sábado, 19 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23093: Os nossos seres, saberes e lazeres (497): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (42): Em Cernache do Bonjardim e na Sertã, no dia em que aqui recebi a segunda dose da vacina (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Dezembro de 2021:

Queridos amigos,
Aqui se completa a viagem, de Cernache do Bonjardim até à Sertã, o pretexto fora a segunda dose da vacina e um afeto dilatado que tem pelo menos um quarto de século, quando começaram as digressões a partir da Serra da Lousã até Pedrógão Grande e depois o deslumbramento com todo este coberto florestal, sentindo que há um património injustificadamente ignorado. As vilas são aprazíveis, as redes rodoviárias de muito boa qualidade, a gastronomia de arromba, as praias fluviais acarinhadas, bons parques de campismo, impressiona o desvelo com que se trata o património religioso, há esforço cultural para trazer até à Sertã uma alargada mundividência, é o que acontece com uma iniciativa peculiar que dá pelo nome de Maratona de Leitura e que pôs a Sertã no mapa dos importantes eventos culturais. E para que se julgue o valor do seu património edificado, recorda-se que já se falou do edifício autárquico gizado por Cassiano Branco, e o leitor seguramente tomará nota de que vale a pena visitar a Igreja da Misericórdia e andar de boca aberta a contemplar a Igreja Matriz, merecedora do epíteto de estar entre as mais belas Igrejas de Portugal.

Um abraço do
Mário



Em Cernache do Bonjardim e na Sertã, no dia em que aqui recebi a segunda dose da vacina (2)

Mário Beja Santos

Pode dizer-se sem exagero que Cernache do Bonjardim acaba por ser uma capital da missionação no nosso país. Tudo começou em 1791, no velho Parque e Paços de Bonjardim arranjou-se espaço para a edificação de um seminário ajustado às necessidades do Grão-Priorado do Crato, mais tarde sairão daqui sacerdotes para as missões da China e temos um novo período da vida da instituição, torna-se no Colégio das Missões Ultramarinas (1855-1911). Cernache deixava de se confinar às missões do Oriente, agora tinha a ver com as missões ultramarinas do Padroado português, e ficava sob a alçada do Estado. Não lhe foi indiferente o que se estava a passar na constituição do III Império Português e o aumento da presença em África, e por isso o colégio formava levas cada vez maiores de alunos e missionários. Segue-se outro período, o da República, com uma nova orientação, a laicização, passava a estar destinado à propaganda civilizadora nas colónias portuguesas, formaram-se missionários que tinham fartas caraterísticas e o nome das missões de Republicanos: 5 de outubro, Cândido dos Reis, por exemplo. Os resultados não foram satisfatórios, os próprios dirigentes republicanos o confessaram. Seguem-se duas novas etapas, o Colégio das Missões Católicas Ultramarinas (1927-1932) e a partir de 1932 temos a Sociedade Missionária Portuguesa que a partir de 1934 adotou a designação de Sociedade Missionária da Boa Nova, o seu campo de ação tem vindo a alargar-se: Moçambique, Angola, Brasil, Zâmbia e Japão. Na impossibilidade de visitar a biblioteca ou a sala de ciências, deixa-se imagens de um pormenor do claustro e as lápides que recordam aonde se missionou e quem por elas deu a sua vida.

Esta instalação com beiral tipo casa portuguesa guarda as últimas recordações da Companhia Viação Cernache que à data da sua nacionalização era a terceira maior do país, com uma frota amplíssima, que excedia as recordações da minha infância, via frequentemente estes autocarros na zona da Almirante Reis, saíam daqui até à Sertã e irradiavam para vários polos. E assim satisfiz esta reminiscência da infância, a fachada foi reparada mas guarda belos azulejos, a frota tem outro nome, sempre lhe chamei Empresa de Viação Cernache, mas de facto é Companhia de Viação, fundada por Libânio Vaz Serra, um empreendedor local.

Tomada a vacina, há que voltar ao trabalho, na Sertã tenho dois objetivos, a Igreja da Misericórdia e a Igreja Matriz, estão bem próximas, visitar esta última implicou telefonema ao Sr. Padre Daniel Almeida, que concedeu todas as facilidades.
Comecei pela Igreja da Misericórdia, obra da Confraria de São João da Sertã, aí para meados do século XVI, depois o templo passou para a dependência da Santa Casa da Misericórdia. Distingue-se o esplendor da talha dourada, os azulejos figurativos em dois níveis, encimados por cornija de talha dourada. É um templo de uma só nave, com dois altares, duas sacristias e coro-alto. No teto surge pintado o brasão da Misericórdia, além de outros motivos decorativos. Segundo a literatura, a capela-mor segue o barroco de estilo nacional, teto de caixotões de brutesco, pintado no século XVIII. As paredes laterais da capela-mor são forradas de azulejos azuis e brancos com cenas marianas. Há pintura a óleo e imagens em calcário coimbrão que merecem a atenção do visitante.

E passamos para a Igreja Matriz, considerada entre as mais belas igrejas de Portugal. Entro aqui com um texto de Júlio Gil do livro “As mais belas Igrejas de Portugal”, Editorial Verbo, 1988, e passo a citar: “Conquista a nossa imediata adesão este espaço amplo, acolhedor, sereno, onde duas belas e elegantes linhas em quatro tramos de arcos quebrados separam as três naves. As arcarias apoiam-se em fortes pilares de granito, pedra que dá solidez a todo o edifício, mas suavizado pelo seu possível aspeto de agressiva dureza com os cortes em bisel de todas as arestas, mesmo dos arcos. Revestidas as paredes com valiosos azulejos quinhentistas e seiscentistas, contribuem decisivamente para o agrado que proporciona este ambiente, acrescido ainda pela qualidade das talhas douradas barrocas em que estão realizados o retábulo e o altar da capela-mor, os dois altares laterais e o elegante púlpito”.
O visitante sente-se surpreendido pelas inscrições que se posicionam ao lado da portal da fachada lateral direita, ali se diz que a igreja foi feita em honra de São Pedro e quem a executou foi João Anes Pedro de Ourém. Também ali se pode observar uma Sertã, a chave de São Pedro e a Cruz de Malta. E agora toca de entrar nesta igreja que foi construída nos inícios do século XV.

Estamos num edifício tardo-medieval cheio de intervenções, adicionaram-se capelas, ampliou-se o interior para acolher a Colegiada da Sertã, seguiu-se no século XVII o revestimento azulejar, transbordante, há o sentimento de que estamos num edifício misto, onde se entremeiam temas religiosos e palacianos. É uma igreja de três naves, apartadas por quatro arcos torais quebrados, assentes em pilares cruciformes. O olhar vai imediatamente para esta opulência de tapetes azulejares, para os painéis, e se a visita se prolongar há pintura tardo-maneirista de grande valor, sente-se mesmo influências do maneirismo e talo-flamengo.

A capela-mor é revestida de azulejos idênticos ao da nave. O grande destaque vai, porém, para o retábulo do altar-mor em talha dourada, é barroco português, e tem imponência o cadeiral da colegiada e a cobertura em abóbada de berço em cantaria, com caixotões intercetados por almofadas pintadas com figuração sacra.

Descobriram-se painéis de azulejos, belíssimos, um deles completo, outro não tanto, suficientemente impressionantes para sentirmos que neste templo religioso houve grosso investimento, artistas talentosos, aqui se guarda um património riquíssimo, um dos ex-líbris do concelho da Sertã.
E na sacristia duas imagens de São Pedro e São Paulo, belas e antigas, cuidadosamente conservadas, estão ali em jeito de despedida, a convidar novas visitas, já que a Sertã tem muito a oferecer em património natural e histórico, em museologia, em gastronomia. E aqui nos despedimos, nunca se sabe se não haverá terceira vacina e teremos então circunstância de dilatar o olhar sobre a Sertã e os seus primorosos arredores.


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Notas do editor:

Poste anterior de 12 DE MARÇO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23071: Os nossos seres, saberes e lazeres (495): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (41): Em Cernache do Bonjardim e na Sertã, no dia em que aqui recebi a segunda dose da vacina (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 15 DE MARÇO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23081: Os nossos seres, saberes e lazeres (496): Guerra e Desporto, mais um artigo de Alexandre Silveira publicado no Jornal Fayal Sport Club (José Câmara, ex-Fur Mil Inf)

Guiné 61/74 - P23092: Parabéns a você (2047): José Carlos Silva, ex-Fur Mil Inf da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4518/73 (Dulombi e Nova Lamego, 1974)

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Nota do editor

Último poste da série de 12 DE MARÇO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23070: Parabéns a você (2046): Sargento Ajudante Ref da GNR, Manuel Luís R. Sousa, ex-Soldado At Inf da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4512/72 (Jumbembém, 1972/74)

sexta-feira, 18 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23091: Agenda cultural (803): Mamadu Baio Trio, hoje, às 20h30, no Camones - Cine Bar, R. Josefa Maria 4B, Graça, Lisboa

 





Diz o Mamadu Baio, representante das melhores tradições  musicais da Guiné-Bissau, originário da mítica Tabatô: "Estamos em pulgas para partilhar o concerto de Mamadu Baio Trio... agora em Quarteto. No Camones-Cine Bar, hoje, às 20h30.  Lisboa, Biarro da Graça", 

Horário: 18h00 - 23h00. Contacto: telem  933 297 441.

O Camones fica na Graça, R. Josefa Maria 4B, 1170-195 Lisboa (uma perpendicular à Rua Senhora do Monte, a que vai dar ao Mirador da Senhora do Monte, o mais espectacular e deslumbrante de Lisboa):

Trio: Mamadu Baio (viola acústica e voz) | João Graça  (violino) | Avito Nanque (guitarra elétrica)

Fotos: página do Facebook do Mamadu Baio, membro da nossa Tabanca Grande, tal como o João Graça na casa do qual o trio (agora quarteto) tem ensaiado... Embora nascido em Lisboa, o João Graça também já bebeu a água do Geba...

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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de março de 2022 > Guiné 61/74 - P23059: Agenda Cultural (802): Edição do livro "O Fenómeno Marcelino da Mata, o Herói, o Vilão e a História", biografia escrita por Nuno Gonçalves Poças, Casa das Letras, 8 de Março de 2022

Guiné 61/74 - P23090: (In)citações (198): a atuação de Patrício Ribeiro, durante a guerra civil de 1998/99, e nomeadamente em Varela, em articulação com o NRP Vasco da Gama..."Se isto não é heroísmo, então eu nunca vi nenhum herói ao vivo e a cores" (Luís Graça)


NRP Vasco da Gama (F330) na sua visita a Tallinn, capital da Estónia, entre 27 e 31 de março de 2008. Pormenor, imagem editada pelo nosso Blogue, da autoria de Ivo Kruusamägi da Wikipedia estoniana (2008) (Com a devia vénia ao autor e à Wikimedia Commons)

Guiné > Região de Cacheu > Varela > Maio de 1968 > A extensa praia de Varela...


Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Patrício Ribeiro, Ilha de Orango, 2008. 

Membro da Tabanca Grande desde 6/1/2006.

1. O Patrício Ribeiro, que vai passar em breve a nosso colaborador permanente para as questões da geografia e economia da Guiné-Bissau,   país lusófono onde vive  desde 1984, ou seja, há quase 40 anos. Fundou uma empresa, a Impar Lda, que tem levado a água e a luz a muitas tabancas recônditas. O seu filho está a dar continuidade ao negócio, mas ele não é homem para se reformar: não se reformou aos 70, também não se vai reformar aos 75 (a completar no dia 11 de outubro de 2022). Está cá e lá, entre Águeda e Bissau, descobriu agora as delícias da vida de agricultor, além de avô.


(i) A propósito da foto acima, do Virgílio Teixeira, tirada em maio de 1968,  escreveu o Patrício Ribeiro, em 8 de janeiro de 2018 (**):

Varela... Estas árvores que se vêm na foto [, de cima,], já foram levadas pelo mar.

Tenho aqui perto [, em Varela],  uma pequena palhota para passar alguns fins de semana. Há 20 anos estava a mais de 250 metros do mar, agora o mar já está muito mais perto; dentro de algum tempo, já posso pescar com a cana, a partir da minha varanda…

Neste mesmo local, numa clareira, aterraram os helicópteros da fragata Vasco da Gama, para recolher os Portugueses que aqui estavam encurralados na guerra de 1998.  Foi num destes helis que o nosso saudoso Pepito, saiu.

Eu também aqui estava… Mas tinha por missão ajudar a sair outros Portugueses que se encontravam no interior, em Canchungo e Cacheu. Como não apareceram às horas combinadas, estive em S. Domingos e depois em Ingoré (, sem combustível e em situação de guerra),  à procura deles… E de onde, a partir dos rádios da Missão Católica, comuniquei com a fragata a informar que estavam atrasados para a sua evacuação…

Ao fim do dia, também saí desta praia [, de Varela,] numa canoa nhominca, acompanhando os últimos 10 portugueses que quiseram sair, assim como de outras nacionalidades,  a quem a fragata autorizou o embarque… 

Como destino, “o pôr do sol”, o poente… Passados 18 milhas, mar adentro, lá encontramos a nossa frota com 3 navios dos “filhos da escola” que na parte final nos vierem cumprimentar nos botes e mandar subir pela escada de corda, para a fragata Vasco da Gama. (**)

(ii)  Informação complementar do Patrício Ribeiro sobre a sua ação heróica em Varela, logo a seguir ao golpe de Estaddo de 7 de junho de 1998 (***):

(...) Já não foi possível os helis da fragata Vasco da Gama voltarem a aterrar na praia, havia quem os quisesse deitar abaixo… mas fomos acompanhados pelo ar, de onde recebíamos ordens, por vezes mandavam-nos, à nossa canoa, desviar de alguns obstáculos, que havia no mar …

Luís, o comentário que enviei sobre as fotos da praia de Varela, foi a partir da minha lareira nas margens do Vouga [, em Águeda], onde há frio e foi com um copo de tinto na mesa …

Gosto de falar da minha praia de Varela de que adoro; dos banhos na água quente a 30º, das minhas pescarias diretamente para o grelhador, acompanhadas por umas bacias de ostras, etc…

O que escrevi no comentário, é um pequeno resumo dos diversos capítulos vividos naquela época, mas muitos deles ainda os considero 'classificados' …

Quando nos voluntariamos a ajudar os outros, quando pessoas a chorar nos pedem para não os deixar para trás …,   a “formação militar não o permite", vem ao de cima...

E, por força das condições, passamos a ser o elo de ligação entre o resto do mundo e o interior de um país em guerra, de onde não é possível informar os familiares: onde estamos, que estamos vivos … Repara, não havia telefones e as fronteiras estavam fechadas, quer internamente, quer com os países vizinhos e estas últimas estavam a ser bombardeadas. Bissau ficava longe e não  se sabia o que se passava no interior.

E quando do exterior… nos pedem a colaboração, através do nosso “bombolom”, para encontrar esta e aquela pessoa de quem não se tem notícias há muitas semanas … certamente qualquer um de nós ajudaria, se tivesse condições...

Os restantes capítulos vão saindo, quando alguém tocar na "ferida".

Luís, depois de ter saído na canoa nhominca, que, no regresso, na minha presença, carregou da fragata Vasco da Gama a primeira ajuda humanitária para a Guiné, destinada à Missão Católica de Suzana,  eu voltei para Portugal. Não, não fiquei lá...

Mas passados 2 meses regressei à Guiné, via Dakar e táxi aéreo para Bubaque, dali para Bissau em vedeta de guerra, que foi construída no Alfeite e que estava na mão dos militares senegaleses.

De Bissau por vezes saía para Varela, quando recebia um 'papelinho' avisando que era melhor ir dar uma volta… Pegava na minha mochila com uma lata de atum, atravessava a pé as bolanhas e lá ia eu para banhos.

O aeroporto de Bissau, esteve fechado quase um ano… Quando da morte do 'Nino', tinha ido passar o fim de semana à ilha de  Orango…

Na morte do Ansumane Mané, estava fora de Bissau...Ao reentrar em Bissau encontrei quase uma centena de milhares de pessoas, a saírem a pé. Algumas já iam para lá de Nhacra. Fiz um apelo na rádio RTP África, para mandarem transporte, afim de apanharem as pessoas que estavam a dormir à beira da estrada, sem qualquer condição.

Ao mínimo problema, a estrada principal era fechada a viaturas, em Safim.

Assim. como da morte dos restantes [altos dirigentes do país...], estava fora, por Varela, Contuboel, etc.

(iii) Comentário do nosso editor LG:
 
Patrício Ribeiro, português,
nascido em Águeda, em 1947,
criadoe casado em Angola,
com família no Huambo,
ex-fuzileiro em Angola de 1969
a 1972, a viver na Guiné-Bssau
desde 1984,
fundador, sócio-gerente
e director técnico
da firma Impar, Lda-


O Patrício Ribeiro não é por acaso que era conhecido em Bissau, ainda até há pouco, como o "pai dos tugas"... Os jovens, cooperantes, rapazes e raparigas, tinham por ele um enorme respeito e admiração na altura em que o meu filho, João Graça, o conheceu em dezembro de 2009, em Bissau...

Esta história do resgaste de diversos portugueses e 
outros, em plena guerra civil (que começou com o golpe de  Estado de 7 de junho de 1998), perdidos em Varela, Canchungo  e Cacheu, devia merecer honras de título de caixa alta nos jornais da época e nas parangonas dos telejornais... Não me dei conta que isso tenha acontecido... Mas é uma verdadeira história de heroísmo que nos 
honra a todos!...

Recorde-se que na sequência daquele conflito, foi 
montada pelo Governo Português uma operação de resgaste de cidadãos portugueses e de outras nacionalidades. Essa operação, com o nome de código Crocodilo.   envolveu uma força conjunta dos três ramos das Forças Armadas. A componente naval foi  constituída pela fragata Vasco da Gama, com dois helicópteros Lynx Mk95 embarcados, pelas corvetas Honório Barreto e João Coutinho e o navio reabastecedor Bérrio. A atuação dos
dois helicópteros foi fundamental para o êxito da missão. A força naval foi comandada pelo CMG Melo Gomes.
(Vd. P. Conceição Lopes, CFR: Operação Crocodilo. "Revista da Armada", julho de 2013, pág. 20).

A história do resgate, efectuado por conta e risco do Patrício Ribeiro, em Varela, já a tinha  ouvido contar, na tabanca de São Martinho do Porto, há uns largos anos atrás, talvez em 2012, da boca do saudoso Pepito (1949-2014), um dos "encurralados", em junho de 1998, em Varela, onde também tinha casa de praia, já do tempo dos pais

O Patrício conseguiu metê-lo, a ele e à família, e a mais cidadãos, num dos helís da fragata Vasco da Gama, ancorada ao largo, a 18 milhas, fora das águas territoriais do país, com mais os dois navios de apoio...

Eu já sabia, além disso, que, na impossibilidade de voltar o heli a Varela, o Patrício se metera na sua canoa nhominca, levando mais um grupo (10 pessoas, de nacionalidade portuguesa e outras...) ao fim da tarde, pelo mar fora, até à fragata salvadora!...

Camaradas, 18 milhas náuticas numa canoa nhominca ( embarcação em que ele é perito e que muito admira!),  são mais do que 33 km pelo mar adentro... Não é para todos, é para quem aprendeu a amar e respeitar o mar, como ele,  que foi "filho da escola" da Armada...

Já aqui escrevi e volto a repetir: Esta história incrível tem de ser melhor conhecida de todos nós... O Ribeiro Patrício, que é um homem modesto, nosso camarada, ex-grumete fuzileiro, deveria ter sido condecorado no 10 de junho por este feito de grande coragem,  altruísmo e patriotismo!... 

Amigos e camaradas, se isto não é heroísmo, então eu nunca vi nenhum herói ao vivo e a cores!

Reparem: durante o conflito político-militar, sangrento, de 1998/99, o Patrício Ribeiro foi incapaz de estar longe da Guiné mais do que dois meses... Ao fim de dois meses, voltou a entrar  no país via Dacar, Senegal.

O Pepito e a família, cuja casa no bairro do Quelélé, em Bissau, foi pilhada e destruída pela soldadesca senegalesa, que apoiava o 'Nino' Vieira, esteve refugiado em Cabo Verde, creio que à volta de um ano... O Pepito tinha nacionalidade guineense, e este foi um dos acontecimentos mais marcantes (e traumatizantes) da sua vida, segundo me confidenciou em vida... Voltou à Guiné. para recomeçar a sua vida, uma vida nova... O Patrício Ribeiro, por sua vez, é português, é alias o português mais guinéu da Guiné-Bissau... onde continua a viver e trabalhar desde 1984.

Esperemos que o Patrício Ribeiro, agora à beira dos 75 anos, possa passar mais tempos, entre nós, à lareira e à beira do Vouga, de modo a ter tempo e pachorra para a começar a "abrir o livro"... Um homem que sabe muito da história recente da Guiné-Bissau,  saberá até de mais, pelos círculos em que se move, mas sempre o achei uma pessoa cautelosa, discreta, afável e fiável, além de solidária e generosa. (****)

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Notas do editor:

(***) Vd. poste de 11 de janeiro de  2018 > Guiné 61/74 - P18200: (De)Caras (104): Patrício Ribeiro, nascido em Águeda, criado em Angola, "filho da escola" da Armada, ex-grumete fuzileiro, empresário em Bissau, ator e observador da história recente da "pátria de Cabral", o "homem certo no sítio certo"... Ou melhor: o "tuga" que sabe mais da Guiné, e para quem a Guiné "sabi di mais"...

(****) Último poste da série > 18 de março de 2022 > Guiné 61/74 - P23088: (In)citações (197): Mais recordações do conflito político-militar de 1998-1999, por parte de quem o viveu por perto, o Cherno Baldé e o Patrício Ribeiro

Guiné 61/74 - P23089: Notas de leitura (1429): “Amílcar Cabral - Pensar para Melhor Agir”; edição da Fundação Amílcar Cabral, Praia, 2014 (4) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 30 de Julho de 2019:

Queridos amigos,
Nestas suas intervenções num Seminário de Quadros que fez história na justa medida em que o líder fundador do PAIGC passou minuciosamente em revista os princípios do Partido, os tipos de resistência que o Partido enfrentava e as perspetivas da luta nos próximos tempos, fica bem claro que Amílcar Cabral era um marxista heterodoxo, tinha ideias assentes sobre a economia de uma Guiné independente, reprovava todo e qualquer comportamento que lesasse a harmonia possível entre as populações sob controlo do PAIGC e as suas unidades militares. Ficamos igualmente a saber que Amílcar Cabral era a favor da construção de uma cultura embebida na própria luta da libertação, é nesta intervenção que ele se mostra acérrimo defensor da língua portuguesa como uma língua que iria dar coesão ao novo Estado soberano. 

Era um comunicador sem rival, altamente pedagógico, revelava-se maleável e aberto a aprender com os erros, sempre a advertir para os perigos do oportunismo e do carreirismo. Deixamos para o próximo texto a sua alocução sobre os desafios que eram postos nos próximos tempos, tanto na luta de libertação como nos grandes princípios que deviam nortear o novo Estado soberano com que ele tanto sonhava.

Um abraço do
Mário



Um guia prático para conhecer o pensamento do revolucionário Amílcar Cabral (4/5)

Beja Santos

A obra intitula-se “Pensar para Melhor Agir”, comporta o teor integral das intervenções de Amílcar Cabral no Seminário de Quadros do PAIGC, que se realizou em Conacri, de 19 a 24 de novembro de 1969. A edição é da Fundação Amílcar Cabral, Praia, 2014, e tem organização de Luís Fonseca, Olívio Pires e Rolando Martins. 

De há muito que só é possível ler Amílcar Cabral entre nós nas bibliotecas ou adquirir as suas obras em alfarrabistas. As intervenções do líder do PAIGC foram revistas a partir das bobinas que então recolheram integralmente a sua comunicação, mais uma razão para encarar este trabalho como uma boa oportunidade de revisitar a essência do seu pensamento.

Amílcar Cabral dá como adquirido que a destruição do Estado Colonial pressupõe a criação de um novo Estado assente numa economia própria e alerta os seus quadros dizendo:

“Há muitas culturas agrícolas que nunca se fizeram e não será durante esta guerra que as poderemos fazer rapidamente. Mas devíamos ser capazes de começar a fazer algumas delas. Não podemos abastecer-nos a nós próprios com medicamentos, mesmo medicamentos simples, mas há coisas que podemos fazer como aumentar a produção de arroz, da mandioca, da batata e de outros produtos alimentares e garantir a produção em todas as áreas que controlamos. Devemos também procurar desenvolver o nosso artesanato: potes, esteiras, panos, bandas, etc. Alguns responsáveis do Partido esqueceram as palavras de ordem ‘desenvolver e aumentar a produção, multiplicar ou diversificar os produtos agrícolas’. 

Um golpe grande na nossa resistência económica foi e continua a ser a saída de grande número de gente para o Senegal. É um golpe na nossa resistência económica, porque são braços capazes de trabalhar nas condições das nossas regiões libertadas e que vão trabalhar no Senegal, aumentando a economia desse país e diminuindo a nossa. Devemos dizer claramente que alguns dirigentes e responsáveis do Partido de todos os níveis não têm dado a importância devida à nossa resistência económica. 

Devemos dizer aos camaradas que, se temos que alimentar os combatentes no fundo do mato, para podermos lutar contra os colonialistas portugueses, então estes ficam na nossa terra mais cem anos. Isso seria o resultado, sobretudo, da falta dos camaradas responsáveis que não foram capazes de pôr os combatentes a lavrar a terra, na altura em que era preciso”.

E elenca um conjunto de advertências para que haja condições de se preparar uma verdadeira revolução agrícola. E quanto ao que fazer no imediato não hesita em dar exemplos:

“No tempo das chuvas não se pode cultivar cebola, mas no tempo seco, como agora em Novembro, qualquer unidade do Exército pode cultivar cebola e alho num pequeno terreno da sua área. Basta indicar dois camaradas para vigiarem perto do rio e regarem como deve ser. Pode-se cultivar tanto no Corubal como no Canjambari ou perto de uma fonte no Sul, em Cubisseco, Quínara, ou em qualquer outro lugar.

Demoradamente, fala na necessidade de melhorar as relações entre as populações e os combatentes, passa depois para a resistência cultural, e usa da franqueza:

“A nossa cultura deve desenvolver-se numa base científica, sem crendices. Amanhã, deve evitar que qualquer um de nós pense que o relâmpago é sinal de que Deus se enraiveceu e a trovoada é a voz do céu ou do irã furioso. Toda a gente tem que saber que a trovoada e o relâmpago são provocados por duas nuvens que se chocam, uma carregada de eletricidade positiva e outra de eletricidade negativa, e produzem uma faísca, que é o relâmpago, e um barulho, que é a trovoada. Camaradas, temos de basear a nossa cultura na ciência, retirar da nossa cultura tudo quanto é anticientífico, não hoje ainda, mas amanhã. A nossa cultura tem de ser popular, uma cultura de massas, ou seja, à qual toda a gente tem direito, e que respeite os valores culturais do nosso povo. Devemos ter bem em mente a situação na cidade e no campo, comparativamente”.

É neste contexto que ele produz uma declaração que se revelará fundamental, sobre a importância da língua portuguesa:

“Agora, a nossa língua escrita é o português. Por isso, vale a pena falar-se aqui tanto o português como o crioulo. Não somos mais filhos da nossa terra pelo facto de falarmos crioulo. Tenhamos um sentido real da nossa cultura. A língua portuguesa é uma das melhores coisas que os portugueses nos deixaram, porque a língua não é senão um instrumento para os homens se relacionarem uns com os outros, um meio para exprimirem as realidades da vida e do mundo. A língua dos portugueses avançou bastante mais do que a nossa, podendo exprimir verdades concretas relativas, por exemplo, a ciência. Nós dizemos: ‘A Lua é um satélite natural da Terra’. Digam ‘satélite’ em balanta ou em mancanha. Isto só é possível falando muito, enquanto que em português se trata apenas de uma palavra que outros povos podem entender”.

Passando para o tema da resistência armada recordou que esta é também uma expressão da resistência cultural, na luta nega-se a condição de portugueses de segunda classe, na luta adquire-se a consciência de que se pertence ao continente africano, luta-se em defesa da dignidade de ser livre e tomar nas suas próprias mãos a resolução dos problemas do país. Faz uma síntese histórica do colonialismo, retoma a questão da organização e explica porquê:

“À medida que a luta avança, o partido vem transformando as estruturas de guerra. Os camaradas devem lembrar-se bem do início da luta. A pouco e pouco, modificámos os grupos de guerrilha, criámos os corpos ou unidades do Exército, criámos os Comandos e começámos a coordenar a luta por zonas, em regiões diferentes. Dantes, por exemplo, o Comando das Forças Armadas era exercido pelo comité do Partido, mas, à medida que as nossas Forças Armadas foram crescendo, a guerra tornou-se mais complexa e tivemos de separar a direção das Forças Armadas da direção local do Partido. Ao longo da luta chegámos à conclusão de que, nas condições da Guiné e para este tipo de guerra, é mais eficaz combater com poucos efetivos organizados em pequenos grupos. A comprovar isto está o recente ataque a Piche, dirigido pelo camarada Baro Seidi e o seu comissário político Buonte Na Sansa, realizado com dois grupos de dezoito combatentes. Temos a certeza de que nesta luta é mais eficaz lutar com pequenos grupos tirando o máximo proveito das nossas armas, sobretudo as ligeiras”.

E de novo insiste num quadro de desanuviamento entre os militares e as populações que o PAIGC controla:

“Nesta luta temos de combater todas as ideias erradas e oportunistas e defender intransigentemente a linha do Partido. Vários camaradas das Forças Armadas e até mesmo responsáveis têm prejudicado muito o Partido e a nossa luta com o seu comportamento, fazendo deteriorar as relações entre a população e as nossas Forças Armadas. Isso equivale a um crime de traição, é servir os colonialistas. Digo-vos que por maior que seja a força do nosso Partido, se não promovermos quotidianamente as boas relações com a nossa gente, a nossa luta está condenada ao fracasso”.

E termina esta alocução recordando uma vez mais o objetivo de toda a guerra de libertação:

“O objetivo é sentarmo-nos frente a frente com o inimigo para ele concordar que temos razão e entregar-nos a nossa terra. Por isso é que temos de saber para onde é que vamos com a nossa guerra. Nunca é demais repetirmos que o objetivo fundamental da nossa resistência armada é realizar aquilo que não conseguimos só com a política. É abrir novas perspetivas para o nosso povo, na independência, na paz, no trabalho e na justiça, no caminho do progresso. É esta a nossa missão”.

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 14 DE MARÇO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23077: Notas de leitura (1428): “Amílcar Cabral - Pensar para Melhor Agir”; edição da Fundação Amílcar Cabral, Praia, 2014 (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P23088: (In)citações (197): Mais recordações do conflito político-militar de 1998-1999, por parte de quem o viveu por perto, o Cherno Baldé e o Patrício Ribeiro


Guiné - Bissau > Bissau > 2003 > A imagem, sempre sinistra, da carcaça de um tanque  destruído e abandonado na estrada, talvez nas imediações de Brá. Devia tratar-se de um tanque T 54/55, de origem russa. A foto foi tirada em 30/4/2003,  portanto quase 4 anos depois do conflito. Foto: Mariomassone (2003) (pormenor). (Imagem de domínio público, editada por nós, e aqui reproduzida com a devida vénia  ao autor e à Wikimedia Commons)


1. Comentários ao poste P23054 (*), ainda a propósito do conflito-político miliar que estalou em 7 de junho de 1998, com o golpe de Estado contra o Presidente João Bernardo "Nino" Vieira,  liderado pelo General de Brigada Ansumane Mané, e que envolveu também tropas dos 2 países vizinhos, o Senegal e a Guiné-Conacri, tendo-se prolongado até 10 de Maio de 1999. 

(i) Tabanca Grande Luís Graça:

Cherno, tudo acaba bem quando acaba em bem... Será? O teu "calvário" não acabou aqui, em 15 de junho de 1998, em Fajonquito... Irá prolongar-se por mais um ano, dois, três, talvez mais... Quando voltaste à tua casa no Bairro Militar, em Brá, provavelment não a encontraste, ou estava completamente destruida ou vandalizada... E depois foi preciso recomeçar a vida, o trabalho, a escola... Tivestes mais 3 filhos...

Há marcas (muitas vezes mais psicológicas do que físicas) que não desaparecem mais... Não te vou pedir que nos fales disso, seria doloroso... Mas tudo indica que não foram anos fáceis, os teus, os vossos, do pós-guerra civil... Em 2001/02 tiveste que vestir a "camisola do Sporting", ao lado dos teus "primos ucranianos"... 

Talvez um dia possas escrever sobre a tua inesperada vida de emigrante...em Lisboa, trabalhando nas obras.

Um abraço, meu irmãozinho, e amigo. 
Luís
7 de março de 2022 às 10:13

(ii) Cherno Baldé (to à esquerda, em Fajonquito, sua terra natal, em 2010):


Caro amigo Luís Graça,

Prometo voltar ao assunto logo que possível, todavia antecipo para informar que ainda fiz duas viagens de ida e regresso Fajonquito-Bissau e vice-versa.

O Bairro onde habitava estava do lado dos rebeldes, mas felizmente, nada aconteceu à nossa casa, pois os meus vizinhos, balantas e antigos guerrilheiros, que não tinham saído, tinham-se encarregado de a vigiar por nós e não deixar que fosse vandalizada. Também encontrei a nossa cadela que, na confusão da nossa partida, não tinhamos encontrado.

A primeira vez foi no mês de agosto (de 1998), durante uma das tréguas entre as partes. Bissau estava completamente deserta. Tentei visitar os nossos escritórios nas antigas instalações militares de Brá, onde funcionava o Ministério das Obras Públicas. Quando cheguei junto à estrada, vi um carro blindado no meio da estrada e vários corpos abandonados, onde só se viam os ossos das costelas e outras partes do corpo.

Não podia continuar e voltei para casa completamente fora de mim, sem saber se caminhava ou já estava morto, no dia seguinte tive que voltar atrás e juntar-me à familia.

A segunda vez foi com o meu filho e fizemos uma semana e parecia que tudo se ia resolver, mas de repente tudo recomeçou e tivemos que abandonar a cidade de novo, no meio do tiroteio.

Finalmente, em meados de Março de 1999, voltei juntamente com a família e ainda tivemos que viver a parte final do conflito em maio do mesmo ano, refugiados em Safim durante dois dias.

Com um abraço amigo,
Cherno Baldé
7 de março de 2022 às 15:28


(iii) Tabanca Grande Luís Graça:

Obrigado, Cherno, pela partilha. Em relação à casa, tiveste mais sorte que o nosso saudoso Pepito, que morava no bairro do Quelelé... Os senegaleses roubaram e escaqueiraram tudo... Imagina a dor de alma quando voltou de Cabo Verde...

Mas foste um homem de coragem e transmitiste aos teus filhos valores que são essenciais para o futuro... Que possamos todos aprender com o passado...

7 de março de 2022 às 15:45


    
(iv)  Patricio Ribeiro (empresário, que vive na Guiné-Bissau desde  a segunda metade de 1980):

Cherno, a vida não foi fácil.

Também por lá andei, de 7 de junho de 1998 a  e 1999, pelas mesmas bolanhas a pé, por onde saía e entrava diversas vezes em Bissau, com a mochila às costas que levava dentro um prato de plástico e uma colher e uma lata de atum, era a ração de combate.

Mas como já era a minha 3.ª guerra… ia passeando nos intervalos da "chuva".

A "chuva" que vinha do Cumeré e de João Landim, estragou-me por duas vezes o telhado da casa, matou uma vizinha ainda jovem.

Poucas pessoas se deram ao trabalho de escrever sobre o 7 de junho de 1998. Muito ainda está no segredo dos deuses. (**)

Agora só me resta, que a minha 4.ª "chuva", não passe por perto. Abraço

8 de março de 2022 às 10:42
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Vd. também postes anteriores:

(**) Recomanda-se a leitura dos 3 postes que aqui publicámos há mais de 10 anos sobre a origem deste conflito político-militar... São da autoria do antigo embaixador português e nosso camarada Francico Henriques da Silva:

17 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7803: Das causas da guerra civil Bissau-guineense, de 7 de Junho de 1998 a 7 de Maio de 1999 (1) (Francisco Henriques da Silva)

quinta-feira, 17 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23087: Convívios (921): XXVI Convívio do Pessoal de Bambadinca, 1968/71: Caldas da Rainha, sábado, 28 de maio de 2022 (José Fernando Almeida, ex-fur mil trms, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, 1969/71)


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 > Bambadinca > 1970, ao tempo do BCAÇ 2852 (1968/70) > Espectacular vista aérea do aquartelamento, tirada no sentido leste-oeste, ou seja, do lado da grande bolanha de Bambadinca. 

(Vd. mapa da região)
(Vd. aqui as respetivas legendas.)

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)



José Fernando Almeida,  o organizador do 26º Convivio,

ex-fur mil trms, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (1969/71)

Guiné - Bambadinca 1968-1971 

(CCS/BCAÇ 2852, CCAÇ 2590/CCAÇ 12;
Pel Caç Nat 52, 54 e 63;
 Pel Mort 22106 e 2268; 
Pel Rec Daimler 2046 e 2206; 
e outros)

26.º Convívio, Caldas da Rainha, 

sábado, 28 de Maio de 2022


Camaradas e Amigos,

Saúdo-vos após estes dois anos de Covid,  tenho esperança que tenham passado bem este período assim como os vossos familiares .

Conforme ficou combinado no Porto, no ano de 2019, este ano o Convívio é realizado em Caldas da Rainha. 

Como sempre o Convívio é extensivo aos nossos familiares, camaradas e amigos, que nos têm acompanhado, apoiado e suportado todos estes cinquenta anos, (50 anos para uns, 51 e 52 para outros, tantos!). Se encontrares algum camarada que tenha perdido o contacto,  convida-o. 

I. Local de encontro: 

Parque D. Carlos I (Coreto),

Caldas da Rainha, 

entre as 10h00  e as 10h45

No Centro Comercical Vivaci, há estacionamento GRATUITO  nas duas primeiras horas. Fica à entrada das Caldas da Rainha,  ao lado do Hotel Lisbonense, Largo com a Estátua da Rainha


II. Missa em memória dos camaradas e familiares falecidos:

lgreja Nossa Senhora do Pópulo 

(Hospital Termal),

às 11h00.

III. Almoço- Recepção: 12.00 h 

Restaurante Paraíso do Coto,

Rua dos Outeiros 30-Qtª da Lage



IV. Preço por pessoa: Adulto- 27.50€

Crianças entre os 0 e 3 anos= Grátis | Crianças entre os 4 e 9 anos= 50 % |  Crianças com 10 anos ou mais = 100 %

Agradeço que sinalizes por Transferência Bancária : 

NIB 0035 0697 0037 1004 2007 9

ou envio de cheque em nome de José Fernando Gonçalves de Almeida


V. Agradeço a confirmação até ao dia 18 de Maio de 2022. 

VI. Contactos 

José Fernando Gonçalves de Almeida,

Estrada dos lngleses nº  9, Gracieira  

2510-339 A-dos-Negros

Telem 933 494 741   | Telef 262 958 178 | Email: josefgalmeida@gmail.com


Um abraço,

José Fernando Almeida

José Fernando Gonçalves de Almeida

Estrada dos Ingleses Nº 9

Gracieira

2510-339 A-dos- Negros

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Nota do editor:

Último poste da série >  28 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22667: Convívios (920): XI Encontro dos "Ilustres TSF", levado a efeito no passado dia 20 de Outubro em Lisboa (Hélder Valério de Sousa, ex-Fur Mil TRMS)

Guiné 61/74 - P23086: No céu não disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (32): Hoje há lapas na chapa e sável frito com arroz de feijão, diz a "chef" Alice...

 


Foto nº 1 > Uma boa entrada: lapas abertas na chapa, com uns pingos de manteiga e limão, e enfeitadas  com uns talos de coentros... 


Foto nº 2 > O sável, frito, depois de cortado muito fininho, por causas das espinhas... 


Foto nº 3 > Arroz de feijão para acompanhar o sável, que já vinha  sem ovas...


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Amigos e camaradas: nem só de guerra nem das memórias da guerra, ou só do  passado,  vive o homem (e a mulher). Pode parecer "pornográfico" vir aqui falar de "comes & bebes", num tempo em que volta a haver guerra na nossa casa comum, a Europa, e há já  alguns milhões de refugiados, sobretudo mulheres e crianças...Há gente a  morrer, a fugir, a passar fome... E muita angústia e medo. 

Mas quem pode, ainda come todos os dias... E de preferência alguma petisco mais fora do comum. E partilha essa experiência culinária com os amigos, nesta série que tem um título apelativo, bem humorado, e que não pretende provocar ninguém, "No céu não há disto"... Que nos perdoem os crentes e os habitantes desse condomínio de luxo que é o céu do nosso imaginário (ou da fé de muitos crentes, cristãos e não cristãos). É uma brincadeira inocente.

Pois aqui fica a refeição, simples e barata, que fizémos há dias, na Lourinhã. A "chef", do costume, é a Alice, para quem o sável faz parte das seus sabores de infância, ou não tivesse ele nascido ali perto do Rio Douro: da sua casa, em Candoz, vê-se o mítico Porto Antigo, na margem esquerda, na grande baía formada pela barragem do Carrapatelo... Também lá chegavam, antes de completado o plano de construção das barragens do Douro, a lampreia e o sável, e muita gente tinha pesqueiros no rio... 

A lampreia este ano nem lhe toquei. Não a há e a que aparece, nos restaurantes,  está a preços proibitivos. O sável já o comemos várias vezes. E hoje voltamos a comer. Sempre com uns amigos, que as coisas boas desta vida são para partilhar. 

Sem querer fazer inveja a ninguém, aqui ficam três imagens da nossa refeição de sável de há uns quinze dias atrás. As lapas não as comia há anos. Não são as lapas da Mdeira nem dos Açores, mas estavam ótimas. Foram apanhadas nos rochedos, de difícil acesso, nas imediações do Porto das Barcas, Lourinhã, em frente a Tabanca do Atira-te ao Mar, que  é a tabanca mais ocidental das tabancas europeias da Tabanca Grande. Uma gentil oferta dos "duques do Cadaval", a Maria do Céu Pintéus e o Joaquim Pinto de Carvalho,  da Tabanca do Atira-te ao Mar, com quem regularmente almoçamos ou petiscamos desde o início da pandemia de Covid-19.

PS - Também se faz, nesta região da Estremadura, um delicioso arroz de lapas. Fica para a próxima. Até não há muitos anos, muitos habitantes das aldeias ribeirinhas da Lourinhã eram pescadores-recolectores de polvos, navalheiras, sapateiras, ouriços do mar, lapas, mexilhões... Além do lazer, esta atividade  também tinha algum peso na diversificação da  alimentação.  Ainda me lembro desta gente, à noite, andar à "pesca ao candeio", na maré vaza, nas rochas, equipados com camaroeiro, um pau com um isco na ponta (em geral, sardinha)  e um gasómetro, que eram alimentado com carbonato de cálcio. Um espetáculo algo surreal...
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quarta-feira, 16 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23085: Historiografia da presença portuguesa em África (308): "Subsídios para a História de Cabo Verde e Guiné", as partes I e II foram editadas em 1899, o seu autor foi Cristiano José de Senna Barcelos, Capitão-Tenente da Armada (12) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Abril de 2021:

Queridos amigos,
Estamos a descrever os últimos atos públicos de Honório Pereira Barreto que obteve na sua viagem aos Bijagós um precioso acordo de paz e aceitação da soberania portuguesa em Canhabaque. Mas os britânicos não desarmam, fazem a apologia do combate à escravidão e andam descaradamente a negociar escravos na Serra Leoa. Em Bissau, a Comissão Municipal pede a Honório Pereira Barreto para ficar, a sua presença simboliza paz. Na região do Geba tudo voltou a azedar, mais expedições, mas com resultados inconclusivos. A proteção fortda navegabilidade do Geba é garantida pela fortaleza de S. Belchior. Lemos este derradeiro período da escrita de Senna Barcelos (ele encerrará a sua investigação em 1879, quando a Guiné se autonomizou definitivamente de Cabo Verde) e assistimos a tumultos constantes, a pressão no Casamansa agudiza-se e em breve a problemática de Bolama irá ser entregue a um árbitro, ao Presidente dos Estados Unidos da América, Ulysses S. Grant.

Um abraço do
Mário



Um oficial da Armada que muito contribuiu para fazer a primeira História da Guiné (12)

Mário Beja Santos

São três volumes, sempre intitulados Subsídios para a História de Cabo Verde e Guiné, as partes I e II foram editadas em 1899, a parte III, de que ainda nos ocupamos, em 1905; o seu autor foi Cristiano José de Senna Barcelos, Capitão-Tenente da Armada, oficial distinto, condecorado com a Torre e Espada pelos seus feitos brilhantes no período de sufocação de sublevações em 1907-1908, no leste da Guiné. O levantamento exaustivo a que procede Senna Barcelos é de relevante importância e não há nenhum excesso em dizer que em muito contribuiu para abrir portas à historiografia guineense.

Continuamos a dar palavra a Honório Pereira Barreto, a sua epistolografia é preciosa e ninguém como Senna Barcelos deu destaque a este incontornável conjunto de peças que ajudam a esclarecer estes anos decisivos da pressão francesa sobre o Casamansa e britânica sobre o sul da Guiné. Honório escreve um relatório dirigido ao Governador-Geral em 7 de maio de 1856 acerca da viagem que fez aos Bijagós, e diz claramente: 

“Desde março de 1853, em que os franceses foram atacar a ilha de Canhabaque que apliquei toda a minha atenção sobre as ilhas dos Bijagós”

Critica o comportamento então adotado pelo Governador de Bissau e Cacheu que se devia ter oferecido como mediador em conflitos interétnicos e depois entra diretamente no assunto, dá notas dos factos: 

“Em dezembro desse mesmo ano de 1853, uma esquadrilha inglesa veio à ilha de Canhabaque para exigir uma satisfação pelo assassinato feito de um oficial inglês; era eu então Governador-interino da Guiné; recorreram, porém, à minha mediação e tive a fortuna de acabar a questão a contento de ambas as partes. Longe de aumentar aí a influência estrangeira, cresceu a nossa, apertaram-se os laços da antiga amizade”.

E Honório vai contar os principais aspetos da sua viagem, iniciou-a em 11 de janeiro, descreve a sua comitiva e leva presentes para régulos e chefes. Aportou primeiro à ilha das Galinhas, a etapa seguinte foi Canhabaque, ficou hospedado em casa do régulo de Tuore, de nome Tissac, herdeiro do rei que os franceses mataram em março de 1853. Tenta uma reunião com os 17 régulos e chefes de Canhabaque, reuniu com muitos e deixa-nos o seguinte apontamento: 

"Este povo de Canhabaque é verdadeiramente livre, nem consentem ser vendidos; os régulos são simples presidentes de umas assembleias deliberativas, que só têm lugar quando se trata de negócios de interesse geral para o país”

O ponto fundamental da reunião é de que todos se manifestam de súbditos portugueses; segue para a ilha de Orango, onde é recebido com uma salva de artilharia, e o rei deu-lhe um tratamento régio. 

“Com franqueza direi a Vossa Excelência que depois que cheguei a Orango e depois que vi os objetos que o rei possuía, pois mobilou a casa em que residia com canapé, cadeiras, mesa, oleados, toalhas e esteiras, fiquei embaraçado sobre o presente com que lhe devia corresponder. Felizmente havia a bordo da lancha que me conduziu um oratório para venda, pertencente à viúva Ferreira, objetos que pessoas bem informadas me disseram seria agradável ao rei. Resolvi dar-lho”

Mais tarde Honório enviou ao Governador-Geral o tratado que tinha efetuado com os régulos bijagós da ilha de Canhabaque.

Em 26 de agosto de 1858 fundeou no porto de Bolama o vapor de guerra inglês Tridente, que ali cometeu atos de violência contra os portugueses, e disso deu conta o morador José Carlos Rebelo Cabral a Honório Pereira Barreto: 

“Pelo meio-dia desembarcou o comandante, acompanhado de tenente e alguns oficiais superiores e inferiores do navio, e de David Lourenço, vindo todos eles armados de espada e pistola. O sobredito comandante logo ao desembarcar fez fala aos habitantes, dizendo-lhes que aqueles que fossem cativos podiam embarcar para bordo como livres, porque isto era uma colónia inglesa”

E Cabral roga conselhos a Honório Pereira Barreto que se dirige ao Governador Interino em Bissau a exigir previdências. A situação naturalmente que se agravara, o governador alegava que Bolama era portuguesa, os britânicos diziam que era inglesa. E dá-se um encontro entre Honório e o comandante Close e o que escreve Senna Barcelos é exemplar: 

“A bordo, na presença do comandante, verificou Honório que todos os escravos eram os próprios que constavam das certidões de registo, mas nem assim os escravos foram entregues, levando-os o comandante para Serra Leoa, onde seriam vendidos pelas autoridades aos negociantes revertendo o produto da venda em benefício das mesmas. E assim afirmavam os ingleses que os portugueses é que faziam escravos quando o governo de Serra Leoa era um depósito de negros escravizados”.

Honório sente-se doente e quer-se afastar da política. Em 15 de julho de 1858 dirigiu o seguinte ofício ao Governador-Geral: 

“Tendo acabado de sofrer uma forte febre, havia já embarcado a bordo de uma escuna portuguesa toda a minha bagagem, e só esperava ter mais forças para poder embarcar e retirar-me para Cacheu, quando no dia 12 deste mês veio à minha casa a Comissão Municipal da Praça entregar-me a carta pedindo-me para ficar. Posto que eu esteja inteiramente convicto da inutilidade do sacrifício que de mim exigem, e que faço, não neguei demorar-me nesta até que Vossa Excelência se digne pronunciar como for conveniente e assim o comuniquei à referida comissão. Em nada concorri, nem direta nem indiretamente, para este passo que porventura imprudentemente deu a Comissão Municipal".

Tinham regressado entretanto os tumultos à região de Geba, houvera conflito entre o presídio de Geba e os Beafadas de Badora. O Major Correia Pinto fora a Geba para apaziguar uma questão entre eles, foi preso. O Governador Zagalo reuniu no Porto de Gole um conselho militar, todos foram unânimes que devia haver castigo. 

Entabulou o governador negociações com o gentio do território de Gussará e de Tumaná, eles foram atacar Ganjarra, outros efetuaram a tomada de Bigine, tudo difícil e com traições pelo caminho, não houve condições para impor uma derrota, o governador retirou-se para Bissau e deixou guarnecido o Forte de S. Belchior para proteger a navegação do rio Geba. 

Senna Barcelos diz-nos que o súbdito inglês David Lawrence (que Honório Pereira Barreto considerava ser português) aproveitando-se das más relações do gentio de Badora com o Governo, mandou aos Beafadas três bandeiras inglesas que foram arvoradas em Bambadinca, Fá e Ganjarra. 

Foi neste contexto que o governador Zagalo requisitou 800 soldados do reino para submeter as gentes de Badora. No entretanto, em Cacheu o gentio de Churo declarou guerra à praça, nova expedição que o Governador-Geral não aprovou. Em Geba as coisas azedaram, organizou-se uma expedição para castigar o gentio, envolveu 6 oficiais, 80 soldados e alguns voluntários a que se juntaram 300 auxiliares, incendiou-se e saqueou-se Bambadinca e voltou a calma aparente.

(continua)


Mapa histórico da Senegâmbia em 1707
Destroço da estátua de Honório Pereira Barreto no interior da fortaleza de Cacheu
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Nota do editor

Último poste da série de 9 DE MARÇO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23060: Historiografia da presença portuguesa em África (307): "Subsídios para a História de Cabo Verde e Guiné", as partes I e II foram editadas em 1899, o seu autor foi Cristiano José de Senna Barcelos, Capitão-Tenente da Armada (11) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P23084: Passatempos de verão (28): Nova Lamego, CART 2479/CART 11 (1969/70), escola de cabos: duas fotos, sete diferenças (Valdemar Queiroz)


Foto nº 1 > Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > Escola de cabos

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.] (*)


Foto nº 2 > "Escolarização nas imediações de um aquartelamento, Guiné-Bissau: um graduado do Exército português ensina Matemática, numa escola improvisada a africanos radicadis naquela colónia"

In: Renato Monteiro e Luís Farinha > "Guerra Colonial: Fotobiografia". Lisboa, Publicações Dom Quixote e Círculo de Leitores, 1990, pág 166.



1. O Valdemar Queiroz mandou-nos, na passada quinta feira, dia 10, estas duas fotos que são parecidas, tiradas no mesmo local, mas são de fotógrafos diferentes... Ou de álbuns diferentes... Ele foi capaz de identificar sete diferenças entre uma e outra...

Ele é um excelente observador, está sozinho em casa, gerindo com estoicismo e inteligência emocional uma doença crónica, tramada, como é a DCOP - Doença Crónica Obstrutiva Pulmonar. A família mais próxima, a do seu filho, está na Holanda. Só vem à rua em caso de extrema necessidade, para abastecer a despensa, por exemplo, ou ir às urgências hospitalares. Muito menos pode abrir as janelas em dias como estes em que o céu de Portugal está estranhamente alaranjado por causa da tempestade de areia que vem do deserto do Saara.

Vamos colaborar com ele neste "passatempo"... Vamos ajudá-lo também a amenizar a sua dura jornada diária. Ele já nos confessou que o nosso blogue é, para ele, uma companhia diária imprescindível. E está grato a quem, de vez em quando, se lembra dele e lhe telefona.

Ainda não é verão (há de chegar, no seu devido tempo, haja saúde e paz!), mas vamos publicá-lo na nossa série "Passatempos de verão" (**).

Criada em 22/7/2012, a série chamava-se originalmente "Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor"... Continua a ativa e a fazer apelo à (cri)atividade do leitor. Curiosamente, foi lançada na véspera do "nosso querido mês de agosto", que já não sabemos o que é desde 2019. 

Na altura queríamos chegar, no final do mês de agosto, aos 4 (quatro) milhões de visualizações... e no final do ano  de 2012 aos 600 (seiscentos) grã-tabanqueiros (membros registados na Tabanca Grande). 

Neste momento (março de 2022)  já chegámos aos 13,4 milhões de visualizações e aos 858 membros da Tabanca Grande.

PASSATEMPO

"Bom Observador: Quais as sete diferenças entre as duas imagens?" (Foto nº 1 e foto nº 2)


Soluções num próximo poste.


Saúde da Boa,
Valdemar Queiroz

PS - Luís: quando publicares no blogue este meu Passatempo, se quiseres podes fazer referência à fotografia que aparece no livro "Guerra Colonial: Fotobiografia", mas essa foto [a nº 2] é do Cândido Cunha que a emprestou ao Renato Monteiro para o efeito.


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Notas do editor: