Guiné > Região de Cacheu > Bula > Pecuré > Op Ostra Amarga > 18 de outubro de 1969 > Depois da embocada, o general Spínola, ao centro, ladeado à esquerda pelo major João Marcelino (2.º comandante do BCAV 2868, então em Bissau e que apanhou boleia no heli) e o ten cor Alves Morgado, comandante do BCAV 2868 que acompanhou o desenrolar da acção. À direita de Spínola, o seu ajudante de campo, o cap cav Almeida Bruno (que faleceu ontem, 10/8/2022, aos 87 anos) (*), empunhando uma G3, e de costas o cap cav José Maria Sentieiro, comandante da CCAV 2485 que, por impedimento do comandante da CCAV 2487, foi encarregado de dirigir a Op Ostra Amarga.
Vd. também o vídeo "Guerre en Guinée" (1969) (13' 50''), imagens da chegada do Spinola e do Almeida Bruno, 11' 30'' ... Cortesia de INA - Institut National de l' Audividuel.
(**) Vd. poste de 16 de março de 2006 > Guiné 63/74 - P613: Aponta, Bruno! (ou outra alcunha do Spínola) (Zé Teixeira)
(***) Último poste da série > 13 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23345: Humor de caserna (55): O anedotário da Spinolândia (VI): no Cumbijã ouvi o nosso general a utilizar mais do que uma vez "a palavra que imortalizou Cambronne", para recriminar um oficial superior (Vasco da Gama, ex-cap mil cav, CCAV 8351, Cumbijã, 1972/74)
A foto acima reproduzida (e editada pelo blogue) é do Paris-Match nº 1071, de 15 de novembro de 1969 (Com a devida vénia...). Vd. também o vídeo "Guerre en Guinée" (1969) (13' 50''), imagens da chegada do Spinola e do Almeida Bruno, ao 11' 30'' ... Cortesia de INA - Institut National de l' Audividuel.
Porquê? Toda a zona de Buba, Nhala, Mampatá, Chamarra e Aldeia Formosa esteve uns tempos a comer, ao almoço e ao jantar, arroz com arroz e de vez em quando uma amostra de chispe. A barcaça que levava os mantimentos foi afundada pelos nossos amigos, e ficamos a ver... barcaças !
Isto gerou um mal estar que mais se agravou com o ataque às 5 da matina, como já contei no meu Diário. Devo dizer que a minha companhia estava reduzida a 36 homens operacionais, dado esforço que se estava a fazer com a protecção à nova estrada de Buba para Aldeia Formosa, em que saíamos com o que seriam três pelotões às seis da matina. Regressávamos à tarde, no dia seguinte estávamos de serviço à segurança do quartel e logo de seguida abalávamos de novo para a estrada.
Então o homem chega e começa o discurso:
− Pátria está a exigir de vós um grande esforço e vós sois ... blá, blá, blá. Sei que a comida não tem sido a melhor, mas a Pátria exige sacrifícios... blá, blá,blá. Quando estiverdes a comer feijão ou arroz, sem mais nada, fechai os olhos e imaginai-vos a comer um belo peru recheado ou um grãozinho com bacalhau, lá em Lisboa... blá, blá, blá.
Acompanhava-o um capitão, seu ajudante de campo, que toda a gente conhece e perante as reclamações do Major e do médico, ele só dizia:
− Aponta, Bruno!
Felizmente tínhamos um excelente médico, a quem presto a minha homenagem no Blogue, o Dr. João Carlos de Azevedo Franco, que à mais pequena mazela, muitas vezes resultante do estado psicológico em que vivíamos, dava uma baixa. Recordo que nesse célebre dia do Aponta, Bruno, o Spínola disse ao médico:
− Estes rapazes o que precisam é de umas picas, vou-lhe mandar uma boa dose de medicamentos... Aponta, Bruno!
− O que eles precisam é de uns bons bifes e descanso.
Claro está que o Capitão Bruno não apontou o que o médico disse. Não é que oito dias depois chega a barcaça com mantimentos e duas enormes caixas de medicamentos não solicitados?! Escusado será dizer que foram devolvidas ao remetente, com a informação "medicação não solicitada" e a vida continuou. (...) (***)___________
1. Recordando Spínola e o seu mais conhecido ajudante de campo, o então cap cav João Almeida Bruno (*)... Excertos de um poste, velhinho. de 16 de março de 2006, da autoria do Zé Teixeira (*)
Luís, a propósito do Caco Baldé, toma outra alcunha do gen Spínola (*):
− O Aponta, Bruno... Aí vem o Aponta, Bruno ! − dizia logo o pessoal quando se avistava o Héli que o transportava.
Porquê? Toda a zona de Buba, Nhala, Mampatá, Chamarra e Aldeia Formosa esteve uns tempos a comer, ao almoço e ao jantar, arroz com arroz e de vez em quando uma amostra de chispe. A barcaça que levava os mantimentos foi afundada pelos nossos amigos, e ficamos a ver... barcaças !
Isto gerou um mal estar que mais se agravou com o ataque às 5 da matina, como já contei no meu Diário. Devo dizer que a minha companhia estava reduzida a 36 homens operacionais, dado esforço que se estava a fazer com a protecção à nova estrada de Buba para Aldeia Formosa, em que saíamos com o que seriam três pelotões às seis da matina. Regressávamos à tarde, no dia seguinte estávamos de serviço à segurança do quartel e logo de seguida abalávamos de novo para a estrada.
Então o homem chega e começa o discurso:
− Pátria está a exigir de vós um grande esforço e vós sois ... blá, blá, blá. Sei que a comida não tem sido a melhor, mas a Pátria exige sacrifícios... blá, blá,blá. Quando estiverdes a comer feijão ou arroz, sem mais nada, fechai os olhos e imaginai-vos a comer um belo peru recheado ou um grãozinho com bacalhau, lá em Lisboa... blá, blá, blá.
Acompanhava-o um capitão, seu ajudante de campo, que toda a gente conhece e perante as reclamações do Major e do médico, ele só dizia:
− Aponta, Bruno!
Felizmente tínhamos um excelente médico, a quem presto a minha homenagem no Blogue, o Dr. João Carlos de Azevedo Franco, que à mais pequena mazela, muitas vezes resultante do estado psicológico em que vivíamos, dava uma baixa. Recordo que nesse célebre dia do Aponta, Bruno, o Spínola disse ao médico:
− Estes rapazes o que precisam é de umas picas, vou-lhe mandar uma boa dose de medicamentos... Aponta, Bruno!
Ao que o médico lhe respondeu:
− O que eles precisam é de uns bons bifes e descanso.
Claro está que o Capitão Bruno não apontou o que o médico disse. Não é que oito dias depois chega a barcaça com mantimentos e duas enormes caixas de medicamentos não solicitados?! Escusado será dizer que foram devolvidas ao remetente, com a informação "medicação não solicitada" e a vida continuou. (...) (***)
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 11 de agosto de 2022 > Guiné 61/74 - P23515: In Memoriam (446): Gen João Almeida Bruno (1935-2022), que esteve connosco no CTIG, foi comandante da mítica Op Ametista Real, à frente dos seus bravos Comandos da Guiné, e participou depois no 25 de Abril
(**) Vd. poste de 16 de março de 2006 > Guiné 63/74 - P613: Aponta, Bruno! (ou outra alcunha do Spínola) (Zé Teixeira)
(***) Último poste da série > 13 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23345: Humor de caserna (55): O anedotário da Spinolândia (VI): no Cumbijã ouvi o nosso general a utilizar mais do que uma vez "a palavra que imortalizou Cambronne", para recriminar um oficial superior (Vasco da Gama, ex-cap mil cav, CCAV 8351, Cumbijã, 1972/74)
1 comentário:
Muito antes do aponta: Bruno ou seja Maio de 1964 na fase conturbada no CTIG após terminada a operação Tridente, interinamente o comandante operacional na Guiné era o brigadeiro Sá Carneiroe fez uma visita relampago de hélicóptero rápida ao quartel do Cachil, após a chegada e as tropas reunidas em parada o soldado "Porto" que não deixava nada para dizer pede licença dá a paulada ao sr Brigadero e diz + ou - isto meu brigadeiro eu sou como pode ver com os seus olhos o retrato de todos os meus camaradas a farda quase toda descosida ou rota as botas só não perdem as solas porque andam atadas com umas cordas ou coisa parecida, as meias as que a minha mãe me deu o brigadeiro interrompe o soldado Porto e chama o capitão com dupla chamada meu capitãio, meu capitão: e diz pura e simplesmente estes homens não podem andar assim, mande vir camuflados, meias e botas para estes homens, o capitão ainda fez a interrogação mas meu brigadeiro eu creio que a farda tem um tempo de duração, novamente se fês ouvir a voz do Brigadeiro: Não:! nós estamos em guerra, nós estamos em guerra e não há tempo de duração para o material de guerra bem o capitão cumpre a 100% a ordem do Brigadeiro Sá Carneiro e apartir daí não mais faltou roupa camuflada, meias e botas de campanha. O "porto" sempre foi um soldado desconhecido e algo quesilhento daqueles que se diz ferver em pouca agua não sendo merecedor qe qualquer cruz de guerra mas pelo aquele seu acto a companhia e eu deve-lhe pelo menos uma menção honrosa.
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