1. Em mensagem do dia 5 de Agosto de 2014, o nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), enviou-nos este belíssimo poema:
Tempo de férias – tempo para dar asas ao pensamento e escrever.
Abraço e boas férias
José Teixeira
A mordaça
Silencia-se o passado.
Encobre-se as suas memórias,
Frustrações.
Contam-se “estórias”,
Pintam-se factos.
Criam-se heróis.
Justificam-se acontecimentos.
Causas reais, para o mundo apodrecer.
Silencia-se o presente,
Escondem-se os “sem-abrigo”,
Continuamente a crescer.
Destrói-se a estratosfera,
Sem “ninguém” saber.
Nos solos deitam-se químicos,
Para mais rápido enriquecer.
E envenena-se, assim, o vivo SER.
A vida não tem valor,
Importa apenas o TER.
Silencia-se o futuro,
Nesta forma de crescer,
Enriquecer,
De alguns, muitos, talvez,
À custa das gerações que hão de vir.
E rouba-se-lhes o direito a viver.
E é uma tentação.
Queimamos, destruímos, exploramos
Em demasia a riqueza,
Que a alguns enriquece.
Dom de Deus, a Natureza,
Se esgota e murcha e desaparece.
José Teixeira
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Nota do editor
Último poste da série de 7 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13471: Blogpoesia (385): É preciso libertar o homem (José Teixira, ex-1.º Cabo Aux Enf)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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2 comentários:
Olá Teixeira,
Gostei desta mordaça.
E desta forma absurda, estupidamente, o homem caminha para a auto destruição.Quando acordarmos todos será tarde.
Abraço de parabéns pelo alerta em forma de poema.
Caro Teixeira:
A beleza e a verdade no mesmo poema. Estão aqui (quase) todos os (maus) sinais deste tempo. Deste tempo em que descobrimos que, no fim de contas, fomo-nos deixando enganar, escolhendo aldrabões, em vagas sucessivas, que se apoderaram do nosso destino e do futuro dos nossos filhos e netos (pelo menos).Eles fizeram-nos acreditar que importante mesmo era pôr a nossa bandeira à janela e pedir à sorte que nos acompanhasse.
Um abração
Carvalho de Mampatá.
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