1. Mensagem de Armando Fonseca, ex-Soldado Condutor do Pel Rec Fox 42, Guileje e Aldeia Formosa, 1962/64, com data de 9 de Setembro de 2010:
Caro Luís Graça
O Alenquer volta ao contacto:
Durante os primeiros meses em que permanecemos em Bissau fazendo a segurança ao aeroporto, tudo decorreu normalmente, mas os últimos meses de permanência em que fomos deslocados para o zona de Aldeia Formosa a situação piorou.
Vou apenas descrever uma breve passagem visto que num mail não se pode alongar muito a conversação.
Quanto à tão falada Guilege que no seu blogue aparece bastante evidenciada, quando lá chegamos não existia. Foi o Pelotão de Reconhecimento Fox 42 que com outro Pelotão de uma Companhia que se encontrava em Aldeia Formosa começou a erigir aquilo que mais tarde foi o destacamento de Guilege, capinando, cercando de arame farpado, cavando abrigos e construindo algumas moranças para abrigar alguma população civil que nos acompanhou.
Durante a permanência do meu Pelotão em Guilege fizemos algumas incursões até Bedanda de onde fazíamos alguns bombardeamentos com balas incendiárias para as casas de mato do inimigo que estava instalado do outro lado do rio e que frequentemente flagelava a Companhia que estava sediada em Bedanda.
Depois de em Guilege já haver as condições mínimas para as tropas de Infantaria se poderem aguentar, o Fox rumou a outras paragens que serão descritas em novos contactos
Sou o Armando Faria da Fonseca, Condutor de uma FOX do Pelotão 42, na Guiné entre Maio de 62 e Julho de 64.
2. Comentário de CV:
Caro Armando, bem aparecido na Tabanca onde aliás já tiveste uma intervenção em Junho passado.
Desta vez apareceste para fazeres a tua apresentação formal, pelo que podes receber já um abraço que mando em nome da Tertúlia e dos Editores.
Pelo que referes, foste um dos fundadores do quartel de Guileje, pelo que ficas com a obrigação de nos contares como foram passados aqueles tempos que adivinhamos difíceis.
A tua Unidade é do início das hostilidades, em que o armamento e as condições de instalação não seriam das melhores, embora mesmo nos anos coincidentes com o fim da guerra houvesse Unidades instaladas em autênticos buracos.
Tu poderás contar como eram aqueles tempos de 1962 para compararmos com as condições de 1972/74.
Não sei se já reparaste que apesar de seres um pouco menos novo do que eu, tomei a liberdade de te tratar por tu. É que aqui na Tabanca não há velhos nem novos, ricos e menos ricos, doutores ou carpinteiros, soldados básicos ou oficiais. Somos tão-só camaradas que nos respeitamos, independentemente da idade, antigo (ou actual) posto militar, posição social, etc. O tratamento por tu facilita a comunicação e não implica desrespeito algum.
Julgo que o essencial te foi dito, mas poderás tirar as tuas dúvidas consultando o lado esquerdo da nossa página.
Recebe então um abraço fraterno destes teus novos camaradas e amigos.
CV
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 4 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6530: O Nosso Livro de Visitas (90): O Alenquer, condutor, Pel Rec Fox 42 (Aldeia Formosa, Guileje, Ganturé, Sangonhá, Cacoca, 1962/64)
Vd. último poste da série de 22 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7018: Tabanca Grande (244): Germano José Pereira Penha, ex-Fur Mil da CCAÇ 5, Canjadude, 1970/72
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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3 comentários:
O nosso amigo Armando tem, como diz o Carlos Vinhal, muito que contar. E parece que tem boa memória. Há muita coisa que se desconhece daqueles primeiros tempos e o nosso amigo poderá enriquecer o blogue com as suas informações - até de pequenos (grandes) pormenores.
Um abraço,
Carlos Cordeiro
Caro camarada Armando Fonseca
Pois que sejas 'bem aparecido'.
Aqui todos não somos demais para deixar registadas as nossas memórias.
Depois, os vindouros, podem fazer com elas o que quiserem, não podem é dizer "não sabíamos".
Um abraço
Hélder S.
CARO ARMANDO FONSECA,
ÉS PROVÁVELMENTE UM DOS ELEMENTOS MAIS VELHINHOS DA GUERRA E,NESSA QUALIDADE TERÁS HISTÓRIAS BEM INTERESSANTES PARA NOS CONTAR ESPECIALMENTE SOBRE O ECLODIR DA MESMA QUE TE APANHOU JÁ POR LÁ...
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