terça-feira, 18 de agosto de 2009

Guiné 63/74 - P4831: (Ex)citações (40): Resposta a um comentário de Mário Fitas (António J. Pereira da Costa)

1. Resposta de A.J. Pereira da Costa, Coronel, ex-comandante da CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74, ao comentário feito por Mário Fitas ao seu poste P4813 (*):


Olá Camarada

Se o Homem, com a barriga vazia não pensa – dizia o meu professor de Filosofia – o bloguista, ainda por cima atabancado e em férias, não lê e também não escreve. Daí a escassez de comentários às minhas bocas. Portanto, obrigado pelas tuas.

Ora vamos passar à análise e a reflectir, com pouca força, porque com esforço já custa um bocado!

Como a História recente (e passada) tem provado, a conquista de uma Bandeira marca o começo da individualização de um povo organizado em país e a sua diferença relativamente aos que lhe estão próximos. Lembremo-nos dos Estados Unidos da América, das independências do Séc. XIX, no continente americano e não só, e, mais recentemente, das recém-constituídas repúblicas europeias. Isto para não falar das independências envergonhadas – as autonomias… Para trás ficam situações como a da Escócia, do País de Gales, da(s) Irlanda(s), e da Córsega. É melhor não continuarmos senão a confusão é enorme…

Em África também foi assim. Tudo começa no campo da Sociologia – uma parte (maior ou menor) da população de uma dada área revolta-se contra as autoridades e tem êxito graças às condições do momento: estratégicas, políticas, culturais e ideológicas – estas que normalmente já vêm de trás – económicas etc. e mais etc. Claro que as sublevações, quando não há condições favoráveis ou não ocorrem (Cabo Verde) ou são cilindradas (S. Tomé). Cada caso é um caso, mas há linhas gerais e é bom que frise que raramente uma independência resulta de uma guerra, país contra país.

No nosso tempo sabemos como foi e a tua expressão “Os anos 60, a Africanidade e a Guerra Fria” diz tudo. Este caldo político-ideológico que conhecemos, por termos vivido nele e sob ele, já está estudado e hoje só temos que aceitar que foi assim. Claro que não há aqui ficção nenhuma. A Guiné-Conakri, o Senegal, a OUA, a Suécia e os seus milhões e a necessidade de se afirmar ao respectivo povo como uma grandessíssima defensora dos direitos humanos e Bloco de Leste, por si ou por interposta pessoa, e até Cuba (também para resolver problemas internos). Podia ter sido de outra maneira? É pouco provável. A conjuntura era demasiado pressionante e a nossa capacidade para nos opormos à sua acção era baixa. Estávamos como os marinheiros, quando uma tempestade forte vem. A melhor atitude teria sido: calma, confiança nas capacidades e procedimentos e aceitação das características do fenómeno, navegando à vista. Não é bem o caso de “se não os podes vencer, junta-te a eles”, mas antes e a raciocinar de um modo tauromáquico (peço desculpa): se para pegar um touro de caras são necessários oito e nós não somos tantos, é melhor irmos de cernelha, porque são só necessários dois e não há choques de frente… que são sempre de evitar.

As imagens podem parecer pobres, mas sugerem bem o que penso…

As análises que faço terminam sempre na independência. Tudo o que sucedeu depois é História do País, quer se trate da luta pelo Poder, conflitos étnicos interiores ou interterritoriais para acesso e desfrute das boas áreas, ou outras questões que decorrem da vida dos países independentes, dentro dos seus espaços geoestratégicos. Daí que a sucessão dos presidentes não seja, para mim, um ponto de análise, aqui neste espaço, que suponho mais virado para a nossa (de nós) História. Claro que podemos analisar o que sucedeu depois ou mesmo o que está agora a suceder, mas até corremos o risco de sermos acusados de interferência nos assuntos internos do País…

Não falemos, por isso, do golpe "Nino" e contra o Nino, do golpe do Luís Cabral e de todos os outros ocorridos.

Quanto ao número de beligerantes, continuo a afirmar que só havia dois beligerantes. Claro que só no terreno é que era assim. Havia mais. Quem não se lembra de a nossa acção ser apresentada como uma cruzada anticomunista, sendo nós a primeira linha da civilização cristã e ocidental? O que era isso é que ninguém explicava. Até nós próprios, sem o sabermos, éramos beligerantes a combater noutra(s) frente(s) e sem armas. Quem mais poderia representar a Guiné senão o PAIGC? Considero imoral que, depois de tanto sacrifício, ainda se fosse dar uma oportunidade de se manifestar a outras forças. Não vejo bem quais, e estou seguro de que só poderiam ser arrivistas. Onde estariam elas durante a luta? Mas isto é a minha opinião que vale o que vale.

Quanto à variedade de nacionalidades, fui confrontado com ela, logo em 1968, quando encontrei um elemento da 3.ª de Comandos que era gambiano e para quem a guerra era uma espécie de trabalho nas obras públicas (sic). Quando a guerra acabasse ia para casa e arranjava outro emprego. É assim em todas as guerras e em todo o lado, vida em Paz incluída. Quantos de nós já encontrámos um português isolado, perfeitamente inserido na vivência de um lugar do mundo que ninguém esperou que pudesse existir? Essa multinacionalidade não é, do meu ponto de vista algo, que valha a pena considerar.

No que respeita aos cabo-verdianos, chamava a atenção para os esforços que fizemos para os separar e isolar dos guineenses, durante a guerra, porque sabíamos que ali existia uma fissura. Recentemente, nos CD do Joaquim Furtado (2.ª série), surgiu um guineense antigo combatente, que revelou que, até ao começo da guerra, os guineenses só podiam ter a 4.ª classe, por não existir liceu na Guiné, enquanto os cabo-verdianos, nas suas ilhas, podiam facilmente chegar ao 5.º ano e, como se viu, e continuar… Por isso, a malha administrativa da Guiné apoiava-se em funcionários cabo-verdianos, controlando largas populações de guineenses com o apoio de cipaios recrutados entre gente da terra. É um dos resultados da acção civilizadora dos portugueses. Se não estou em erro, o Liceu Honório Barreto foi inaugurado no tempo do general Schulz, o que pode dar uma ideia da dificuldade de acesso ao conhecimento, por parte dos naturais da Guiné. Voltando à faceta sociológica do problema relembro a independência de Cabo Verde feita sem um tiro e por simples cisão do Partido… Podem dizer que foi obtida à boleia dos factos. Não sou dessa opinião e acho que foi merecida, quer na luta (onde ela era possível) quer na acção política oportuna e eficaz.

Os que levaram o tiro na nuca e aqueles a quem as mãos foram amputadas, tinham, como é lógico, direito a essa Bandeira. Se eram vencidos de uma Guerra Civil ou colaboracionistas (o que distinguirá um colaboracionista dedicado de uma simples lavadeira?) eram guineenses, de facto, e tinham direito à respectiva bandeira. Se não eram deveriam ter sido enviados para a pátria que alguma vez disseram ser sua. Sabemos que estiveram para vir. Pelo menos os mais envolvidos com a acção das FA portuguesas (ou seriam nacionais?). Mas se não vieram logo, deveriam ter sido enviados mais tarde, como soldados esquecidos no cais… Contudo, a História é escrita e feita pelos vencedores: o PAIGC, neste caso. Ao longo da minha experiência fui detectando alguns que se sentiam desanimados com a marcha dos acontecimentos. Outros interrogar-se-iam, em segredo, como é que aquilo iria acabar e talvez começassem a sentir-se num beco sem saída. As coisas precipitaram-se como talvez não fosse difícil de prever, se bem atentássemos no desenrolar do dia-a-dia. As saídas encontradas foram as habituais que já tinham sido encontradas noutras situações: França, Bélgica, Extremo-Oriente, Vietname, etc.

A dupla nacionalidade é um fenómeno meramente administrativo e que, normalmente, não tem que ver com amores pátrios e até tem sempre o seu quê fraude. É uma espécie de deixa ver o que é que isto dá e, conforme for a música, assim eu danço. Não faltam exemplos, mesmo em Portugal, de utilização (bastante) fraudulenta da dupla nacionalidade… Sendo assim, porque será que qualquer de nós não pode optar por uma dupla nacionalidade qualquer? Será que posso ser Luso-Caimonês? Dava-me jeito por causa dos offshores… Sempre se ganha algum… Ou Luso-Papuano? Era bom por causa das praias.

Caro camarada

Lerei "Ficheiros Secretos da Descolonização de Angola", embora não me sinta à vontade para apreciar factos numa região que não conheço e cuja situação, no âmbito da tal conjuntura de que falámos acima, é complexíssima. O perigosíssimo partido comunista, pró-soviético, anti-democrático e anti-ocidental, continua paulatinamente no poder, agora com o apoio de todos os países democráticos. Talvez porque fazê-lo cair seria pior… A guerra civil com o Savimbi demonstrou-o para quem tivesse dúvidas… A Paz, mesmo imperfeita, não é opcional é imperativa.

O número de retornados, no que respeita à Guiné, é mínimo. Não consigo propor uma melhor solução para o problema dos retornados do que a que foi posta em prática, embora, a partir de certo momento da evolução da guerra, fosse de prever um desenlace e o consequente ruir das suas esperanças. A guerra não podia durar sempre e o fim dela iria ser dramático. Havia a possibilidade de ligação à Metrópole. Na maioria dos países esta solução não pôde e não pode ser posta em prática, em situações de grave crise social, como era o caso. Ao fim de pouco tempo, estavam integrados na sociedade e hoje nem damos por eles. Dentro de meia geração não existem. Com todos os sobressaltos e invalidada a solução de ficarem no país que acabava de nascer, creio que foi a melhor solução. Contudo, a existência de retornados levanta a questão da multirracialidade do Portugal de então. Existia, de facto ou estávamos perante um equívoco promovido pela Administração?

Só o caso dos abandonados, que acima falei, me dá que pensar e, mesmo assim, só no caso que conheço. Sei que esteve preparada a sua saída e tenho conhecimento que quase todos desistiram. Porquê? Não sei.

Quanto ao Cumbijã… procurei no mapa da Guiné e lá encontrei o tal regato saltitantemente alegre que tomaste como medida do teu abraço. É comprido, de facto. Mas que é isso comparado com magnificência do Cacine? Aquilo é que é um RIO!... É mais largo que o Tejo em frente da Torre de Belém. Aquilo é que se pode tomar como medida para uma abraço. Ora toma lá. E como é grande, podes distribui-lo pelos teus…

António Costa
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 11 de Agosto de 2009 >
Guiné 63/74 - P4813: (Ex)citações (37): Resposta a J. Mexia Alves (A.J. Pereira da Costa)

Comentário de Mário Fitas a que se refere o Coronel Pereira da Costa:

Bom artigo para análise!
Que fazer?
Reflectir!
Mas para não alongar uns pequenos pontos:

A conquista de uma Bandeira!Os anos 60, a Africanidade e a Guerra Fria.
Não era única a do PAIGC! Veja-se o que aconteceu após o golpe "Nino".
Só havia dois beligerantes!Portugal e a Guiné (representada pelo PAIGC)Oh sr. Coronel, vamos lá por os pontos nos "iis":Portugal incluia Cabo-Verdianos, Guineenses e até Sírios que existiram na mílicia do João Bacar Jaló oficial do Exército Português galardoado com a Torre Espada.
Voltamos ao principio, os que levaram o tiro na nuca e aos que as mãos foram amputadas, não tinham direito a essa Bandeira?Guiné (representada pelo PAIGC) por pouco tempo como vimos. Mas... e qué de os outros?É ficção? Guiné Conakri, Senegal, OUA, Suécia e os seus milhões e já me esquecia Cuba! Mas esses não estiveram lá.

Caro camarada é repetido mas volto ao assunto:É imperioso ler "Ficheiros Secretos da Descolonização de Angola" de Leonor Figueiredo.Depois da leitura só peço uma infíma comparação com os "Retornados e os Abandonados" dá que pensar lá isso dá.

Só uma questão quantos Portugueses há com dulpa nacionalidade e Guineenses com dupla nacionalidade incluindo a Portuguesa.

São os que são presenteados com duas bandeiras!?
Como sempre o velho abraço do tamanho do Cumbijã,
Mário Fitas
Qua Ago 12, 11:27:00 PM


Vd. último poste da série de 15 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4824: (Ex)citações (39): "Ainda estás pouco lixado, pá?"

11 comentários:

Anónimo disse...

A propósito de duplas nacionalidades:

Como não temos estatísticas de quantos guineenses têm dupla nacionalidade, mas sabemos que vivem muitíssimos guineenses em Portugal, o mais facil de crer, é que os gineenses que cá estão com ou sem dupla nacionalidade, seriam os antigos comandos africanos ou seus familiares e não combatentes ou familiares do PAIGC.

Como não há estatísticas, tambem podemos pensar que possa ser o contrário, que sejam precisamente gente ligada a gente do PAIGC, quem mais veio para Portugal, e muitos com dupla nacionalidade resolvida.

É que houve uma "tradição" na embaixada portuguesa em Bissau, desaparecerem passaportes e carimbos com muita facilidade (noticias de jornais, não desmentidas), há não muitos anos, e o acesso a esses passaportes e outras facilidades, com certeza que iriam parar nas mãos de quem podia.

Mas enfim, como no fim, toda a geração guineense que se seguiu, pró PAIGC ou contra, ficou sem saida quer económica quer social, e até com dúvidas se se conseguem auto-governar, que venham, quer comandos ou do PAIGC,e se orientem como se orientaram retornados, refugiados e outros.

Mas, se em 1961, com Salazar, tivessemos "desistido", como "desistimos", com Marcelo em 1974, o destino final, (tiros na nuca, mãos cortadas) não seria muito diferente para aquele povo.

O que certamente se poupava era a vida de Amilcar Cabral, e de muitos milhares de portugueses.

Julgo apenas que me devo perguntar, quando penso nos comandos africanos, e nos combatentes do PAIGC (povo), se era precisamente aquela a bandeira que precisavam. E justamente naquele momento.

Antº Rosinha

JD disse...

Camaradas,
O Pereira da Costa tem-nos brindado com postes bem elaborados, que revelam a sua preocupação em estudar e perceber o fenómeno da descolonização dos territórios sob administração portuguesa. No geral estou de acordo.
Porém, quando refere que "raramente uma independência resulta de uma guerra, país contra país",nestas circunstâncias só pode resultar uma anexação, ou a preservação de ambas as nacionalidades, ainda que uma, eventualmente, privada de parte do seu território e, até, do povo que aí habite. A luta para a independência de um povo, subjugado, tutelado, ou administrado por outro no seu território natural, pode é contar com o apoio de países limitrofes, como aconteceu na Guiné. Estes países não declaram a guerra, mas apoiam-na parcialmente. Logo, parece deduzir-se que estão a violar regras do direito internacional, o que deve conferir o direito de defesa e resposta.
Todavia, no caso dos territórios sob administração portuguesa, naquela época, a comunidade internacional tinha manifestado o fim do do conceito colonial, da maneira consagrada nos artigos 71º e 72º da Carta das Nações Unidas, a que Portugal acabou por aderir(vide o meu post sobre Salazar). Assim, a legitimidade inverteu-se, porque Portugal não correspondeu ao determinado pela Organização.
Entretant deflagrou a guerra colonial com resultados já vaticinados.
A imagem da tourada é pertinente: o governo português devia ter seguido aquelas orientações, que conferiam 30 anos para um plebiscito decisivo sobre a manutenção ou regeição da nacionalidade. Enquanto isso, atraía (legitimamente, sob os auspicios da ONU) os movimentos à participação empenhada no progresso sócio-económico das colónias, preparando novas gerações de dirigentes, investindo no desenvolvimento como estava a acontecer, permitindo que um maior número de europeus se fixasse nos territórios, facilitando o controle das Nações Unidas, e evitando as despesas da guerra, e por fim, mas não menos importante, ainda tinha 30 anos para tirar dividendos. Assim, desde a adesão à OMU, para Portugal foram 30 anos de despesa e sacrificios. O que poderia ter sido feito lá como cá se tivesse sido outra a opção! E hoje poderíamos viver em federalismo de nações. Mas considerando que escolheriam a independência, como seria diferente a relação entre os nossos povos! E Portugal teria dado uma lição na construção das novas nacionalidades através do progresso e da multi-racialidade.
Da maneira que foi escolhida, atingida a independência, sucedeu-se a retirada massiva dos europeus, com o consequente desabar das estruturas sócio económicas, agravadas pelas guerras civis.
Com a independência à vista, já muitos dos que se acolhiam à bandeira portuguesa, festejavam a esperança no futuro auspicioso que lhes prometeram. Quanta ingenuidade. Mas se não tivesse sido assim, se calhar ainda não sabíamos como a carne é fraca, e cede facilmente às vantagens que se adivinham. Como cá no jardim, tão reiteradamente dito e visto. Por isso compreendo que "só o caso dos abandonados lhe dá que pensar".
Quanto aod ficheiros secretos, li na net que a autora (nascida em Angola), procurou junto de departamentos e ministérios pelo pai desaparecido, e descobriu ficheiros que mostram a colaboração de alguns portugueses, na denuncia, ou na aceitação de cárceres privados dos movimentos, ainda durante a administração portuguesa. Foi grave. Revanchismos e traições, a par de justiça popular que não devia acontecer. É para que se saiba que entre nós também há muito jacarézito, prontos a trair, à coca por uma vantagem, até para safarem o pêlo.
Ao Pereira da Costa e à Tabanca envio abraços fraternos.
José Dinis

MANUEL MAIA disse...

CARO PEREIRA DA COSTA,

O HOMEM DE BARRIGA VAZIA NÃO PENSA(DIZIA O TAL PROFESSOR DE FILOSOFIA...)

NADA DE MAIS ERRADO.

AO INVÉS DE QUALQUER ACÇÃO IRRACIONAL,COMO SE PODERIA INFERIR A DAR CRÉDITO A TAL PENSAMENTO FILOSÓFICO, PODER-SE-Á,ISSO SIM,ENTENDER COMO EXTREMAMENTE SUBJECTIVA TAL AFIRMAÇÃO POIS QUE
QUANDO A BARRIGA ESTÁ VAZIA,O HOMEM PENSA,PENSA E MUITO,
INTERROGANDO-SE DO PORQUÊ DESSE SEU ESTADO DE INANIÇÃO,ENQUANTO TANTOS OUTROS- ABRIGADOS NO ENORME RESPALDO ESTATAL,ABANCAM NESSE CHAPÉU PROTECTOR,NESSA MEGA MESSE
PAGA POR ELES(DE BARRIGA VAZIA),EMPANTURRANDO-SE À CONTA DO ORÇAMENTO...

CLARO QUE TEREMOS DE ACEITAR OS VENTOS DA HISTÓRIA E AS MUDANÇAS POR SI APONTADAS QUE PASSAM POR UMA INVERSÃO DE VALORES E O DESFRUTE DA MEDIOCRIDADE NAS CADEIRAS DO PODER...

QUANTO À QUESTÃO DE SABER SE O ACESSO À INDEPENDÊNCIA DAQUELES TERRITÓRIOS PODERIA TER SIDO EQUACIONADA DE OUTRA FORMA,
CLARO QUE SIM,NÃO FÔRA A MISERÁVEL
ACTUAÇÃO POLÍTICA E MILITAR,QUE,
"MAIS PAPISTA QUE O PAPA" DECIDIU,INCLUSIVÉ,ENTREGAR TERRITÓRIOS QUE NUNCA NINGUÉM RECLAMARA...

VEJA-SE O CASO DE TIMOR,(ONDE O INSUSPEITO ALMEIDA SANTOS ,ESSA VENERANDA FIGURA,QUE ACAUTELARIA PRIMEIRO OS SEUS BENS DE MOÇAMBIQUE,VENDENDO-OS PARA REGRESSADO A portugal OCUPAR AS CADEIRAS DO PODER E DELE TIRAR PARTIDO)AFIRMAR TER ASSISTIDO A MANIFESTAÇÕES,DE PORTUGALIDADE E FIDELIDADE AO SOLO PÁTRIO COMO NUNCA ANTES VIRA...

NÃO FÔRA A SABUJICE,REPITO,DE UNS QUANTOS POLÍTICOS E OUTROS TANTOS MILITARES TRAIDORES,E NUNCA O BANHO DE SANGUE(NA LUTA FRATRICIDA)
QUE COLOCOU MPLA VERSUS UNITA E RENAMO VERSUS FRELIMO, TERIA ACONTECIDO, NEM NA GUINÉ SE DARIA O HEDIONDO REVANCHISMO DO FUZILAMENTO DE TANTOS GUINÉUS,MILITARES,MILICIAS,E ATÉ FAXINAS...


SE NA GUINÉ HAVIA PRATICAMENTE SÓ
O PAIGC( A FLING TIVERA UM PAPEL DISCRETO NO INÍCIO E FINAL DA GUERRA),JÁ EM ANGOLA HAVIA VÁRIOS MOVIMENTOS ARMADOS...

ENTREGAR OS PAÍSES À ESFERA DO BLOCO LESTE FOI ALTAMENTE CRIMINOSO.

QUANTO À VARIEDADE DAS NACIONALIDADES(FORAM MUITAS EM ANGOLA E MOÇAMBIQUE).
nA GUINÉ ERAM OS AFRICANOS,E PELO MENOS CUBANOS.
TIVEMOS NAS NOSSAS TROPAS ESPECIAIS ALGUNS COMO O QUE REFERISTE, QUE SE MOVIMENTAVAM DE GUERRA PARA GUERRA.

MAS,OH MEU DEUS,O QUE FAZEM AGORA OS NOSSOS"RESPEITÁVEIS" MERCENÁRIOS QUE SE DESLOCAM PARA GUERRAS QUE NADA NOS DIZEM,VOLUNTARIANDO-SE PARA RECEBEREM GORDOS ORDENADOS DE MILHARES DE EUROS,QUE OS TAIS DE BARRIGA VAZIA,EMBORA BUFANDO, TÊM DE ESPORTULAR?

CAMINHAM À CATA DE NOVA GUERRA QUAIS LEGIÕES ROMANAS...

SERÁ QUE PROCEDEM A SAQUES?

DIZER-SE QUE A DESCOLONIZAÇÃO FOI A POSSÍVEL É PRETENDER ESPETAR OS DEDOS NOS OLHOS DOS OUTROS...

QUANTO AOS AMPUTADOS E ASSASSINADOS COM TIROS NA NUCA ,TEREM DIREITO A UMA BANDEIRA,É LAMENTÁVEL QUE O PAÍS
portugal(ESCREVO COM LETRA PEQUENA PORQUE ESTE ESPAÇO MAL FREQUENTADO
E PESTILENTO EM QUE TRANSFORMARAM
UM PAÍS QUE CAMINHAVA PARA A NONA CENTÚRIA) NÃO SOUBE ACAUTELAR AS SUAS VIDAS.

SERVIÇO PRESTADO À URSSS,LAVARAM AS MÃOS QUAIS PILATOS,PROVAVELMENTE ENCHERAM OS COFRES NOS PARAÍSOS FISCAIS DE CAIMÃO E OUTROS QUE TAIS, E VIVEM AGORA UMA REFORMA DOURADA,COMODAMENTE,CUSPINDO E OLHANDO PARA O LADO,COMO SE NADA TIVESSEM A VER COM O SUCEDIDO.

SÃO MUITOS. DARIAM UMA LISTA EXTENSA DE CRIMINOSOS QUE, ESTRANHAMENTE, O TÃO DILIGENTE JUIZ ESPANHOL, BALTAZAR GARZÓN,
IGNORA...

É O MUNDO DO CIFRÃO QUE "APADRINHA" A "PAZ" DE ANGOLA...

OS TAIS PAÍSES"DEMOCRÁTICOS" QUE TÊM BILTRES A GOVERNÁ-LOS TAL QUAL OS QUE POR CÁ CONHECEMOS...

A FRANÇA,BÉLGICA,EUA,CEDENDO NÃO ABANDONARAM OS SEUS CIDADÃOS.

ESTA ESCUMALHA DO portugal DE AGORA,ABANDONA NAS RUAS OS SEUS MELHORES,DE BARRIGA VAZIA,ENQUANTO ENCHE DESALMADAMENTE( OXALÁ REBENTASSE...) A SUA.

CHEGA DE NOS ENGANARMOS,DE NOS AUTO-SILENCIARMOS COMO SE TUDO ESTIVESSE BEM.

É PRECISO DENUNCIAR ESSA GENTALHA,E EXIGIR PARA OS BARRIGA VAZIA DESTE PAÍS, E OS EX-COMBATENTES EM ESPECIAL, QUE VIVEM NAS RUAS, A DIGNIDADE A QUE TÊM DIREITO.

UM ABRAÇO

MANUEL MAIA

MANUEL MAIA disse...

OBRIGARAM-ME A AMPUTAR UMA PARTE DO TEXTO POR EXCEDER 4O69/CREIO...) CARACTERES.

AO FAZÊ-LO,PERDI UM POUCO O FIO À MEADA POIS ESCREVI AO CORRER DA PENA E NÃO "RASCUNHEI"...

DE QUALQUER FORMA FICOU,CREIO,O "GROSSO DA COLUNA" NO TOCANTE AO MEU ESTADO DE ALMA QUANTO À SITUAÇÃO DE TANTOS CAMARADAS EX-COMBATENTES QUE VIVEM
A MAIOR DAS AGRURAS NA RUA.

UM ABRAÇO

MANUEL MAIA

paulo santiago disse...

citando o Maia:...os nossos
"respeitáveis"mercenários que se
deslocam para guerras que nada nos
dizem...(fim de citação)Esta frase,
para lá de insultar militares
portugueses no cumprimento de
missões de risco,demonstra uma
grande ignorância sobre o mundo
actual.Como se pode afirmar,de
ânimo leve,como o Maia,que a
guerra do Afeganistão(exemplo)nada
nos diz?Se pensarmos assim,e
assobiarmos para o lado,estaremos
"lixados"...aqueles militares da
OTAN,onde está Portugal,não estão
a defender o Afeganistão,estão a
defender o Mundo tal como o
conhecemos...eles combatem e morrem
a milhares de quilómetros de suas
casas,para que nós,aqui na Europa,
e depois de nós,os nossos filhos e
netos,não caiam nas mãos da barbárie,o que aconteceria caso não
se fizesse este combate, sem tréguas,aos Talibans e a todos os
fundamentalistas islâmicos.Se tu
Maia,não aceitas esta realidade,não
aceitas esta guerra onde combatem
militares,a que chamas mercenários,
estás(isto é doloroso de dizer)a
defender as costas do mullah Omar e
do Bin Laden...é grave...
Depois há outra parte do comentário
insultuosa para PORTUGAL,quando
escreves o nome do teu/nosso País
em letra pequena,fazendo gala dessa
bravata...confundes PORTUGAL,uma
Nação de nove séculos,com política/
políticos que andam por cá uns
míseros anos...PORTUGAL tem de estar acima da política...tenho
orgulho no meu País,independentemente de quem governa...

P.Santiago

Anónimo disse...

Os ingleses (responsáveis) já afirmaram que o Afeganistão pode durar 20, 30 e mais anos.

A história dos ingleses diz que eles podem perder muitas batalhas, mas a última batalha eles vencem.

Sem discutir as razões para esta guerra, temos de concordar que os ingleses que concordam ou discordam só entram em discussão apenas depois de os seus soldados terem resolvido o problema.

Até lá não há lágrimas!

MANUEL MAIA disse...

CARO PAULO SANTIAGO,

AO QUE PARECE,ELEGESTE-ME PARA ALVO DAS TUAS INVECTIVAS.

NORMALMENTE,PASSO AO LADO DESTAS SITUAÇÕES,MAS NÃO PODERIA DEIXAR PASSAR EM CLARO ALGUMAS INSINUAÇÕES
SOB PENA DE ME SENTIR DE MAL COMIGO MESMO CASO AS IGNORASSE.

RELATIVAMENTE À MINHA AFIRMAÇÃO SOBRE OS MERCENÁRIOS PORTUGUESES ENVOLVIDOS EM GUERRAS QUE NADA NOS DIZEM,NÃO RETIRO UMA VÍRGULA E PORQUÊ?
ENQUANTO NA GUERRA POR QUE PASSAMOS
ESTIVEMOS NA QUALIDADE DE CONVOCADOS PELO PAÍS,ESTES MILITARES DESSAS FRENTES SÃO,ANTES DE MAIS,VOLUNTÁRIOS...

MAS VOLUNTÁRIOS QUE CORREM ATRÁS DE
VENCIMENTOS ELEVADOS,E QUE SE LAMENTAM DA FALTA DE INTERNET(COMO OUVI NUMA REPORTAGEM TELEVISIVA UM DESPUDORADO TESTEMUNHO DUM SOLDADO QUE VIVIA COM OUTROS,EVIDENTEMENTE,
NUMA CASA COM PAREDES DE PEDRA E TODAS AS COMODIDADES,CONTRARIAMENTE À SITUAÇÃO QUE MUITOS DE NÓS CONHECEMOS EM ÁFRICA...)

O FACTO DE PERTENCERMOS À NATO,NÃO IMPLICA O ENVIO DE EFECTIVOS ARMADOS.
A PARTICIAÇÃO DE UM PEQUENO PAÍS COMO ESTE PODE SER EQUACIONADA SEMPRE A OUTROS NÍVEIS, BASTANDO PARA ISSO, QUE QUEM SE MOVIMENTA NA DIPLOMACIA TENHA UM MÍNIMO DE CONHECIMENTO DA MATÉRIA...

É PERFEITAMENTE FALACIOSA A AFIRMAÇÃO DE QUE "COMBATEM E MORREM
A MILHARES DE QUILÓMETROS,PARA QUE AQUI NA EUROPA,E DEPOIS DE NÓS,OS NOSSOS FILHOS E NETOS,NÃO CAIAM NAS MÃOS DA BARBÁRIE,O QUE ACONTECERIA CASO NÃO SE FIZESSE ESTE COMBATE SEM TRÉGUAS,AOS TALIBANS E A TODOS OS FUNDAMENTALISTAS ISLÂMICOS"...

ISTO SIM,PODERÁ SER CONSIDERADO FUNDAMENTALISMO,COMO QUE A PREPARAÇÃO DE MAIS UMA CRUZADA CONTRA O INFIEL,À GUIZA DO ACONTECIDO NA IDADE MÉDIA...

NÃO DEFENDO BIN LADEN NEM QUALQUER ESBIRRO DESSE TIPO COMO TAMBÉM CONDENO,VEEMENTEMENTE,OS BUSHS QUE O MUNDO,INFELIZMENTE, TEM
CONHECIDO, E QUE TÊM GERADO UMA CONSTANTE INSTABILIDADE
NA REGIÃO,TENDO POR PANO DE FUNDO O INTERESSE ECONÓMICO, E O ESCONDER DO FRACASSO DE UMA GOVERNAÇÃO DESASTROSA ENTRE MUROS...

TODOS SABEM DA TRETA DAS ARMAS DE DESTRUIÇÃO MASSIVA QUE EMPURRARAM OS AMERICANOS PARA MAIS UM DESAIRE MILITAR NO IRAQUE, E OUTRO NO AFEGANISTÃO( AQUI NÃO LHES SERVIU DE LIÇÃO O ACONTECIDO AOS SOVIÉTICOS,CURIOSAMENTE DESFECHADO PELOS TALIBANS, ENTÃO APOIADOS PELO TIO SAM...)

PARA OS BUSH OS MILHARES DE MORTOS
IRAQUIANOS E AFEGÃOS NÃO CONTAM COMO TAMBÉM SÃO ESCAMOTEADOS OS SEUS MORTOS,ATRAVÉS DE ESTATÍSTICAS
E RELATOS INCORRECTOS PARA A IMPRENSA...

A PRESENÇA DOS MINÚSCULOS "SEGUIDISTAS" EUROPEUS A QUEREREM FAZER PAPEL DE GRANDES,
TEM APENAS UM OBJECTIVO...
AGRADAR AO GRANDE SENHOR E TIRAR OS DIVIDENDOS DA SITUAÇÃO...
FOI O LUGAR DO CHERNE(SERÁ QUE ALGUÉM PENSA TER SIDO PELA SUA CAPACIDADE QUE CHEGOU A CHEFÃO DA COMUNIDADE?)

FINALMENTE GOSTARIA DE DIZER QUE O MEU PORTUGAL NADA TEM A VER COM ESTE portugalzinho DE GENTE MEDÍOCRE,RASTEIRA,CORRUPTA, IGNORANTE E VENDE PÁTRIAS, QUE TEMOS SUPORTADO DE HÁ TRINTA E CINCO ANOS A ESTA PARTE,
NA CONDUÇÃO DO NOSSO DESTINO DE NOBRE POVO SOBERANO,DE NAÇÃO VALENTE,QUE AGORA, DESPUDORADAMENTE, JÁ ASSISTE A TENTATIVAS DE INTOXICAÇÃO COMO A DO IBERISMO E DA PSEUDO PERCENTAGEM ELEVADA DE ADEPTOS...
(UM CONHECIDO ADEPTO DO IBERISMO,AO QUE LI EM TEMPOS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL SERÁ O ANTIGO PRESIDENTE DA REPUBLICA EANES...

E MAIS NÃO DIGO!
MANUEL MAIA

Carlos Vinhal disse...

Caros companheiros.
Na qualidade de simples tertuliano que tão raramente intervém, quero dar a minha concordância a este último comentário do Manuel. Comparar as actuais campanhas dos nossos militares às nossas, na Guerra Colonial, é um grande insulto à nossa geração. Primeiro, porque íamos mobilizados, enquanto agora se vai em regime de voluntariado, quase como profissional.
Quem se ofereceu para ir para o ultramar fazer segunda comissão? E agora, não é vulgar duas e mais comissões de serviço? Porquê? Naquele tempo não havia nada, a começar pelos chorudos ordenados, um simples telefone, quanto mais telemóvel ou internete. Gosto muito de ver na Televisão as esposas muito chorosas por não irem ver os maridos nos próximos 6 meses. E no nosso tempo? Vinte e oito meses sem ver e ouvir a voz da família foi fácil?

Com respeito ao envio de tropas para os diversos conflitos mundiais, sou também contra. A maior parte deles foram gerados pelas grandes potências que por interesses muito obscuros criaram autênticos monstros terroristas que agora se viraram contra essas mesmas potências.

Portugal não precisa de tropa para guerrear, nem submarinos, nem carros de assalto para combater em países mais ou menos distantes. Temos que combater, isso sim, no nosso país, o tráfico de droga e de pessoas, funções que poderiam e deveriam ser entregues à Marinha e à Força Aérea, dando-lhes todos os meios para desempenharam essas missões com êxito.

Quero agora pedir, mais uma vez, ao Paulo e ao Manuel que deixem de se ver como antagonistas, que o não são. Se não pensam da mesma maneira, ainda bem.

Caro Manuel, se Portugal se transformou num "portugalzinho" (não gosto da palavra) é culpa nossa. Temos o que merecemos. Não confundamos no entanto as instituições e os países com os responsáveis do momento. Portugal será sempre Portugal, dependendo de nós mantê-lo com letra Grande.
Um abraço
Vinhal

paulo santiago disse...

Vinhal
Não fiz,nem poderia fazer,qualquer
comparação entre o nosso tempo na
guerra e o actual.Comecem a pensar
com razão,não pensem sempre com o
coração...quem veio com os
"respeitáveis" mercenários,tirou-me
do"sério"...isso tenho de rebater...não faço comparações...
seis meses,ordenados chorudos,dizem
vocês...mas já lá morreu um militar
português...não é a brincar...dizes
que temos de combater,no nosso País
o tráfico de droga...apoiado!...
e aos combatermos os talibans,não
estaremos a lutar contra o tráfico?
...desçam à terra...vejam para lá
do vosso"quintal",porque se não
virem mais além,um dia ele está
ocupado,e já não haverá ninguém
para vos safar....
Abraço
P.Santiago

JD disse...

Camaradas,
Também não podemos exagerar quanto ao nosso sacrificio. Se por um lado estivémos em más condições relativamente às tropas da actualidade, por outro, que dizer da comparação entre nós e os conquistadores, sem transmissões, nem enfermarias de campanha, nem hélis de evacuação.
É preciso telativizar, acho eu.
Abraços
J.Dinis

Anónimo disse...

José Manuel,

Desculpa, mas agora foste à verdade!

Agora sim julgo que todos nos devemos curvar a CAMÔES!

Destraidamente entraste no Valor do verdadeiro Português, Soldado e Marinheiro de antanho, aos quais devemos HONRA e Orgulho.

Afinal sempre entendeste o que eu questionei! Pois é... Pois é!

Tentámos ser dignos do PASSADO.

Entendes agora ao ostrassismo a que fomos votados? Esperando que todos se findem para não levantar problemas.

É a razão de estar-mos aqui batendo nas teclas, para que este Blog, esta Grande Tabanca narre a verdade que vivemos e não as estórias dos falsos narradores do "politicamente correcto".

Cá vai o abraço do tamanho do Cumbijã,

Mário Fitas