Em 13 de maio de 1975, a Tabaqueira e a INTAR foram nacionalizadas. A empresa pública Tabaqueira - Empresa Industrial de Tabacos, E.P., criada a 30 de Junho de 1976, resultou da fusão, numa única empresa, de A Tabaqueira, SARL e da INTAR - Empresa Industrial de Tabacos, SARL. (Estas duas empresas tabaqueiras detinham praticamente a totalidade do mercado nacional de cigarros).
A cena acima retratada foto, foi recordada pelo Miguel Rocha, em poste recente (*). E nele acrescentou:
(...) "no ano do I Centenário do Nascimento (30/05/1921) de Cecília S. Pinto, em sua memória, e com profundo respeito e admiração pela sua pessoa e sua obra, não esquecendo todas as outras Senhoras do MNF, muitas delas Mães de jovens mobilizados para as frentes de combate, venho aqui deixar meu testemunho de eterna gratidão pelo apoio dado aos combatentes na sua inegável qualidade de 'portadora de afectos' " (!) (...).(*)Foto (e legenda): © Miguel Rocha (2021). Todos os direitos reservados. [Edição elegendagem complementa: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Desafio aos leitores (**), nomeadamente fumadores e ex-fumadores: vamos lá "tabaquear o caso" (como dizia o meu amigo e cunhado, alentejano, que a morte levou recentemente do nosso convívio)...
Vamos lá sentarmo-nos à mesa, à volta de um copo (mas sem o cigarrinho, sff...) e falar sobre a INTAR... Diz-vos alguma coisa ? Uma dica: fabricava uma marca de cigarros que, segundo a publicidade (enganosa), dava "quilómetros de prazer"... (Ou, se calhar, dava mesmo, que o prazer não é coisa que se possa objectivar, medir, avaliar, comparar...)
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Notas do editor:
(**) Último poste da série >1 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22160: Fotos à procura de... uma legenda (143): a continência à(s) bandeira(s) (Valdemar Queiroz)
16 comentários:
Como nasci no Minho até podia botar uns cara...s que não me levavam a mal e até podia dizer que fui bem fod... com os quilómetros de prazer dos "Kart", não tive nem tenho uma vida com estatuto elevado por causa dos "High-Life" e tão pouco a nossa terra tem tido a calma de "Português Suave".
'Deste já não há mais' costumava eu dizer quando acabava o tinto "Piriquita" que acompanhava as ceias de Natal passadas na casa do meu filho na Holanda.
Não fora os fdp dos cigarros provavelmente estaria a escrever este post em terras neerlandesas, que também têm a merda do vício de sigaret roken.
Abraços e saúde da boa
Valdemar Queiroz
Não sabemos quantas centenas de milhares ou quantos milhões de maços de cigarros distribuiu o Movimento Nacional Feminino ao longo da guerra (1961/74)... Era uma das cenas "pitorescas", a distribuição de maços de cigarros, aos soldados que partiam para África, no Cais da Rocha Conde de Óbidos...
Aerogramas terão sido 300 milhões. Mas um maço de cigarros por militar mobilizado para o ultramar, daria em princípio 800 mil maços... Multiplicando por 20 cigarros cada maço, dava pelo menos 16 milhões de cigarros... Mais os cigarrinhos distribuidos nas visitas da Cilinha aos teatros de operações, comoesta aqui, em Có, em 2 de maio de 1969... (Também não podiam ser muitas caixas por localidade, por razões logísticas.)
Mais do que a questão estatística, interessa-nos saber quem era o fornecedor de cigarros do MNF... Já li que até o tabaco apanhado de contrabando pela Guarda Fiscal era bem aproveitadinho pelo MNF...Depois haveria as "ofertas" (promocionais ?) das "tabaqueiras"... Sim, por que havia duas, no continente, que disputavam o mercado,mas as das "ilhas adjacentes"...
A INTAR era uma das empresas em questão... Alguém ainda se lembra das marcas que comercializava ?
Não, já ninguém se deve lembrar...O SG Gigante e o SG Filtro que eram das marcas,. talvez mais populares, ou as que mais se consumiam na Guiné, no meu tempo (1969/71), a par do Marlboro, era, da "concorrência", a Tabaqueira.
Mas tudo isto fez mal, muito mal, à saúde dos combatentes, aos pulmões (e não só) dos homens da nossa geração... Muitos de nós (que proporção ?) começaram a fumar na tropa e intensificaram o consumo durante a guerra...
Muitos já deixaram, felizmente, de fumar, aos 40, aos 50 anos.... Todos já pagámos ou ainda estamos a pagar (uns, com a morte precoce, outro com a perda de saúde), os "malefícios" dessa droga legal que, nos anos 60, já se sabia (, a saúde pública na América e em diversos países) que "matava"...
Claro que não vamos acusar a pobre da Cilinha de nos ter incitado a fumar... A culpa foi da guerra, mas não só...Mas será que ela estava por dentro da competição (e rivalidade) entre os dois fabricantes ?...
Enfim, presume-se que ela aqui distribuia maços de cigarros da INTAR, e mais além da Tabaqueira, ou não ?
Meus caros, quero saber quem se “abotoou” com os meus cigarros, pois da Cilinha ou do MNF não recebi nem uns 20x20x20 sequer. “A minha Cilinha” (salvo seja !), foi o meu camarada Machado, que me pegou e alimentou o vício durante os 2 anos de Guiné. Fumava todos os dias mas nunca comprei um maço de cigarros. “A minha Cilinha”, em todos os encontros anuais da companhia, embora tenha deixado de fumar, me leva um macinho. Nunca fui grande fumador mas continuo a fumar os dois cigarritos por dia, que fumava na Guiné.
Hoje passei dos seis para os 2 cafés que religiosamente acompanham um cigarrito.
Na Guiné, depois do comprimido de café da ração de combate a desfazer-se na boca sabia que nem ginja o cigarrito ofgerecido/roubado ao Machado
Espero uma repreensão LEVE do nosso homem da saúde pública.
Um abraço
Joaquim Costa
Nunca conheci nem vi ninguém do MNF, embora soubesse da existência dele, nem Cilinhas nem outras.
Nunca recebi por isso um cigarro sequer do MNF. Não faço ideia o que era a INTAR, não me recordo nada desse nome!
Muito menos recebia ou utilizava aerogramas.
Fumava pouco e bom, bebia muito e melhor, e escrevia tantas folhas por carta, diariamente, que não cabiam num aerograma, por isso pagava o envelope, as folhas fininhas e os selos das cartas.
Devo ter escrito no mínimo 500-600 cartas, com uma média de 10 folhas por carta, mais umas fotos em cada carta, ora vejam lá como passava a minha vida nas horas vagas e quanto custava tudo isto?
Isto tudo, enquanto a maioria ia para o jogo nas horas vagas, coisa que nunca fiz.
Por tudo isto não tenho grandes histórias a contar.
Boa noite,
Virgilio Teixeira
Joaquim, também fui fumador, até aos 40 e tais... E comecei na Guiné. Mas também nunca fumei um cigarro da Cilinha.
Escreves: "Hoje passei dos seis para os dois cafés que religiosamente acompanham um cigarrito.
Na Guiné, depois doa desfazer-se na boca, sabia que nem ginja o cigarrito ofgerecido/roubado ao Machado"...
O Machado foi a tua Cilinha. Mas o que eu mais te admiro é o teu "autocontrolo": dois cigarros por dia, a seguir ao café (seis, quando tomavas seis cafés, como eu). Essa do "comprimido de café da ração de combate" já não me lembrava de todo, se calhar a vossa ração de combate, em 1972/74 já era mais "evoluída" do que a nossa, em 1969/71... Também já não me recordo como se fazia café, no nosso bar... O gerador não funcionva 24 horas por dia, os nossos frigoríficos eram a petróleo, nós tínhamos um no nosso quarto (que era para cinco)...
Ex-fumador, da saúde pública, mas nunca fundamentalista... Ainda me recordo de todo o mundo fumar nas aulas, nas reuniões do conselho científico...Estamos a falar dos anos 80 e tal...
Por mera curiosidade. veja-se o que é se discutia há 20 anos atrás (!) nos nossos fóruns, à volta do tabaco!...Eu tinha uma página no Terràvista, que já não existe há muito...Mas consegui salvar algumas das intervenções que lá se fazia... Consta hoje da minha página, "Saúde e trabalho", criada em 1999...Alojada na página da ENSP / NOVA já não a consigo atualizar...
https://www.ensp.unl.pt/luis.graca/index.html
Era o início das redes sociais, as paixões já vinham ao de cima, mas conseguia-se manter um nível civilizado em questões tão fracturantes como o cigarro, a saúde, a saúde pública, os direitos e liberdades, etc.
https://www.ensp.unl.pt/luis.graca/citacoes_T.html
Virgílio,nunca conheste a Cilinha ? Deixa lá , que eu também não.
Ela a partir e eu a chegar (em 29 de Maio de 1969).
Um camarada como tu que escreveu 5 a 6 mil folhas, em cartas com selo, tem / tinha muitas histórias para contar. Grandes ou pequenas, não importa. Eu é que não tinha. Pelo menos nunca escrevia cartas ou aerogramas..Um abração.Luis
Já agora, que não tenho escrito muito, mais uma prova de vida.
Também nunca recebi "prendas" do MNF, nem sabem que "fui à guerra".
Quanto ao tabaco, eu não me considero um ex-fumador, pois, apesar de ter fumado, nunca apanhei o vício. No entanto na Guiné passei a fumar cerca de maço e meio por dia, mas ao vir de férias, o maço que trazia ficava igual até voltar "ao martírio". Quando regressei, definitivamente, o que restava do maço apodreceu numa das gavetas da secretária. No entanto, nas "patuscadas" podia (e posso) sempre fumar, até charutos, que o vício nunca se instala.
Já agora perguntava ao camarada Joaquim, se o Machado, Engº Tecº Agrª, ainda está entre nós, uma vez que lhe perdi o rasto e os contactos.
AB, da Costa Nova do Prado, nesta "miserável" Primavera que não há meio de virar Verão!
JPicado
Meu caro Jpicado
O meu grande amigo Carlos Machado está bem vivo e recomenda-se.
Para além dos encontros anuais (quando os havia) falamos regularmente.
Não é tabanqueiro inscrito mas é assíduo nas suas visitas ao mesmo.
Não comenta os meus posts no blogue mas comenta-os por telefone, mail e SMS.
Já fiz o seu “retrato” no post Guiné 61/74 - P21893: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-fur mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte II: A minha passagem pela maravilhosa cidade de Chaves depois do martírio de Tavira. Rijo Transmontano, vivendo em Lisboa, mas passando parte do seu tempo de reformado num monte que adquiriu no Alentejo.
Num próximo contacto faço-lhe chegar esta tua referência.
Um abraço
Joaquim Costa
Correção
Caro JPicado o post em que faço o retrato do Machado è este e não o que enviei no comentário anterior
As minhas desculpas
Joaquim Costa
27 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21953: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte III: Depois de Chaves, Estremoz, RC 3, onde fomos formar companhia...
Luís Graça
Luís Graça (by email)
domingo, 6/06, 14:55 (há 1 dia)
Miguel: não leves a mal esta brincadeira...Se calhar a Cilinha também fumava os cigarros da marca "Se Me Dão"...
Já agora tens uma ideia da quantidade de maços de cigarros que foram distribuídos nesse da, 2 de maio de 1969, em Có ?
Bom fim de semana, até à Tabanca da Linha, um dia destes. Luís
miguel jose ribeiro rocha (by email)
7 de junho 2021 19:41
Caro Luís Graça
Da "INTAR" só me lembro de ter fumado o "Negritas", e acho que não foi por muito tempo !
Não sei quantificar o tabaco que foi distribuído nesse 02.Maio.1969 em Có, ( 5 a 10 volumes?!?!?!) mas sei que chegou a todos que mostram interesse nele. É quase certo, que àquela hora, grande parte dos militares também estariam fora de portas, empenhados nas várias missões que a construção da estrada Có-Pelundo exigia.
É natural que a Cilinha também fumasse "SEMEDÃO", pois estava ali mesmo à mão...
O "SEMEDÃO", entre nós, fazia parte de uma natural partilha ditada pela boa camaradagem.
Grande Abraço e que o nosso reencontro seja para breve.
Miguel Rocha
Olá camaradas
Para não dizerem que não colaboro nestas questões, aproveito para dizer que também não fui fumador "militante".
Nem mesmo quando estudante e isso era como que uma espécie de estatuto.
Recordo que mais novinho, em atos de rebeldia, eu e um amigo daqueles dos "grupos naturais", o Tó Horta, quando me acompanhava ao armazém de ferro do Vassalo junto à Ponte Marechal Carmona (a "ponte de Vila Franca") comprar "uma vara de 12 metros de 3 oitavos" para a oficina/loja de móveis do meu pai, para depois colocar nos guarda-vestidos, ele aproveitava para visitar o padrinho (o tal Vassalo) que lhe dava 20 escudos (uma fortuna) e então comprava um maço de tabaco e fumávamos de empreitada aí uns dois de seguida, no Jardim de Vila Franca.
Depois, para tirar o cheiro e não darem por isso (santa ingenuidade!), bafejávamos pedaços de telha de barro, como se o cheiro não ficasse na roupa e nos cabelos. O que nos valia é que nesse tempo não era socialmente condenável fumar (aos adultos, homens) e, dum modo geral, o cheiro a tabaco predominava.
Durante o serviço militar também queimei uns cigarros. Pouca coisa, mais para integração no grupo. Costumava falar com o cigarro entre os dedos e por vezes o discurso alongava-se coisa que não sucedia quando estava com sono, pois nesse caso encurtava as razões e era por isso que às vezes os meus interlocutores diziam "é pá, fala com sono"!
Também é verdade que antes da tropa me lembro de comprar SG, numa embalagem amarela, que achava que ficava bem com o fato azul escuro que usava.
Portanto, o meu contacto com o tabaco pode-se dizer que foi esporádico, não deixou vício nem necessidade.
Hélder Sousa
Pois eu conheci a Cilinha.
E,já dizia o poeta, como "as coisas andam todas ligadas", conheci-a na véspera do Miguel Rocha a ter conhecido, em Có, nessa visita que aqui nos relatou.
Nesse Maio eu estava em Bula. CCS/BCAÇ2861.
A Cilinha chegou, deu cumprimento ao programa da sua visita, disseram-lhe haver ali um furriel que cantava o fado, ela ouviu e... foi para Có.
De Có viajou para Teixeira Pinto.
E ali chegada, como gostou muito de me ouvir cantar (o furriel era eu), providenciou que um DO me fosse buscar a Bula, cantar em Teixeira Pinto, regressar a Bula na manhã seguinte, porque enfermeiro em Bula só havia um.
(acrescento à "notícia" - nesse regresso, o piloto do DO identificou no terreno uma coluna do PAIGC em movimento, e enquanto os Fiat's que ele chamou chegavam e não chegavam, fez umas quantas manobras de rasantes e picados, com "fugas" pela direita e pela esquerda, despachando uns quantos roquetes que levava debaixo das asas. Quando cheguei a terra, branco como a cal de tanto vomitar, o piloto (não retive nome ou patente...) perguntou-me, com acinte, se eu "estava bem". A família dele é que não deve ter ficado lá muito bem, com o que, em pensamento, lhe chamei)
Quanto ao tabaco, fumei tudo o que havia para fumar. A culpa não foi da guerra. Eu já fumava antes, e continuei a fumar por aí fora, até aos ... 60 e tal.
Fui premiado com uma DPOC.
A todos o meu abraço.
armando pires
Bom dia Camaradas
Do que fica escrito concluímos que o MNF foi como a matemática do nosso tempo.
Dizíamos nós que era "a disciplina pela qual, com a qual ou sem a qual tudo ficava tal e qual".
A grande maioria de nós nunca viu a "Cilinha", (como seria de esperar) nunca recebeu cigarros ou aerogramas. A distribuição gratuita de cigarros era absolutamente caricata, como até se pode deduzir das expressões dos participantes na foto e o MNF não fazia a menor falta para a distribuição dos aerogramas que, de resto, eram transportados gratuitamente pela TAP, como seria lógico. Qualquer estrutura logística, mesmo elementar resolveria a questão. Imaginem que se não existisse o MNF nunca teríamos recebido aerogramas.
Lembram-se dos Livros RTP que esta não conseguiu vender? Foram distribuídos aos grupos de 8 com um "carimbão" na contracapa a dizer que eram uma oferta de Natal do MNF. Imaginem o que seria se não houvesse "livros". E o disco do Natal de 71(?)! Aquilo é que era "cólidade"!
Ouçam o que a fadista Hermínia Silva diz, logo ao abrir do texto e este fala por si, embora não pareça.
O MNF hoje não passa de uma curiosidade. Está esgotado como tema. Um "serviço de apoio" montado por uma senhora muito ligada ao regime que não quis ficar indiferente ao "esforço de guerra".
Um Ab.
António J. P. Costa
Luis, aquelas cartas todas, e as folhas sem fim, eram um tipo diário que escrevia 99% para a minha namorada de então, hoje minha mulher.
E depois eram aquelas cartas ridículas de amor, quem as não tem?
Como dizem, quem não tem cartas ridículas de amor, é porque nunca amou!
É um ditado, e não fui eu que inventei.
Como todos já viram eu escrevo muito.
E muita asneira.
Ab,
Virgilio Teixeira
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