1. Do nosso grã tabanqueiro e poeta Ricardo Almeida, [ ex-1.º Cabo da CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Farim, Saliquinhedim, Cuntima e Jumbembem, 1969/71]
Madrinha de guerra
Ao regressar de Lamel,
de mais uma noite por lá passada,
fui à tabanca e comprei mel
para fazer a limonada.
Depois para espairecer
lembrei-me em escrever
alguns aerogramas,
fazendo expresso pedido
aos carteiros dessas terras
para onde foram expedidos,
E penso fintar a Pide,
com este título expedito:
à primeira moça que encontrar
o desconhecido,
um coração triste no mato,
o desiludido.
Não sei quantos passariam
porque só um mereceu resposta,
duma moça de Tondela,
mui guapa e muito bela,
que me escreve regularmente
como madrinha de guerra.
E aquela prosa tão bela
foi comida e foi bebida
p'ra alimentar minha vida
o desconhecido,
um coração triste no mato,
o desiludido.
Não sei quantos passariam
porque só um mereceu resposta,
duma moça de Tondela,
mui guapa e muito bela,
que me escreve regularmente
como madrinha de guerra.
E aquela prosa tão bela
foi comida e foi bebida
p'ra alimentar minha vida
que considerava perdida
daquela moça singela.
Os dias iam passando
e agora mais dolorosos,
entre o tempo que medeia
a chegada dos aerogramas.
E assim ia pensando
ter alguém por companhia
que mesmo na sua ausência
vislumbrava sua aparência.
Os dias iam passando
e agora mais dolorosos,
entre o tempo que medeia
a chegada dos aerogramas.
E assim ia pensando
ter alguém por companhia
que mesmo na sua ausência
vislumbrava sua aparência.
De lindos e nobres sentimentos
que ela me incutia,
e nalguns ásperos momentos
recorria à sua leitura.
saindo para o corredor
para limpar lágrimas de dor
porque eu, vê-la chorar,
não quero.
Mas outra batalha me espera,
e penso que mais prolongada
que todas as outras que encerro,
é não saber distinguir
e não saber definir
o seu amor verdadeiro.
Ao dizer isto uma lágrima
vem afagar o meu rosto
por tanta saudade sentir
daquela madrinha de guerra.
que ela me incutia,
e nalguns ásperos momentos
recorria à sua leitura.
E, desafiando o destino,
eu voltei a ser menino
nos braços daquela moça,
dando-me o aconchego então perdido,
o seu amor e o seu carinho
que o meu coração ainda preserva!
Agora era uma luta tremenda
que travava em três frentes,
sem tiros nem emboscadas,
de outras noites passadas
à espera dos aerogramas.E a sua presença constante
com aquele sorriso sinceroeu voltei a ser menino
nos braços daquela moça,
dando-me o aconchego então perdido,
o seu amor e o seu carinho
que o meu coração ainda preserva!
Agora era uma luta tremenda
que travava em três frentes,
sem tiros nem emboscadas,
de outras noites passadas
à espera dos aerogramas.E a sua presença constante
saindo para o corredor
para limpar lágrimas de dor
porque eu, vê-la chorar,
não quero.
Mas outra batalha me espera,
e penso que mais prolongada
que todas as outras que encerro,
é não saber distinguir
e não saber definir
o seu amor verdadeiro.
Ao dizer isto uma lágrima
vem afagar o meu rosto
por tanta saudade sentir
daquela madrinha de guerra.
Iniciado no HM241 em Bissau
e concluido no sanatório do Caramulo.
Como hoje me encontro vivo, exponho os meus sentimentos à época neles passados.
Com um grande abraço fraternal
Marques de Almeida
______________
Nota do editor:
Último poste da série > 25 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10433: Blogpoesia (302): Viva Portugal: poema de Felismina Mealha (ou Costa); voz de Fernando Reis Costa
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