Fotocópia da folha da caderneta militar do Mário Gaspar... onde foi averbada a sua morte, supostamente ocorrida em 12 de outubro de 1967
(...) Foram surgindo cada vez mais encontros com o IN, a Operação Reparo (Ago 67) e Operação Remate (Set 67), ambas no “corredor de Guileje"; a 12 de outubro de 67 morreram numa Patrulha, através do rebentamento de um engenho explosivo, o Furriel Miliciano n.º 04412863 Vitor José Correia Pestana – Especialista de Explosivos de Minas e Armadilhas, natural freguesia de Abitureiras, concelho de Santarém e distrito de Santarém – e o Soldado N.º 00131466 António Lopes da Costa, natural de Cerva, Concelho de Ribeira de Pena e Distrito de Vila Real.
Fui entregar alguns dos haveres do Pestana que tinham ficado na Secretaria, à sua família na sua terra natal – Abitureiras, que tem uma rua com o seu nome.
No dia 12 de outubro de 67 não estava com ele, e tenho pena. Quando tive conhecimento que morrera encontrava-me de licença, e só me deram a informação quando à minha chegada a Bissau. Curioso é que no dia 29 de Junho de 69, no dia do meu casamento, na igreja de São João de Brito, em Lisboa, o padre diz:
– Estou a casar o morto vivo!.
Fiquei admirado por aquilo que ouvira. Dias depois volto à igreja para receber a minha Caderneta Militar, que me tinha sido solicitada pelo sacristão para os averbamentos. E como nunca a tinha folheado, tentei-me e abri. Nela está impresso Baixa de Serviço: Por Falecimento e mais à frente onde é narrado o meu percurso militar, diz: Morto a 12 de outubro. Nas linhas de cima consta 1967, portanto fui dado como morto no dia das mortes do Pestana e do Costa, e só não informaram a minha família da minha morte porque me encontrava de licença.
– Estou a casar o morto vivo!.
Fiquei admirado por aquilo que ouvira. Dias depois volto à igreja para receber a minha Caderneta Militar, que me tinha sido solicitada pelo sacristão para os averbamentos. E como nunca a tinha folheado, tentei-me e abri. Nela está impresso Baixa de Serviço: Por Falecimento e mais à frente onde é narrado o meu percurso militar, diz: Morto a 12 de outubro. Nas linhas de cima consta 1967, portanto fui dado como morto no dia das mortes do Pestana e do Costa, e só não informaram a minha família da minha morte porque me encontrava de licença.
Reclamei e não obtive uma resposta que me convencesse. (...)
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 8 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12412: Tabanca Grande (413): Mário Vitorino Gaspar, ex-Fur Mil Art, MA da CART 1659 - Zorba (Gadamael e Ganturé, 1967/68)
(**) Último poste da série > 4 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12540: Recordações de um "Zorba" (Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, MA, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68) (5): Sou do famigerado XX Curso de Explosivos de Minas e Armadilhas, iniciado a 8 e terminado 17 de Setembro de 1966, na Escola Prática de Engenharia (EPE), em Tancos
5 comentários:
Uma curiosidade como é que te processam a pensão ou subsidio de ex-combatente?
Não terá sido alguém que apanhou a caderneta a geito e escreveu lá isso.Aparecia por lá gente para isso e para muito mais.
Manuel Carvalho
Caro Mário Gaspar,
Estive ausente durante alguns dias, e só hoje me apercebi do teu post sobre a Diamang. Trabalhei lá. A espassos, com o teu colega da Dialap joão brás, alentejano, fuzo, e andebolista.
Fiz um texto sobre a Diamang, o Vilhena e o Cunha Leal que enviei para o Luís, o Rosinha e o C. Martins que intervieram no post.
Se te interessar, e me deres indicação do teu mail, também to enviarei.
Quanto à questão do Colaço, é só dirigires-te aos antigos combatentes, ao lado da FPF-federação portuguesa de futebol, na intersecção da Braancamp com a A. Herculano, quase no Rato.
Abraços
JD
Camaradas,
Aproveiton para vos comunicar que no dia 16 haverá em Alcabideche o encontro de ano novo da Tabanca da Linha.
Just in case.
JD
Mensagem enviada às 11h28, ao Mário Gaspar, dando-lhe conhecimento do texto do Zé Manel Dinis sobre a Diamang (que vai ser publicado):
Mário:
Para teu conhecimento em primeira mão, e antes de editar... Passas a ficar em contacto com o Zé Manel Dinis, que também é um homem dos "diamantes de Angola"... E a propósito, não queres aparecer no almoço de convívio da Tabanca da Linha, dia 16 ? É ele que organiza, na qualidade de "ajudante de campo" do comandante Jorge Rosales, um camarada ainda do tempo do caqui amarelo (1965/66)... O almocinho, bem servido, custa à volta dos 15 €...Restaurante a Camponesa, em Alcabideche, junto ao novo hospital de Cascais... Pode ser que se arranje boleia...Um abraço. Luis
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