Capa e contracapa do LP [long playing] Adeus, Guiné, um criação do Conjunto Típico Armindo Campos. Porto: Edição de Discos Rapsódia. [1970]. O autor da letra era o Mário Ferreira, falecido ontem, em Guifões, Matosinhos. Os restantes membros do grupo musical também eram de Matosinhos.
Fotos: © Albano Costa (2008). Direitos reservados.
1. Mensagem do nosso camarada e amigo Albano Costa, de Guifões, Matosinhos: Assunto - Anúncio da morte do autor da letra do Adeus, Guiné
Caros editores e tertulianos:
Ontem, 15 de Novembro de 2008, faleceu o autor que compôs a letra do LP Adeus Guiné, de nome Mário Ferreira, com a idade de 85 anos. O Conjunto Típico Armindo Campos, autor da música Adeus Guiné, era um grupo composto por seis elementos, todos residentes no concelho de Matosinhos.
Armindo Campos dava o nome ao conjunto típico. Faziam também parte o Mário Ferreira (autor da letra), Jorge Ferreira, Floriano Guimarães (era o único que prestou serviço na Guiné-Bissau), Alberto Guimarães e o António (vocalista do grupo também já falecido, na capa do LP é o que está vestido de militar e a subir para o navio-paquete que na altura se encontrava no porto de Leixões, e que o grupo aproveitou para fazer o boneco).
Na época este conjunto teve bastante sucesso principalmente no norte do país, com esta música. E para que conste, recebeu de cachet 800$00 (4 €) pela sua gravação. Como os tempos mudaram!...
O funeral vai realizar-se na próxima segunda-feira, pelas 10h30, sai da capela mortuária da freguesia de Guifões, e segue para o cemitério local.
Albano Costa
PS - O único que esteve na Guiné foi o Floriano Guimarães (Aldeia Formosa, 1971/73). O LP foi gravado em 1970, antes, portanto, de ele ter ido para a guerra.
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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7 comentários:
"Adeus, Guiné, serás sempre Portugal"... Gostava de (re)ler a letra completa (que não encontro na Net)...
Não é (ou era) o meu estilo de música preferida, nem de longe nem de perto... Mas respeito os autores (lera e música) e os seus fãs.
A nossa discografia da "guerra do ultramar" é(era) pobrezinha. Este tema fazia parte de um certo imaginário...
É um gesto bonito, o do Albano Costa, dando-nos a notícia da morte do Mário Ferreira, letrista do Conjunto Típico Armando Campos, e seu conterrâneo de Guifões, Matosinhos.Paz à sua alma.
Luís
Adeus Guiné
Já tenho o dever cumprido
e não estou arrependido
de tanto por ti lutar
Adeus Guiné
Serás sempre Portugal
e se aumentar o teu mal
eu virei para te salvar...
Julgo que parte seria assim, pois passávamos a vida a cantar isto, gozando claro está.
A par com o conjunto da Maria Albretina, salvo o erro, da música, "eram praí sete e picos, oito e coisa nove e tal" era a, podemos dizer, música "pimba"! da altura.
Quem tem o disco, poderia transcrever aletra para ficar para a posteridade.
Ao que me lembro quem escreveu a letra teria estado na Guiné.
É uma homenagem merecida, embora não fosse a música que ouviamos, era com certeza uma música que cantávamos a par com o "Periquito vai no mato" e outras "pérolas musicais" da "militarança" em comissão na Guiné.
Abraço camarigo
Joaquim Mexia Alves
No blogue da CCAÇ 3491 (Dulombi, 1971/74), criado e mantido pelo nosso camarada Luís Dias (ex-Al Mil), deparaei com esta paródia da letra do "Adeus Guiné". Era uma prática frequente: pegávamos numa música conhecida, parodiávamos a letra, e, zás!...
Era sucess garantido: para autoconsumo, para criticar os superiores hierárquicos, para afugentar os fantasmas, os medos, os irãs... ou, simplesmente, por bravata, para acagaçar 'periquitos'...
ADEUS GUINÉ
É o fim do castigo
Terminou a comissão
É necessário gritar
“Piras”! Não venham
Deixem isto acabar
Morrer de tédio
Sem remédio
Isto é vida de cão
A velhice vai embora
Enquanto a bajuda chora
E a nau está a naufragar
Adeus Guiné!
Grita se quiseres
Se te apraz
Se te sentes feliz
Se isso te satisfaz
Eu não quero continuar de verde-claro
Saí do Dulombi!
Deixei Galomaro!
Sofre-se porquê? Se não mereces tal sacrifício
Ou é apenas vício?
Tu não sabes o que andas a fazer ou afinal até sabes….!
Espero que de mim só leves suor e muitas lágrimas
Cheira bem, cheira a Lisboa!
Aqui o tempo está parado
Lá parece que voa
Sabes como é
Tudo é finito
Assim solto meu grito
Ponho-me de pé
Atraca o navio. É hora de embarque
Viro as costas ao cais
Aqui não volto mais
Não há lágrimas em destaque
Adeus Guiné!
(Reproduzido por L.G., com a devida vénia... Temos que pôr a letra no nosso blogue, na série Cancioneiro de Dulombi)
http://wwwccac3491guine7174.blogspot.com/2008/07/histria-do-regresso.html
Havia outra, que não sei se ficou conhecida na Guiné, que também fez sucesso entre militares e familias. Era interpretada pelo conjunto de Oliveira Muge (de Moçambique) e chamava-se "A Mãe".
João Coelho
Um grande abraço para todos vocês. nunca fui tropo, mas inflizmente tenho amigos que perderam lá a vida.
em relação à canção, a mesma tem feito muito sucesso no meu programa de rádio, numa radio local aqui em Évora. As pessoas ouvem e repetem.
Se tiverem mais musicas dessa epoca e se quiserem podem enviar-me.
Bruno Moleiro
Catedral de Évora
7 000 - Évora
Sou neta de Mário Ferreira.
Grata pelo carinho nesta homenagem que venho a encontrar passados tantos anos do seu falecimento.
Feliz por este merecido reconhecimento.
Um amante de música e da escrita até ao fim dos seus dias.
Com ele aprendi belas canções, mas principalmente belíssimas lições de vida e educação.
Nunca será esquecido!
Obrigada
Vera Sequeira
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