1. Contra-resposta de Mário Fitas (ex-Fur Mil Op Esp da CCAÇ 763, Cufar, 1965/66), a A.J. Pereira da Costa (*), enviado em mensagem do dia 18 de Agosto de 2009:
Caro Pereira da Costa
Analisei e reflecti não só sobre o meu comentário, mas também sobre a tua resposta.
Não tive professor de filosofia pelo que me fico por Pitágoras lendo algumas coisas de Sto. Agostinho.
Brincávamos nós na antiga TAP:
Um país para o ser tinha de ter três coisas, uma bandeira, um hino e uma companhia de aviação. Só que havia um parceiro que sempre retorquia:
E terra!... para poderes por as rodas no chão. Clarividente!
Desculpa camarada, mas plagiando:
“É um modo de dizer ou, dizendo, nada acrescentar”
“Ponhamos então as rodas no chão”.
É verdade!
Temos a União Europeia “A Velha Europa das Nações” o berço da “Igualdade, Fraternidade e Liberdade”.
Temos então a velha Europa representada por uma Bandeira, sem complexos de Credo, Cor ou Raça.
Tudo isso desmistifica a tua dissertação sobre este assunto, a não ser o ponto em que estou completamente de acordo quanto à confusão, em que acrescento problemas como os nossos irmãos Galegos e o pior a questão do Povo Basco no Reino de Castela que também é Europeu.
Sem parecer, um simples furriel miliciano de 1963 no CISMI, ainda sabe algumas coisas. Sabe tanto, que te posso afirmar caro camarada, que África não foi nenhum CALDO mas a vergonha do Povo Português.
Poderia ser de outra maneira? Pois podia!
A conjuntura era pressionante? Pois era! Porquê? Porque abandonámos os que ainda acreditavam em nós. E porque não somos como os outros que roubaram e encheram os cofres, enquanto nós ainda nos preocupamos com eles e os recebemos de braços abertos, tentando criar laços que muitos julgam incompreensíveis.
Responde-me camarada Coronel, por que foi o Norton de Matos foi apodado de comunista?
Diz-me!
Falei nos anos 60 e na Africanidade para não usar Negritude que não é ofensivo, mas uma realidade escrita.
Não há racismos! Negros, brancos ou mestiços nascidos na Guiné, são Guineenses. Todos desde a formação do Futa Jalon, têm direito à sua Terra ao seu Chão, uma bandeira é mais complicado.
Sobre a independência, desculpa, mas temos conceitos completamente diferentes, pois ela foi feita de forma vergonhosa. Assumo o que escrevo! Há muito escrito sobre isso.
Tenho aqui a meu lado entre muitos:
ARISTIDES PEREIRA - “O meu testemunho”
Uma luta
Um partido
Dois Países
É digno de se ler e analisar!
“A História é feita por vencedores: O PAIGC neste caso!”
Pobre povo da minha querida Guiné!
E agora neste preciso momento, meu amigo Coronel do Exército Português, desculpa, não fujas e diz-me: Se não tivessem desarmado, aldrabando, aqueles que com certeza muitas vezes te safaram? Como seria?
A resposta de não ter estado no palco não me convence! Retornados e Abandonados, acredito que não estejas dentro da nossa História! O problema é teu!
Envio um abraço do tamanho do maravilhoso rio Cumbijã que infelizmente só conheces como regato,
Mário Fitas
__________
Notas de CV:
- Para não esgotarmos este assunto em respostas sucessivas, entre os dois, peço aos meus camaradas e amigos Mário Fitas e Pereira da Costa que continuem esta troca de impressões por mail ou então na forma pública de comentário no respectivo poste.
(*) Vd. poste de 18 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4831: (Ex)citações (40): Resposta a um comentário de Mário Fitas (A.J. Pereira da Costa)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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6 comentários:
Caro Mário
De acordo!
Abraço camarigo
Caro Mário,
Tenho muito interesse no aperfeiçoamento do conhecimento, relativamente à questão colonial, a génese e o desfecho.
Por isso apreciei (sem subscrever na totalidade) os textos do Pereira da Costa, que explanam o resultado das suas buscas sobre a matéria. E apresentou no primeiro deles, ideias que podem merecer a atenção e desenvolvimento por parte dos atabancados, no sentido de enriquecermos o conhecimento colectivo.
Sobre esta tua resposta, fico com imensas dúvidas, sem a pereceber. Assim, quando referes a "Europa representada por uma bandeira sem complexos de Credo, Cor ou Raça... desmistifica a tua dissertação sobre este assunto", não atingi. O facto de haver uma comunidade europeia, com uma bandeira por símbolo, é contrária à aglutinação de um povo à bandeira que simbolizou o movimento de libertação? Ou queres referir outras coisas?
Quanto à afirmação "África não foi caldo, mas a vergonha do povo português", também não atingi. O Pereira da Costa refere a expressão caldo relativamente às circunstâncias que influenciaram e condicionaram a queda do império. O que é que foi a vergonha dos portugueses, a génese da colonização, a divisão do território pelo Pacto de Berlim, as condições de atraso e exploração do território, nas gentes e na riqueza, o aproveitamento que alguns fizeram da guerra, o atraso do povo português que permitiu (permite?) a autocracia incompetente, o 25 de Abril, as suas consequências?
Não fundamentas a afirmação, logo não sei se estou de acordo ou em desacordo.
"Podia ser de outra maneira? Pois podia!" referes relativamente à argumentação do PC sobre uma fatia da descolonização. Mas ideias? Não esclareces.
Perguntas-lhe depois se ele sabe a origem do apodo de comunista ao Gen.Norton de Matos. Também não atingi. Nem vejo a relação dessa pergunta com o texto que abordavas, nem o alcance pretendido. Assim, peço-te para me esclareceres, porque também o General me fascina.
Por fim proclams: "Não há racismos! Negros, bancos ou mestiços nascidos na Guiné, são Guineenses. Têm direito ao seu Chão, uma bandeira é mais complicado". Não atingi, novamente. Quererás dizer que no caso de uma nacionalidade multi-racial não deve haver bandeira nacional? Provavelmente não é esta a conclusão que pretendes que se tire, mas é a que se afigura.
Desculpa estas teimosias, mas a tua mensagem é demasiado sintética, mais parecendo um enunciado dogmático que, naturalmente, não estará na tua intenção, e confunde-me.
Um abraço
José Dinis
Caro José Manuel,
Não vou esclarecer tudo, simplesmente vou "Por as rodas no Chão".
De forma alguma te poderei esclarecer as questões por mim postas, poque teria de reescrever porventura centenas de livros que já foram escritos.
É que temos pontos logo à partida contraditórios: Tu apreciaste o texto do Pereira da Costa eu discordei pelo que qestionei. Aqui já temos um problema, que "dava pano para mangas" como se diz lá na minha Planície.
Mas vamos ver se conseguimos chegar lá.
Europa! Tem uma bandeira, um hino e um Parlamento. Temos Portugueses metidos nisto tudo.Está aí a Globalização. É necessário dizer mais? De quantos brancos, negros, amarelos, cristãos, mulsumanos e muito mais é feita a Europa. Lembra-te que falei na dupla nacionalidade e que portanto já não existe muitas vezes só uma Bandeira, isto quer dizer que a Bandeira!? Diz-me!
Quanto ao "Caldo"! Tem paciência analisa tu! Aqui não há referências a quedas de Impérios mas sim à vergonha como a descolonização foi feita.Disse-o e reafirmo, e aqui não há fatias. Reparaste que não falei em colonização porque então a análise seria mais profunda ainda.
Sabes que o poder de um negro nos EUA foi graças a muita gente do desfeito Império Mandinga resultante da questão esclavagista nas Costas da Senegâmbia a Guiné incluida e que os Portugueses tiveram a fama mas quem ganhava eram outros?
Será que o poder mulsumano volta há Europa? "Especulação minha"
A tua posição sobre o Norton de Matos e a resposta "de não ter estado no palco" do Pereira da Costa julgo ser precisamente a mesma pelo que a resposta será a mesma: É imperioso estar por dentro de toda a História Portuguesa, incluindo a Contenporânea.
Um dia combinamos aí um café e debatemos estas Histórias todas, porque escrever é muito complicado dar a volta completa. Quem sabe vê, quem não sabe fica com dúvidas e é lógico. Já reparas-te que o Pereira da Costa estando na Guiné só agora reparou no regato do Cumbijã? Parece, mas não é assim tão fácil.
Do tamanho do Cumbijã o velho abraço,
Mário Fitas
CARO MÁRIO,
COMPREENDO-TE PERFEITAMENTE E COMUNGO, NA GENERALIDADE,COM O QUE DISSESTE.
NO REFERIDO POST DO PEREIRA DA COSTA,TIVE OPORTUNIDADE DE COMENTAR AFIRMAÇÕES DE QUE DISCORDO.
ADEMAIS, O NOSSO CUMBIDJÃ NÃO É NENHUM REGATO...
UM ABRAÇO
MANUEL MAIA
Caro Mário,
Quanto à bandeira(s), relacionada com a globalização, parece quereres dizer que nestes termos é dispensável, terá perdido a carga simbólica da representação. Será isso? Mas estávamos nos anos cinquente/sessenta e, nessa época, quem falava de globalização? Para mim, apesar da globalização, a bandeira de Portugal ainda causa muito efeito.
Quanto à descolonização referes que foi uma vergonha. Esta é uma afirmação que carece de argumento, (conclusiva) que assim despreza a dinâmica histórica. No meu comentário ao texto do PC fiz uma abordagem, de como seria evitável o abandono de África pelos portugueses. Assim, parece que só o último copo provoca a bebedeira.
Quanto ao negócio de escravos da Senegambia para a América está bem historiado. Hoje, se um descendente de escravos atingiu a presidência, e outros têm-se distinguido em diferentes áreas, não é certamente por se preservar o esclavagismo, o estado de coisas antigas (por força da dinâmica histórica). Não concordo é que digas que os portugueses não ganharam com o negócio. Claro que sim. Mas os portugueses têm o defeito de gastar mal o que ganham.
Quanto ao poder muçulmano na Europa, há vários especialistas a estudar a situação, mas as conclusões não serão politicamente correctas.
Relativamente ao Norton de Matos não me respondes, nem tem nada a ver com o "palco". Eu julgo que esse apodo (não o conhecia),pode derivar de ele ter estado muito envolvido na luta pacífica contra a ditadura, ter sido chefe da maçonaria, amigo do Bento de Jesus Caraça, e presidente secreto do MUNAE, que daria o MUD. Será isto?
Quanto à frase "quem sabe vê, quem não sabe fica com dúvidas", a primeira parte é verdadeira, mas acho que é ao contrário, quanto mais se sabe , mais dúvidas vão surgindo sobre a essência das coisas e com elas a vontade de esclarecer, como dizia o Sócrates da antiguidade. Se não, ficamos pela rama.
O conhecimento dos rios da Guiné não me parece que esclareçam o debate, por isso marca a bica SFF.
Um abraço
J.Dinis
José Manuel,
Não garanto em Agosto devido ao meu calendário, mas podes ter a certeza de que a bica será marcada.
Não gosto do "politicamente correcto"
No princípio de Setembro, andarei pelo Estoril com tempo disponível.
Um abraço do tamanho do Cumbijã.
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