segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3468: Poemário do José Manuel (24): Sabes o que é morrer... ?


Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 6250 (1972/74) > "Material de guerra capturado ao IN: uma mina anti carro e uma antipessoal ainda por armar, um morteiro com prato e as respectivas granadas, e duas armas ligeiras nas mãos do Pinheiro"... De óculos escuros, o Fur Mil José Manuel Lopes.

O Pinheiro era 1º cabo de transmissões, um homem por quem o José Manuel nutria muito respeito e admiração pela sua coragem física. Este material foi apanhado ao PAIGC quando um grupo tentava pôr minas na estrada em construção, já para lá de Nhacobá... "Nessa altura já tínhamos um destacamento em Nhacobá"... As minas nem sequer chegaram a ser enterradas. Mas o pessoal de minas e armadilhas contou outra história, a do bandido, no relatório enviado ao comando, já que mina anticarro levantada pelas NT valia mil pesos (uma antipessoal, 500$00)... Nesta estrada em construção (Mampatá, Cumbijã, Nhacobá, Salancaur...) ou nas suas imediações foram montadas centenas de minas, de parte a parte... O pessoal de minas e armadilhas da CART 6250 ganhou rios de dinheiro com minas levantadas... que depois era esbanjado em Bissau, no Pilão... (Inconfidèncias de um "unido de Mampatá").

Fotos, legendas e poema © José Manuel (2008). Direitos reservados.

1. Mais um dos poemas (sobreviventes...) do poemário do josema (*)


Sabes o que é morrer
com a vida por viver?
sabes o que é sentir
toda uma vida a fugir?
ter de cerrar os olhos
para voltar a sorrir?
eu fecho-os
para ver as vinhas e os montes
eu fecho-os
para ver o Douro correr
eu fecho-os
para ver uma mulher
eu fecho-os
para não pensar
nem me lembrar
que também posso morrer.

Mampatá 1973
josema
___________

Notas de L.G.:

(*) Sobre o Poemário do José Manuel, vd. os postes já publicados:

9 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3289: Poemário do José Manuel (23): Naquela mata o silêncio magoa...

23 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3145: Poemário do José Manuel (22): (...) Como os dias passam devagar / Contados a riscar um calendário...

22 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3084: Poemário do José Manuel (21): O recordar dos sentidos: como é bom ver, sentir, ouvir, cheirar, saborear, falar...

9 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3039: Poemário do José Manuel (20): Mãe, se eu não regressar, lembra-te do meu sorriso...

1 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3010: Poemário do José Manuel (19): Aqueles assobios por cima das nossas cabeças...

22 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2973: Poemário do José Manuel (18): Não se morre só uma vez...

15 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2946: Poemário do José Manuel (17): A Companhia dos Unidos

2 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2911: Poemário do José Manuel (16): Saudades do Douro e do Marão...

25 de Maio de 2008 >Guiné 63/74 - P2884: Poemário do José Manuel (15): Dois anos e alguns meses

17 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2852: Poemário do José Manuel (14): É tempo de regressar às minhas parras coloridas...

15 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2844: Poemário do José Manuel (13): A matança do porco, o Douro, os amigos de infância, os jogos da bola no largo da igreja...

9 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2824: Poemário do José Manuel (12): Ao Zé Teixeira: De sangue e morte é a picada...

2 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2806: Poemário do José Manuel (11): Até um dia, Trindade, até um dia, Fragata

24 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2794: Poemário do José Manuel (10): Ao Albuquerque, morto numa mina antipessoal em Abril de 1973

19 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2776: Poemário do José Manuel (9): Nós e os outros, as duas faces da guerra

14 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2757: Poemário do José Manuel (8): Nhacobá, 1973: Naquela picada havia a morte

10 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2739: Poemário do José Manuel (7): Recuso dizer uma oração ao Deus que te abandonou...

5 de Abril de 2008 Guiné 63/74 - P2723: Poemário do José Manuel (6): Napalm, que pões branca a negra pele, quem te inventou ?

28 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2694: Poemário do José Manuel (5): Não é o Douro, nem o Tejo, é o Corubal... Nem tudo é mau afinal.... Há o Carvalho, há o Rosa...(...)

19 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2665: Poemário do José Manuel (4): No carreiro de Uane... todos os sentidos / são poucos / escaparão com vida ? / não ficarão loucos ?

13 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2630: Poemário do José Manuel (3): Pica na mão à procura delas..., tac, tac, tac, tac, tac, TOC!!!

9 de Março de 2008 >Guiné 63/74 - P2619: Poemário do José Manuel (2): Que anjo me protegeu ? E o teu, adormeceu ?

3 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2608: Poemário do José Manuel (1): Salancaur, 1973: Pior que o inimigo é a rotina...


Sobre o nosso camarada José Manuel Lopes, vd. poste de 27 de Fevereiro de 2008 >Guiné 63/74 - P2585: Blogpoesia (8): Viagem sem regresso (José Manuel, Fur Mil Op Esp, CART 6250, Mampatá, 1972/74)

O José Manuel Lopes foi Fur Mil Inf Armas Pesadas, na CART 6250 (Mampatá, 1972/74). Natural da Régua, é um conceituado vitivinicultor, explorando a Quinta da Senhora da Graça, com sede em Senhora da Graça, 5030-429 S. João de Lobrigos, concelho de Santa Marta de Penaguião, distrito de Vila Real, Telef. 254 811 609 (Email: quinta.graca@mail.pt ).

Tem vinhos premiados e partilha os seus néctares com os amigos e os clientes. Destaque para dois vinhos de classe, que orgulham a produção nacional:

(i) Pedro Milanos 2005, Douro DOC: Tinto, 13,7º: Castas: Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca: medalha de prata no Wine Masters Challenge 2008; seleccionado em 2006 e 2007 pela Néctar entre os melhores vinhos do ano; está no Top 100 da Blue Wine, em 2008; (preço por garrafa: 6 pesos...). Enólogo: Vasco Valente Lopes.

(ii) Penedo do Barco 2005, Douro Doc: Tinto, 14,2º; castas: Touriga Nacional (40%), Touriga Franca (20%), Tinta Roriz (20%), Tinta Barroca (0%) e Tinta Amarela (10%). (preço por garrafa: 10 pesos...). Enólogo: Vasco Valente Lopes.

O nosso camarada tem uma equipa de cinco estrelas: a esposa, Maria Luísa Valente Lopes, e uma filha, ainda estudante, e um filho, o Vasco Valente Lopes, promissor énologo, com prémios já ganhos e estágio na Austrália. O nosso camarada faz também turismo rural. É membro da nossa Tabanca Grande desde finais de Fevereiro de 2008 e frequenta, religiosamente, às 4ªs feiras, a Tabanca de Matosinhos.

Vai estar este fim de semana em Lisboa, na 3ª edição do Porto e Douro Wineshow, num ambiente místico e sofisticado, o Convento do Beato, em 22 e 23 de Novembro de 2008, das 15h às 22h.

Recebi hoje, pelo correio, seis convites, cada um válido para duas pessoas... Já fiz contactos com a malta da Tabanca Grande. Ainda tenho dois convites disponíveis (4 pessoas) para quem me telefonar (21 471 0736 / 931 415 277).

Neste próximo fim de semana, mais exactamente, no domingo à tarde, espero poder encontrá-lo, dar dois dedos de conversa, partilhar com ele a sua paixão pelo Douro, e provar os seus vinhos... Se aparecer mais alguém da Tabanca Grande (Virgínio Briote, Humberto Reis, e outros), muito melhor.


Vd. ainda o poste de 3 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3165: Os nossos Seres, Saberes e Lazeres (6): Com o José Manuel, in su situ, um pé no Douro e uma mão no Marão (Luís Graça)

Sem comentários: