Soviética de Lenin e Stalin. O fascismo tenebroso de esquerda.


Abraço,

António Graça de Abreu

Juvenal Amado disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Juvenal Amado disse...

Tu vês isso por esse prisma, quem sou eu para te desmentir.
Eu falo na liberdade, no pão, paz habitação, educação tu falas na aberração e na deturpação dos valor da esquerda .

Um abraço António

Valdemar Silva disse...

Juvenal
Muito bem, diria eu se te ouvisse declamar.
Mas que chatice haver quem prefira a 'desculpe, por favor e especial fineza não me pise' em vez de 'estou farto de ser pisado'.

Abraço e para o ano cá estamos sem medos.
Valdemar Queiroz

Fernando Ribeiro disse...

A imagem que ilustra este post reproduz um quadro de Júlio Pomar (1926-2018) chamado "O Almoço do Trolha", que é uma das mais emblemáticas pinturas do neorrealismo português. Parece haver quem preferisse que os trolhas continuassem a viver assim.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Com a enorme fortuna hoje ao seu dispor surge a curiosidade de saber como o nosso Zé Belo resolve os problemas sociais que aparentemente tanto o preocupam.

Manuel Teixeira

António Graça de Abreu disse...

"A utopia tem um imerecidíssimo bom nome. O que, debaixo desse chapéu se fez de hediondo, o que sob a sua sombra se gerou de miséria, atraso, obscurantismo e morte, devia fazer-nos pensar cinco vezes." São palavras do editor de alguns dos meus livros, palavras de um grande senhor, retornado, pós 25 de Abril, de Angola, chamado Manuel S. Fonseca, da Editora Guerra e Paz.

Abraço,

António Graça de Abreu

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Antº Rosinha disse...

Eu como retornado que fui, e como com muitos anos na Guiné e de Angola, fiquei mais como espectador do que participante das manifestações do 25 de Abril.

E os anos passam e como continuo sempre mais espectador do que participante, verifico sempre que nas manisfestações quer na Av. da Liberdade quer nos Aliados ou outros palcos, raramente ou nunca vejo participantes oriundos das ex-colónias, que sabemos que já há muitos milhares deles portugueses com plenos direitos e integrados, à volta de Lisboa.

E nunca me esqueço de que ouvi na Guiné a guineenses, e também a caboverdeanos, (pro-PAIGC) queixarem-se que os portugueses festejam todos os anos, com muita alegria o 25 de ABRIL, e nem ao menos se lembram de uma palavrinha de agradecimento aos guineenses, que tanto contribuiram para esse dia ser de festa em Portugal.

Desculpa Juvenal, este comentário não é para ti, o que tu escreveste está oportuníssimo e perfeito, só que quando alguem manifesta a sua satisfação por esta data, sinto, parece que alguém tem como que "inveja" de termos um dia assim.

antonio graça de abreu disse...

Meus caros Juvenal e Zé Belo

Mais palavras cheias do meu amigo e meu editor na Guerra e Paz Ed, ,Manuel S.Fonseca. Ele explica isto das utopias políticas, abrilistas, melhor do que eu:


"O mundo está, sempre esteve, perigoso. O mundo
é, sempre foi, injusto. A bela democracia grega
tinha escravos dentro de casa. Não se deixem
impressionar com a contabilidade do passado
e com a promessa de amanhãs que cantam.
Ninguém tem de ter o Universo às costas. A
felicidade é para hoje, é mesmo para agora.
Os piores Pides são os Pides da felicidade. Andam
por aí a caçar risos. Andam por aí a medir prazeres.
Trazem debaixo do sovaco causas circunspectas e
fracturantes, angústias que fazem da humanidade
passada um rolo de carne de maldade e crime. É
mentira.
Não se deixem amarrar com o que a boca
deles diz, mas os olhos deles nunca viram.
Não é preciso adiar nada para ajudarmos o
mundo a ficar melhor. Beijem. cantem, bebam."

Digo eu, sonhem menos, vivam mais,beijem, cantem, bebam, sem utopias.

Abraço,

António Graça de Abreu

Valdemar Silva disse...

O novo director dos recursos humanos resolveu analisar a razão dos operários receberam um prémio de produtividade e o restante pessoal não.
Então quis saber que outros prémios ou remunerações semelhantes, como isenções de horário às chefias, abonos de falhas aos caixas e subsídios de trabalho noturno aos guardas, eram pagos ao restante pessoal.
E para não haver discriminação retirou a toda a gente remunerações fora do ordenado mensal.
A toda a gente não foi bem assim, as isenções às chefias continuaram a ser pagas, os caixas e os guardas ficaram a aguardar decisões do tribunal do trabalho.
Os operários ficaram a pensar no director que acabou com a discriminação e lembrando-se da 'o branco arranja sempre leis para lixar o preto' sem sequer conhecer o Thomas More de lado nenhum.

Valdemar Queiroz

Juvenal Amado disse...

António Graça Abreu

Tais foram os pecados que cometeste na tua gesta revolucionária maoista, que ainda hoje fazes um buraco no peito de tanto bater por minha culpa minha tão grande culpa.
Foste enganado ou simplesmente te interessou seres enganado. O regime que tu abraçaste e defendeste, já tinha produzido a partir de 1966 com a famosa revolução cultural uma purga dos moderados antigos combatentes da revolução chinesa e guerra de libertação contra o domínio japonês.
Eu nunca embarquei em autos de fé nem cultos da personalidade antes pelo o contrário, fui sempre um não alinhado até nos meus tempos de militância. Mas o revisionista era eu, como tu e os teus camaradas maoista nos chamavam.
Um abraço