quarta-feira, 16 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23084: Passatempos de verão (28): Nova Lamego, CART 2479/CART 11 (1969/70), escola de cabos: duas fotos, sete diferenças (Valdemar Queiroz)


Foto nº 1 > Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > Escola de cabos

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.] (*)


Foto nº 2 > "Escolarização nas imediações de um aquartelamento, Guiné-Bissau: um graduado do Exército português ensina Matemática, numa escola improvisada a africanos radicadis naquela colónia"

In: Renato Monteiro e Luís Farinha > "Guerra Colonial: Fotobiografia". Lisboa, Publicações Dom Quixote e Círculo de Leitores, 1990, pág 166.



1. O Valdemar Queiroz mandou-nos, na passada quinta feira, dia 10, estas duas fotos que são parecidas, tiradas no mesmo local, mas são de fotógrafos diferentes... Ou de álbuns diferentes... Ele foi capaz de identificar sete diferenças entre uma e outra...

Ele é um excelente observador, está sozinho em casa, gerindo com estoicismo e inteligência emocional uma doença crónica, tramada, como é a DCOP - Doença Crónica Obstrutiva Pulmonar. A família mais próxima, a do seu filho, está na Holanda. Só vem à rua em caso de extrema necessidade, para abastecer a despensa, por exemplo, ou ir às urgências hospitalares. Muito menos pode abrir as janelas em dias como estes em que o céu de Portugal está estranhamente alaranjado por causa da tempestade de areia que vem do deserto do Saara.

Vamos colaborar com ele neste "passatempo"... Vamos ajudá-lo também a amenizar a sua dura jornada diária. Ele já nos confessou que o nosso blogue é, para ele, uma companhia diária imprescindível. E está grato a quem, de vez em quando, se lembra dele e lhe telefona.

Ainda não é verão (há de chegar, no seu devido tempo, haja saúde e paz!), mas vamos publicá-lo na nossa série "Passatempos de verão" (**).

Criada em 22/7/2012, a série chamava-se originalmente "Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor"... Continua a ativa e a fazer apelo à (cri)atividade do leitor. Curiosamente, foi lançada na véspera do "nosso querido mês de agosto", que já não sabemos o que é desde 2019. 

Na altura queríamos chegar, no final do mês de agosto, aos 4 (quatro) milhões de visualizações... e no final do ano  de 2012 aos 600 (seiscentos) grã-tabanqueiros (membros registados na Tabanca Grande). 

Neste momento (março de 2022)  já chegámos aos 13,4 milhões de visualizações e aos 858 membros da Tabanca Grande.

PASSATEMPO

"Bom Observador: Quais as sete diferenças entre as duas imagens?" (Foto nº 1 e foto nº 2)


Soluções num próximo poste.


Saúde da Boa,
Valdemar Queiroz

PS - Luís: quando publicares no blogue este meu Passatempo, se quiseres podes fazer referência à fotografia que aparece no livro "Guerra Colonial: Fotobiografia", mas essa foto [a nº 2] é do Cândido Cunha que a emprestou ao Renato Monteiro para o efeito.


___________

Notas do editor:

19 comentários:

Valdemar Silva disse...

É caso para dizer o verão é quando o homem quiser.
As duas fotografias foram tiradas num recanto junto ao arame farpado e abrigo/paiol dentro da área das instalações do Quartel de Baixo, em Nova Lamego.
No Quartel de Baixo estava instalada a nossa CART 11 "Os Lacraus" formada por soldados fulas e os soldados especialistas, oficiais e sargentos da metrópole.
As duas fotografias foram tiradas com 2 minutos de diferença a uma aula de escola de cabos.
No quadro está uma soma de quadrados que eu tinha estado, meia hora antes, a explicar ao nosso 1º. Sargento Ferreira Júnior que ia regressar à metrópole fazer exame de Sargento-Ajudante.
Como no Passatempo dos jornais este "Seja Bom Observador" tem sete diferenças entre a fotografia principal Nº.1 e a outra.
Para dar uma ajudinha: 1) o relógio do primeiro soldado está mais visível

Obrigado Luís Graça pelas tuas palavras, realmente não tenho tido melhoras. Não vou à rua desde o Natal e a ida ao Hospital tem de ser numa ambulância de transporte de doentes com oxigênio. É uma grande chatice
Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Apesar do enquadramento da posição dos alunos, ver-se o relógio do aluno, não é relevante, mas sim o professor é que é, pois é outra pessoa diferente. Ponto final.
Eu estava em Nova Lamego, nessa altura, mas por um simples acaso, nunca visitei esse quartel.
Era do Batalhão de Caçadores 2893.

Eduardo Estrela disse...

Valdemar boa tarde!!
Com a tua preciosa ajuda consegui identificar 4 diferenças.
O relógio como dizes, a posição da cabeça do primeiro soldado e as posições da cabeça e do braço esquerdo do instrutor. Para mim é mais difícil pois não tenho computador aqui em Cacela e estou a ver as fotos no telemóvel.
Daqui do Algarve mando-te um abraço fraterno e desejos de que tudo corra conforme teus desígnios.
Infelizmente também tenho por perto uma porra como a que tu combates, pois a minha mulher também tem esse problema, mas talvez duma forma não tão agressiva como no teu caso.
Força companheiro!!

Eduardo Estrela

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, a foto nº 2 não tem a mesma qualidade da nº 1... Tentei melhorá-la, a nível da resolução, brilho e contraste... Deve ser uma cópia da que vem no livro do Renato Monteiro e Luís Farinha... Curiosamente foi através deste livro que eu "redescobri" o nosso Monteiro, o "homem da piroga", trinta e muitos anos depois...Reconheci a foto dela na badana...

Um alfabravo. Luis

Abilio Duarte disse...

Oh Valdemar, quando vi as fotos, recordei esses tempos, e fiquei espantado, com o quadro, e fartei-me de rir, olha este cabrão, a ensinar algebra a Fula!!!

Agora ao ler o teu comentário, é que percebi, que andavas a dar explicações, ao Ferreira Jr. para ele ir para Agueda.

Sempre foste uma boa alma. Aquele 1º. Sargento, era uma besta de primeira água.

As tuas melhoras. Abraço.

Abílio Duarte

Anónimo disse...

Caros companheiros. Não sou bom observador destes passatempos, pois nunca acerto e desisti.
A diferença que noto é a luminosidade geral.
A primeira parece que o céu está coberto com esta camada de poeiras vindas do Sahara.
Quero mandar uma palavra de apreço pela forma como lidas com esse teu problema crónico.
Eu desde Dezembro 2021, com um problema menor - cancro maligno no intestino - rogo pragas todo o dia e saio sempre. Fui operado 2 vezes e não ligo bem com isto.
Vou buscar forças aos casos que vou conhecendo, mudei do dia para a noite.
Não sei porque me zangava com tudo e todos?
Muita saúde e da boa.
Virgílio Teixeira

Humberto S Reis disse...

Só consigo vislumbrar +4 além da dica do relógio.
1-cabeça do Valdemar rodada 180º
2-braço esquerdo do Valdemar esticado/encolhido
3-os calções do Valdemar mais curtos
4-o caderno do aluno do meio tem uma inclinação diferente

Humberto Reis CCaç2590/CCaç12 - Contuboel e Bambadinca

Humberto S Reis disse...

Esqueci de mandar UM GRANDE ABRAÇO ao Valdemar e desejar-lhe as melhoras.
Humberto Reis

Fernando Ribeiro disse...

Caro Valdemar,
Antes de mais, quero desejar que estas poeiras do deserto que nos tapam o sol não o afetem. Imagino que tenha as portas e janelas bem trancadas. Já basta a primavera que está a chegar, com todos os seus pólenes pelo ar.

Em segundo lugar, permite-me que corrija a afirmação de que o que está no quadro seja uma soma de quadrados. Não é. É o quadrado de uma soma. Aparentemente a diferença é insignificante, mas matematicamente é enorme. Foi um lapso, bem sei. Acontece a todos.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, aqui tens... E já tens vários comentários. Eu próprio também vou ver se descubro as 7 diferenças, sem ver os comentários...

Um abraço, fica bem, não abras a janela... Luís

Anónimo disse...

Valdemar Queiroz
16 mar 2022 18:31
OK, Luís
Obrigado pela tua preocupação
Até em caso estou à rasca.
As tuas melhores
Ab.
Valdemar

Hélder Valério disse...

Caros amigos

Este Valdemar é "peça única".
Mesmo com o problema que tem (ou até, talvez, por causa dele...) é um interventor constante deste nosso espaço coletivo, vai sobrevivendo à doença, às suas limitações e revela ainda e sempre, como os irredutíveis gauleses, uma capacidade de resistência às por vezes truculentas investidas de detratores, quase sempre incapazes de relativizarem as coisas e as questões.

Indo a esta coisa do "bom observador" também digo que "não chego lá" pois para além de se perceber (digo eu!) que o professor é diferente, o que se deduz logo pelo tamanho dos calções, não sei se isso pode ser assim considerado, por junto, ou se se pode considerar situações parciais, como por exemplo isso dos calções mas também o bigode. Quanto ao relógio, pois sim senhor, está mais visível numa das fotos (e menos na outra, evidentemente), bem como as posições dos diferentes cadernos e isso aí é para contar de um por um, ou serve o conjunto?

Em todo o caso, e seja como for, envio daqui um forte abraço ao Valdemar com o desejo que vá experimentando algumas melhoras ou pelo menos que se estabilize e o mesmo desejo estendo também para aqueles que, de algum modo, vão também sofrendo de maleitas, aqui reveladas, ou não.

Hélder Sousa

Valdemar Silva disse...

É o quadrado de uma soma, a2 + b2 é que seria uma soma de quadrados.
Desculpe este lápis de engano, caro Fernando Ribeiro.

Antes mais quero agradecer o vosso cuidado com o meu estado de saúde. É uma chatice, mas tenho
estado à rasca, como não sou alarmista nem de ai valha-me nossa senhora cá me aguento com uma maquineta (IPAP) ligada a um concentrador de oxigénio. É uma merda ter de estar dependente de terceiros e viver sozinho.

Então vamos às soluções das 7 diferenças entre as duas fotografias. É pena a foto Nº. 2 não ser tão nítida como a Nº. 1.
1) o relógio do primeiro soldado está mais visível
2) a perna do segundo soldado está mais à frente
3) a caneta do segundo soldado está levantada
4) o livro do terceiro soldado está deitado
5) o quarto soldado tem o livro em pé
6) o quinto soldado está a escrever
7) são seis soldados e não cinco os fotografados.

O interessante destas duas fotografias, que até parece o mesmo instrutor todo pipi e à balda, é terem sido tiradas com dois minutos de diferença.
Na Nº. 1 sou eu a ser fotografado quando estava a começar a dar a aula, na Nº. 2 é o Cândido Cunha que me fotografou a imitar o que eu estava a fazer a ser fotografado.
As 7 diferenças são precisamente, por as fotografias terem sido tiradas no mesmo local, com interessante aspecto dos soldados quase na mesma posição da foto anterior dois minutos antes. E o que menos interessava era a imagem do instrutor.

Duarte, então não te lembras de eu dar explicações de matemática ao 1ª. Ferreira Júnior?
Pois, foi como um pagamento de dívida. Quando fui a Bissau entregar o material usado na instrução faltava alguma coisa e para evitar o levantamento de um auto o nosso 1º. entregou-me 3.000 pesos para fechar os olhos a quem recebe-se o material. Mas o de Bissau achou pouco e em vez de aceitar apertou-me a mão e prazer em conhecer-me. Convenceu-se que eu estava a faze bluff e eu tábem tábem até à próxima. Escusado será dizer que numa semana em Bissau à espera de transporte para Nova Lamego esturrei o patacão todo.

Valdemar Silva disse...

continuação
Chegado a Nova Lamego informei o nosso 1º. que eles depois enviariam a nota de recepção ou o que fosse, mas sempre à rasca não levantava ondas e aceitei dar explicações de matemática e até seria escolhido para o substituir na Secretaria. Entretanto o Alf.Pina Cabral do meu Pelotão meteu baixa e como mais velho larguei a Secretaria ao Canatário e fui comandar o Pelotão.
Evidentemente que o patacão ficou resolvido com o de Bissau a ver navios, eu a ver ostras e bioxene e o Ferreira Júnior a ter um pequeno prejuízo sem saber ao certo o que se passou.

Ufff!! com esta conversa toda e com falta d'ar
Abraços e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Caro Valdemar,

Vou directo ao assunto, para começar o Professor não é o mesmo, mas isso já foi dito, depois notei que a posição dos alunos (olhar e posição das mãos não é a mesma em todos eles) e, ainda mais interessante, estou a ouvir o cilrear dos pássaros em cima das árvores a volta.

Votos de muita saúde e que continues a nos divertir com mais passatempos.

Cherno Baldé.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ó Valdemar, três mil pesos ainda era dinheiro naquele tempo... Em 1970, e a preços de hoje, três contos seria o equivalente a 883,26 € (segundo o conversor da Pordata)... Como 100 pesos só valiam 90 escudos, tens que aplicar aí a taxa de câmbio (da "ladroagem de Bissau"), com quebra de 10%: dá cá 100 pesos, toma lá 90 escudos...

Anónimo disse...

Valdemar
Ao ler os jornais, quando chego à última página já não tenho paciência para o jogo das diferenças e muito menos para as palavras cruzadas (exceto o Jornal o Jogo que começo pela penúltima página!!!). Contudo, no jogo que propões consegui encontrar as seguintes diferenças:

O professor da foto 1, parece mais charmoso que o da foto 2, cujo bigode é uma vergonha para a tropa (este não passava pelo crivo do comandante dos adidos na Guiné! - ver P22621)

O professor da foto 1, projeta o dedo para o quadro com mais determinação evidenciando mais segurança no processo ensino – aprendizagem

A posição do corpo e o olhar evidencia estarmos na presença de dois modelos de aprendizagem distintos: O primeiro o professor líder e o segundo o professor autoritário.

Os alunos mostram uma paciência de santo (mantendo as mesmas posturas), mesmo quando muda o professor e a matéria é a mesma

O fotógrafo da primeira foto percebe do assunto, o da foto 2 utiliza a máquina fotográfica como usa a G3.

Valdemar, não sei que te diga. O que escreves e a forma como escreves, sempre com humor, boa disposição e muita sabedoria, mostram uma pessoa que ama a vida e os amigos, não obstante o peso que carrega. És um exemplo.
Mereces tudo de bom
Um abraço
Joaquim Costa

Valdemar Silva disse...

Caro Cherno Baldé é isso mesmo, as sete diferenças são as quase impercetíveis dos alunos. O observador vai de imediato contar as diferenças do instrutor. Sentir o chilrear dos pássaros e o cheiro dos mangos parece estar presente.

Luís, pois 3.000 era muito patacão. O sargento da recepção do material convenceu-se que eu levava mais patacão e forçou a jogada, e eu ralado. Evidentemente que a ideia não era esturrar
a massa, mas com o atraso do transporte, ter de ficar na Pensão (junto da Meteorologia), almoço e jantar fora para fugir à escala de serviço, mais umas ostras e bioxenes durante quase uma semana pouco sobrou do dinheirinho.
E entrou o quem é quem: o 1º. teria me entregue todo, eu teria entregue ao 2º. e o 2º. não podia dizer que não recebeu nada.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Costa, que bela apreciação/comentário ao meu Passatempo "O Bom Observador". Gostei muito do teu comentário com interessante perspicácia e como sempre muito bem escrito.
Não sei há quantos anos que não leio jornais.
Mas, desde muito novo que sempre li os jornais diários. Primeiro lia os jornais do escritório e depois aos 17/18 anos comprava o "Diário de Lisboa" da tarde. As palavras cruzadas do DL e o bom observador no DP eram o meu forte, mas duma maneira geral lia todas as notícias.
Ler o jornal todos os dias dá uma grande bagagem de cultura geral.
Agora utilizo o computar em vez do jornal para me informar.
Obrigado pelo teu cuidado
Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz