Desdobrável publicitário do "Chez Toi", restaurante, pensão e "boite", sita na rua eng Sá Carneiro. Exemplar da coleção do nosso coeditor Carlos Vinhal. Data: Bissau, 15 de fevereiro de 1971. Parece que em 1973 também era conhecido por "Gato Negro"...
Foto (e legenda): © Carlos Vinhal (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Afinal, em que é que ficamos ? "Nazareno", casa de fados e restaurante (em 1968) ? "Chez Toi", pensão, restaurante e "boite" (em 1970/71) ? "Gato Negro", de novo casa de fados (em 1973) ? (*)
O Carlos Vinhal (ex-Fur Mil Art e Minas e Armadilhas da CART 2732 (Mansabá,1970/72), nosso coeditor, tinhs guardado, no seu "baú", esta precioso documento a que já tinha feito referência num poste de há 12 anos atrás (**)-
Na altura, no início de 1971, o Chez Toi era pensão, restaurante e "boite"... O Carlos mandou-nos também outros documentos, dizendo:
(...) Luís: Junto envio uma factura referente à estadia de dois dias no Hotel Portugal, onde estive na companhia dos camaradas Furriel de Alimentação Costa e Cabo Maciel. Como te deves lembrar, podíamos ser muito ricos, que mesmo assim nos estava interdito o acesso ao Grande Hotel, onde só podiam ficar Oficiais (por mais labregos que fossem) e civis. Nós, os furrielitos, praças e demais maltrapilhos estávamos confinados ao melhor que havia, nomeadamente o Hotel Portugal ou o Chez-Toi.
A propósito do ChezToi, eles tinham um desdobrável, do qual junto parte, que sucessivamente ia aparecendo: Abra com cuidado, Desdobre de vagar e leia com atenção, Vá..., comer..., no..., CHEZ TOI... Especialidade em Cachupa Rica, etc. (...)
Ora a cachupa é um prato típico cabo-verdiano... Será que a gerência era cabo-verdiana ?
Ora a cachupa é um prato típico cabo-verdiano... Será que a gerência era cabo-verdiana ?
Em 1968/70, o Carlos Pimheiro diz-nos que a casa de fados Nazareno foi "mais tarde rebatizada de Chez Toi" (***).
O Tó Zé Pereira da Costa, na altura capitão de artilharia, garante que "o Chez Toi chamava-se Gato Negro em 1973"... E acrescenta: "Era a mesma coisa, mas com nome mais pomposo. Até tinha uma fadista que cantava axim, mas tirando isso era uma casa muito respeitável" (***)
No logue Lamparam III, editado pelo nosso amigo e grã-tabanqueiro da primeira hora, Leopoldo Amado, também enocntrámos uma referência a um guitarrista, guineense, Zeca Fernandes, que animava as noites de gala do Chez Toi, considerado " um dos primeiros Night Club de Bissau" (****)
2. Destaque, por fim, para o testemunho do nosso camarada Paulo Santiago, ex-comandante do Pel Caç Nat 53 (Saltinho e Bambadinca, 1970/72) ("Uma ida ao Pilão"), para quem o "Chez Toi", em 1972, era um "cabaret chungoso", equivalente hoje a "um bar de alterne":
(...) Foi aí por volta de 30 ou 31 de Março de 1972 que os acontecimentos se passaram. Estava eu em Bissau, de passagem, para mais um mês de férias na Metrópole, embarcava no avião da TAP em 2 de Abril.
O NRP Orion (...) foi onde jantei naquela noite, a convite do Comandante Rita, sendo também convidado o ten RN [reserva naval] Alves da Silva, conhecido entre nós pelo petit-nom de Eduardinho. Não me lembro da ementa, mas foi excelentemente acompanhada pelos belíssimos néctares existentes na garrafeira daquele navio.
O [alf mil ] Martins Julião estava em Bissau a chefiar a comissão liquidatária da CCAÇ 2701 [, Saltinho, 1970/72]: sabendo que me encontrava a bordo da Orion, apareceu no fim de jantar, ainda a tempo de beber uns uísques.
Por volta da meia-noite, ou ainda mais tarde, resolvemos ir ao Chez Toi, um cabaré chungoso, o que se chama agora casa de alterne.
2. Destaque, por fim, para o testemunho do nosso camarada Paulo Santiago, ex-comandante do Pel Caç Nat 53 (Saltinho e Bambadinca, 1970/72) ("Uma ida ao Pilão"), para quem o "Chez Toi", em 1972, era um "cabaret chungoso", equivalente hoje a "um bar de alterne":
(...) Foi aí por volta de 30 ou 31 de Março de 1972 que os acontecimentos se passaram. Estava eu em Bissau, de passagem, para mais um mês de férias na Metrópole, embarcava no avião da TAP em 2 de Abril.
O NRP Orion (...) foi onde jantei naquela noite, a convite do Comandante Rita, sendo também convidado o ten RN [reserva naval] Alves da Silva, conhecido entre nós pelo petit-nom de Eduardinho. Não me lembro da ementa, mas foi excelentemente acompanhada pelos belíssimos néctares existentes na garrafeira daquele navio.
O [alf mil ] Martins Julião estava em Bissau a chefiar a comissão liquidatária da CCAÇ 2701 [, Saltinho, 1970/72]: sabendo que me encontrava a bordo da Orion, apareceu no fim de jantar, ainda a tempo de beber uns uísques.
Por volta da meia-noite, ou ainda mais tarde, resolvemos ir ao Chez Toi, um cabaré chungoso, o que se chama agora casa de alterne.
Apanhámos um táxi no porto e lá seguímos para a má vida. O Rita, como habitualmente, ainda poderia beber mais uma garrafa nas calmas, eu, o Alves da Silva e o Julião já estávamos um pouco mal tratados. O cabaré estava repleto, já não cabia mais ninguém. Convencemos o empregado a trazer-nos uma Old Parr, mais quatro copos e ali ficámos encostados ao muro a dar conta da garrafa.
Subitamente chega um carro em alta velocidade, Peugeot 404 preto, que faz uma travagem maluca ali em frente, e donde sai o Cap Tomás, ajudante [de campo] do Caco [, gen Spínola]. Vinha bastante encharcado, mas deitou a mão à nossa garrafa bebendo uma boa golada. A única pessoa que ele conhecia bem era o Rita. Queria ir para as gaijas, não sei fazer o quê, naquele estado. Convenceu o Comandante e lá entrámos os quatro para o 404, era o carro da D. Helena [Spínola], onde o único meio sóbrio era o meu amigo Rita." (...).
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Subitamente chega um carro em alta velocidade, Peugeot 404 preto, que faz uma travagem maluca ali em frente, e donde sai o Cap Tomás, ajudante [de campo] do Caco [, gen Spínola]. Vinha bastante encharcado, mas deitou a mão à nossa garrafa bebendo uma boa golada. A única pessoa que ele conhecia bem era o Rita. Queria ir para as gaijas, não sei fazer o quê, naquele estado. Convenceu o Comandante e lá entrámos os quatro para o 404, era o carro da D. Helena [Spínola], onde o único meio sóbrio era o meu amigo Rita." (...).
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Notas do editor:
(*) Último pste da série > 1 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18888: Memória dos lugares (377): Fontes de água viva - Fonte Frondosa de Empada (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf)
(*) Último pste da série > 1 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18888: Memória dos lugares (377): Fontes de água viva - Fonte Frondosa de Empada (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf)
(**) Vd. poste de 17 de novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1286: Estórias de Bissau (4): A economia de guerra (Carlos Vinhal)
(****) Lamparam III > 11 de dezembro de 2006 > Norbeto Tavares de Caravalho, "O Cote" > José Carlos Schwarz, elementos escolhidos
(....) Mais tarde, um encontro fortuito ou o retomar de uma velha amizade, viria a ligar o José Carlos ao Duco Castro Fernandes. O irmão deste, o Zeca, do mesmo apelido, considerado na época um bom guitarrista, dava noites musicais de gala no Chez Toi , um dos primeiros Night Club de Bissau.
Duco aprende com o irmão os segredos da viola e transmite-os ao seu fiel companheiro que se aplica na técnica da utilização do instrumento com uma relevada paixão. Este exercício daria nascimento ao grupo recreativo “Roda Livre” e ao conjunto musical “Sweet Fanda”. Mas a vida não era só a alegria dos momentos de confraternização ou o carinho que brota de um lar familiar. Com a idade, novos desafios se lhe defrontaram. (...)
(ªªªªª) Vd. poste de 24 de novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1314: Estórias de Bissau (8): Roteiro da noite: NPR Orion, Chez Toi, Pilão (Paulo Santiago)